Como visitabet3645Bolsonaro a Putin é vista na Rússia:bet3645
Há duas semanas, questionado sobre a visitabet3645Bolsonaro a Putin, o Departamentobet3645Estado dos Estados Unidos enviou uma nota à BBC News Brasil afirmando que o Brasil teria a "responsabilidadebet3645defender os princípios democráticos e proteger a ordem baseadabet3645regras, e reforçar esta mensagem para a Rússiabet3645todas as oportunidades".
A nota foi o episódio mais recente do que tem sido visto como um gradual afastamentobet3645Bolsonarobet3645relação ao governo norte-americano após a derrotabet3645Donald Trump,bet36452020.
Os dois eram vistos como aliados e Bolsonaro chegou a ser conhecido internacionalmente como "Trump Tropical". A chegadabet3645Joe Biden à presidência dos Estados Unidos e as cobrançasbet3645relação à preservação da Amazônia têm sido vistas como pontos que ampliaram a distância entre Bolsonaro e o governo norte-americano.
É diante desse afastamento que, para os especialistas russos, a visitabet3645Bolsonaro a Putin é vista, na perspectiva russa, como uma oportunidade.
'Portas promissoras'
O professor Vladimir Sudarev, do Departamentobet3645História e Política da Europa e América do Institutobet3645Relações Internacionaisbet3645Moscou (MGIMO), avalia que, desde a eleiçãobet3645Bolsonaro, o brasileiro sempre se mostrou fortemente ligado ao agora ex-presidente Donald Trump. Em alguma medida,bet3645visita a Moscou é vista como partebet3645uma tentativabet3645reajustar as linhas da política externa do país.
"Ele (Bolsonaro) precisa alinharbet3645política internacional, que há alguns anos, era fortemente inclinadabet3645direção aos Estados Unidos", diz o professor Vladimir Sudarev.
"Neste sentido, portas promissoras estão abertas para a Rússia uma vez que o complexo industrial-militar do Brasil é extremamente interessadobet3645cooperação militar com a Rússia", analisa Sudarev.
"Até pouco tempo atrás, isso (esse alinhamento) era travado por contabet3645uma forte pressão dos EUA. Agora, a situação é diferente", diz o chefe do Centro para Estudos Políticos do Instituto da América Latina da Academia Russabet3645Ciências, Zbigniew Ivanovsky.
As questões militares e diplomáticas estarão,bet3645fato, na pauta da comitiva brasileirabet3645Moscou. Pela primeira vez, está prevista a realizaçãobet3645um encontro conhecido no meio diplomático como "dois mais dois",bet3645que, se reunirão os ministros das relações internacionais e da defesa dos dois países.
Do lado brasileiro, a BBC News Brasil apurou que está confirmada a presença do chanceler Carlos Alberto Franco França e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. Do lado russo, a presença do ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov também é esperada.
Além disso, o secretáriobet3645Produtosbet3645Defesa do Ministério da Defesa brasileiro, Marcos Degaut Pontes, deverá fazer parte da comitiva brasileirabet3645Moscou. Historicamente, o Brasil sempre foi um grande consumidorbet3645material bélico dos EUA ebet3645países da Europa ocidental.
Os principais projetosbet3645andamento na áreabet3645defesa do país são os programasbet3645construçãobet3645submarinos nucleares,bet3645parceria com a França, e a modernização da aviaçãobet3645caça da Força Aérea Brasileira (FAB), com jatos comprados da Suécia. Os russos, no entanto, são grandes fornecedoresbet3645produtos bélicos e exportam para países como China e Venezuela.
Diante desse cenário ebet3645meio à crise russo-ucraniana, os especialistas afirmam que Putin vai tirar dividendos da visitabet3645Bolsonaro, especialmentebet3645um momentobet3645que EUA e potência europeias pressionam Putin a desmobilizar suas tropas na fronteira ucraniana.
"Ele vai ser capazbet3645extrair algo positivo dessa visita na arena internacionalbet3645função do efeitobet3645mídia positivo, que é importante para os dois líderes", diz Ivanovski.
"O fatobet3645que o Departamentobet3645Estado norte-americano está reagindo tão dolorosamente (em relação a essa viagem) já é um resultado positivo para o Kremlin. É benéfico para Putin ter outro parceiro que não siga as instruções do Departamentobet3645Estado e que está tentando seguirbet3645própria linha", analisa Sudarev.
"Isso vai permitir que ele (Putin) incomode um pouco os EUA na América Latina e expanda a esferabet3645influência russa bem no ponto fraco deles (americanos)", complementa Sudorev.
No início do mês, outro chefebet3645Estado latino-americano, o presidente argentino Alberto Fernandez, visitou Putinbet3645Moscou.
Bolsonaro pouco conhecido na Rússia
Para os especialistas russos, Bolsonaro é uma figura pouco conhecida do público russo ebet3645visita não deverá ter o mesmo impacto que aquelas realizadas por outros presidentes brasileiros como Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva,bet36452002 e 2010, respectivamente.
"O público russo (exceto os especialistasbet3645relações internacionais) praticamente não conhecem Bolsonaro porque a imprensa oficial não presta atenção especial nele [...] ao mesmo tempo, o atual presidente do Brasil não parece um 'bom menino' na arena internacional, é claro. Em todo caso, ele não parece muito controlado por Washington", disse o professor Sudarev.
O professorbet3645relações internacionais da Universidadebet3645São Petersburgo Victor Jeifets é um dos principais especialistas russosbet3645América Latina, incluindo o Brasil. Para ele, a visitabet3645Bolsonaro não terá o mesmo peso das que foram feitas por outros presidentes brasileiros no passado.
"Não será um terremoto político. Não é como foram as viagensbet3645(Fernando Henrique) Cardoso ou Lula. Mas também já não foi assim com Dilma (Rousseff) e com (Michel) Temer e tampouco deverá ser com Bolsonaro. A visita é considerada importante, que pode ser positiva, mas nada além disso", afirma.
Para Jeifets, Fernando Henrique Cardoso e Lula são vistos na Rússia como os presidentes brasileiros que mais contribuíram para a formação dos BRICS, grupo que, na estratégia russa, seria importante para contrabalancear o poder norte-americano na arena internacional.
"Comparado com os outros presidentes, (a visitabet3645Bolsonaro) não é relevante, mas ainda assim é importante porque o Brasil é grande e isso faz sentido dentro da estratégia relacionada aos BRICS", complementa Jeifets, mencionado o grupobet3645economias emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Eleições do Brasil no horizonte russo
Apesarbet3645Bolsonaro ser pouco conhecido pelo público russobet3645geral, os especialistas que acompanham a cena política brasileira afirmam que o movimento do presidente brasileirobet3645direção a Putin é visto como uma estratégiabet3645mostrar forçabet3645meio às dificuldades que ele deverá enfrentar nas eleições deste ano.
Jeifets, também ligado ao think tank russo Valdai Club, diz que analistas russos próximos a Putin consideram pequenas as chancesbet3645Bolsonaro se reeleger caso se mantenha a polarização entre ele e o ex-presidente Lula.
"Tive acesso a informes analíticos sobre isso. Ainda falta quase um ano para as eleições e tudo se resolve nas urnas, mas os informes que eu vi mostram que as probabilidades para a reeleiçãobet3645Bolsonaro são muito poucas", afirmou.
Para Zbigniew Ivanovsky, a visitabet3645Bolsonaro a Putin é vista na Rússia como uma chance para o brasileiro "marcar pontos"bet3645um cenário eleitoral disputado.
"Bolsonaro deverá ter sérios competidores nas eleições, então ele precisa marcar pontos agora. E ele pode fazer isso, inclusive, a partirbet3645uma reaproximação com a Rússia", afirmou.
"Não esqueçamos que Bolsonaro tem eleições presidenciaisbet3645outubro. Eu acho que, para o brasileiro médio, ele vai tentar mostrar isso (essa reaproximação) como uma conquista para ganhar uma parte do eleitoradobet3645centro, uma vez que ele é considerado um políticobet3645direita", disse Ivanovsky.
Crise ucraniana parcialmente fora do radar
Na avaliação dos especialistas russos, a crise ucraniana não deverá estar no centro das interações entre Bolsonaro e Putin.
"Para Bolsonaro, as questões sobre a escalada (de tensão)bet3645torno da Ucrânia não têm uma importância significativa. Além disso, na reunião do Conselhobet3645Segurança da Organização das Nações Unidas sobre o assunto, o Brasil votou contra a Rússia", lembrou Ivanovsky.
Para Jeifets, na perspectiva russa, Bolsonaro não é a melhor pessoa para tratar da questão ucraniana. Entre os motivos para isso é, como ele apontou anteriormente, a possibilidadebet3645que Bolsonaro não se reeleja.
Apesar disso, diante da crise entre Rússia e Ucrânia, Jeifets afirma que para Putin, o simples fatobet3645Bolsonaro ir à Rússia e não mencionar o assunto já será positivo para o presidente russo.
"Está bastante claro que se não houver alguma mudança, Bolsonaro não vai ser reeleito e outra pessoa vai lhe suceder. O mais importante para Moscou não é tanto que ele fale a favor da Rússia, mas que não fale abertamente contra. Se isso acontecer, isso já vai ser considerado uma coisa importante", afirmou.
Bolsonaro fica na Rússia até a quinta-feira (17/02), quando viaja para Hungria, onde se encontrará com o primeiro-ministro Viktor Orbán.
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