Caso Kathlen: 'troia', a controversa tática policial que pode estar por trásarbety site oficialmortearbety site oficialjovem grávida no Rio:arbety site oficial
"É uma metodologia conhecida como 'Troia'. Agora cabe à Polícia apurar o que aconteceu", diz Rodrigo Mondego, Procurador da Comissãoarbety site oficialDireitos Humanos da OAB/RJ.
Pessoas ouvidas pela BBC News Brasil dizem que a prática pode ter variações, mas elas têmarbety site oficialcomum a ideiaarbety site oficialagentes se esconderem para atacar supostos criminosos sem serem percebidos.
"É uma táticaarbety site oficialguerra, um ataque sem chancearbety site oficialdefesa para o alvo da operação. Muitas vezes é usada não para prender, mas para execução. Esses casos pouco repercutem porque diz-se que quem morreu era suspeitoarbety site oficialser criminoso, e isso se torna uma senha para legitimar qualquer coisa, e assim esse tipoarbety site oficialexecução passa batido", diz Daniel Lozoya, do Núcleoarbety site oficialDefesaarbety site oficialDireitos Humanos da Defensoria.
Procuradas, as polícias Militar e Civil e o Ministério Público do Rio, responsável por fiscalizar a ação das polícias, não responderam às perguntas da BBC News Brasil sobre a prática.
O que se sabe sobre a dinâmica da ação que matou Kathlen
Kathlen earbety site oficialavó, Sayonara Fátimaarbety site oficialOliveira, caminhavam por um viaarbety site oficialacesso à favela quando tirosarbety site oficialfuzil foram disparados, um deles atingindo Kathlen no peito.
À imprensa, a avóarbety site oficialKathlen disse que não havia um tiroteio naquele momento, e que elas foram surpreendidas pelos disparos.
"Quando passamos, a rua estava tranquila. Foi tudo muitoarbety site oficialrepente, a minha neta caiu. (...) Quando olhei era políciaarbety site oficialtudo o que é lado", disse Sayonara.
A corporação diz que agentes estavamarbety site oficialpatrulhamento, quando foram atacados por criminosos e reagiram. Os 12 agentes que estavam na favela naquele dia foram afastados das ruas.
A avó e a mãearbety site oficialKathlen, Jaquelinearbety site oficialOliveira Lopes, ouviramarbety site oficialmoradores que a dinâmica foi outra. "Eu fui informada por todosarbety site oficialque não foi trocaarbety site oficialtiros. A polícia estava dentroarbety site oficialuma casa, viu os bandidos e atirou. Se a polícia estava dentroarbety site oficialuma casa, por que não olhou quem estava passando?", questionou Jaqueline diante do Instituto Médico Legal no dia da mortearbety site oficialsua filha.
A Comissãoarbety site oficialDireitos Humanos da OAB esteve no Complexo do Lins e ouviuarbety site oficialtrês moradores o mesmo relato. Eles dizem ter presenciado os movimentosarbety site oficialpoliciais antes do assassinatoarbety site oficialKathlen, ainda que não tenham testemunhado o momento exatoarbety site oficialque ela foi alvejada.
Contam ter visto um grupoarbety site oficialpoliciais "de troia", dentroarbety site oficialuma casa numa viela próxima à rua onde Kathlen estava, aguardando para surpreender supostos criminosos. Alguns também descrevem agentes correndo pela viela e atirando. Ainda não está claroarbety site oficialonde partiu o tiro que a matou.
Muitos moradores não prestaram depoimento oficialmente, diz Rodrigo Mondego, Procurador da Comissãoarbety site oficialDireitos Humanos da OAB/RJ, pois têm medoarbety site oficialrepresálias, mas a Polícia Civil foi informada desses relatos.
Há três investigaçõesarbety site oficialcurso, da Polícia Civil, da Polícia Militar, e do Ministério Público do Rioarbety site oficialJaneiro.
A PM diz que os policiais militares envolvidos foram ouvidos e suas armas foram apresentadas à perícia. O MPRJ diz que está nos primeiros passos da investigação e que será necessária uma prova técnica para afirmararbety site oficialque arma partiu o disparo que atingiu a vítima.
A Promotoriaarbety site oficialJustiça junto à Auditoria Militar do MPRJ disse que está reunindo os documentos e providenciando as oitivas dos PMs e das testemunhas, e diz que acionou a Corregedoria da PM-RJ requisitando a instauraçãoarbety site oficialInquérito Policial Militar. A Polícia Civil não deu informações sobre o andamento da investigação nem sobre a prática das emboscadas.
Anonimamente, policiais admitem a prática da 'troia'
A prática não é reconhecida pelas polícias, mas policiais já falaram sobre elaarbety site oficialforma anônima. Em entrevistas à organização internacionalarbety site oficialdefesaarbety site oficialdireitos humanos Human Rights Watch, publicada num relatórioarbety site oficial2016 da ONG, policiais relatam alguns casos.
Um dos policiais entrevistado disse que, durante uma ação numa favela, ele e alguns colegas se esconderamarbety site oficialum apartamento que ficava diantearbety site oficialuma bocaarbety site oficialfumo. Da janela, atiraramarbety site oficialfuzilarbety site oficialtrês homens que portavam revólveres. Mataram dois e um ficou ferido. Esse último foi executadoarbety site oficialseguida pelos policiais, disse o policial à Human Rights Watch.
Em outra entrevista citada no relatório, um policial descreve outra formaarbety site oficial"troia''. Ele e colegas se esconderam na mata, pertoarbety site oficialuma via que sabiam ser rotaarbety site oficialfugaarbety site oficialtraficantes. Outro grupoarbety site oficialpoliciais invadiu a favela e quando os supostos criminosos fugiram, os policiais que os aguardavamarbety site oficialemboscada atiraram.
O ex-comandante das Unidadesarbety site oficialPolícia Pacificadora (UPPs), ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Rioarbety site oficialJaneiro e antropólogo Robson Rodrigues diz que a prática da emboscada não é reconhecida oficialmente pela polícia mas é praticadaarbety site oficialforma clandestina.
Em seu tempo na polícia, não presenciou nem participouarbety site oficialnenhuma ação do tipo, mas ouvia falararbety site oficialcasos que haviam resultadoarbety site oficial"erros" e que eram apurados pela corregedoria da PM.
A PM não respondeu a perguntas da BBC sobre a prática.
"Alguns policiais acham que isso faz parte do rolarbety site oficialtáticas, mas não faz. Quando há uma infiltração, ela tem que ser feitaarbety site oficialforma controlada, autorizada pela justiça, e geralmente será conduzida pela Polícia Civil, que tem atribuiçãoarbety site oficialinvestigar. Uma emboscada não tem base legal, não tem sustentabilidade dentro dos procedimentos e é crime", diz ele.
Segundo a organização Anistia Internacional, é comum alguns agentes permanecerem numa favela depois do fimarbety site oficialuma operação policial para praticar a "troia''.
Em entrevista à organização, um policial civil deu um exemplo: "um grande grupoarbety site oficialpoliciais, com várias viaturas, entra na favela fazendo muito barulho e depois sai. Só que dentro da favela ficam alguns policiais escondidosarbety site oficialalguma casa esperando os traficantes aparecerem. É uma tática para execução. Ninguém está querendo prender ninguém. Não dá nem pra chamar issoarbety site oficialtática, né? Mas a lógica, qual é? Quando os traficantes aparecem, os policiais que estão escondidos os executam."
Caso revelado por investigação e testemunhosarbety site oficialmoradores
Em janeiroarbety site oficial2020, um porteiro, um entregadorarbety site oficialmercado e dois traficantes foram mortos numa "troia" na favela do Vidigal. Os policiais disseramarbety site oficialdepoimento que foram alvejados por criminosos e apenas revidaram, mas a investigação da Delegaciaarbety site oficialHomicídios, revelada pelo jornal Extra, mostrou que os policiais haviam invadido e se escondido num apartamento que fica diantearbety site oficialuma bocaarbety site oficialfumo, lugar onde drogas são vendidas, e dali atiraramarbety site oficialdireção aos traficantes, que estavam almoçando no momentoarbety site oficialque foram atingidos. A DH pediu o afastamento dos policiais, segundo o jornal.
A Polícia Civil não respondeu às perguntas da BBC Brasil sobre investigaçõesarbety site oficialemboscadas.
Moradoresarbety site oficialfavelas também denunciam a prática das tocaias. Um relatórioarbety site oficial2015 da organização Anistia Internacional feito a partirarbety site oficialrelatosarbety site oficialtestemunhas cita dois casosarbety site oficial"troia'', na favelaarbety site oficialAcari, no Rio.
A Defensoria Pública diz que moradores com frequência relatam também invasõesarbety site oficialsuas casas por policiais. São ocupadas lajes e até casas inteiras, quando o morador não está, ou a casa estáarbety site oficialobras, diz Daniel Lozoya, do Núcleoarbety site oficialDefesaarbety site oficialDireitos Humanos da Defensoria. O defensor afirma que há casosarbety site oficialque policiais fazem seteiras - pequenas frestas nas paredes por onde pode se colocar uma arma.
Em 2020, um ex-comandante da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, foi condenado por ordenar que seus subordinados montassem espéciesarbety site oficialbases policiaisarbety site oficialimóveis. Segundo a Defensoria Pública, relatosarbety site oficialmoradores mostram que o episódio está longearbety site oficialser um caso isolado.
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