Como a mineraçãoasteroides pode atender demanda da Terra por recursos:
É aí que entra o Scar-e. Sua garra poderosa, projetadaparceria com a UniversidadeTohoku, no Japão, precisa se agarrar a um asteroide no espaço antes que ele flutue para longe.
Foi inspirado na forma como as tarântulas se penduram nas paredes. "Eles se agarram ao lado do asteroide enquanto ele avança pelo sistema solar".
"Tenho pavoraranhas", diz Mitch, "então achei que era bastante apropriado."
Mitch é o fundador da Asteroid Mining Corporation (AMC). Ele admite que realizar tal façanha ainda está longeacontecer.
Não apenas envolveria o pousorobôsuma rocha, mas também a construção remotainfraestruturamineração e,alguma forma, enviar os materiaisvolta à Terra.
Mas é fácil ver por que ele e outros querem tentar.
Uma nova corrida pelo ouro (ou platina)?
Os asteroides são feitos do mesmo material que o resto dos planetas rochososnosso sistema solar - e isso significa que eles também são ricosalguns minerais preciosos que tanto procuramos aqui na Terra.
Encontrar grandes depósitosplatinaum asteroide, por exemplo, diz Mitch, "permitiria que a humanidade começasse a inovaruma maneira que não fazemos há muito tempo".
Obter recursosasteroides apresenta um desafio diferenteobtê-los na Terra, segundo o professor John Bridges, um cientista da UniversidadeLeicester envolvido na missão Hayabusa2.
Isso ocorre porque essas pequenas rochas espaciais não passaram pelos mesmos processos geológicos que seus primos terrestres.
"Eles não passaram por derretimento, vulcanismo e formaçãomontanhas, que acabam por concentrar alguns dos elementospartes específicas da crosta. Então é por isso que na Terra podemos ter uma mina [em um determinado lugar] para extrair elementosterra rara."
Em um asteroide, "todos os elementos ainda estarão lá", diz ele, "mas eles apenas estarão espalhados. A natureza não teve a chanceconcentrá-losveiosminério, por exemplo".
E isso significa que os mineradoresasteroides teriam que processar uma enorme quantidadematerial para a empreitada valer a pena.
O professor Bridges acredita que a mineração espacial comercial é uma "área fascinante", mas duvida que resolverá o problemarecursos do mundo.
O truque, diz Mitch, será encontrar o asteroide certo. E é aí que entram a especialista Natasha Stephen e seu microscópio eletrônico.
A rocha que caiu na Terra
Nunca pensei que tocaria um pedaço da Lua, mas é isso que está na minha mão no CentroMicroscopia EletrônicaPlymouth, uma cidade na Inglaterra.
É um pequeno pedaçometeorito que caiu na Terra no deserto do Saara e foi identificado como um fragmentorocha lunar lançado ao espaço após um impacto na superfície lunar.
Muitos meteoritos não vêm da Lua, masasteroides, e Natasha está usando o microscópio eletrônico para catalogar os elementos contidos neles.
Enquanto a caçada por meteoritos continua, agora o alvo vai para os "asteroides-pais", que são ricos nos elementos buscados.
"Se encontrarmos uma concentraçãoplatinaumnossos meteoritos", ela explica, "podemos dizer ao pessoal da AMC... 'Agora é com vocês. Vá e encontre esse tipoasteroide nos dados'."
Quem é o dono do espaço?
Uma vez que um asteroide promissor tenha sido identificado, porém, há a complicada questãodescobrir a quem ele pertence.
Dhara Patel, do Centro Espacial Nacional do Reino Unido, explica que quando se trataesclarecer questõespropriedade, a lei espacial não é adequada.
Nada ainda foi definido sobre se uma nação ou empresa pode reivindicar a propriedadeum asteroide, partes da Lua ou as riquezas que se encontram abaixo da superfície.
E quando as recompensas podem chegar a trilhõesdólares, é fácil ver como disputas, batalhas legais e até mesmo guerras reais podem ocorrer.
Em 1966, a ONU (Organização das Nações Unidas) elaborou o Tratado do Espaço Exterior, que tentou definir o que seria mau uso do espaço. O documento foi assinado por mais100 países.
"O Tratado do Espaço Exterior diz que 'o espaço é uma áreainteresse especialtoda a humanidade'. O problema é que faltam detalhes", diz Dhara.
"Estamos usando um tratado que foi formado há mais50 anos, e a exploração espacial se desenvolveu muito desde então."
A Nasa, agora planejando um retorno à Lua, elaborou os Acordos Artemis - um conjunto mais detalhadoprincípios focados na exploração da Lua, Marte e outros corpos celestes.
Mas o documento ainda é vago caso uma empresa ou nação reivindique a propriedade dos recursos extraídos.
Vários países assinaram os Acordos Artemis, mas Dhara acredita que precisamosuma abordagem global.
"Provavelmente começa com a ONU como base, garantindo que as políticas que implementamos estejamnível internacional".
Mitch está confiante, no entanto, que sob os princípios existentes, existem regras existentes que protegem os primeiros mineradores.
"Quem chegar primeiro terá prioridade."
Então, quem chega primeiro, recebe primeiro, basicamente. Podemos ter aquela velha corrida do ouro.
Tudo isso está, é claro, a décadasdistância da realidade, e se serão empreendedores como Mitch, megabilionários como Elon Musk ou nações inteiras que acabarão se tornando os grandes mineradores ainda é uma incógnita.
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