Pontoapostas esportivas no brasilvista: 'Ser mulher nos EUA não é tão melhor do que ser mulher no Brasil':apostas esportivas no brasil
Foi na filaapostas esportivas no brasilum consultório que eu descobri que os americanos me enxergavamapostas esportivas no brasilmaneira bem diferente. A mocinha da recepção perguntava meus dados. "Idade, estado civil, raça?". Quando disse "branca", ela não segurou o riso. "Não entendi, eu não sou branca?". E ela, com jeitinho, me explicou: "Não, você é latina."
Isso explica muito. Quando levo meu cachorro a um parque no bairroapostas esportivas no brasilque moro, algumas pessoas me perguntam se eu sou a cuidadora dele ─ não faz sentido para alguns americanos brancos que alguém como eu more num lugar bom da cidade. Quando digo que sou brasileira, alguns homens se sentem no direitoapostas esportivas no brasilme tocar, algo que não se atrevem a fazer com as brancas. Eu nunca tinha experimentado a vidaapostas esportivas no brasilser mulher e membroapostas esportivas no brasiluma minoria racial até chegar aos EUA.
Semelhanças
Claro, enquanto mulher, também compartilho dificuldades com as americanas brancas. Mary*, por exemplo, a mãe da linda meninaapostas esportivas no brasilquem eu era babá, havia dado à luz fazia poucos meses quando eu cheguei. Ela sofria bastante pressão para voltar imediatamente ao trabalho. É que os EUA são o único país do mundo desenvolvido onde mulheres não têm direito à licença maternidade remunerada.
Mary era um furacão: falava uma sérieapostas esportivas no brasilidiomas (incluindo russo!), era formada por uma das melhores universidades do país e era executivaapostas esportivas no brasilum grande banco. Em suma, ela não tinha que provar nada a ninguém. Mesmo assim, toda aquela tensão a derrubou e ela caiuapostas esportivas no brasildepressão.
Vamos pular no tempo um pouquinho quando, aos 30 anos, jornalista e casada, eu volto a morar nos EUA e decido participarapostas esportivas no brasilalgumas reuniõesapostas esportivas no brasilum grupo feminista na capital, Washington. Eu era a única estrangeiraapostas esportivas no brasiluma rodaapostas esportivas no brasilque todas éramos convidadas a falar sobre as dificuldadesapostas esportivas no brasilser mulher. Nenhuma delas falouapostas esportivas no brasillicença maternidade.
Mas o que mais me surpreendeu é que, quando eu defendi a política, algumas delas se opuseram, dizendo que tinham medoapostas esportivas no brasilque a licença maternidade se tornasse uma desvantagem para as mulheres no mercadoapostas esportivas no brasiltrabalho. Ou seja: o sistema econômico americano não está disposto a flexibilizar algumas regras nem mesmo para garantir que a forçaapostas esportivas no brasiltrabalho do futuro possa ser alimentada adequadamente.
E sabe quem também paga os custos sociais da inexistência da licença maternidade nos EUA? As mulheres imigrantes que precisam deixar seus filhos sozinhos ou com os avós, às vezesapostas esportivas no brasiloutro país, para poder sustentá-los enquanto cuidam dos bebês das mulheres da classe média americana.
Cantadas
Sinto que as mulheres aqui recebem menos cantadas indesejadas na rua do que no Brasil. Mas também há muitos casosapostas esportivas no brasilestupro por aqui, e tenho medo ao andar à noiteapostas esportivas no brasilzonas afastadas.
Segundo o RAINN, maior institutoapostas esportivas no brasilestudo e prevençãoapostas esportivas no brasilestupro dos EUA, aqui ocorre um estupro a cada dois minutos. No Brasil, com população 37% menor que a americana, há 1 estupro a cada 11 minutos, segundo o 9º Anuário Brasileiro da Segurança Pública.
Claro, há quesitosapostas esportivas no brasilque os EUA levam vantagem: por aqui, o feminismo é mais popular e a cantora Beyoncé é uma força sem paralelo na sociedade americana.
Ela está nas capasapostas esportivas no brasilrevistas gritando que merecemos direitos iguais e, na minha escolaapostas esportivas no brasildança, é presença garantidaapostas esportivas no brasilcoreografias e letras que fortalecem nossa autoestima. Mulheres americanas ganham 21% a menos que os homens ─ no Brasil, 30% a menos ─ e elas ocupam 19,4% dos assentos no Congresso - no Brasil, são 10%.
Mas, se me perguntarem o que estou achandoapostas esportivas no brasilser mulher nos EUA, eu digo: tá mais ou menos igual. Será que é porque ser minoria me colocou mais posições atrás nessa escala social? Espero que, se chegar à Casa Branca, Hillary ajude a mudar o jogo. E que a corapostas esportivas no brasilsua pele não a deixe esquecer que nós, latinas e negras, também precisamosapostas esportivas no brasilatenção.
* Nana Queiroz é diretora executiva da Revista AzMina (Facebook.com/revistaazmina), autora do livro "Presos Que Menstruam" e roteirista da sérieapostas esportivas no brasilmesmo nomeapostas esportivas no brasilprodução. Também é criadora do protesto "Eu Não Mereço Ser Estuprada". É jornalista pela USP e especialistaapostas esportivas no brasilRelações Internacionais pela UnB.