A catastrófica reaçãobetesporte 360cadeia à seca do rio Paraná:betesporte 360
Sem contar os vizinhos argentinos e paraguaios, com problemas semelhantes, principalmentebetesporte 360relação ao escoamentobetesporte 360produção.
Essa reaçãobetesporte 360cadeia a um só evento ilustra temores do que nos espera no futuro, com a emergência do clima e mais eventos climáticos extremos, como previsto no último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU). Por causa da ação humana, o planeta está aquecendo, fato que já vem provocando consequências alarmantes. Na América do Sul, o aumento da seca e da aridez é uma das previsões do grupobetesporte 360cientistas da ONU.
No caso do Paraná, especialistas apontam o desmatamento descontrolado, a crise do clima e ciclos naturais como causas da seca dos últimos anos. A diferença, diz Oscar Fernandez, professorbetesporte 360Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (campusbetesporte 360Marechal Cândido Rondon), é que a população que habita essa região hojebetesporte 360dia é muito mais numerosa. "Há 91 anos, quando houve uma seca assim nessa região, a população era muito menor, então o impacto sobre a população também era muito menor."
Com tanta gente que depende das águas do rio Paraná - algunsbetesporte 360maneira óbvia, outrosbetesporte 360forma indireta -, a BBC News Brasil explica nesta reportagem a reaçãobetesporte 360cadeia causada porbetesporte 360seca.
A vida dos peixes e a pesca
"Ao sulbetesporte 360Iguaçu, já tem lugares que pessoas estão passando à pé porque o rio está muito raso", diz Fernandez. E isso afeta diretamente a fauna do rio.
"Com a diminuição da profundidade do rio, o peixe vai perdendo seu habitat, ebetesporte 360reprodução é afetada. Os peixes têm espaços exclusivos para a desova e espaços para seu desenvolvimento. Todos esses habitats diminuem ou desaparecem com a seca do rio."
O turismo pesqueiro e a pesca para subsistência são atividades comuns no rio Paraná. No trecho do rio do outro lado da fronteira brasileira, na Argentina, há várias colôniasbetesporte 360pescadores e relatosbetesporte 360milharesbetesporte 360famíliasbetesporte 360pescadores enfrentando uma crise pela seca do rio.
No Brasil, também há registrosbetesporte 360que peixes estão sendo afetados. Para guardar água e conseguir suprir a demandabetesporte 360energia nos próximos meses (mais sobre isso no fim da reportagem), o Ministériobetesporte 360Minas e Energia recomendou que algumas usinas do rio Paraná reduzissembetesporte 360vazão.
Entre elas, a Porto Primavera, que fica entre os estadosbetesporte 360São Paulo e Mato Grosso do Sul. A diminuiçãobetesporte 360sua vazão, segundo a Companhia Energéticabetesporte 360São Paulo (Cesp), foi "partebetesporte 360uma forma emergencialbetesporte 360mitigar os efeitos da seca nas demais usinas que compõem o sistema".
Com a redução da vazão, as laterais do rio baixaram e lagoas isoladas se formaram, ameaçando a fauna que vive ali.
Por isso, foi preciso fazer o resgatebetesporte 360peixes. A Cesp diz ter realizado avaliação, rastreio, resgate e transposiçãobetesporte 360peixes para áreas seguras.
Foram resgatadas cercabetesporte 3602 toneladasbetesporte 360peixes nativos, que foram transportados para o leito do rio. Além disso, foram retiradas 2,5 toneladasbetesporte 360peixes mortos. Segundo a Cesp, 90% desses peixes erambetesporte 360espécies exóticas, da região amazônica, que foram introduzidas na bacia do rio Paraná e são mais sensíveis ao frio.
O uso da hidrovia e a alternativa mais poluente
Uma das principais hidrovias do país, a Tietê-Paraná encerrou os trabalhosbetesporte 3602021. O motivo? Falta água para viabilizar a navegação.
Pelos 2,4 mil quilômetrosbetesporte 360extensão da hidrovia escoam grãos do Centro-Oeste, partebetesporte 360Rondônia, Tocantins, Minas Gerais e São Paulo. Parte dos produtos seguembetesporte 360ferrovia ou rodovia para o portobetesporte 360Santos e saem para exportação - daí a localização da hidrovia ser tão estratégica. O portobetesporte 360Santos é o maior da América Latina.
Cercabetesporte 3603,5 a 4 milhõesbetesporte 360toneladasbetesporte 360produtos agropecuários, como milho, soja, cana-de-açúcar e etanol, são transportados por ano por ali, diz o presidente do Sindicato dos Armadoresbetesporte 360Navegação Fluvial do Estadobetesporte 360São Paulo (Sindasp), Luizio Rizzo.
A hidrovia já havia ficado paralisada por quase todo 2014 e 2015 também por causa da escassez hídrica. Dessa vez, diz Rizzo, a expectativa é voltarbetesporte 360janeiro.
Segundo ele, a estimativabetesporte 360produtos agropecuários que seriam levados pela hidrovia entre agora e dezembro ébetesporte 360tornobetesporte 3601,5 milhãobetesporte 360toneladas. O impacto econômico, estima ele, ébetesporte 360R$ 3,5 bilhões, considerando perdas com transporte, renda geral dos municípios e dos produtores.
Além disso, o fechamento da hidrovia impacta também seus trabalhadores: ao longo do rio, trabalham os estaleirosbetesporte 360manutenção ebetesporte 360construção naval, além dos marinheiros que viajam nas barcaças, com chefebetesporte 360máquina, cozinheiro, entre outros. Há 1.500 pessoas empregadas diretamente. E há empresas, diz Rizzo, que já demitiram 90%betesporte 360seus funcionários.
"Esse fantasma da paralisação da hidrovia do Tietê, sem expectativabetesporte 360retorno, estava nos assombrando", diz Elisangela Pereira Lopes, assessora técnicabetesporte 360infraestrutura e logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Outro fechamento como obetesporte 3602014-2015 acaba afastando investimentos privados e criando insegurança jurídica, diz ela. Rizzo cita este problema como o mais gravebetesporte 360todos: "Hoje há muitas empresas que querem investir, mas não investem por faltabetesporte 360confiança no modal. As empresas estão recuando com projetos", diz ele.
O dissabor com o desincentivo ao investimento se acentua porque essa formabetesporte 360transporte é uma das mais sustentáveis e baratas. Lopes elenca as vantagensbetesporte 360uma hidrovia: apesarbetesporte 360ser a matrizbetesporte 360transporte minoritária no Brasil (só 4% dos grãos são transportados assim), a hidrovia é muito mais sustentável que o transporte rodoviário.
Enquanto o transporte por caminhões produz 100 gramasbetesporte 360Co2 a cada tonelada por quilômetro transportado, na hidrovia são 20 gramas. Além disso, é um transporte mais barato, já que carrega muito mais: uma barcaça pode transportar até 6 mil toneladas, enquanto caminhões carregambetesporte 36035 a 40 toneladas. O valor chega a ser 35% do valor do transporte rodoviário.
Ou seja, no caso da Hidrovia Tietê-Paraná, que transporta 10 milhõesbetesporte 360toneladasbetesporte 360produtos por ano (incluindo os 3,5 milhõesbetesporte 360produtos agropecuários), são 250 mil viagensbetesporte 360caminhões retiradas por ano das estradas.
"Caminhões produzem externalidades negativas, como acidentes, depreciação da via, altos custosbetesporte 360transporte e poluição", diz Lopes.
A logística do agronegócio e o consumidor
Assim, a suspensão da hidrovia afeta a logística do agronegócio, que não pode escoar grãos por ali nem subir insumos pelo rio, afetando a safra seguinte.
Com a paralisação da hidrovia, diz Lopes, "o produtor rural terábetesporte 360assumir o custo, reduzindobetesporte 360margembetesporte 360lucro".
Também entram na conta o embarcador, o transportador, o elo todo, diz ela.
E, como a alternativa rodoviária é mais cara, isso pode chegar até o consumidor. Se os produtos estiverem atendendo o mercado interno, "acaba ficando mais caro também para a sociedade como um todo, para o Brasil", diz Lopes. "O produto chega mais caro na gôndolabetesporte 360supermercado."
Rizzo concorda. "Os produtos vão ter que sairbetesporte 360caminhão ebetesporte 360trem, que têm um frete mais caro que a hidrovia. Quando aumenta o frete, isso acaba refletindobetesporte 360tudo. Na cadeia, sobe o preço da ração, do óleo… e quando esse produtor for comprar insumo, como aumentou o preço do frete, vai encarecer o fertilizante que ele vai comprar. No final da conta, quem paga somos nós. Vai refletir na mesa do consumidor", diz.
Exportação dos países vizinhos
Apesarbetesporte 360o Brasil sofrer com a seca do rio, são nossos vizinhos que pagam uma conta mais alta.
O Paraguai, por exemplo, exporta a maior partebetesporte 360sua produção por meio do transporte fluvial. O país utiliza a via do rio Paraguai, que nasce no Brasil, passa pela Bolívia, atravessa o Paraguai e se junta ao rio Paraná. Por meio desse extenso caminho da hidrovia Paraguai-Paraná, o Paraguai leva cargas a portos do Uruguai e da Argentina para exportação.
A Argentina, maior exportadorbetesporte 360farelobetesporte 360soja do mundo, também sente a crise, já que utiliza o rio Paraná para escoarbetesporte 360produção pelo portobetesporte 360Rosário. Como os produtores brasileiros, os argentinos estão tendobetesporte 360buscar outras rotas para exportarbetesporte 360carga, aumentando o custo do frete. Além disso, navios já tiverambetesporte 360cortar a quantidadebetesporte 360carga que estão transportando para poder navegar no rio.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, declaroubetesporte 360julho um estadobetesporte 360emergência hídrica durante 180 diasbetesporte 360diversas províncias, incluindo abetesporte 360Buenos Aires.
A crisebetesporte 360energia
Com a pior crise hidrológica desde 1930 e um país que produz a maior partebetesporte 360sua energia por meiobetesporte 360hidrelétricas (63,2%, segundo dados do ONS), é possível que o Brasil tenha problemas na geraçãobetesporte 360energia elétrica. Nos últimos sete anos, os reservatórios das usinas no país receberam volumebetesporte 360água inferior à média histórica, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O ministrobetesporte 360Minas e Energia Bento Albuquerque fez um pronunciamentobetesporte 360cadeia nacional na semana passada sobre a crise energética. Ele pediu que a população desligasse luzes e aparelhos forabetesporte 360uso, reduzisse o usobetesporte 360chuveiros elétricos, aparelhosbetesporte 360ar-condicionado e ferrobetesporte 360passar roupa.
"O períodobetesporte 360chuvas na região Sul foi pior que o esperado. Como consequência, o nível dos reservatóriosbetesporte 360nossas usinas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste sofreram redução maior que a prevista", declarou.
O temor é que o país não tenha energia elétrica suficiente para atender a demanda nos horáriosbetesporte 360maior consumo no fim do ano, com riscobetesporte 360apagão.
O rio Paraná entra nessa conta, claro - faz parte da bacia com maior capacidade instaladabetesporte 360geraçãobetesporte 360energia hidroelétrica no país, por voltabetesporte 36060%. Além disso, cercabetesporte 360um terço da população brasileira vive nesta região.
Para Paulo César Cunha, consultor da áreabetesporte 360energia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o conjuntobetesporte 360bacias que deságuam na bacia do Paraná é "a mais relevante" do Brasil. "É nosso principal conjuntobetesporte 360rios e barragens, onde ficam os principais sítiosbetesporte 360geraçãobetesporte 360energia."
Uma seca nessa região, portanto, "é preocupante".
A seca afeta a geraçãobetesporte 360energiabetesporte 360duas formas, ele explica: na vazão da água, ou seja, a quantidadebetesporte 360água que passa nas turbinas, e na altura da água do rio, que define a potênciabetesporte 360energia que a máquina consegue produzir.
Em um estudo prospectivobetesporte 360agosto deste ano, o ONS declarou que "os níveisbetesporte 360armazenamento dos reservatórios localizados na bacia do rio Paraná não se recuperarambetesporte 360forma satisfatória ao longo do período úmido 2020/2021".
A situação hidrológica da bacia do rio Paraná, que engloba as bacias dos rio Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema, é "crítica", e as usinas dessa bacia são "de extrema importância para a operação do SIN (o Sistema Interligado Nacional, ou sistemabetesporte 360produção e transmissãobetesporte 360energia elétrica do Brasil), pois os recursos neles estocados são capazesbetesporte 360garantir energia nos períodos secos, quando não há contribuições significativas das usinas instaladas na região Norte do País", diz o relatório.
Por isso a diminuição da vazão adotadabetesporte 360algumas usinas, com o objetivobetesporte 360guardar água para a geraçãobetesporte 360energia. "Só que isso prejudica os outros usos da água, como a navegação, a pesca e a irrigação", diz Cunha.
O relatório da ONS diz que não há expectativasbetesporte 360chuva que proporcionem melhoria nos armazenamentos dos reservatórios até o próximo período chuvoso e que, "considerando a relevância hidroenergética das usinas hidroelétricas localizadas na bacia do rio Paraná (...), a situação hidroenergética desfavorável na qual se encontra a bacia do rio Paraná requer atenção".
Na perspectivabetesporte 360médio prazo, avalia Cunha, a situação é "muito ruim". Os anos seguidos com poucas águas vai fazendo o terreno ficar "impróprio, muito seco", diz ele. "Até conseguir uma nova situaçãobetesporte 360água acumulada que permita voltar à normalidade, teria que ter bastante água por bastante tempo."
Contudo, para ele, até o finalbetesporte 3602021, o país terá condições para gerar energia. "Sempre tem o riscobetesporte 360apagão, e o risco aumentou. Mas 2022 é uma incógnita. Se as chuvas que começarembetesporte 360novembro forem tão ruins como do ano passado, será preocupante. O que pode salvar 2022 é a chuva do período úmido."
De qualquer forma, o preço da energia já subiu. A Agência Nacionalbetesporte 360Energia Elétrica (ANEEL) anunciou na semana passada uma nova modalidadebetesporte 360bandeira tarifária, a "Escassez Hídrica", com valorbetesporte 360R$ 14,20 /100 kWh, que já entroubetesporte 360vigor e terá validade até 30betesporte 360abrilbetesporte 3602022. O Ministériobetesporte 360Minas e Energia estimou que a nova bandeira gerará aumentobetesporte 3606,78% na tarifabetesporte 360luz para os consumidores.
"O preço sobe, os custosbetesporte 360maneira geral sobem, e espera-se que o consumo se reduza", diz Cunha. "Isso tem interferência no conforto e na produção: surtosbetesporte 360crescimento econômico acabam sendo frustrados porque a energia fica tão cara que as pessoas não conseguem usar adequadamente", diz ele, citando mais algumas das reaçõesbetesporte 360cadeia à seca nessa região.
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