Covid-19: Com presidente 'ensandecido e mal informado', Brasil vive 'mistura1xbet ou betanopandemia com pandemônio', diz sanitarista Gonzalo Vecina:1xbet ou betano

Gonzales Vecina Neto gesticula enquanto fala diante1xbet ou betanomesa

Crédito, Reprodução/YouTube/Ministério da Saúde

Legenda da foto, 'Nós temos 38 mil salas1xbet ou betanovacinação no Brasil, com uma capacidade1xbet ou betanoimunizar 70 milhões1xbet ou betanopessoas por mês sem estresse, só aproveitando o horário comercial e os dias úteis', aponta Vecina Neto

Professor da Faculdade1xbet ou betanoSaúde Pública da Universidade1xbet ou betanoSão Paulo (USP) e do mestrado profissional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vecina Neto ainda é presidente do Conselho Consultivo do Instituto Horas da Vida e traz no currículo o fato1xbet ou betanoser fundador e ex-presidente da Agência Nacional1xbet ou betanoVigilância Sanitária, a Anvisa.

Numa entrevista exclusiva à BBC News Brasil, o médico avaliou o ritmo da vacinação contra a Covid-19, a ameaça das novas variantes do coronavírus e as perspectivas para o fim da pandemia.

Confira os principais trechos a seguir.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Como o senhor vê o avanço da campanha1xbet ou betanovacinação contra a covid-19 no Brasil? No que poderíamos estar melhor ou pior?

1xbet ou betano Gonzalo Vecina Neto - Bom,1xbet ou betanoprimeiro lugar, nós temos uma falta1xbet ou betanocoordenação. O Ministério da Saúde já passou por várias gestões nesses meses e isso gera uma descontinuidade administrativa e um clima ruim.

Nós estamos fazendo uma vacinação sem uma campanha. Isso é impressionante. É a primeira vez que isso acontece na história do Programa Nacional1xbet ou betanoImunizações, o PNI.

O PNI foi fundado1xbet ou betano1973 e, desde então, está bem claro o papel do Ministério da Saúde na definição1xbet ou betanomuitas questões relacionadas à vacinação. Agora, os Estados e os municípios fazem o que podem, mas sem uma coordenação do Governo Federal. Não há campanha alguma, no sentido1xbet ou betanoexistir a comunicação, a convocação dos grupos, dos dias que as pessoas devem ir aos postos ou quando voltar para a segunda dose.

Veja bem, nós estamos1xbet ou betanomeio às campanhas1xbet ou betanovacinação contra a Covid-19 e contra a gripe. Nós temos cerca1xbet ou betano80 milhões1xbet ou betanodoses1xbet ou betanovacina contra a gripe e só usamos 40% desse total. E qual o motivo? As pessoas não foram convocadas para irem tomar a vacina.

No caso da Covid-19, além da ausência1xbet ou betanouma campanha, há todo o despreparo da rede1xbet ou betanovacinação. Nós temos 38 mil salas1xbet ou betanovacinação no Brasil, com uma capacidade1xbet ou betanoimunizar 70 milhões1xbet ou betanopessoas por mês sem estresse, só aproveitando o horário comercial e os dias úteis. No entanto, estamos com dificuldade1xbet ou betanovacinar 15 ou 20 milhões1xbet ou betanopessoas por mês.

Presidente Jair Bolsonaro, ministro da Saúde Eduardo Pazuello e Zé Gotinha1xbet ou betanoevento oficial do lançamento do plano1xbet ou betanovacinação contra a Covid-191xbet ou betanodezembro1xbet ou betano2020

Crédito, Isac Nóbrega/PR

Legenda da foto, Bolsonaro (ao centro) recebe do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (à esquerda), e do personagem Zé Gotinha (à direita) o Plano Nacional1xbet ou betanoOperacionalização da Vacinação contra a Covid-191xbet ou betanoevento no dia 161xbet ou betanodezembro1xbet ou betano2020

Isso é causado pela descoordenação e pelo fato1xbet ou betanonão termos doses suficientes. A compra dos lotes foi tardia demais. Somente1xbet ou betanomarço deste ano o [ex-ministro da Saúde e general Eduardo] Pazuello fechou alguns contratos, no que foi seguido pelo [atual ministro Marcelo] Queiroga.

Nós estamos desde o início do ano com uma lentidão na vacinação justamente pela falta1xbet ou betanodoses e pelo desarranjo estrutural do governo.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Nos últimos dias, diversas cidades brasileiras alcançaram a marca1xbet ou betanoquase 100% da população acima1xbet ou betano18 anos vacinada com a primeira dose. Como isso deve ser encarado? Há motivo para comemorar e celebrar o feito?

1xbet ou betano Vecina Neto - A primeira dose ajuda a proteger, mas a proteção1xbet ou betanoverdade só é obtida após a segunda dose. Eu acho auspicioso qualquer tipo1xbet ou betanoconquista que tivermos no meio dessa desgraça. Afinal, o Brasil vive a mistura1xbet ou betanopandemia com pandemônio.

Mas, infelizmente, os nossos problemas vão muito além disso. Nós ainda temos que vacinar toda a população adulta com as duas doses. Falamos1xbet ou betanocerca1xbet ou betano160 milhões1xbet ou betanobrasileiros. Logo, são 320 milhões1xbet ou betanovacinas.

Se o Brasil tivesse vacinado 70 milhões1xbet ou betanopessoas por mês a partir1xbet ou betanojaneiro, pois tínhamos essa capacidade, teríamos terminado essa primeira etapa no mês1xbet ou betanomaio. Nós estamos1xbet ou betanoagosto e só agora chegamos a essa marca.

É auspicioso aplicar a primeira dose1xbet ou betanotoda a população adulta? Claro que é. Mas é pouco pra quem podia fazer muito mais.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Com todos os adultos vacinados com a primeira dose, temos agora três possíveis frentes. Um, garantir a segundo dose a esse monte1xbet ou betanogente. Dois, aplicar uma terceira dose1xbet ou betanogrupos vulneráveis, como idosos e profissionais da saúde. E três, começar a imunizar os adolescentes. Na visão do senhor, a quais dessas frentes precisamos dar prioridade?

1xbet ou betano Vecina Neto - Bom, a primeira questão que devemos focar é na segunda dose. E necessitamos pensar nos casos específicos, como as gestantes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e agora precisarão tomar a da Pfizer. Outro ponto é avaliar a intercambialidade1xbet ou betanovacinas. Alguns países europeus deram a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer e viram que a mistura traz um aumento da eficácia e uma proteção melhor.

Ainda nessa seara, precisamos definir melhor os intervalos. Na vacina da Pfizer, o tempo entre a primeira e a segunda dose é1xbet ou betano21 dias, e nós no Brasil recomendamos 90 dias, até para conseguirmos vacinar mais gente.

Agora está na hora1xbet ou betanovoltar atrás dessa política. Já no caso da AstraZeneca, o ideal é manter mesmo essa espera1xbet ou betano90 dias. Em relação à segunda dose, apesar dos pequenos ajustes, o que precisamos é vacinar e pronto.

Já no caso dos menores1xbet ou betano18 anos, penso que vamos vaciná-los assim que todos os grupos1xbet ou betanomaior risco estiverem protegidos. Mas é óbvio que precisamos proteger também os adolescentes, e a vacina que temos aprovada no Brasil para essa faixa etária,1xbet ou betano12 a 17 anos, é a da Pfizer.

Mas, mesmo nesse grupo, temos que pensar também1xbet ou betanopriorizar os jovens com comorbidades, porque eles têm um risco maior. Por isso, indivíduos com síndrome1xbet ou betanoDown, doenças raras, câncer, obesidade e asma deveriam ser vacinados antes.

Já sobre a terceira dose, me parece estar claro para o mundo inteiro que precisaremos disso. É lógico, vamos começar com os grupos1xbet ou betanomaior risco, como os mais idosos.

Mão segurando seringa, com Praça da Apoteose ao fundo

Crédito, EPA/ANTONIO LACERDA

Legenda da foto, Vecina Neto defende que terceira dose seja prioritária para idosos e grupos vulneráveis

Mas eu acredito que essa dose1xbet ou betanoreforço deveria ser dada só depois1xbet ou betanoterminarmos a vacinação dos outros grupos. Não adianta deixar tudo pela metade, pelo meio do caminho. Daqui a pouco isso vai ser ruim para nós mesmos.

Temos que terminar a vacinação com a primeira dose, convocar as pessoas para a segunda dose e aí iniciar a revacinação pelos grupos prioritários. Muito provavelmente teremos a terceira e até a quarta dose da vacina contra a Covid-19, inclusive.

O grande problema é que o mundo está produzindo pouco1xbet ou betanorelação à demanda que temos. Precisaríamos1xbet ou betano14 bilhões1xbet ou betanodoses1xbet ou betanovacina agora. Se pensarmos1xbet ou betanoterceira dose, são 21 bilhões. No entanto, estamos produzindo entre 3 e 4 bilhões neste ano.

Como sempre diz o Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, se nós não vacinarmos os países pobres da África e do Sudeste Asiático, o vírus vai continuar circulando. E, enquanto o vírus circula, aparecerão mutações que podem ser resistentes às vacinas já disponíveis.

Nós temos que deixar esse egoísmo1xbet ou betanolado, essa história do "eu primeiro e depois o resto". A prioridade deveria ser vacinar toda a população mundial. Mas os países mais desenvolvidos, e mesmo aqueles1xbet ou betanodesenvolvimento, como o Brasil, estão mais preocupados com o próprio umbigo. Como se a pandemia começasse e terminasse1xbet ou betanoseus próprios territórios.

1xbet ou betano BBC News Brasil - E o que justificaria a necessidade1xbet ou betanouma terceira dose agora? A queda dos anticorpos? A circulação1xbet ou betanovariantes1xbet ou betanopreocupação, como a Delta? Ou uma mistura desses fatores?

1xbet ou betano Vecina Neto - O primeiro ponto é que temos vacinas diferentes, com eficácias variáveis. A CoronaVac tem 50%, a Pfizer chega a 95% e por aí vai. Se eu pudesse priorizar uma vacina, é claro que eu escolheria a1xbet ou betanomaior eficácia para toda a população. Mas o problema é que a demanda está muito mais alta que a oferta. Com isso, eu tenho que usar todas as opções disponíveis.

Isso não significa que eu não usaria a CoronaVac, até porque ela tem uma grande serventia. Falamos1xbet ou betanouma vacina que é menos eficaz, mas que, mesmo assim, derruba o risco1xbet ou betanomortalidade por Covid-191xbet ou betanomais1xbet ou betano90%.

A terceira dose deveria começar pelas pessoas mais idosas. Nas idades mais avançadas, nós sabemos que existe um fenômeno chamado imunossenescência. É o envelhecimento do próprio sistema imunológico, que não funciona como anteriormente.

O segundo ponto que justificaria a terceira dose é a queda na produção1xbet ou betanoanticorpos com o passar dos meses.

Não temos muitos estudos sobre isso, mas, no caso da vacina da Pfizer, verificou-se uma diminuição após algum tempo. Até quando essa proteção cai? Não sabemos, até porque não tivemos tempo suficiente para aprender isso.

Gonzalo Vecina Neto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Gonzalo Vecina Neto foi presidente da Anvisa e é professor da Faculdade1xbet ou betanoSaúde Pública da USP

De uma forma ou1xbet ou betanooutra, o vírus vai continuar circulando pela falta1xbet ou betanouma imunidade coletiva, até porque os países estão com taxas1xbet ou betanovacinação muito diferentes. E é normal que precisemos1xbet ou betanoreforços1xbet ou betanotempos1xbet ou betanotempos.

Veja o caso da febre amarela. Há alguns anos, a recomendação era que se tomasse uma nova dose a cada dez anos. De repente, diante1xbet ou betanoum surto e1xbet ou betanouma escassez, os cientistas estudaram melhor o assunto e descobriram que não havia essa necessidade1xbet ou betanoreforço. Houve também um fracionamento das doses, o que permitiu levar a proteção a um maior número1xbet ou betanopessoas.

Isso também está acontecendo com os imunizantes contra a Covid-19. Uma cidade do Espírito Santo está estudando a aplicação1xbet ou betanomeia dose da AstraZeneca, para ver se ela confere uma boa proteção. Se isso der certo, nossa capacidade1xbet ou betanovacinação duplicaria.

Essa pandemia está nos mostrando que é preciso ter um pouco1xbet ou betanohumildade e aceitar os aprendizados que aparecem pelo caminho.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Ainda sobre as variantes, já está provado que a Delta circula pelo Brasil e dados da vigilância genômica do Rio1xbet ou betanoJaneiro mostram que ela representa mais da metade das amostras analisadas no Estado recentemente. Como o senhor vê o avanço dessa linhagem no país? O que poderíamos ter feito para evitar isso e o que deveríamos fazer agora?

1xbet ou betano Vecina Neto - Primeiro, me parece que a Delta está evoluindo aparentemente mais devagar no Brasil do que ela fez na Europa e na Ásia.

Quando você analisa o que aconteceu nessas duas regiões, é algo muito surpreendente. Essa variante dominou a cena com muita rapidez. Em países com 80%1xbet ou betanocobertura vacinal, como Israel, foi necessário fazer lockdown1xbet ou betanonovo.

Aqui no Brasil, nós tivemos notícias sobre a chegada dela já faz um bom tempo. E, claro, o que nós temos1xbet ou betanoinformação pode ser muito menos do que aquilo que está ocorrendo1xbet ou betanofato. Até porque não tivemos controle nenhum.

Parece que nós desaprendemos totalmente a lição milenar1xbet ou betanoque o isolamento é uma das melhores estratégias para lidar com uma doença infectocontagiosa. Mesmo quando a humanidade não sabia o que provocar a peste bubônica, a varíola e a sífilis, o isolamento sempre fez o número1xbet ou betanocasos diminuir.

E nós aqui no Brasil não usamos esse conhecimento milenar. Não fizemos nada daquilo que o mundo apontava que era necessário. As pessoas vinham1xbet ou betanooutros países para cá, estavam com febre, tinham o teste PCR positivo e, mesmo assim, saíam livres, leves e soltas para contaminar todo mundo.

Isso é uma coisa impensável. Nós ignoramos toda a verdade epidemiológica que já conhecíamos.

O que deveríamos fazer com uma pessoa com um PCR positivo? Isolá-la por 14 dias. Por que? Para que ela não espalhe o vírus e produza novos casos. E por que isso é necessário? Para evitarmos as mortes.

O comportamento da vigilância epidemiológica brasileira foi criminoso. Se havia alguma dúvida se podíamos chamar alguém1xbet ou betanogenocida, isso não existe mais.

Não compramos vacinas. E estamos chegando ao número1xbet ou betano600 mil mortos, com grandes possibilidades1xbet ou betanochegarmos aos 800 mil até o final do ano. Isso é criminoso.

Nós permitimos que a variante Delta se espalhasse por aí. E nós temos agora as subvariantes derivadas da Gama, como a Gama Plus, que aparentemente tem mutações semelhantes à Delta e pode ser mais infectante.

Então essa interação das linhagens1xbet ou betanocoronavírus é algo que precisamos aprender um pouco mais. Será que a Gama e a Gama Plus estão segurando a entrada da Delta?

Essa coisa das mutações é algo muito inteligente. A natureza produz essas modificações que são melhores, ao menos do ponto1xbet ou betanovista do vírus. E o uso da palavra melhores aqui não significa que elas são mais mortais, até porque, se o vírus mata o seu hospedeiro muito rápido, ele não consegue se espalhar com tanta rapidez.

Essa capacidade das variantes do coronavírus1xbet ou betanose espalharem com mais facilidade abre até a possibilidade1xbet ou betanoele conviver conosco por muito tempo. É provável que ele se transforme num vírus sazonal, como outros que causam gripes e resfriados.

Especificamente sobre a Delta, o que está acontecendo no Rio1xbet ou betanoJaneiro vai nos mostrar se teremos uma terceira onda e todas as consequências relacionadas a ela.

Até porque estamos agora com uma diminuição do número1xbet ou betanocasos e óbitos, mas eles ainda estão muito próximos ao que vimos na primeira onda. Ou seja, estamos num platô elevado1xbet ou betano900 mortes por dia.

Na segunda onda, nós chegamos a 4 mil mortes por dia. Depois, tivemos a diminuição1xbet ou betanoque estamos agora.

Resta saber se as variantes Gama Plus ou Delta levarão a uma nova subida e até que ponto a cobertura vacinal que já temos será capaz1xbet ou betanosegurar a doença e diminuir os casos graves ou as mortes por covid-19. Sem dúvida, estamos numa situação sanitária perigosa.

1xbet ou betano BBC News Brasil - De um lado, temos o otimismo pelo avanço da vacinação. Do outro, a apreensão com a variante Delta. No meio, prefeitos e governadores anunciam o relaxamento das medidas, a liberação1xbet ou betanopúblico nos estádios1xbet ou betanofutebol e a realização1xbet ou betanofestas populares, como o carnaval. Como o senhor vê as políticas públicas1xbet ou betanorelação ao atual estágio da pandemia no Brasil?

1xbet ou betano Vecina Neto - O Brasil é muito desigual. Talvez esse seja o principal problema1xbet ou betanonosso país. Mas existem outros problemas tão graves quanto. Um deles é a impunidade.

Aqui, as pessoas podem cometer as maiores barbaridades sem sofrer consequências. O presidente [Jair Bolsonaro] fala para as pessoas não usarem máscaras. Daí vem alguém do Ministério Público e diz que as máscaras não estão comprovadas cientificamente, quando temos milhares1xbet ou betanotrabalhos mostrando a necessidade do uso delas.

O Ministério Público é o guardião das leis. E a lei é um arranjo escrito que permite a conformação da vida1xbet ou betanosociedade.

Agora, se o guardião deste código tão importante vem e me diz que as máscaras nem são tão importantes assim, que elas são secundárias, mesmo quando há leis determinando seu uso, isso só reforça o clima1xbet ou betanoimpunidade.

Enquanto isso, os prefeitos e governadores estão prestando atenção nas eleições1xbet ou betano2022. Eles acham que o povo vai esquecer as milhares1xbet ou betanomortes, até porque estamos nesse clima1xbet ou betanooba-oba da reabertura geral.

Talvez um outro grande problema que nós temos, junto da desigualdade e da impunidade, seja o esquecimento. E muitos apostam que esse clima1xbet ou betanootimismo atual fará o povo não lembrar1xbet ou betanotudo que aconteceu e não chorar mais as mortes.

1xbet ou betano BBC News Brasil - E como essa falta1xbet ou betanocoordenação entre municípios, Estados e Governo Federal contribuiu para que a pandemia tivesse números tão expressivos1xbet ou betanonosso país?

1xbet ou betano Vecina Neto - Veja os exemplos que temos na Europa. A Alemanha talvez seja o melhor modelo1xbet ou betanocomo um líder faz a diferença.

Na Inglaterra, o primeiro-ministro Boris Johnson começou a crise sanitária da pior maneira possível, no mesmo estilo1xbet ou betanoJair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump, nos Estados Unidos. Mas aí ele teve a doença, foi tratado pelo serviço1xbet ou betanosaúde pública, o NHS, e pediu desculpas. Em Israel foi a mesma coisa.

Nessas horas, ter um líder é fundamental. É preciso que alguém governe o país. Veja o que aconteceu na Nova Zelândia. Eles tiveram um número1xbet ou betanomortes que dá pra contar nos dedos da mão. Por que? Porque tinham um governo com projeto, que fez as intervenções sanitárias.

Temos no Brasil um presidente ensandecido e mal informado, que ainda vê a imunidade1xbet ou betanorebanho como a solução.

Ele acredita nisso até hoje. Outro dia fez um discurso reclamando da crise econômica, da inflação, do aumento no preço da gasolina… E botou a culpa nos governadores e prefeitos.

E nós tivemos governadores muito irresponsáveis também, especialmente no Norte.

Os Estados dessa região são aqueles que possuem a maior desigualdade social. A pobreza1xbet ou betanouma cidade como Manaus é assustadora. Dentro da exuberância da floresta, com tanta fruta, peixe, água e calor, a pobreza é terrível.

A pandemia foi muito mal administrada por falta1xbet ou betanoum alinhamento entre os gestores públicos. Eles deveriam estar alinhados com o conhecimento científico e as melhores práticas para diminuir o impacto da pandemia.

A História vai contar tudo o que passamos e colocará no devido lugar todos os patrocinadores do genocídio

1xbet ou betano BBC News Brasil - Um exemplo recente1xbet ou betanobriga entre os poderes aconteceu entre o governador1xbet ou betanoSão Paulo, João Doria (PSDB), e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por uma discordância no envio1xbet ou betanodoses das vacinas. Como o senhor vê essa discussão1xbet ou betanoparticular?

1xbet ou betano Vecina Neto - Doria é candidato à Presidência da República. Então ele está fazendo seu teatro para isso.

Mas, nesse caso1xbet ou betanoparticular, ele até tinha razão, pois o Ministério da Saúde mandou uma quantidade menor1xbet ou betanodoses1xbet ou betanovacina para São Paulo.

Agora, não dá pra saber se esse envio reduzido foi por lapso ou má vontade. Acho que as duas coisas são possíveis.

O Ministério da Saúde errar já é algo absolutamente comum, porque eles são muito incompetentes. Vimos recentemente o próprio ministro, Marcelo Queiroga, falar que as máscaras são apenas um detalhe. E ele é médico!

O fato é que o Ministério da Saúde está acéfalo, assim como o PNI. Não há coordenação do programa1xbet ou betanoimunizações brasileiro. Um dos últimos coordenadores foi demitido porque se envolveu nessa lambança da compra1xbet ou betanovacinas da Índia, com distribuição1xbet ou betanodinheiro para corrupção.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Mesmo com a necessidade1xbet ou betanomanter as medidas restritivas, não podemos ignorar o fato1xbet ou betanoestarmos há um ano e meio na pandemia e as pessoas estão cansadas. Como manter a população engajada num cenário desses?

1xbet ou betano Vecina Neto - Essa é uma das questões mais complexas. Realmente as pessoas estão cansadas1xbet ou betanousar máscara e manter o distanciamento social. Temos um ano e meio1xbet ou betanotensão e todos estamos sofridos. Mas qual o caminho?

Não temos muita saída: precisamos continuar vacinando e exigir o uso1xbet ou betanomáscaras1xbet ou betanoambientes públicos, especialmente nos locais fechados.

O duro é você explicar para as pessoas os detalhes e as particularidades1xbet ou betanocada situação. Falamos1xbet ou betanoaglomeração, mas como definir isso? Três pessoas já formam uma aglomeração? Ou dez?

Praia lotada no RJ

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O médico sanitarista entende que flexibilizações podem até acontecer, mas é preciso voltar atrás se os casos e as mortes voltarem a subir

Diante1xbet ou betanotodas as dificuldades, eu acho que precisamos continuar a dizer que as máscaras são necessárias1xbet ou betanoqualquer circunstância. Precisamos tomar muito cuidado com lugares fechados, como cinemas e teatros. É necessário pensar na taxa1xbet ou betanoocupação e na circulação do ar nesses ambientes.

E no campo1xbet ou betanofutebol, pode haver aglomeração? Não pode. Mas e se todo mundo estiver vacinado? Talvez.

Nós estamos nesse momento1xbet ou betanotensão. Eu acho que podemos pensar1xbet ou betanoflexibilizações, mas precisamos deixar claro que, se piorar, vamos fechar tudo1xbet ou betanonovo. Nossa prioridade é ter um sistema1xbet ou betanosaúde com capacidade1xbet ou betanoatender os casos que surgirem. Foi isso que fizemos na primeira onda e acabou sendo um fracasso na segunda.

1xbet ou betano BBC News Brasil - Para a maioria da população mundial, a atual pandemia é inédita1xbet ou betanoescala e impacto. Mas como sairemos dela? Como acaba uma pandemia? E o senhor já vê perspectivas1xbet ou betanoisso acontecer1xbet ou betanoalgum momento?

1xbet ou betano Vecina Neto - A gente pensava que a pandemia acabava quando não tivéssemos mais pessoas suscetíveis. Mas nós aprendemos que, com a Covid-19, isso nunca vai acontecer, já que as pessoas podem se reinfectar pelas novas variantes.

Se o coronavírus que saiu1xbet ou betanoWuhan, na China, fosse o mesmo hoje1xbet ou betanodia, com certeza poderíamos pensar1xbet ou betanoimunidade1xbet ou betanorebanho assim que acabassem as pessoas suscetíveis. Mas daí vieram as variantes Alfa, Beta, Gama e Delta e acabaram com isso.

Bom, se não será pela imunidade1xbet ou betanorebanho, é difícil pensar que a pandemia acabará pela vacinação. As vacinas não são 100% eficazes e eventualmente o vírus poderá driblar as doses disponíveis hoje.

Me parece, então, que essa pandemia não vai acabar. Ela será substituída por uma doença que vai conviver conosco a partir1xbet ou betanoum ou dois anos, ou quando tivermos toda a população vacinada, inclusive jovens e crianças, com a garantia1xbet ou betanouma proteção contra os casos mais graves e as mortes.

Isso significa que a Covid-19 se tornará uma doença endêmica e continuará conosco. E talvez precisaremos1xbet ou betanonovas campanhas1xbet ou betanovacinação no futuro para manter a letalidade dessa doença bem baixa.

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