Inflação no Brasil é 5ª maior da América Latina:aviator realsbet
Levandoaviator realsbetconsideração as 11 maiores economias da América Latina, o Brasil só fica atrásaviator realsbetArgentina e Venezuela, dois países que atravessam crises profundas e que vão muito além dos problemas trazidos pela pandemiaaviator realsbetcovid-19 e suas repercussões. Na Argentina, a inflação atingiu 51,2% nos 12 meses até novembro; na Venezuela, bateu impressionantes 2.700%, conforme a projeção do Fundo Monetário Nacional (FMI) para 2021 fechado.
Quando se incluem os países do Caribe, conforme a baseaviator realsbetdados com informaçõesaviator realsbet34 nações disponibilizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), alémaviator realsbetArgentina e Venezuela, o Brasil só é superado por Cuba, que amarga inflação superior a 70%, e pelo Haiti, mergulhadoaviator realsbetcrise, que registra índice próximoaviator realsbet20% no acumuladoaviator realsbet12 meses.
A BBC News Brasil conversou com economistas que acompanham os indicadores da região para entender as razões.
Moedas desvalorizadas e commoditiesaviator realsbetalta
Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru, todos registraram aumento expressivo dos índicesaviator realsbetpreços no ano passado.
O Uruguai viu a inflação cederaviator realsbetrelação a 2020, mas ela continuaaviator realsbetnível incômodo, acima do limiteaviator realsbettolerânciaaviator realsbet7% estabelecido pelo banco central do país.
As exceções são Equador e Bolívia, onde os preços subiram menosaviator realsbet2% no ano passado, mas que se tratamaviator realsbetcasos particulares. Ambos os países têm a economia dolarizada, com um regimeaviator realsbetcâmbio fixo - uma política que ajuda a conter a inflação, mas que também cobra seu preço, entre eles a exigênciaaviator realsbetum nível elevadoaviator realsbetreservas e o riscoaviator realsbetdesequilíbrio na balança comercial, com perdaaviator realsbetcompetitividade das exportações.
E fora a dupla, praticamente todos os países da região viram suas moedas perderem valor frente ao dólaraviator realsbet2021.
Uma parte desse movimento se deveu a fatores internos, como as eleições turbulentas no Chile e a crise política e institucional no Brasil. Não por acaso, o peso chileno foi a moeda que mais perdeu valor na regiãoaviator realsbet2021 e o real é a moeda há mais tempo depreciada no continente - desde abrilaviator realsbet2020 o dólar se mantém persistente acimaaviator realsbetR$ 5 por aqui.
Ao lado das particularidadesaviator realsbetcada país, as condições globais também favoreceram a desvalorização das moedas latino americanas. Uma delas foi o aumento dos juros nos Estados Unidos - que se deparou com a necessidadeaviator realsbetsubir as taxas porque também passou a lidar com um problemaaviator realsbetinflação crescente. Com juros maiores nos EUA, os investidoresaviator realsbetgeral tendem a migrar para mercados considerados mais seguros e tiram dinheiro daqueles considerados mais arriscados, como os emergentes.
Sozinha, a desvalorização cambial por si só costuma pressionar a inflação. No ano passado, contudo, ela se juntou a outro componente, o aumento global dos preçosaviator realsbetcommodities. Em parte devido à retomada das atividadesaviator realsbetdiversas regiões com o avanço da vacinação, petróleo, minérioaviator realsbetferro, soja, milho, carne, laranja, café e outras commodities viram suas cotações se elevarem nas bolsas pelo mundo.
Na avaliaçãoaviator realsbetFelipe Camargo, economista para América Latina da consultoria inglesa Oxford Economics, boa parte da inflação que bateu na América Latinaaviator realsbet2021 veio da combinação entre esses dois fatores.
"É o que estamos chamando [em nossos relatórios]aviator realsbet'inflação importada'", diz o economista.
E são dois os principais canaisaviator realsbettransmissão dessa "inflação importada" para os preços internosaviator realsbetcada país. O primeiro, mais intuitivo, é o repasseaviator realsbetcustos: o produtor local passa a comprar insumo mais caro (porque precisa importar, por exemplo) e repassa esse custo para o consumidor.
O segundo se dá pelo incentivo que o câmbio gera sobre os exportadores, explica Camargo. Como é financeiramente bastante vantajoso exportar, os produtores muitas vezes preferem vender para foraaviator realsbetvezaviator realsbetdomesticamente, o que ajuda a empurrar os preços internos para cima à medida que diminui a oferta.
Um outro fator que também concorreu para trazer mais inflação para a América Latina (e muitos outros países)aviator realsbet2021, acrescenta Alberto Ramos, economista-chefe do banco Goldman Sachs para a América Latina, foram as rupturas nas cadeiasaviator realsbetsuprimentos globais.
Esse foi outro efeito da retomada mais rápida do que o esperado, traduzido na faltaaviator realsbetcomponentes para a indústria e nos problemasaviator realsbetfaltaaviator realsbetcontêineres para transporteaviator realsbetmercadorias, afetando especialmente os custos industriais.
No Brasil, seca e dólar ainda mais caro
No caso específico do Brasil, ambos os economistas citam um quarto componente que se somou à desvalorização cambial, ao aumento das commodities e aos gargalosaviator realsbetlogística: a crise hídrica, que exerceu pressão sobre dois grupos importantes, energia elétrica e alimentos.
Assim, a combinaçãoaviator realsbetfatores acabou gerando o que, na avaliaçãoaviator realsbetCamargo, se desenhou como a pior situação da região. "A inflação do Brasil foi a que mais se desviou da meta", ressalta, referindo-se à metaaviator realsbetinflação determinada pelo Banco Central,aviator realsbet3,75%, com tolerânciaaviator realsbet1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
"Foi o que mais sofreu choques: a pior depreciação cambial, que veio antes e durou mais, e o maior choqueaviator realsbetoferta, por causa da questão da crise hídrica e da energia", completa.
Olhando especificamente para o câmbio, que é um fatoraviator realsbetpreocupação para o Brasil, o economista coloca Colômbia e Chile junto ao país na lista dos piores colocados da região.
O peso chileno, ele destaca, sofreu inclusive desvalorização superior à do realaviator realsbet2021, devido às turbulênciasaviator realsbetsua corrida eleitoral e às discussões sobre a nova Constituição (no ano passado, os chilenos elegeram os parlamentares que vão redigir a nova Carta, que deve ser apresentada no segundo semestreaviator realsbet2022).
Ramos, do Goldman Sachs, destaca o papel das questões domésticas no caso brasileiro, que considera fundamentais para entender porque o país teve um dos piores desempenhos da região.
O "ruído político", fruto das tensões entre o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, e suas consequências institucionais e na economia, pontua o economista, acabaram criando um "desencantamento" com o Brasil entre os investidores, que passaram a procurar outros mercados e engrossaram a saídaaviator realsbetdólares do país.
Esse quadro ajuda a explicar porque a moeda americana passouaviator realsbetR$ 5aviator realsbetabrilaviator realsbet2020 e praticamente não desceu desse patamar desde então.
Contribuíram ainda para o "desencantamento", adiciona o economista, a desaceleração forte do crescimento, a faltaaviator realsbetreformas e os sinaisaviator realsbetdescompromisso do governo com as contas públicas, entre eles a PEC dos precatórios e as manobras para driblar o tetoaviator realsbetgastos.
"É difícil ver um lado bom hoje", diz.
Entre outras razões, ele cita as eleições, que se desenham bastante turbulentas e, ao contrário da vizinha Colômbia, que vai escolher o novo presidente jáaviator realsbetmaio, só serão realizadasaviator realsbetoutubro.
Até lá, é pouco provável a retomadaaviator realsbetreformas, afirma Ramos. O cenário base éaviator realsbetmanutençãoaviator realsbetum nível elevadoaviator realsbetincerteza, que afeta a decisão dos consumidoresaviator realsbetgastar e das empresasaviator realsbetinvestir.
"Um otimista hoje [em relação ao Brasil] é um pessimista mal informado", conclui.
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