EUA veem com preocupação democracia brasileira mas consideram que Forças Armadas não participariampoker dinheiro de verdadegolpe:poker dinheiro de verdade

Por outro lado, a missão americana pretendia pressionar o Brasil a estabelecer — e cumprir — metaspoker dinheiro de verdadereduçãopoker dinheiro de verdadedesmatamento ambiciosas e dissuadir o Brasilpoker dinheiro de verdadeusar equipamentos da gigante chinesapoker dinheiro de verdadetelecomunicações Huawei empoker dinheiro de verdaderede 5G — um dos argumentos dos americanos foi, inclusive, opoker dinheiro de verdadeque a empresa poderia não entregar os materiais contratados pelo governo Bolsonaro por crisepoker dinheiro de verdadematérias-primas.

A conversa, no entanto, saiu do script normal com insinuaçõespoker dinheiro de verdadeBolsonaropoker dinheiro de verdadeque o pleito americanopoker dinheiro de verdade2020 havia sido roubado — o que fariapoker dinheiro de verdadeJoe Biden um presidente ilegítimo.

A administração Biden sempre esteve cientepoker dinheiro de verdadeque Bolsonaro defendia publicamente as falsas alegaçõespoker dinheiro de verdadeTrump sobre as eleições. O republicano fazia múltiplas acusações ao sistema eleitoral dos EUA, questionando tanto aos votospoker dinheiro de verdadepapel quanto àqueles depositadospoker dinheiro de verdadeurna eletrônica, mesmo antes do dia da votação. Bolsonaro foi o último líder do G-20 a reconhecer a vitóriapoker dinheiro de verdadeBiden.

O que os americanos não esperavam é que Bolsonaro dissesse tais coisas diantepoker dinheiro de verdadeSullivan e Gonzalez, ambos altos representantes do governo a serviço dos democratas há anos.

Segundo autoridades com conhecimento dos fatos, ambos ouviram o suficiente para deixar o encontro preocupados com a democracia no Brasil. Sullivan foi às redes sociais enunciar que a "gestão Biden defende um hemisfério seguro e democrático".

Já Juan Gonzalez fez uma coletivapoker dinheiro de verdadeimprensa sobre a viagem para Brasil e Argentina na qual falou, na maior parte do tempo, da democracia brasileira. "Fomos muito diretospoker dinheiro de verdadeexpressar nossa confiança na capacidadepoker dinheiro de verdadeas instituições brasileiras conduzirem uma eleição livre e limpa e enfatizamos a importânciapoker dinheiro de verdadenão ser minada a confiança no processopoker dinheiro de verdadeeleições, especialmente porque não há indíciopoker dinheiro de verdadefraude nas eleições passadas", disse Gonzalez, sobre o teor da conversa com Bolsonaro.

A Cartilha Trump

Dentro do governo americano, tanto no Executivo quanto no Congresso, tem ganhado força a percepçãopoker dinheiro de verdadeque Bolsonaro segue estritamente a cartilha que Trump adotou ao tentar se perpetuar no poder: denunciar fraudes sem prova, antes mesmo do pleito ocorrer, e criar descrençapoker dinheiro de verdadeparte do eleitorado sobre o processo eleitoral, a pontopoker dinheiro de verdadelevar a cenas como a invasão do Capitólio por apoiadores,poker dinheiro de verdade6poker dinheiro de verdadejaneiro.

A diplomaciapoker dinheiro de verdadeBiden não deixoupoker dinheiro de verdadenotar, por exemplo, o interesse do ex-estrategistapoker dinheiro de verdadeTrump, Steve Bannon, nas eleiçõespoker dinheiro de verdade2022, no Brasil.

O próprio Gonzalez foi explícito sobre o assunto. "Fomos sinceros sobre nossa posição, especialmentepoker dinheiro de verdadevista dos paralelospoker dinheiro de verdaderelação à tentativapoker dinheiro de verdadeinvalidar as eleições antes do tempo, algo que, é óbvio, tem um paralelo com o que aconteceu nos Estados Unidos."

Em Washington, a percepção époker dinheiro de verdadeque a imagempoker dinheiro de verdadeBolsonaro sofreu um abalo significativo como um possível interlocutor após a visita.

"Acho que o governo Biden, especialmente depois dessa reuniãopoker dinheiro de verdadeBrasília, vê Bolsonaro como uma figura errática, ou pelo menos como alguém que agepoker dinheiro de verdadeuma forma muito excêntrica e difícilpoker dinheiro de verdadeprever. Ele diz coisas que parecem ir contra seu próprio interesse nacional. Por que ele iria querer brigar com o novo governo dos EUA dizendo que a eleição (americana) foi fraudada? Dá pra entender o porquê Trump faz isso, já que ele quer disputar a presidênciapoker dinheiro de verdadenovo e fazer disso um tema, mas para um líder estrangeiro dizer esse tipopoker dinheiro de verdadecoisa é, no mínimo, estranho", afirma Melvyn Levitsky, ex-secretário executivo do Departamentopoker dinheiro de verdadeEstado e embaixador no Brasil entre 1994-1998.

Militares longe do golpe

Levitsky, que hoje é professorpoker dinheiro de verdadepolíticas internacionais da Universidadepoker dinheiro de verdadeMichigan, afirma que nessa situação, os americanos vão jogar (quase) parados, sem qualquer ação que possa soar como interferência nas eleições brasileiras.

E isso também porque a diplomacia americana não vê como provável a possibilidadepoker dinheiro de verdadeque as Forças Armadas embarquempoker dinheiro de verdadeuma eventual aventura golpistapoker dinheiro de verdadeBolsonaro. Reservadamente, autoridades dos EUA citaram as ações recentes do ex-comandante do Exército, o general Edson Pujol, epoker dinheiro de verdadeseu atual líder, o general Paulo Sérgiopoker dinheiro de verdadeOliveira, como sinaispoker dinheiro de verdadeanteparos ao presidente no uso político das forças armadas. Em discurso no dia do soldado, Oliveira afirmou que o Exército quer ser respeitado "nacional e internacionalmente" e tem "compromisso com os valores mais nobres da Pátria e com a sociedade brasileirapoker dinheiro de verdadeseus anseiospoker dinheiro de verdadetranquilidade, estabilidade e desenvolvimento".

"Eu conhecia muito bem os militares brasileiros. E embora faça algum tempo que não fale com eles, meu senso époker dinheiro de verdadeque os militares estavam muito subordinados ao governo civil e eu não acho que isso mudou. Não acho que os militares queiram entrarpoker dinheiro de verdadevez na política. Seria devastador para eles fazer isso. E se isso acontecesse, seria devastador para as relações entre Brasil e Estados Unidos também", afirma Levitsky.

É essa percepção que explica,poker dinheiro de verdadeparte, porque os americanos não viram problemaspoker dinheiro de verdadeoferecer ao Brasil uma posição como parceiro global na Otan que fortalece diretamente o Exército brasileiro. Se avaliasse haver tendência golpista nas forças, esse não teria sido um caminho para Biden, asseguram os diplomatas. Além disso, nem todos os parceiros globais da Otan são paísespoker dinheiro de verdadedemocracia perfeita — a Turquia, por exemplo, é tido como um deles.

Por fim, para os militares brasileiros a possibilidadepoker dinheiro de verdadeacessar contratospoker dinheiro de verdadevendaspoker dinheiro de verdadearmamentopoker dinheiro de verdadeponta e participarpoker dinheiro de verdadetreinamentos com os americanos é algopoker dinheiro de verdadeque eles provavelmente não estariam dispostos a abrir mãopoker dinheiro de verdadetroca da tentativapoker dinheiro de verdadeum golpe ao ladopoker dinheiro de verdadeBolsonaro. É o que argumenta Ryan Berg, cientista-político especialistapoker dinheiro de verdaderegimes autoritários na América Latina do Centropoker dinheiro de verdadeEstratégias e Estudos Internacionais (CSIS, na siglapoker dinheiro de verdadeinglês).

"A visão do governo dos EUA é que, embora os movimentospoker dinheiro de verdadeBolsonaro sejam muito preocupantes, com desfilepoker dinheiro de verdadetanques pelas ruaspoker dinheiro de verdadeBrasília e atos para desacreditar as eleições, ainda assim o Congresso rejeitou o voto impresso e isso, para o governo dos Estados Unidos, indica que as instituições do Brasil são mais fortes do que algumas pessoas gostampoker dinheiro de verdadedizer. O governo dos EUA tem muita confiança que os militares brasileiros não ficariam do lado do Bolsonaro se ele tentasse cometer algum tipopoker dinheiro de verdadeautogolpe, como vimos com Trump, na invasão do Capitóliopoker dinheiro de verdade6poker dinheiro de verdadejaneiro", afirma Ryan Berg.

O futuro das relações EUA-Brasil

É consenso entre diplomatas e especialistas internacionais americanos que os EUA não podem e nem querem virar as costas para o Brasil. Primeiro porque o país, com suas florestas tropicais, é visto como chave para avançar no combate ao aquecimento global, pauta prioritária do governo Biden.

Segundo, porque a China tenta ganhar espaço na América Latina a passos largos, e os americanos não estão dispostos a ceder, ao principal rival, espaçopoker dinheiro de verdadeinfluência na segunda maior democracia do continente — ainda mais com a disputa do 5G a pleno vapor.

E terceiro, porque,poker dinheiro de verdadeque pesem as açõespoker dinheiro de verdadeBolsonaro sobre a democracia brasileira ou sobre o meio ambiente, seu governo promoveu um alinhamento ideológico com os Estados Unidos no continente, adotando tom duro contra Venezuela e Cuba, algo bastante valorizado no Departamentopoker dinheiro de verdadeEstado.

No entanto, dada a percepçãopoker dinheiro de verdadeque "Bolsonaro não é um líder plenamente confiável", como afirma Levitsky, os próximos movimentos na relação dependerãopoker dinheiro de verdadeseu governo. E a diplomacia americana diz que não vai se furtar da possibilidadepoker dinheiro de verdadese engajar com outros atores políticos,poker dinheiro de verdadediferentes níveispoker dinheiro de verdadepoder e sem a intermediação do Executivo federal, para fazer avançarpoker dinheiro de verdadeagenda.

Foi exatamente o que fez, há um mês, o Enviado Climáticopoker dinheiro de verdadeBiden, John Kerry. Diantepoker dinheiro de verdadepromessas não cumpridas e do mal-estar que representava a presença do então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que os americanos veem como envolvidopoker dinheiro de verdadeum possível esquemapoker dinheiro de verdadetráfico ilegalpoker dinheiro de verdademadeira amazônica para os EUA, Kerry driblou Brasília e se reuniu por uma hora e meia com os governadores do Fórumpoker dinheiro de verdadeGovernadores, que inclui quase todos os Estados.

Na semana seguinte, Jake Sullivan não esteve apenas no Palácio do Planalto, mas fez também uma reunião com governadores do Consórcio da Amazônia Legal.

"Há uma percepção dos EUApoker dinheiro de verdadeque o governo federal infelizmente não vai avançar muito na questão do desmatamento. Então falar com os governadores não chega a ser uma exclusão do governo federal, mas uma formapoker dinheiro de verdadejogar nas duas vias", afirmou à BBC News Brasil o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), que esteve no encontro com Kerry.

Depoispoker dinheiro de verdadetrês meses sem encontros com a equipepoker dinheiro de verdadeKerry, na última semana, técnicos do Ministério do Meio Ambiente e representantes do Itamaraty retomaram conversas com os americanos. Isso acontece a menospoker dinheiro de verdadetrês meses da Conferência do Clima,poker dinheiro de verdadeGlasgow, na Escócia, encarada pelos americanos como a última grande oportunidade para que o governo Bolsonaro mostre algum avanço na agenda ambiental.

Consultado pela BBC News Brasil, o Departamentopoker dinheiro de verdadeEstado afirmou, por meiopoker dinheiro de verdadeum porta-voz, que "esperamos ver progressos adicionais à medida que o Brasil avança para combater o desmatamento ilegal e reduzir suas emissõespoker dinheiro de verdadegases do efeito estufa,poker dinheiro de verdadelinha com os compromissos assumidos pelo presidente Bolsonaro na Cúpula dos Líderes sobre o Clima realizadapoker dinheiro de verdadeabril".

O Itamaraty defende que as metaspoker dinheiro de verdadereduçãopoker dinheiro de verdadedesmatamento (que deve ser zerado até 2030) epoker dinheiro de verdadeemissões (zero até 2050) são as mais ambiciosas entre os paísespoker dinheiro de verdadedesenvolvimento. Reservadamente, no entanto, diplomatas envolvidos nas negociações com os americanos reconhecem "dificuldades internas do governo" para entregar reduções expressivas no desmatamento aindapoker dinheiro de verdade2021. Dados do INPE mostram que o acumuladopoker dinheiro de verdadedesmatamento entre janeiro e julho deste ano é o maior desde 2016.

Para o embaixador Levitsky, até a eleição do próximo ano, EUA e Brasil devem levar uma relação "em banho-maria". De um lado, os americanos não demonstram grandes expectativaspoker dinheiro de verdadenovos compromissospoker dinheiro de verdadeBolsonaro, a quem veem majoritariamente voltado à agenda eleitoral doméstica.

Por outro, preferem ver quem assumirá o país pelos quatro anos seguintes para tentar implementar qualquer ação fora das relações rotineiras. E já avisaram a Bolsonaro que reconhecerão como presidente quem quer que a Justiça Eleitoral aponte como vencedor do pleitopoker dinheiro de verdadeoutubropoker dinheiro de verdade2022.

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