'Já acabou, Jéssica?': jovem abandonou estudo e caiumaquininha caça níqueldepressão após virar meme:maquininha caça níquel

Legenda do áudio, Em áudio: 'Já acabou, Jéssica?': o meme que virou pesadelo para jovem

"É uma coisa que eu ainda não aceitei totalmente. Se eu parar pra pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás", diz Lara à BBC News Brasil.

Após a repercussão, ela se tornou alvomaquininha caça níquelbullying, abandonou a escola, passou a se cortar e começou um tratamento psiquiátrico.

O vídeo virou casomaquininha caça níquelJustiça. Lara, assim como a outra garota que aparece na gravação, movem processos contra emissorasmaquininha caça níqueltelevisão e plataformas nas quais a cena foi exibida. As duas jovens pedem que as imagens sejam excluídas e cobram indenização por danos morais e materiais.

Quase seis anos depois, Lara decidiu conceder uma entrevista sobre o assunto. "Ninguém nunca me perguntou como tudo isso me impactou", comenta, ao explicar o motivomaquininha caça níquelter aceitado conversar com a BBC News Brasil.

Na saída da escola

Lara da Silva

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Lara, hoje com 18 anos, convive com o impactomaquininha caça níquelter ficado famosa na internet contra a própria vontade

Era fimmaquininha caça níqueluma manhãmaquininha caça níquelmeadosmaquininha caça níquelnovembromaquininha caça níquel2015. Na saídamaquininha caça níqueluma escola estadual da cidade mineiramaquininha caça níquelAlto Jequitibá, município com pouco maismaquininha caça níquel8 mil habitantes, diversos adolescentes acompanharam a cena que logo rodaria a internet.

O vídeo mostra Lara caída no chão, enquanto Jéssica estámaquininha caça níquelcima dela. As duas trocam agressões. Lara consegue se levantar após a outra garota correr. Ainda desorientada, arruma o cabelo e pergunta: "Já acabou, Jéssica?"

"Quando eu me levantei, pensei: ela me jogou no chão, me bateu enquanto eu estava caída e agora vai correr? Foi quando eu disse a frase, que depois se tornou um inferno na minha vida", desabafa Lara.

As agressões físicas se encerraram ali. O principal motivo da briga teria sido o ciúme que Jéssica tinhamaquininha caça níquelum garoto com quem namorava na época. "A gente nem namora mais, mas ela deumaquininha caça níquelcima dele, sim", disse Jéssica,maquininha caça níquelentrevista ao site Estadomaquininha caça níquelMinasmaquininha caça níquel2015, dias após o vídeo viralizar.

Ainda na entrevista ao Estadomaquininha caça níquelMinas, a garota afirmou que a briga também foi motivada porque Lara a irritava e a xingava na escola.

Lara nega que tenha falado mal ou que xingasse a colegamaquininha caça níquelescola. Para ela, o único motivo das agressões foi o ciúme que Jéssica sentia do namorado.

A briga entre as duas garotas era considerada uma situação que logo passaria. Isso se o momento não tivesse sido compartilhado naquele mesmo dia nas redes sociais por um dos jovens que acompanhou o episódio.

Quando soube que a filha havia se envolvidomaquininha caça níqueluma briga na saída da escola, a agricultora Deusiana Figueredo, mãemaquininha caça níquelLara, estranhou. "Ela nunca tinha brigado antes, até tinha medomaquininha caça níquelbriga. Ela era uma menina muito boba", diz.

No dia seguinte, as mães das garotas foram chamadas para conversar com a diretoria da escola e com o conselho tutelar. Na reunião, as responsáveis pelas jovens assinaram um termo para sinalizar que estavam cientes da situação e se comprometeram a conversar com as filhas para evitar que uma briga ocorresse novamente.

Após a reunião, Deusiana notou que algo incomum estava acontecendo: muitas pessoas na cidade haviam visto o vídeo da briga.

"A gente é muito simples, nunca imaginava que acontecesse o que aconteceu. Começaram a me ligar para falar que ela estava na internet e eu vi que o negócio estava ficando sério. Foi um susto. Foi tudo muito rápido", diz Deusiana.

O retorno à salamaquininha caça níquelaula após o vídeo viralizar foi dramático para Lara. "Não consegui estudar, porque me zoaram muito e eu fiquei muito mal com isso", diz a jovem. Ela comenta que as pessoas a ofendiam e riam da pergunta "já acabou, Jéssica?", que passou a ser repetida massivamentemaquininha caça níqueltodo o país. Ali, começou o tormentomaquininha caça níquelLara.

Quando perceberam que a filha estava abalada, os pais tiraram a garota da escola. Lara foi proibida pela mãemaquininha caça níquelacessar a internet ou assistir à televisão, pois Deusiana não queria que a menina corresse o riscomaquininha caça níquelacompanhar comentários sobre a briga.

Lara posa ao lado da mãe, Deusiana

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Deusiana logo procurou ajuda para a filha, ao notar sofrimento da garota após vídeomaquininha caça níquelbriga viralizar

"Ficamos uns dias na praia, para sair da muvuca", diz Deusiana. Ela acreditava que quando retornasse para a cidade, dias depois, o vídeo já teria sido esquecido. "Quando voltamos, vi que as pessoas continuavam falando sobre isso. Passava muitas vezes na televisão", diz a agricultora.

A briga das estudantes foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais naquele período. O vídeo alcançou milhõesmaquininha caça níquelvisualizações. Sitesmaquininha caça níquelhumor e perfismaquininha caça níquelFacebook foram alguns dos meios que ajudaram a propagar a cena.

Depressão e lesões no corpo

A rotinamaquininha caça níquelLara após virar meme se resumia a ficarmaquininha caça níquelcasa ou ir a lugares próximos, como a residênciamaquininha caça níquelparentes ou mercadinhos na regiãomaquininha caça níquelque morava.

"O que eu mais gostavamaquininha caça níquelfazer era dormir e arrumar a casa. Comecei a vivermaquininha caça níquelcasa e resolvendo coisas com a minha mãe, que me levava com ela para sair um pouco", diz a jovem.

Nas vezesmaquininha caça níquelque saía nas ruas, ela costumava ser reconhecida e ouvir comentários sobre o vídeo.

O desânimo frequente da adolescente causou preocupação nos pais. A situação se tornou desesperadora para Deusiana quando notou cortes no braço da garota.

Lara conta que começou a se mutilar dias depois do vídeo viralizar nas redes. Ela admite que antesmaquininha caça níquelse tornar meme já havia pensadomaquininha caça níquelfazer isso,maquininha caça níquelmomentosmaquininha caça níqueltristeza, porém nunca havia tido coragem.

"Eu já costumava me culpar por tudomaquininha caça níquelruim que acontecia comigo ou com meus pais. Quando aconteceu isso (o vídeo viralizou), eu não sabia o que era pior: que a minha mãe continuasse me prendendomaquininha caça níquelcasa, como ela começou a fazer, ou me deixasse sair na rua", diz.

"Mais ou menos uns quatro dias depois da briga, comecei a me cortar, por causamaquininha caça níqueltudo o que estava acontecendo", comenta a jovem.

Os cortes, segundo ela, eram um meiomaquininha caça níqueltentar aliviar o momento que estava vivendo. "Depois da primeira vez, virou um vício. Passei a me cortar cada vez mais fundo emaquininha caça níquelmais lugares. Quando acontecia alguma coisa, como quando via alguém debochandomaquininha caça níquelmim na rua ou acontecia algo que me deixava triste, eu me cortava", relata. Ela fazia marcas nos braços emaquininha caça níquelalgumas partes das pernas.

Como aconteceu com Lara, casosmaquininha caça níquelautolesão não suicida, termo usado por especialistas sobre os cortes que as pessoas fazemmaquininha caça níquelsi, geralmente ocorrem quando o indivíduo vive uma situaçãomaquininha caça níquelangústia.

Lara mostra os braços cortados

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Lara mostra lesões que fezmaquininha caça níquelsi. Ela afirma que foi uma formamaquininha caça níquelaliviar a dor que sentiu após vídeo viralizar

"Às vezes, o adolescente está deprimido, não sabe como lidar com aquele sentimento e acaba se machucando para aliviar a desesperança ou a ansiedade", explica a psiquiatra Jackeline Giusti, coordenadora do ambulatóriomaquininha caça níqueladolescentes do Institutomaquininha caça níquelPsiquiatria da Universidademaquininha caça níquelSão Paulo (USP).

Giusti comenta que essas lesões no próprio corpo são feitas, geralmente, por crianças ou adolescentes com baixa autoestima. Em muitos desses casos, são jovens vítimasmaquininha caça níquelbullying.

Os estudos sobre o tema, segundo a especialista, apontam que cercamaquininha caça níquel20% dos adolescentes têm algum tipomaquininha caça níquelcomportamentomaquininha caça níquelautolesão não suicida.

"Geralmente, são lesões superficiais no corpo sem a intenção suicida. São episódios que costumam ocorrer, pelo menos, cinco vezes ao ano com esses jovens. A intenção do paciente que faz isso não é morrer. Mas há pessoas que estão com um sofrimento tão intenso que também podem tentar o suicídio", explica Giusti à BBC News Brasil.

A psiquiatra ressalta que é fundamental que os responsáveis por esses jovens procurem ajuda especializada logo que notarem as lesões.

"É fundamental tratar esse jovem com respeito, não como vítima ou coitado, e sentar para conversar. É preciso falar que existem outras formasmaquininha caça níquelajudar a resolver esse sofrimento e que irá ajudá-lo a solucionar essa questão (por meiomaquininha caça níquelterapia e acompanhamento psiquiátrico)", diz Giusti.

"Não necessariamente todas as crianças que se machucam vão precisarmaquininha caça níquelmedicação. Mas a grande maioria precisará, porque é muito comum ter algum transtorno associado, geralmente depressivo", acrescenta a especialista.

Deusiana buscou tratamento para a filha. Na cidademaquininha caça níquelque morava, ela não encontrou um psicólogo que aceitasse acompanhar a jovem. "Foi muito triste. Quando eu falava que ela estava se cortando, os psicólogos diziam que era um casomaquininha caça níqueldifícil tratamento. Tive que buscar atendimentomaquininha caça níqueloutra cidade", relembra a mulher.

Para conseguir acompanhamento especializado, Lara enfrentava uma viagemmaquininha caça níquelcercamaquininha caça níquelduas horasmaquininha caça níqueluma ambulância que levava os moradoresmaquininha caça níquelAlto Jequitibá que precisavammaquininha caça níquelajuda médicamaquininha caça níqueloutro município. "Era isso três vezes por semana (para a jovem ter acompanhamento psicológico). A gente saíamaquininha caça níquelcasamaquininha caça níquelmanhã e só voltava 17h, que era quando a ambulância voltava para a nossa cidade", diz Deusiana.

Nesse período, Lara foi diagnosticada com problemas como depressão, Transtornomaquininha caça níquelDéficitmaquininha caça níquelAtenção e Hiperatividade (TDAH) e transtornomaquininha caça níquelansiedade. "Cheguei a tomar sete remédios por dia", detalha a jovem.

Vídeo se tornou questão judicial

Sistema judiciário

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Vídeomaquininha caça níquelnovembromaquininha caça níquel2015 se tornou alvomaquininha caça níquelações movidas por garotas que aparecem brigando na saída da escola

O tratamento psiquiátrico é destacado pela defesamaquininha caça níquelLara nas ações movidas na Justiça.

"A autora sofreu e sofre até hoje as consequênciasmaquininha caça níqueltamanha exposição, vivemaquininha caça níquelconstante constrangimento que ocasionaram danos psicológicos", pontua a defesa dela, nos processos sobre o caso.

Nessas ações, a defesa diz que Lara teve a honra manchada "injustamente perante o público", por meio do vídeo que viralizou.

Há seis ações movidas por Lara, que têm como alvos: o Google, o Facebook, as emissorasmaquininha caça níqueltelevisão SBT, Record e Band e dois rapazes que criaram um game baseado no vídeo da briga.

A defesa da jovem argumenta que o Google e o Facebook foram fundamentais para a rápida propagação do vídeo e aponta que essas plataformas não impediram os compartilhamentos do registro, mesmo envolvendo a exposiçãomaquininha caça níqueladolescentes.

Os processos contra as emissorasmaquininha caça níqueltelevisão têm argumentações semelhantes. A defesamaquininha caça níquelLara diz que os canais exibiram o vídeo da briga das garotas ou utilizaram a expressão "já acabou, Jéssica?", ajudando a propagar o caso, sem qualquer autorização dos responsáveis.

A ação contra os dois criadores do jogo chamado "Já acabou, Jéssica?", lançadomaquininha caça níquelnovembromaquininha caça níquel2015, menciona que eles usaram a briga entre as jovens para lucrar, sem qualquer tipomaquininha caça níquelautorização dos responsáveis por Lara.

Nas ações, a defesamaquininha caça níquelLara afirma que a exibição do vídeo ou qualquer tipomaquininha caça níquelmenção feita por uma empresa à brigamaquininha caça níquel2015 fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

"O ECA é muito claro sobre a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral do adolescente, abrangendo a preservação da identidade, autonomia, valores e crenças desses jovens", justifica a advogada Tatiane Hott, responsável pela defesa da jovem.

"A partir do momentomaquininha caça níquelque divulgaram a imagem sem qualquer sentido jornalístico, apenas para mostrar como chacota, isso vai contra o que diz o ECA", completa ela, que cuida da defesa da jovem junto com o advogado José Paulo Hott.

Entre os pedidos das ações está a retirada do vídeo das redes emaquininha caça níqueltodos os conteúdos relacionados a ele, feitos sem qualquer tipomaquininha caça níquelautorização dos responsáveis por Lara.

No iníciomaquininha caça níquel2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o direito ao esquecimento, que poderia auxiliar nas exclusõesmaquininha caça níquelconteúdos na internet, é incompatível com a Constituição Federal, porque apontou que impedir a divulgaçãomaquininha caça níquelfatos ou dados verídicos pode ferir a liberdademaquininha caça níquelexpressão.

Mas o STF destacou também que possíveis excessos ou abusos no exercício da liberdademaquininha caça níquelexpressão emaquininha caça níquelinformação devem ser analisados caso a caso, com basemaquininha caça níquelparâmetros constitucionais e na legislação penal e civil. A expectativa dos advogadosmaquininha caça níquelLara émaquininha caça níquelque a Justiça entenda que o caso dela é um desses nos quais os registros precisam ser excluídos da rede.

As ações também pedem indenização por danos morais,maquininha caça níquelrazão do impacto que causou para a menina, e materiais,maquininha caça níquelvirtude dos valores que os pais tiverammaquininha caça níquelgastar com os tratamentos que ela precisou fazer após a exposição.

Em nota, o Facebook afirma que não irá comentar o caso. O Google também não fala especificamente sobre a ação movida por Lara, porém diz,maquininha caça níquelcomunicado, que remove vídeos do YouTube, plataforma da qual é responsável, que violem suas diretrizes.

"Caso um vídeo não siga essas regras, ele pode ser removido da plataforma. Além disso, o YouTube cumpre as decisões judiciais que determinam a remoçãomaquininha caça níquelconteúdo devidamente especificado por meio da indicação das URLs, conforme estabelecido pelo Marco Civil da Internet e reconhecido pela jurisprudência", diz nota encaminhada pelo Google à BBC News Brasil.

O SBT afirma,maquininha caça níquelnota, que não exibiu a imagemmaquininha caça níquelLaramaquininha caça níquelnenhum momento. A emissora argumenta que usou "apenas o jargão para anunciar a novela da tarde, pois na trama existia uma personagem com o mesmo nome (Jéssica)", diz a emissora.

Os rapazes que desenvolveram o jogo não comentaram o caso. "Prefiro não me posicionar enquanto aguardo julgamento da ação", diz Filipe Barbosa, que é alvo da ação junto com Guilherme Castilho.

A Band informa que não faz comentários "sobre os desdobramentosmaquininha caça níquelações judiciais nas quais é parte, limitando-se a se manifestar nos autos dos processos".

A Record afirma,maquininha caça níquelnota à BBC News Brasil, que não comenta sobre ações judiciais.

Os processos tramitam na comarcamaquininha caça níquelManhumirim (MG). Na semana passada, Lara conseguiu a primeira medida favorável na Justiça.

Na quarta-feira (25/08), a juíza Rafaella Amaral determinou que a Record TV exclua vídeos publicados na internet pela emissora, fotos e montagens que tenham algum tipomaquininha caça níquelrelação com o meme, sob a penamaquininha caça níquelmulta diáriamaquininha caça níquelR$ 500, que pode chegar até o limitemaquininha caça níquelR$ 30 mil.

Jéssica também move ações na Justiça mineira. A defesa dela destaca que a jovem sofreu "danos psicológicos irreversíveis" e aponta que até hoje ela "vem sofrendo com o ocorrido". No fim do ano passado, ela teve uma decisão judicial favorável.

Em 19maquininha caça níquelnovembromaquininha caça níquel2020, a juíza Rafaella Amaral condenou a Bandeirantesmaquininha caça níquelMinas Gerais a pagar R$ 50 mil por danos morais, R$ 20 mil por danos materiais (referentes aos valores gastos pela família dela com acompanhamento psicológico nos últimos anos) e determinou que a emissora pague o tratamento psicológicomaquininha caça níquelJéssica.

No processo contra a Band Minas, a defesamaquininha caça níquelJéssica apontou que a emissora expôs a garotamaquininha caça níquelforma vexatória, por meio do vídeo que viralizou,maquininha caça níquelprogramasmaquininha caça níqueltelevisão como o extinto Pânico na Band e lucroumaquininha caça níquelcima da imagem da jovem, que não recebeu nada por isso.

Dois jovens mexem no celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Propagação do vídeo da briga causou danos psicológicos às garotas envolvidas na briga, alegam defesasmaquininha caça níqueljovens

Na ação, a Band Minas alegou que não cometeu irregularidade ao usar o vídeo e apontou que autoridades policiaismaquininha caça níquelMinas Gerais rechaçaram a briga entre as jovens. A juíza, porém, frisou que apesarmaquininha caça níquela condutamaquininha caça níquelJéssica no vídeo não ter sido correta, a ação trata dos danos que a jovem sofreu pela propagação massiva do vídeo.

"O programa Pânico na Band era nacionalmente conhecido pelo humor polêmico e infame que, indubitavelmente, contribui diretamente para a disseminação da conduta da requerentemaquininha caça níquelforma irresponsável e com fins estritamente lucrativos. Friso que a responsabilidade não se recai, apenas, sob o indivíduo que gravou o vídeo e publicou, mas sim também sobre aqueles que divulgaram", destacou a juíza. A Band Minas recorreu da decisão.

Nas últimas semanas, a reportagem entroumaquininha caça níquelcontato com a defesamaquininha caça níquelJéssica, que não respondeu aos pedidosmaquininha caça níquelentrevista.

'Se tivesse como excluir (o vídeo), eu gostaria'

As ações judiciais representam a busca por reparação por tudo o que viveu nos últimos anos, avalia Lara. É o capítulo fundamentalmaquininha caça níqueluma história que dificilmente será apagada da vida dela. "Se tivesse como excluir (qualquer publicação do vídeo na internet), eu gostaria. Mas acredito que não tenha mais jeito (pela proporção que a cena teve na época)", diz a jovem.

Enquanto o vídeo permanece na rede, ao menos um fato traz alívio para Lara: as abordagens ofensivas ou jocosas sobre a situação reduziram cada vez mais nos últimos anos. A esperança dela émaquininha caça níquelque,maquininha caça níquelalgum momento, paremaquininha caça níquelser alvomaquininha caça níquelpiadas por causa da situação.

O lugarmaquininha caça níquelque mais se depara com comentários sobre o episódiomaquininha caça níquelnovembromaquininha caça níquel2015 é o Instagram, onde acumula maismaquininha caça níquel40 mil seguidores — a imensa maioria composta por desconhecidos, curiosos para acompanhar o que aconteceu com ela.

"Quando publico alguma foto, muitos comentam: já acabou, Jéssica? Eu fecho os comentários por isso. Não faz sentido ler esses comentários. Vai acabar alguma coisa? Por que estão perguntando se já acabou, Jéssica? Não faz sentido", desabafa.

Sobre Jéssica, Lara comenta que elas não mantêm contato, porém explica que os problemas entre elas foram superados.

Hoje, Lara trabalha como auxiliarmaquininha caça níquellimpeza e cuidadoramaquininha caça níquelidosos. No futuro, planeja cursar farmácia ou enfermagem. "Gostomaquininha caça níquelcuidarmaquininha caça níquelpessoas doentes", diz.

Lara da Silva

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, "Hoje vivo intensamente", diz Lara, após ficar reclusa depois que se tornou meme

Além do trabalho, ela também está concluindo o ensino médio. Ela explica que já deveria ter se formado, se não tivesse passado cercamaquininha caça níquelum ano longe da salamaquininha caça níquelaula, após a repercussão do vídeo.

Recentemente, Lara se mudou para Palma (MG) junto com a mãe, que se separou do pai da jovem no ano passado.

'Hoje tenho marcas'

Semanas atrás, os impactos da repercussão do vídeo da filha voltou intensamente às recordaçõesmaquininha caça níquelDeusiana, após a agricultora ler sobre a morte do adolescente Lucas Santos,maquininha caça níquel16 anos. A mãe do jovem, a cantora Walkyria Santos, disse que os comentáriosmaquininha caça níquelum vídeo publicado pelo jovem foram um gatilho para que Lucas se suicidasse.

"Fiquei toda arrepiada com esse caso da cantora. As pessoas não veem o mal que fazem para as outras (na internet), elas não têm noção disso enquanto não acontece na casa delas", declara Deusiana.

Justamente por todos os problemas que Lara vivenciou com a repercussão do vídeo, Deusiana nunca quis que a filha lucrasse com a fama. "Na época (no fimmaquininha caça níquel2015), ofereceram R$ 5 mil pra ela participarmaquininha caça níqueluma propaganda (de uma operadoramaquininha caça níqueltelefonia), mas eu não quis. Se a minha filha tivesse ficado famosa por uma coisa boa, que somasse, tudo bem. Mas não foi isso", diz Deusiana.

"Já me falaram: nossa, você tá com a faca e o queijo na mão (para lucrar com a fama) e é só cortar. Mas eu nunca gosteimaquininha caça níquelbriga, como vou querer ficar famosa por causamaquininha caça níqueluma briga? É uma coisa que não me fez bem e que não engulo até hoje", acrescenta Lara.

Quando a questionam sobre o que ter se tornado meme trouxe para ela, Lara é enfática: muito bullying, depressão e faltamaquininha caça níquelconfiançamaquininha caça níquelsi e nas pessoas.

"Eu tenho marcas que não mudarammaquininha caça níquelnada a minha vida. Não fiquei rica ou pobre. Só tenho marca", afirma Lara.

"Mas hoje vivo intensamente", diz a jovem, que nos últimos anos passou a sairmaquininha caça níquelcasa sem muita preocupação com olhares ou comentários. "É raro que eu seja reconhecida nas ruas atualmente, mas se isso acontecer e se fizerem comentários ruins, tento ignorar", afirma.

A jovem conta que paroumaquininha caça níquelse cortar há cercamaquininha caça níquelum ano. Ela continuamaquininha caça níqueltratamento para a depressão.

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