Eleições 2022: 4 fatores que dificultam possível vitóriacds apostaganhaLula no 1º turno:cds apostaganha

1) Lula tem vantagem apertada nos votos válidos

Para que a eleição seja definidacds apostaganhaprimeiro turno, é necessário que o candidato mais votado tenha mais do que 50% dos votos válidos, que é a somacds apostaganhatodos os votos, descontados brancos, nulos e abstenções.

Nas pesquisas já divulgadas nesta última semana antes da votação, Lula registrou 48% dos votos válidos na pesquisa estimulada FSB/BTG Pactual, 49% na Atlas, 50,5% na Genial/Quaest e 52% na Ipec.

Mas, como a margemcds apostaganhaerro das pesquisas varia entre 1 ponto (Atlas) e 2 pontos (FSB, Quaest e Ipec) para mais ou para menos, é difícil saber se o petista temcds apostaganhafato a maioria da preferência dos eleitores.

"Em algumas pesquisas, falta muito pouco para Lula atingir mais da metade dos votos,cds apostaganhaoutras, ele passa um pouquinho. Então não conseguimos ter certeza se ele vai conseguir ter esse númerocds apostaganhaeleitores ou não no dia da votação", afirma Carolina Botelho, cientista política e pesquisadora do Laboratóriocds apostaganhaEstudos Eleitorais,cds apostaganhaComunicação Política e Opinião Pública da UERJ (Universidade do Estado do Riocds apostaganhaJaneiro).

Ela observa que as pesquisas têm diferenças metodológicas,cds apostaganhafunçãocds apostaganhacomo são construídas as amostras para aplicação do questionário, e da forma como é feita a coleta dos dados (presencial, por telefone ou pela internet).

"As pesquisas não servem exatamente para se fazer prognósticos eleitorais", diz Fernando Meireles, cientista político e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileirocds apostaganhaAnálise e Planejamento).

"Pela natureza delas, servem muito mais para mapear tendências ao longo do tempo do que para fazer uma predição. Por isso, na situação atual, é muito difícil dizer se Lula vai ganhar ou não no primeiro turno."

Botelho observa ainda que, no Brasil, é mais comum que eleições majoritárias presidenciais sejam resolvidascds apostaganhasegundo turno.

Desde a redemocratização, apenas duas eleições para presidente do Brasil foram encerradascds apostaganhaprimeira: as duas vitóriascds apostaganhaFernando Henrique Cardoso (PSDB)cds apostaganha1994 e 1998, tendo Lula como principal adversário.

Nos demais seis pleitos (em 1989, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018), houve segundo turno.

Por fim, Meireles observa quecds apostaganhatodas as eleições anteriores — à exceçãocds apostaganha2018, quando Bolsonaro foi eleito — o primeiro colocado teve menos votos nas urnas do que apontavam as pesquisas da última semana e da véspera da votação. (Confira abaixo tabela elaborada pelo professor Bruno Carazza, da Fundação Dom Cabral)

Se essa tendência se repetir, Lula pode ter menos votos do que sugerem as pesquisas. Mas é importante destacar que o passado não necessariamente determina o presente, como mostrou 2018.

2) O peso das abstenções

Um segundo fatorcds apostaganhadúvida para uma possível vitóriacds apostaganhaLulacds apostaganhaprimeiro turno é qual será o percentualcds apostaganhacomparecimento às urnascds apostaganha2022. Isso porque a abstenção nas eleições tem crescido ano a ano, um fenômeno também identificadocds apostaganhaoutros países.

Junto aos votos brancos e nulos, as abstenções determinam o númerocds apostaganhavotos válidos. Além disso, o perfil dos eleitores faltantes pode influenciar no resultado.

"Nem todo mundo que é apto — que está registrado para votar, que tem títulocds apostaganhaeleitor — vai votar. Por uma sériecds apostaganharazões, no Brasil, historicamente, pessoas mais pobres e menos escolarizadas tendem a votar menos", diz Meireles, do Cebrap.

Segundo ele, parte disso tem a ver com o custocds apostaganhadeslocamento para os locaiscds apostaganhavotação, pois muitas dessas pessoas moram no interior,cds apostaganhalocaiscds apostaganhadifícil acesso e não têm recursos para ir até as seções eleitorais, ou não podem perder o diacds apostaganhatrabalho para ir votar.

Esses mesmos eleitores, segundo as pesquisascds apostaganhaopinião e o históricocds apostaganhavotações anteriores, tendem a preferir candidaturas do PT. Assim, uma maior abstençãocds apostaganhaeleitorescds apostaganhabaixa renda poderia tornar mais difícil a vitóriacds apostaganhaLulacds apostaganhaprimeiro turno.

Meireles pondera, porém, que historicamente a abstenção sozinha não tem impacto significativo nos resultados eleitorais. Isso porque os grupos que têm baixo comparecimento representam fatia pequena do eleitorado.

Por exemplo, no primeiro turnocds apostaganha2018, os analfabetos tiveram taxacds apostaganhacomparecimento significativamente mais baixa do que a dos eleitores com mais escolaridade, conforme mostra esse gráfico elaborado pelo cientista político Jairo Nicolau, da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

No entanto, observa Meireles, os analfabetos representam apenas 4,5% dos eleitores, um peso relativamente pequeno dentro do total.

Além disso, outros grupos também têm abstenção alta, como os idosos com maiscds apostaganha70 anos, idade a partir da qual o voto deixacds apostaganhaser obrigatório.

Esses eleitores tendem a votar maiscds apostaganhaBolsonaro, segundo as pesquisas eleitorais, compensandocds apostaganhaalguma medida a abstenção dos mais pobres, que votam maiscds apostaganhaLula, exemplifica o pesquisador do Cebrap.

"No saldo geral, todas essas movimentações são muito pequenas e não chegam a alterarcds apostaganhaforma significativa as características do eleitorado ou o perfil eleitoralcds apostaganhaquem vai votar. Essas movimentações acabamcds apostaganhacerta medida se anulando", avalia Meireles.

"É claro, como estamos falandocds apostaganhauma eleição que pode ser decididacds apostaganhaprimeiro turno, com pouca diferençacds apostaganhavotos, pode ser algo que faça diferença. Mas é difícil prever se esse vai ser o caso ou não", acrescenta.

Carolina Botelho, da UERJ, acredita que a abstenção poderá ser menor este ano do quecds apostaganhaeleições anteriores.

"Há estudos, inclusive nos EUA, que mostram que, quando há eleições muito tensionadas, como é o caso dessa, o eleitor tende a ir às urnas tentar resolver logo. Acredito que, por conta da forma atípica que se construiu essa eleição, a tendência écds apostaganhaque a abstenção diminua."

3) A incógnita do voto útil

Muita gente deixa para decidir o voto na véspera, principalmente para os cargoscds apostaganhasenador e governador dos Estados, que são cargos sobre os quais as pessoas acabam se informando menos ao longo da campanha eleitoral, deixando para tomar uma decisãocds apostaganhacima da hora.

Por isso não surpreende que as pesquisas mostrem resultados diferentes dos votos efetivamente apurados nesses casos, mais do que na eleição presidencial, observa Meireles.

Mas, nas eleições presidenciais, dois fenômenos podem causar mudançascds apostaganhaúltima hora nos resultados eleitorais: o voto útil e movimentações entre os indecisos.

"O voto útil é o daquela pessoa que, dado as pesquisascds apostaganhavéspera, ela decide alterar seu voto estrategicamente, pensandocds apostaganhater maior influência no resultado final ou votar no candidato vencedor, para sentir que seu voto não foi desperdiçado", diz o pesquisador do Cebrap.

Ele cita o exemplocds apostaganha2018, quando candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) tiveram votações muito mais baixas do que apontavam as pesquisas eleitorais, enquanto Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) registraram mais votos do que era esperado.

"2018 foi um ponto fora da curvacds apostaganharelação a voto útil e eu não duvidaria que algo parecido — não necessariamente na mesma magnitude ou proporção — acontecesse agora", diz Meireles.

Assim, candidatos como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (UB), poderiam perder votos na reta final para as candidaturas maiores. Mas é difícil prevercds apostaganhaque medida isso vai acontecer e como vai afetar o resultado final.

4) O movimento dos indecisos

Por fim, a última incógnita para saber se vai haver segundo turno para presidente ou não está na movimentação dos indecisos.

Segundo a pesquisa FSB/BTG Pactual dessa segunda-feira (26/9), por exemplo, 86% dos eleitores diziam quecds apostaganhadecisãocds apostaganhavoto no primeiro turno já está tomada e não vai mudar, enquanto 13% afirmavam que ainda poderiam mudarcds apostaganhaideia.

Apesar do percentualcds apostaganhacertezacds apostaganhavoto ter se mantido mais alto ao longocds apostaganhatoda a corrida eleitoralcds apostaganha2022 do quecds apostaganhaeleições anteriores, a parcelacds apostaganhaindecisos ainda é relevante.

"O indeciso,cds apostaganhageral, é uma pessoa que não acompanha tanto política. É uma camada da população que está entre a classe média e um pouco mais baixo do que isso, um pouco mais feminina do que masculina. Essas pessoas acabam decidindo o voto muito na última hora", diz Meireles.

Segundo o pesquisador, dois fatores movem esse grupo. Um é o voto estratégico, que é a tendênciacds apostaganhaacompanhar a maior parte do eleitorado, votando nos candidatos com maior chance: Lula ou Bolsonaro.

Mas, dentro desse grupo, também costuma haver muita abstenção, pois essas pessoas, por não se importarem tanto com política, acabam muitas vezes não indo votar.

"O que importa é que esse grupo é muito grande. Como é muita gente, se na véspera acontecer qualquer coisa, algum fator que impulsione uma das candidaturas, isso pode mudar muito o resultado eleitoral,cds apostaganharelação às pesquisas da véspera", diz o cientista político, citando como exemplo a eleiçãocds apostaganhaWilson Witzel (PSC) ao governo do Riocds apostaganhaJaneirocds apostaganha2018.

Carolina Botelho, da UERJ, porcds apostaganhavez, avalia que o fatocds apostaganhaas mulheres serem maioria entre os indecisos pode favorecer o candidato petista na última hora.

"Esse grupo pode influenciar numa vitóriacds apostaganhaLulacds apostaganhaprimeiro turno. A mulher ficou mais desempregada do que o homem na pandemia e tradicionalmente são elas que cuidamcds apostaganhacrianças e idosos no Brasil. Então, na pandemia, foram elas que cuidaram dos idosos que ficaram doentes e morreram e das crianças que ficaram dois anos sem escola", observa.

"Não faltam motivos para esse grupo ter uma rejeição maior a Bolsonaro, como mostram as pesquisas, e isso pode vir a decidir a eleição", conclui.

- Este texto foi publicadocds apostaganhahttp://vesser.net/brasil-63056226

cds apostaganha Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal cds apostaganha .

cds apostaganha Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube cds apostaganha ? Inscreva-se no nosso canal!