'Se tentasse salvar minhas coisas, ia morrer': o drama das famílias atingidas pelas chuvascasino online betbryAlagoas:casino online betbry

Fotografia mostra cidade alagada

Crédito, Arquivo Pessoal / Bruno Fernandes da Silva

Legenda da foto, Bruno Fernandes dos Santos, que vive no bairro do Vergel, teve pouco tempo para saircasino online betbrycasa

Restou a ele e a família ter como abrigo um imóvel do pai, um cassino. Eles apoiaram alguns poucos itens que sobraram do mercado do irmão para isolar as portas, impedindo a entradacasino online betbrymais água, e lá ficaram. Ricardo diz que 'trabalha com tudo', especialmente no bar montado pelo pai, mas que agora não vê qualquer possibilidadecasino online betbryarrumar qualquer bico. A situação dele se repetecasino online betbryoutros municípios. Alagoas tem, até o momento, 47.651 pessoas desalojadas e 8.830 pessoas desabrigadas.

Em Maceió, Paulo Táciocasino online betbryOliveira Santos Júnior, que é gari, viu a situação escalonandocasino online betbrymenoscasino online betbrycinco horas. Segundo ele, a água começou a entrar emcasino online betbrycasa, no bairro do Bom Parto, às 6h da manhã. Às 11h, estava na altura do joelho e, duas horas depois, na barriga. Ele ainda conseguiu suspender algumas coisas, mas perdeu o fogão e o guarda-roupa. A solução foi se abrigar numa igreja com a esposa e a filha. A Lagoa Mundaú, por conta das fortes chuvas, transbordou e atingiu os bairros próximos.

Homem ao ladocasino online betbrydeslizamento no Recife

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Recife,casino online betbryPernambuco, foi outra cidade que sofreu com as chuvas

"Pobre não tem móvel, tem quebra-galho. Se der outra chuva dessas, tenho certeza que acaba com tudo que sobrou. Em 2010 [quando Alagoas sofreu outra tragédia com as chuvas], todo mundo ficoucasino online betbrycasa. Dessa vez, não dava. Saímoscasino online betbrycasa no domingo e ficamos sem energia até terça-feira à tarde no abrigo. Era tudo na luzcasino online betbryvela, e levávamos os celulares para casas distantes para poder carregá-los. Um calor absurdo, desorganização, dificuldade para receber os mantimentos… Não desejo isso ao meu pior inimigo", relatou Paulo.

A volta para casa foi um momento delicado para a família. Ele voltou sozinho quando a água baixou na última quarta-feira (6/7) e encontrou um cenário difícil, com lama na maioria dos seus bens materiais, roupas perdidas e uma grande destruição. Assim como ele, outras pessoas da região descartavam os itens nas ruas. "Perdi o que tinha, mas tenho minha vida", frisou.

"Muita gente voltou para casa e encontrou esse cenáriocasino online betbrydestruição. Era a primeira vez que essas pessoas viam algo assim. Eu já sabia que seria algo terrível no domingo à noite, no nosso primeiro dia no abrigo. Começaram a chegar mensagens dos amigos,casino online betbryapoio mesmo, e aí eu me toquei que aquilo estava realmente acontecendo. A ficha caiu e senti um desespero muito grande. Comecei a chorar muito, minha esposa que veio me confortar. Tudo que construímos foi com nosso esforço. Agora, só resta lutar para reconstruir."

Ana Keziacasino online betbryOliveira Lima, que mora pertocasino online betbryPaulo, conta que ela e os pais acordaram no domingo, às 8h da manhã, e, ao saírem da cama, já sentiram a água nos pés. Começaram a erguer os móveis, mas a casa foi invadida cada vez mais e ficou impossívelcasino online betbrycontinuarem. Na casacasino online betbryparentes, encontraram abrigo. Segundo ela, só conseguiram recuperar os documentos e alguns poucos objetos pessoais. Por conta disso, resolveu criar uma força-tarefa com amigoscasino online betbryinfância para arrumar doações.

"Não fomos assistidos pelo governo ou pela prefeitura. A comunidade tevecasino online betbryse unir para ajudar. Criei um grupo com alguns amigoscasino online betbryinfância, também do bairro, para corrermos atráscasino online betbrydoações. Comida, roupas, qualquer coisa. Foi isso que nos ajudou a estar aqui hoje, porque todo o bairro sofreu as consequências dessa cheia da lagoa. A situação é tão caótica que passamos a fazer trocascasino online betbrydoações com pessoascasino online betbryoutros bairros, justamente para que boa parte da população fosse assistida", revela.

Em Fernão Velho, bairrocasino online betbryMaceió, Isabel Cristina Felix dos Santos vivia emcasino online betbrycasa com cinco adultos e duas crianças, incluindo uma bebêcasino online betbrypoucos mesescasino online betbryvida. Em vídeo, ela contou que acasino online betbrycasa caiu e perderam móveis, roupas, colchões, cama, sofá e alimentos. Tudo estava embaixo da lama. Mais do que um relato do que estava vivendo, ela fez um apelo por ajuda.

"Não é fácil lutar tanto para conseguir as coisas e,casino online betbryuma fraçãocasino online betbrysegundo, se ver sem nada."

Cidade alagada

Crédito, Arquivo Pessoal / Ana Keziacasino online betbryOliveira Lima

Legenda da foto, Ana Kezia sentiu a água nos pés ao levantar da cama

Segundo o jornalista Júlio César Oliveira, também morador do bairro, a água subiucasino online betbryuma forma muito rápida ecasino online betbrynível alto. Ele perdeu móveis, a geladeira e encontrou seu fogão boiando, sem um dos pés, quando conseguiu entrarcasino online betbrycasa novamente. Nas ruas, a população fez um mutirãocasino online betbrylimpeza quando a água baixou, para tentar reorganizar o bairro.

"No começo, o desesperador era ver a água invadindo a minha casa e acasino online betbryoutras pessoas e não poder fazer nada. Eu queria ajudar, mas não dava. Partiu o meu coração ver isso acontecendo. Em 27 anos, nunca passei por nada assim, nem mesmocasino online betbry2010. Nós pegamos barcos e canoas e fomos ao resgate das pessoas que estavam ilhadas, sem conseguir saircasino online betbrycasa. Foi a população quem se ajudou nesse momentocasino online betbrydificuldade. Só dava para fazer isso. Agora, a gente vai na rua e vê tudo estragado pelas águas. Começa a luta para conquistar tudo novamente", diz.

O também jornalista Bruno Fernandes dos Santos, que vive no bairro do Vergel, teve pouco tempo para saircasino online betbrycasa. Ele viu a água da Lagoa Mundaú entrando pela rua e até tentou erguer os seus bens, mas não conseguiu. Pegou o seu gatocasino online betbryestimação, colocou documentos e alguns poucos itens pessoaiscasino online betbryseu carro, e conseguiu sair. Pouco tempo depois, os moradores da região ficaram ilhados.

"Acho que eu saí no único momento que tinha. A água ainda não tinha entrado dentrocasino online betbrycasa, mas logo depois conseguiu invadir. Só voltei alguns dias depois e encontrei tudo cheiocasino online betbrylama, um mau-cheiro forte, e algumas coisas perdidas. Ainda não consegui contabilizar as minhas perdas, para falar a verdade. Eu ainda nem consegui dormir. Desde que cheguei, coloquei um alarme para tocarcasino online betbryhoracasino online betbryhora. Levanto, olho se a água está chegando na rua e volto para cama. Uma hora depois, faço a mesma coisa. Essa é minha rotina desde domingo."

Móveis estragados pela chuva na rua

Crédito, Arquivo Pessoal/Paulo Tácio

Legenda da foto, A água estragou móveis e eletrodomésticos, como fogão e guarda roupa, e pertences pessoaiscasino online betbryPaulo

Nas comunidades, como a Muvuca, visitada pela BBC News Brasilcasino online betbrydezembro do ano passado, as consequências foram grandes. Os barracos que ficam à beira da lagoa logo ficaram cheios, e a agente popular Jane Dayse Fidelis da Silva tentou levar o máximocasino online betbrymoradores da comunidade para acasino online betbrycasa, que fica um pouco mais distante da lagoa. O esforço, porém, não foi suficiente para salvaguardar a todos.

"Quando estávamos recuperando uma geladeira, colocando numa carroça para levarmos para o começo da comunidade, uma das pessoas falou: 'Jane, a água está entrando emcasino online betbrycasa'. Conseguimos suspender o meu sofá e colocamos a geladeira num barco. Perdi roupas, exames médicos, alguns documentos. Estou abrigadacasino online betbryuma escola e, na sala que me colocaram, temos 14 famílias. Não há colchão para todo mundo. Recebemos alguns cobertores, roupas. Como as doações ainda não são suficientes para nos mantermos, temos que dividir tudo entre nós mesmos."

Em todo o Estado, houve uma correntecasino online betbrysolidariedade para ajudar as pessoas atingidas. Lucas Israel da Silva Santos viu a água chegar na portacasino online betbrysua casa e resolveu saircasino online betbrycasa com a família. Pendurou algumas coisas e se abrigou nacasino online betbrymãe, que moracasino online betbryum primeiro andar. Ao se sentir "à salvo", resolveu que era seu dever ajudar as pessoas que não tiveram a mesma oportunidade.

"Semanalmente, sempre tive como objetivo ajudar as pessoascasino online betbrysituaçãocasino online betbryrua. Então, caícasino online betbrycampo também com as chuvas. Vi a água batendo no peito das pessoas e elas levando geladeiras abertas para tentar preservar alguns poucos alimentos. Pedi ajuda pelas redes sociais e tornei a minha barbearia um pontocasino online betbrycoleta, alémcasino online betbryme dispor a buscar qualquer doação oferecida. Distribuímos comida, roupas e itens para crianças. Eu percebi que eu só não era uma dessas pessoas porque faltou bem pouco para a água invadir a minha casa."

"Recebi muita ajuda nos primeiros dias. Para você ter ideia, um amigo me ofereceu um berço, e eu ainda não tinha a quem doar, mas aceitei e disse que iria buscá-lo. Cercacasino online betbry20 minutos depois, uma outra amiga me disse que tinha perdido tudo dentrocasino online betbrycasa, inclusive as roupas e o berçocasino online betbrysua filha bebê. E aí, felizmente, nós tivemos a oportunidadecasino online betbryentregar a ela esse berço,casino online betbrydar um poucocasino online betbryconforto à família. Ainda me sinto muito triste com tudo isso, mas estamos aqui para continuar ajudando", complementa.

Na segunda-feira (4/7), o Governocasino online betbryAlagoas anunciou um auxílio-chuvas no valorcasino online betbryR$ 2 mil para os 56 municípios atingidos. Além disso, foram enviadas cestas básicas, kitscasino online betbryhigiene pessoal, água potável e colchões. A Prefeituracasino online betbryMaceió também dará um auxílio, que varia entre R$ 500 e R$ 3 mil, para famílias que moram às margens da Lagoa Mundaú oucasino online betbryencostas.

- Texto originalmente publicada http://vesser.net/brasil-62082826

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