Da neve ao deserto, brasileiro viaja pelo mundodpoc casa de apostasbicicletadpoc casa de apostasbambu:dpoc casa de apostas
De volta ao país, ele tentou retomar uma vida "normal" e começou a cursar sociologia. Porém, não se encaixava mais nos padrões tradicionaisdpoc casa de apostasuma empresa ou vida, como ele mesmo define.
Como sempre curtiu experiências diferentes, pensou que poderia voltar às viagens ao ladodpoc casa de apostasoutra "magrela", só que dessa vez ela seria feitadpoc casa de apostasbambu.
Ele descobriu o meiodpoc casa de apostastransporte depoisdpoc casa de apostasver um homem andando na rua e teve a curiosidadedpoc casa de apostasperguntar como a bicicleta funcionava.
"Ele construía esses tiposdpoc casa de apostasbicicleta e ainda as fazia sob medida. Dá para deixar o bambu mais claro, mais escuro e do jeito que você quer. Mededpoc casa de apostasperna e tudo. Encaixa como uma aliança".
Ao ficar pronta, ela foi batizada como Dulcineia.
Em 2016, depoisdpoc casa de apostasreceber a bike, seguiu para mais uma viagemdpoc casa de apostasum ano e meio pelo continente africano, começando na Cidade do Cabo, África do Sul, e terminandodpoc casa de apostasAlexandria, no Egito.
Ao todo, somando as duas jornadas, ele já pedalou maisdpoc casa de apostas50 mil quilômetros. "Ela se mostrou resistente e sempre a leveidpoc casa de apostasextremos muito fortes. Ela absorve o impacto", diz.
Início da jornada pelas Américas
Mesmo exigindo muito esforço ao pedalar, o carioca já tinha familiaridade com ciclismo, pois se locomoviadpoc casa de apostasbicicleta diariamente ao trabalho.
Quando decidiu deixar o Brasil, Ricardo nunca havia saídodpoc casa de apostasbicicleta da cidade do Riodpoc casa de apostasJaneiro.
Como já tinha conquistadodpoc casa de apostasprimeira metadpoc casa de apostasvida, que era proporcionar mais conforto à família, ele decidiu viajardpoc casa de apostasbike pelo continente, justamente por ser algo desafiador.
Sua bicicleta funciona quase como uma casa, onde ele armazena barraca, fogareiro e sacodpoc casa de apostasdormir.
Ao decidir ir para América do Sul, ele saiu do bairro da Penha, na zona norte do Riodpoc casa de apostasJaneiro, seguiu até o Mato Grosso do Sul e chegou à Bolívia.
Paradpoc casa de apostassurpresa, ao chegar no país vizinho, ele foi roubado. "Naquela época eu não colocava dinheiro no banco e não era fácil como hoje. Perdi quase tudo e fiquei com sete dólares", relembra.
Como tinha que se virar e recuperar o dinheiro para seguir com a viagem, ele começou a prestar consultoriadpoc casa de apostasmarketing e outros serviços para o Ministério do Turismodpoc casa de apostasLa Paz. A partir daí, se estruturou financeiramente.
Ainda na Bolívia, o viajante se contaminou com salmonella (infecção por bactéria) duas vezes e também foi diagnosticado com febre tifoide. "Não podia tomar remédio nenhum por causa da hepatite no sangue e fígado. Fiquei no soro por duas semanas. Quase morri", diz.
Durante os quatros anosdpoc casa de apostasque esteve na América do Sul, Ricardo teve muitos imprevistos. Enquanto estava na Argentina, se apaixonou por uma mulher e quis ficar mais no país. No entanto, acabou quebrando o joelho lutando taekwondo. Para se recuperar, precisou fazer três cirurgias. Mesmo diante dessas adversidades, ele conta que se a viagem não tivesse sido dessa forma, não teria muito encanto.
Na estrada, ele conta que passou a acreditar mais na raça humana e que é possível encontrar pessoas sem interesse. "A hospitalidade sempre existe", conta.
E mesmo sendo no mesmo continente, o sociólogo afirma que há muitas diferenças entre os países. "Quando você mudadpoc casa de apostascontinente, tudo muda. A Bolívia foi o lugar mais diferente que eu tive oportunidadedpoc casa de apostasconhecer. Tem uma identidade nacional muito forte. Tem montanha, povos andinos, cidades incríveis e uma história latinoamericana fantástica."
Áfricadpoc casa de apostasuma bicicletadpoc casa de apostasbambu
A escolha pela África como destino seguinte ocorreu devido à curiosidade motivada pelo pouco conhecimento sobre o continente , segundo Ricardo. "Eu pensei qual continente eu era mais ignorante", diz.
Ele começou pela África do Sul e os planos eram cruzar desde o extremo sul ao norte do continente, chegando ao Egito. Mas como imprevistos sempre ocorrem, ele foi roubado nos primeiros 20 quilômetros da viagem.
Quando precisou parar para arrumar o pneudpoc casa de apostassua bicicletadpoc casa de apostasfrente a uma das favelas mais perigosas do país, levou um susto: um homem armado veio emdpoc casa de apostasdireção e o assaltou. "Ele levou dinheiro, meu kindle e meu computador", relembra.
Por causa disso, teve que mudar os planosdpoc casa de apostasviagem e como ainda faltavam 15 mil quilômetros no roteiro, pensou como poderia reaver o dinheiro.
Ele escolheu trabalhardpoc casa de apostasum bardpoc casa de apostasZanzibar, na Tanzânia, por alguns meses. "Zanzibar parece (as ilhas) Maldivas. A África tem uma quantidadedpoc casa de apostassurpresas na minha vida", diz. Na ilha, Ricardo também teve alguns problemas, que hoje ele relembra dando risada e com entusiasmo.
Uma vez enquanto dormia numa casadpoc casa de apostaspalha se viu no meiodpoc casa de apostasum incêndio. Os moradores limpavam o quintal usando fogo, uma fagulha atingiudpoc casa de apostascasa e rapidamente começou a queimar tudo.
"Eu estava deitado na rede lendo e comecei a sair correndo. Eu só consegui salvar minha bicicleta, mas perdi os meus equipamentosdpoc casa de apostasviagem, roupa, sacodpoc casa de apostasdormir. A casa toda pegou fogo", conta.
Devido ao incidente, precisou abrir uma "vaquinha" no site apoia.se e seguir produzindo conteúdosdpoc casa de apostasviagem.
A iniciativa deu certo e a comunidade foi crescendo e o ajudando durante todo o roteiro. Ele criava vídeos e posts para as redes sociais somente com o celular e um teclado bluetooth.
Mesmo tendo alguns problemas durante a viagem, o sociólogo conta que a jornada teve mais pontos positivos do que negativos.
Ricardo afirma que pôde verdpoc casa de apostasperto a realidade do país africano e desmistificar alguns estereótipos.
Em Moçambique, por exemplo, se surpreendeu com a hospitalidadedpoc casa de apostasalguns policiais que o ajudaram e não foram corruptosdpoc casa de apostasnenhum momento — o país tem famadpoc casa de apostaster uma das polícias mais corruptas do mundo, diz Ricardo.
Ele relembra que os postos policiais eram ótimos para adquirir água potável e energia elétrica. Alguns oficiais até o adicionaram no Whatsapp e o avisavamdpoc casa de apostaspossíveis confrontos, guerras civis nas fronteiras edpoc casa de apostasoutros países do continente.
Na Etiópia também conseguiu ver melhor o país além da pobreza. Ricardo conta que o lugar tem paisagens incríveis e que o povo é muito receptivo.
Já no Quênia conheceu o desertodpoc casa de apostasTurkana, local que revela muito sobre a história da humanidade. Muitas vezes, a temperatura chegava a 52 graus.
"Psicologicamente é muito difícil aguentar, mas fisicamente não. Eu bebia 10 litrosdpoc casa de apostaságua e fazia soro caseiro para beber e não desidratar", diz.
Após um ano e quatro meses viajando pelo país, ele encerrou a viagem no Egito e foi recebido pelo embaixador do Brasil no país. "Ele me recebeudpoc casa de apostasterno e eu havia perdido dez quilos e estava com um buraco no tênis", brinca.
Durante os anos que levou planejando suas viagens, Ricardo desenvolveu trabalhosdpoc casa de apostassustentabilidade e mobilidade, palestroudpoc casa de apostasalguns países e realizou pesquisas acadêmicas à distância — por isso era conhecido por autoridades internacionais.
Do calor do deserto para o gelo na Europa
Depoisdpoc casa de apostasencerrar seu trajeto na África, ele resolveu encarar as temperaturas negativas da Europa. Dessa vez, também iria explorar o continentedpoc casa de apostasuma ponta a outra.
Todos os dias ele pedalavadpoc casa de apostasmédia 100 quilômetros e agora precisava lidar com a neve. Como não tinha materiais próprios para o gelo, pensou como poderia ganhar dinheiro para se manter e comprar acessórios para baixas temperaturas.
Por sorte, foi convidado para palestrardpoc casa de apostasuma empresa europeia e recebeu um ótimo pagamento, que foi suficiente para comprar roupas e outros equipamentos térmicos. "Foi a primeira vez que eu tive um inverno rigoroso. Qualquer erro custadpoc casa de apostasvida", reforça.
Ricardo lembra que chegou a pegar temperaturas abaixodpoc casa de apostas20 graus e que, às vezes, se preocupava.
"Fiquei três meses no Reino Unido, passei o inverno na Escócia e no Paísdpoc casa de apostasGales. Eu acampava debaixodpoc casa de apostasneve."
Ao todo, foram 30 países durante pouco maisdpoc casa de apostasum ano viajando sempre na bicicletadpoc casa de apostasbambu.
Ainda durante o trajeto, sentiu a necessidadedpoc casa de apostasretribuir o que já havia ganhado ao longo desse tempo na estrada.
Quando ainda estava na Europa, pediu recursos para a comunidadedpoc casa de apostasseguidores que o acompanhavam e comprou 100 paresdpoc casa de apostassapatos para refugiados que faziam o trajeto entre as fronteiras a pé.
O intuito era comprar botas resistentes para temperaturas negativas. "Fiz por meiodpoc casa de apostasuma ONG e consegui arrecadar dinheiro para 115 paresdpoc casa de apostassapatos", conta.
Do mundo para Queimados, no Riodpoc casa de apostasJaneiro
De volta ao Brasil, Ricardo estava trabalhando no INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e umdpoc casa de apostasseus colegas na empresa disse que a cidadedpoc casa de apostasQueimados, na baixada fluminense, havia sido ranqueada como a mais violenta do país. Isso intrigou o sociólogo, que desejou mudar essa realidadedpoc casa de apostasalguma forma.
Ele procurou líderes na cidade e teve a ideiadpoc casa de apostasincentivar uma transformação social por meio da bicicleta. Foi então que organizou um workshop na comunidade para mostrar como era possível criar bikesdpoc casa de apostasbambu.
Ele criou o Pedala Queimados, que atua para criação desses meiosdpoc casa de apostastransporte e ainda gera renda para os moradores.
Para testar a prática, eles escolheram ex-presidiários, donasdpoc casa de apostascasa, pessoas que saíramdpoc casa de apostasabrigos e outros indivíduosdpoc casa de apostassituaçãodpoc casa de apostasvulnerabilidade.
Para adquirir recursos, criaram um crowdfunding (financiamento coletivo) e com o dinheiro arrecadado conseguiram comprar um terreno para as reformas e criaçãodpoc casa de apostasnovas bicicletas. "É possível vender a bicicleta e gerar renda para comunidade", reforça.
Eles ainda arrecadam bicicletasdpoc casa de apostascondomínios da zona sul do Riodpoc casa de apostasJaneiro, fazem reparos para deixá-las ainda mais novas e servirdpoc casa de apostasmeiodpoc casa de apostastransporte para entregadoresdpoc casa de apostasaplicativosdpoc casa de apostascomida.
Ricardo encabeçou o projeto, mas treinou outros líderes para tocar e dar andamento à ideia, mesmo estando fora do Brasil.
Hoje, ele vive comdpoc casa de apostasesposa na cidade do Cairo, no Egito, e pretende pedalar com a Dulcineia mais uma vez pelo mundo, só que dessa vez o destino será o continente asiático.
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