A vida dos estudantes americanos com dívidas acima dos R$ 500 mil:aposta hoje dicas
Dados oficiais indicam que a dívida estudantil no país alcançou US$ 1,3 trilhão neste ano - o equivalente a 70% do PIB brasileiroaposta hoje dicas2015. Esse montante, segundo o Federal Reserve, o Banco Central Americano, é devido por 43,3 milhõesaposta hoje dicaspessoas.
Já no Brasil a ofertaaposta hoje dicascrédito para estudantes é bem menor e foi reduzida durante a crise: o maior programa federalaposta hoje dicasfinanciamento estudantil, o Fies, ofereceu 222 mil linhasaposta hoje dicascrédito neste ano, que cobrem menosaposta hoje dicas10% do totalaposta hoje dicasmatrículas anuaisaposta hoje dicasuniversidades.
Chimeri se endividou pela primeira vez para se formaraposta hoje dicashistória e ciência política na Penn State, universidade pública na Pensilvânia. Nos EUA, mesmo universidades públicas costumam ser pagas, com algumas custando até U$ 40 mil ao ano (em universidades privadas, o valor pode chegar a US$ 70 mil, ou R$ 223 mil).
Após se formar, ela pegou outro empréstimo para um mestrado na Universidade Columbia,aposta hoje dicasNova York, acreditando que o diploma lhe garantiria melhores empregos e a chanceaposta hoje dicasquitar o débito com mais rapidez.
Ela diz que seus pais haviam se oferecido para pagar o primeiro empréstimo, mas a crise econômica global complicou a família e fez com que ela assumisse a dívida.
Chimeri foi contratada como professora numa escola públicaaposta hoje dicasNova York, mas, mesmo pagando parcelas todos os meses, diz que a dívida pouco diminuiu por causa dos jurosaposta hoje dicas8% ao ano.
Para cortar despesas, mudou-se com o marido para a casa da avó dele e, na melhor das hipóteses, espera quitar os débitos por voltaaposta hoje dicas2030.
"Não posso comprar uma casa nem começar uma família - sinto que estou parada nos meus 20 e poucos anos", lamenta.
Ansiedade e depressão
A ONG Student Debt Crisis (crise da dívida estudantil), que tenta reformar o sistemaaposta hoje dicasfinanciamento estudantil nos EUA, compilou vários depoimentosaposta hoje dicasex-alunos com dívidas na casa dos seis dígitos.
Uma advogada recém-formada e desempregada na Califórnia com dívida próxima a US$ 400 mil se diz "ansiosa e deprimida" com a perspectivaaposta hoje dicasjamais conseguir quitar o valor.
Uma ex-estudanteaposta hoje dicasMontana afirma que, por causa dos juros, o empréstimoaposta hoje dicasUS$ 30 mil que pegou para completar a faculdadeaposta hoje dicas1993 hoje alcança US$ 300 mil, embora jamais tenha deixadoaposta hoje dicaspagar parcelas.
Diretora da Student Debt Crisis, Natalia Abrams diz à BBC Brasil que algumas pessoas com grandes dívidas ficam devendo pelo resto da vida. Segundo ela, 20% dos americanos com maisaposta hoje dicas50 anos têm dívidas estudantis.
Mas ela afirma que os mais vulneráveis não são necessariamente quem deve mais, e que um dos grupos mais afetados são devedores que não conseguem completar a faculdade. Muitos largam o curso para trabalhar e atender a alguma demanda mais urgente, como os custosaposta hoje dicasum tratamento médico ouaposta hoje dicasum filho recém-nascido.
Sem o título universitário, não conseguem pleitear maiores salários e deixamaposta hoje dicaspagar a dívida, ficando impedidosaposta hoje dicaspegar outros empréstimos.
Abrams diz que os alunos das melhores universidades dos EUA - como Harvard, Stanford e Yale - não costumam ter dívidas muito grandes, já que essas instituições são frequentadas por membros da elite americana (capazesaposta hoje dicascusteá-las sem empréstimos) e concedem bolsas aos estudantes mais pobres.
Os mais endividados, segundo ela, estudamaposta hoje dicasuniversidades que buscam o lucro ("for-profit"). Essas instituições são minoritárias nos EUA, mas vêm se multiplicando e costumam ter avaliações mais baixas que universidades públicas ou sem fins lucrativos.
Para Abrams, o governo federal - responsável pela maior parte do crédito estudantil nos EUA - não deveria cobrar juros sobre esses empréstimos. Hoje os juros, definidos pelo Congresso americano, variam entre 3,76% e 6,31% ao ano.
No Brasil, os juros do Fies sãoaposta hoje dicas6,5% ao ano. O programa brasileiro só é oferecido a famílias com rendaaposta hoje dicasaté dois salários mínimos e meio (R$ 2.200).
Abrams defende ainda que sejam ampliados os programasaposta hoje dicasperdãoaposta hoje dicasdívidas e que todos os americanos possam cursar os dois primeiros anosaposta hoje dicasfaculdade gratuitamenteaposta hoje dicasuniversidades públicas.
A proposta integrava o planoaposta hoje dicasgoverno do ex-candidato democrata à presidência Bernie Sanders e foi parcialmente incorporada pela candidata Hillary Clinton. Ela restringiu a ofertaaposta hoje dicasensino superior gratuito aos estudantes com renda familiaraposta hoje dicasaté US$ 125 mil ao ano.
Dívidas administráveis
O sistema americanoaposta hoje dicasfinanciamento estudantil tem seus defensores. Em estudo para o Brookings Institution, um centroaposta hoje dicaspesquisasaposta hoje dicasWashington, a professoraaposta hoje dicaseconomia da Universidadeaposta hoje dicasMichigan Susan Dynarski diz que a dívida estudantil tem crescido nos EUA porque vem aumentando o númeroaposta hoje dicasestudantesaposta hoje dicasuniversidades do país.
Ela afirma que a maior parte das dívidas é administrável e que muitos devem menosaposta hoje dicasUS$ 10 mil.
Para Dynarski, o crédito estudantil corrige uma falha do mercado financeiro, já que bancos privados não concederiam empréstimos garantidos apenas pelos salários futuros do devedor.
Ela diz, porém, que as regras atuais são duras com recém-formados, obrigados a quitar parcelas altas logo que saem da faculdade e quando seus salários ainda estão baixos. Segundo a professora, 28% dos devedores com menosaposta hoje dicas21 anos deixamaposta hoje dicaspagar algumas parcelas.
Dynarski defende que os EUA adotem um modelo semelhante ao do Reino Unido, onde os pagamentos são definidos conforme o salário do devedor e dívidas não quitadasaposta hoje dicas30 anos são perdoadas.
Para Carolyn Chimeri, a professora que deve R$ 754 mil, estudantes devem ser melhor orientados antesaposta hoje dicascontrair empréstimos que afetarão boa parteaposta hoje dicassuas vidas.
Ela diz que, se soubesse do impacto que a dívida teriaaposta hoje dicasseu dia a dia, provavelmente teria cursado universidades mais baratas.
"É doloroso pensaraposta hoje dicascomo minha geração poderia estar contribuindo com a sociedade não fosse por essa carga enorme", afirma.