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As vantagens e desvantagens dos métodospreparocafé:
Para passar essa questão (e o café) a limpo, a BBC Brasil consultou o engenheiro agrônomo Pedro Ronca, produtor e especialistacafé, que detalhou prós e contrascada método tradicional - e a influência no sabor da bebida.
Coadorpano
Processo: mais simples impossível: coloca-se pó no filtro e depois despeja-se água quente.
Moagem ideal: fina a média.
Tempoinfusão: 3 a 4 minutos.
Prós e contras: método nostálgico, que costuma preencher o ambiente com aromas porque o café fica suspenso no suporte. Há o problema da higienização do coador, pois resíduos se acumulam e passam o sabor ao café seguinte. O correto é usar água fervida para retirar máximoresíduos - mas poucos fazem isso.
"Muita gente no Brasil ainda acha que é o melhor sistema, porque está muito associado ao café da vovó, essa lembrança emocional. Mas o café da vovó no Brasil é um café ruim, torrado, muito escuro, queimado e feito nesse coadorpano. Muito quente e servidoxícaras pequenas: você toma pouco café, e um café forte e (feito) nesse coadorpano", diz Ronca.
Coadorpapel
Processo: mesmo do café com coadorpano. Uma dicapreparo, que vale também para todo café coado, é umedecer o pó com um poucoágua quente, esperar 30 segundos e aí jogar toda a águafluxo contínuo.
"A extração será melhor, porque todo o pó estará umedecido. Aí quando você despeja o restante irá extrair mais aromas, porque o café é uma bebida extremamente complexa, com mais800 aromas identificados cientificamente", afirma o especialista.
E embora muitas pessoas sejam adeptas dessa prática, baristas não recomendam mexer o café durante a extração.
Moagem ideal do café: fina a média.
Tempoinfusão: 3 a 4 minutos.
Prós e contras: o filtro descartável é mais higiênico, mas pode deixar gostopapel na bebida. Para evitar isso, uma dica: passar um poucoágua quente no filtro antesdespejar o pó.
Sobre a temperatura idealpreparo, o engenheiro agrônomo e produtor diz que há um "mitoque a água não pode ferver".
"Todo mundo já ouviu isso e faz café com água antesferver, aí não atinge 98ºC que é o ideal para extração. Às vezes está 93ºC, 94ºC, desliga e a extração não fica tão boa. O único jeitosaber se atingiu 98ºC é deixar ferver."
Cafeteira italiana (moka)
Processo: a água é aquecida no compartimento inferior, vapor sobe e entracontato com café, que estáum compartimento com tela sobre a "panelinha". O vapor resfria e se condensa ao subir, formando o café. Gera uma bebida mais forte, mais próxima do expresso, pois ficacontato direto com o pó. Recomenda-se não compactar, ou seja, amassar o pó no recipiente.
Moagem ideal: mais grossa.
Tempoinfusão: até o café começar a fluir na parte superior da cafeteira.
Prós e contras: praticidade, evita gastos com filtros e há modelosdiferentes tamanhos. Mas pode haver erros na extração que acabam queimando o café.
"Em geral, as pessoas erram na horapreparar nesta cafeteira. O erro principal é fazer com fogo alto, aí o vapor esquenta demais e o café fica com gostoqueimado. Pode começar com fogo alto, mas na metade do tempopreparo para a frente tem que ser bem baixo", diz Ronca.
Uma dica, afirma o produtor, é colocar algumas gotaságua fria no compartimentocima. "Você assim evita que aquele café que está subindo muito quente entrecontato com o metal que está quente demais - a bebida queima nesse momento."
Outro equívoco no preparo com a cafeteira italiana, diz, é deixar o fogo ligado até acabar a água - o que também gera muito vapor e pode acabar queimando a bebida. Ou seja, o correto é desligar o fogo assim que a cafeteira começar a "assoviar".
Prensa francesa
Processo: mistura-se o pó à água, e a filtragem é feita empurrando um êmbolo com uma pequena telametal. Método permite a passagemmais óleos que carregam compostos aromáticos esabor.
Moagem ideal: mais grossa. "Nesse método você definitivamente não pode usar café fino, senão irá sentir na boca o pó, o que é desagradável", afirma Ronca.
Tempoinfusão: 1 a 2 minutos antesbaixar o êmbolo. Quanto mais tempo, mais cafeína o café terá, pois se trataum composto solúvelágua. E mais amargo, pois a cafeína é amarga.
Há controvérsias sobre a necessidademexer ou não o café antespressionar o êmbolo. Para Ronca, pode-se fazer isso sem problemas, para misturar partes do pó que não tenham entradocontato com a água.
Prós e contras: sistemafácil lavagem. Como a cafeteira italiana, é prática e pode serdiferentes tamanhos.
Outros métodos
Há ainda maneiras mais modernaspreparo - algumas lembram peçaslaboratório, como o Aeropress, uma misturacafé coado, prensa francesa e expresso, e o sifão, no qual uma fontecalor aquece a águaum balãovidro inferior, que sobe até o compartimento superior e encontra o café.
Sem falar nas máquinascafé expresso, popularizadas no Brasil na década1990, e que produzem uma bebida concentrada e cremosa - mas, como se tratauma extração rápida e intensa e, está mais sujeita a erros.
"É importante dizer que não dá para falar que um expresso é melhor que um filtrado, que é melhor que uma prensa francesa. Na verdade é gosto, são diferentes extrações que geram diferentes produtos, cada um comcaracterística. Como sempre, é uma questãogosto", conclui Ronca.
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