'A pessoa compra uma casinha onde consegue pagar': as famílias que viviamjogar truco online gratismorro que desabou:jogar truco online gratis
A área, com dezenasjogar truco online gratiscasas cercadas por um morrojogar truco online gratisterra vermelha, termina na linhajogar truco online gratistrem que liga a região à capital paulista. A ocupação, conhecida como Jardim dos Reis, abriga construções menores como ajogar truco online gratisGilmar, mas também sobrados com vários andares onde vivem famílias com crianças, idosos e bebês. Boa parte das casas foi interditada por riscojogar truco online gratisnovos deslizamentos - outra parte, mais distante do local das buscas, ainda abriga algumas famílias.
Na manhãjogar truco online gratisquarta, os moradores foram autorizados a buscar pertences nos imóveis bloqueados. As famílias precisaram sair às pressas no domingo, deixando móveis, roupas e a vida que construíram ali nos últimos anos. Foram para casasjogar truco online gratisparentes ou alugadas na correria depois do desastre.
Gilmar, por exemplo, conseguiu locar um quarto e cozinhajogar truco online gratisoutro bairro por R$ 600 mensais. "Depois do deslizamento, o preço do aluguel subiu na cidade. As pessoas estão metendo a faca, cobrando mais carojogar truco online gratisgente que perdeu tudo. O único que encontrei foram esses dois cômodos por um preço absurdo aquijogar truco online gratisFranco da Rocha, mas é o que tem para gente", diz.
A prefeitura está cadastrando os desabrigados para o programajogar truco online gratisauxílio-alugueljogar truco online gratisR$ 400 mensais, que contempla 10 mil habitantes do município, mas servidores da áreajogar truco online gratisassistência social afirmam que o benefício vai demorar pelo menos um mês para ser liberado.
A prefeitura afirma que existem "cercajogar truco online gratis230 edificaçõesjogar truco online gratisáreasjogar truco online gratisrisco na cidade, cujo custo estimadojogar truco online gratisreparo está orçadojogar truco online gratiscercajogar truco online gratisR$ 120 milhões, incluídas a remoção e realocação das famílias, investimento para o qual a prefeitura busca parcerias para executar".
'Boomjogar truco online gratisáreasjogar truco online gratisrisco'
Baiano, Gilmar migrou para Franco da Rochajogar truco online gratis1999,jogar truco online gratisbuscajogar truco online gratisemprego. Em 2007, comprou a casajogar truco online gratisoutra família por R$ 45 mil, dinheiro que conseguiu guardar no período. Como ele, os moradores não têm documentosjogar truco online gratispropriedade para alémjogar truco online gratisrecibosjogar truco online gratiscompra e venda, porque a área foi ocupadajogar truco online gratismaneira informal e a prefeitura não regularizou as moradias.
"Desde que minha filha nasceu, há oito anos, passei a reformar tudo, fiz mais dois cômodos com o dinheiro que sobrava do salário. Eu mesmo pegava na massa, construí sozinho. Agora tudo acabou", diz o faxineiro, que estima ter gastado cercajogar truco online gratisR$ 50 mil na reforma.
A históriajogar truco online gratisGilmar, o único atualmente empregado emjogar truco online gratiscasa, ilustra um boom habitacional enfrentado por cidades da Grande São Paulo como Franco da Rocha e a vizinha Francisco Morato, onde quatro pessoas também morreram (três crianças e um adolescente)jogar truco online gratisum deslizamento no fimjogar truco online gratissemana.
Em três décadas, Franco da Rocha teve um aumento populacionaljogar truco online gratis87% -jogar truco online gratis81 mil habitantesjogar truco online gratis1990 para 148 mil moradoresjogar truco online gratis2020, segundo projeção da Fundação Seade, órgãojogar truco online gratisanálisejogar truco online gratisdados do governojogar truco online gratisSão Paulo, que se utilizajogar truco online gratisinformações do IBGE. Jájogar truco online gratisFrancisco Morato a população cresceu 134%,jogar truco online gratis74,6 mil habitantesjogar truco online gratis1990 para 174,4 mil pessoas três décadas depois.
Para urbanistas, esse fenômeno ocorreu principalmente por causa da dificuldade que famílias muito pobres enfrentam para manter o alugueljogar truco online gratisdia ou comprar imóveis na periferia da capital paulista. Sem opção, muita gente migrou para cidades do entorno, ocupando áreasjogar truco online gratisriscojogar truco online gratisencostasjogar truco online gratismorros e margensjogar truco online gratiscórregos por um preço menor. Criou-se então um mercado informal e irregularjogar truco online gratisloteamentos, e o poder público não acompanhou esse movimento com políticas publicasjogar truco online gratishabitação eficientes, avaliam especialistas no tema.
"Esse processo é recorrentejogar truco online gratisnossa urbanização, principalmente entre a classe trabalhadora ejogar truco online gratisbaixa renda. Ela acontecejogar truco online gratismaneira aceleradajogar truco online gratisáreas periféricas, com terreno frágil, sem planejamento urbano e acompanhamento técnico", diz o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Universidade Federaljogar truco online gratisSão Paulo (Unifesp).
"Essas cidades que cresceram muito nas últimas décadas não têm capacidade institucional nem econômica pra realizar uma politica urbana e habitacional. Nunca houve um processo contínuojogar truco online gratisplanejamento e investimento urbano com objetivos claros: essa política sempre foi fragmentada, descontínua e ineficiente. Essas ocupações se formaram à revelia do poder público", explica.
Nos últimos anos, tragédias como a desse fimjogar truco online gratissemana se tornaram recorrentes na região. Segundo levantamento da TV Globo, pelo menos 123 pessoas morreramjogar truco online gratisdecorrência das chuvas entre 2016 e 2022 na Grande São Paulo. As mortes ocorreram principalmentejogar truco online gratisdeslizamentos, inundações e desabamentosjogar truco online gratismoradias. Em 2015, durante um episódio semelhante, 25 pessoas morreramjogar truco online gratiscidades como Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã.
Nesta terça-feira (1/2), após sobrevoar a região, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a "faltajogar truco online gratisvisão do futuro"jogar truco online gratismoradoresjogar truco online gratisáreasjogar truco online gratisrisco como o do Jardim dos Reis.
"A visão é algo que nos marca. Em muitas áreas onde foram construídas as residências faltou, obviamente, alguma visão, por partejogar truco online gratisquem construiu,jogar truco online gratisfuturo, bem como por necessidade as pessoas fazem nessas áreasjogar truco online gratisrisco", disse o presidente.
'Ninguém vê nossa precisão'
Enquanto o faxineiro Gilmar pegava seus pertences, o comerciante Alexandre Gregório, 36, mostrava como ficou a casa da família após o temporal do fimjogar truco online gratissemana.
"Essa parede aqui da sala está toda rachada. Na hora da chuva, a água entrou pela janela do quarto da minha mãe. Tivemos que fazer uns buracos na parede para ela sair. Quando começou a cair o barranco, todo mundo saiu correndo, gritando. Estamos vivos por pura sorte. Nossa casa resistiu, mas está tudo rachado, não tem mais como ficar aqui", diz ele, que voltou ao imóvel para buscar um aparelhojogar truco online gratissom.
A família se mudou para o morro nos anos 2000, vinda da periferia da capital. "Meus pais não conseguiam mais pagar alugueljogar truco online gratisSão Paulo. Eles tinham um dinheiro guardado, compraram aqui. É o que tem para gente", conta.
Três dias depois do desastre, o comerciante se emociona ao se lembrar dos amigos que morreram. "Perdi três amigos aqui, gente que eu conheço há 20 anos. É difícil pensar... Havia uma família com um bebê. Um dia antes eu vi o pai brincando com a criança, e pensar que horas depois eles morreram..."
A irmã do comerciante, a costureira Jamile Gregório,jogar truco online gratis34 anos, também mora no morro, masjogar truco online gratisuma casa ao lado - também interditada pela Defesa Civil. Com cinco filhos, entre eles um bebêjogar truco online gratis25 dias, precisou se mudar para um quartinhojogar truco online gratisum ponto do morro que não foi fechado. "Estamos amontoados, esperando para ver se alguém ajuda", diz.
A costureira, que está desempregada, comprou a antiga casa por R$ 8 miljogar truco online gratismeados da década passada. Depoisjogar truco online gratisaumentar o imóvel com outro andar, colocou o espaço à venda por R$ 80 mil, mas não recebeu propostas. Agora, terá que abandonar o local para viverjogar truco online gratisaluguel. "Na hora da precisão, você morajogar truco online gratisqualquer lugar. As pessoas criticam, mas não veem nossa precisão... Ninguém imaginava que essa tragédia iria acontecer", diz.
'Não falam que é uma áreajogar truco online gratisrisco'
Na manhãjogar truco online gratisquarta-feira, a prefeiturajogar truco online gratisFranco da Rocha cadastrava famílias desabrigadas. para inclui-las no programajogar truco online gratisauxílio-aluguel e outras políticasjogar truco online gratisassistência.
Uma delas era a do ajudante geral Claudio Pereira, 43, ejogar truco online gratiscompanheira, a auxiliarjogar truco online gratiscozinha Maria Elaine Bezerra, 32, ambos desempregados. Com sete filhos, eles sobrevivemjogar truco online gratisdoaçõesjogar truco online gratisparentes e dos R$ 400 do Auxílio Brasil, programa do governo Bolsonaro que substituiu o Bolsa Família. "Nossa casa fica no começo do morro. A gente queria continuar, porque não temos para onde ir, mas a Defesa Civil não deixou. Alguém temjogar truco online gratisnos ajudar, a gente precisajogar truco online gratisalgum lugar para morar", diz Maria.
Há sete anos a família comprou o imóvel onde viviam - uma casinhajogar truco online gratisdois cômodos - por R$ 20 mil, valor que recebeujogar truco online gratisuma indenização judicial. "Quando alguém vende a casa não fala para você que é uma áreajogar truco online gratisrisco. Ninguém pensa no risco, você pensajogar truco online gratister um lugar para morar com a família, para não ter mais que pagar aluguel", diz Claudio.
A prefeitura prometeu o auxílio-aluguel para a família, mas o benefício só deve ser liberado daqui um mês. Enquanto isso, eles foram viver na casajogar truco online gratisum parente.
'Não confio'
A açougueira aposentada Edileuza Pereira,jogar truco online gratis48 anos, era outra desabrigada na filajogar truco online gratiscadastro. Ela estava dormindo quando o barranco desabou, no domingo. "Só ouvi alguns gritos, mas achei que era uma briga. Era o morro caindo. Meu filho entrou correndo e me salvou. Minha casa era a última na beira do barranco, mas ficoujogar truco online gratispé", conta ela, que passou a viver no Jardim dos Reis há 18 anos, quando comproujogar truco online gratismoradia por R$ 8 mil.
Na fila do cadastro da prefeitura, ela se emociona ao se lembrar que, há exatos seis meses, terminoujogar truco online gratisreformar a casa que precisou abandonar neste domingo. "Gastei R$ 30 mil construindo um andar para o meu filho morar com a esposa. Não sei o que fazer, estou me sentindo um lixo", diz a aposentada, que um dia depois alugou outra residência por R$ 500jogar truco online gratisoutro bairrojogar truco online gratisFranco da Rocha.
A pouco metros dali, o faxineiro Gilmar Moreira voltava com o chuveiro e fios elétricos que foi buscar emjogar truco online gratiscasa interditada no meio do morro. "Eu até achava que dava para voltar a morar lá, mas me deu medo. Tenho uma filha pequena... A coisa está feia. Eu não confio, não", diz.
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