Quem é a brasileira desaparecida na cidade mais atacada na Ucrânia:betanobr com

Silvana Vicente Pilipenko

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A brasileira Silvana Vicente Pilipenko,betanobr com53 anos, não entrabetanobr comcontato com a família há duas semanas

Mariupol, que tem cercabetanobr com400 mil habitantes, tem sido duramente atingida por ataques nas últimas semanas. Milharesbetanobr comcivis estão presos na cidade, enquanto as tropas russas seguem a ofensiva com mísseis e artilharia, segundo autoridades ucranianas. Muitos edifícios já foram destruídos.

O cenáriobetanobr comguerra na cidade tem sido noticiadobetanobr comtodo o mundo. Há relatosbetanobr comfaltabetanobr comcomida e dificuldades para deixar a região. Na semana passada, um ataque russo atingiu um hospital infantil e uma maternidadebetanobr comMariupol, segundo autoridades ucranianas.

Entre Brasil e Ucrânia

Logo nos primeiros diasbetanobr comataques russos, Silvana demonstrou preocupação, mas não deixou Mariupol. Ela estavabetanobr comum apartamento com o marido, Vasyl Pilipenko, e a sogra dela,betanobr com86 anos, que precisabetanobr comcuidados dos familiares.

Silvana e Vasyl Pilipenko

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Brasileira e ucraniano se conhecerambetanobr comSantos e estão juntos há 27 anos

Em um vídeo para um veículobetanobr comimprensa paraibano, gravado no último diabetanobr comque manteve contato com a família, Silvana falou que a cidade estava cercada e todas as saídas estavam fechadas.

"Não saímos logo no início (do conflito) porque temos a mãe do meu esposo, a minha sogra, muito fragilizada e é quase impossível tentar se aventurar a sair da cidade com ela", disse.

A paraibana ainda comentou que a Embaixada brasileirabetanobr comKiev, capital da Ucrânia, ofereceu transporte e trem para deixar o país, mas não se responsabilizou por possíveis riscos no trajetobetanobr commeio ao conflito. "Então seria por conta e risco nosso. Diante desses obstáculos, decidimos ficar aquibetanobr comMariupol", relatou no vídeo.

Nas conversas com a família no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, Silvana contou que estava apreensiva e relatou algumas situações que vivenciou desde o início dos ataques no fim do mês passado.

"Ela disse que viu as luzesbetanobr comalguns bombardeios,betanobr comlugares distantes da casa dela. Ela ouviu barulhosbetanobr combombas e até viu uma árvore destruída por um ataque quando saiubetanobr comcasa, mas contou que na área do apartamento dela não havia nenhum tipobetanobr comataque", conta a sobrinha da brasileira.

Nos primeiros diasbetanobr comataques, Silvana compartilhou informações sobre a situação no seu perfil no Instagram. Em uma publicação, contou que quase todos os supermercados estavam fechados e os poucos que permaneciam abertos sofriam com a escassezbetanobr comalimentos e água.

Silvana Vicente Pilipenko

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Em vídeo gravado no último diabetanobr comque mandou notícias para a família, Silvana relatou situação difícil na Ucrânia

"Conseguimos comprar algumas poucas coisas e 4 botijõesbetanobr comágua com gás. Nós estamos economizando tudo o que temos, porque não sabemos até quando essa situação se estenderá", escreveu a brasileirabetanobr comum trecho da publicação na rede social.

Silvana, que é artesã, havia retornado à Ucrâniabetanobr comjaneiro deste ano, após mesesbetanobr comJoão Pessoa, na Paraíba, onde a família dela mora. A previsão erabetanobr comque ela retornasse ao Brasilbetanobr com20betanobr commarço, segundo os parentes.

A vida dela é dividida entre Brasil e Ucrânia há cercabetanobr com27 anos, desde que ela conheceu o marido ucraniano, que era capitão da marinha mercante,betanobr comuma festa durante uma viagem a Santos (SP). Os dois começaram a namorar e pouco depois tiveram um filho, que nasceu no Brasil e hoje tem 26 anos.

Assim como o pai, Gabriel também é marinheiro mercante. O rapaz, que estavabetanobr comTaiwan, deixou a embarcação desde que os pais pararambetanobr commandar notícias, para buscar por informações sobre eles.

"Eu sei qual a situaçãobetanobr comMariupol e que é basicamente impossível entrar na cidade. Pessoas cozinham nas ruas por faltabetanobr comeletricidade, gás, água e aquecimento. Por semanas a cidade não recebe suprimentos e o que sobrou tem acabado", diz Gabriel à BBC News Brasil.

Ele afirma que conhece outras pessoas que também têm familiares na cidade e diz que "pouquíssimas delas" têm conseguido contato com os entes queridos atualmente.

Os intensos ataques a Mariupol se explicam pela posição estratégica da cidade no mapa da Ucrânia. Se dominada, a cidade ajudará os russos a formarem uma espéciebetanobr comcorredor ligando as duas áreas separatistas da regiãobetanobr comDonbas até a península da Crimeia, anexada pela Rússiabetanobr com2014. Com esse graubetanobr comcontrole, os russos teriam também acesso facilitado tanto ao Marbetanobr comAzov quanto ao Mar Negro.

Áreas da Ucrânia controladas pela Rússia

A faltabetanobr comnotícias

O último contatobetanobr comSilvana com a família foi feito por meiobetanobr comuma videochamadabetanobr com3betanobr commarço, diz a sobrinha dela. Na conversa, a brasileira contou sobre a constante quedabetanobr comenergia e sobre a faltabetanobr cominternetbetanobr comdiversos momentos. "Ela disse que por conta disso talvez a gente perdesse contato nos dias seguintes", detalha Beatriz.

Reproduçãobetanobr compublicaçãobetanobr comSilvana no Instagram

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, Brasileira compartilhou sobre a situaçãobetanobr comMariupol no Instagram e comentou sobre a escassezbetanobr comcomida e água

"Ela estava bem no nosso último contato, mas muito ansiosa com toda a situação. Ela tentava manter a esperança se agarrando muito a Deus", acrescenta a sobrinha.

A família não teve mais notíciasbetanobr comSilvana. Com o avanço dos ataques russos nos últimos dias, a preocupação ficou cada vez maior. Quando os familiares viram o ataque a um prédio semelhante ao localbetanobr comque ela estava, começaram uma corrida por informações e buscaram autoridades locais e voluntários brasileiros que ajudam pessoas que têm parentes na Ucrânia.

"Entramosbetanobr comcontato com emissorasbetanobr comtelevisão, com o Itamaraty e com o governo paraibano", conta Beatriz.

Até o momento, a família não sabe se o prédio atingido era realmente o localbetanobr comque Silvana estava ou se era uma construção muito semelhante.

Os familiares da brasileira contam que por enquanto não conseguiram nenhuma informação ou alguma ajuda concreta.

Em nota à BBC News Brasil, o Itamaraty diz que está ciente do caso da paraibana e afirma que já acionou organizações internacionaisbetanobr comapoio humanitário que estão na cidade para "tentar localizar a cidadã".

Aindabetanobr comnota, o Itamaraty diz que não pode fornecer dados específicos sobre o casobetanobr comrazão do direito à privacidade e que "informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos". A entidade afirma que tem mantido contato regular com familiares da paraibana por meiobetanobr comum escritóriobetanobr comapoiobetanobr comLviv, na Ucrânia.

Imagembetanobr comsatélitebetanobr comMariupol

Crédito, MAXAR

Legenda da foto, Imagembetanobr comsatélite mostra incêndios após ataques russosbetanobr comárea residencial do lestebetanobr comMariupol, na Ucrânia

Sem informações, os familiares acompanham com apreensão o cenáriobetanobr comMariupol. Na terça-feira (15/3), havia centenasbetanobr compessoas amontoadas no porãobetanobr comum grande edifício público da cidade. No local, havia escassezbetanobr comcomida e muitos precisavambetanobr comajuda médica urgente, informou o jornalista brasileiro Hugo Bachega, da BBC.

Mesmo diante do cenário trágico, a famíliabetanobr comSilvana mantém a esperançabetanobr comque a mulher, o marido e a sogra estão bem. "A gente acredita que o prédio dela não foi atingido, ela está dentrobetanobr comcasa e só está sem comunicação", afirma a sobrinha dela.

"Se Deus quiser estãobetanobr comcasa sem energia por duas semanas e com os celulares descarregados. Me recuso a pensar algo além disso", diz o filho da brasileira e do ucraniano.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disponibiliza númerosbetanobr comtelefone para informações sobre brasileiros na Ucrânia. Os contatos são +380 95 876 76 64betanobr comLviv ou +380 50 384 5484betanobr comKiev.

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