Vacina contra covid: O que está por trás da corridabet bet sportgovernadores e prefeitos para antecipar vacinação:bet bet sport
Doria não foi o único a fazer promessas do tipo: na manhã seguinte (14/06), o prefeito do Riobet bet sportJaneiro, Eduardo Paes (PSD), compartilhou uma mensagem no Twitter dizendo que também acelerará a aplicaçãobet bet sportdosesbet bet sportterras cariocas:
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Finalbet bet sportTwitter post, 1
Outro a se pronunciar sobre o tema foi o governadorbet bet sportGoiás, Ronaldo Caiado (DEM):
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Finalbet bet sportTwitter post, 2
O finalbet bet sportsemana mais recente também foi marcado por dois grandes mutirõesbet bet sportvacinação, que acontecerambet bet sportManaus (AM) e nas cidadesbet bet sportSão Josébet bet sportRibamar, Paço do Lumiar, Raposa e São Luís, todas no Maranhão.
A iniciativa maranhense, que recebeu o nomebet bet sport"Arraial da Vacinação", funcionou ininterruptamente por 41 horas e contou até com atrações musicais típicasbet bet sportfestas juninas e distribuiçãobet bet sportmingaubet bet sportmilho para os participantes.
Embora todas essas declarações e anúncios representem uma boa notícia e tragam uma perspectiva otimista para o enfrentamento da pandemia, especialistas se questionam sobre o que elas representam na prática e como isso pode afetar o andamento da vacinação contra a covid-19 no país.
Maior intervalo entre as doses permitiu acelerar
A partir do mêsbet bet sportmaio, o Brasil viu aumentar consideravelmente a chegadabet bet sportnovas doses das vacinas já aprovadas pela Anvisa.
Nos primeiros meses do ano, o país dependeu basicamente das remessas da CoronaVac, que são envasadas e distribuídas pelo Instituto Butantan com insumos enviados pela farmacêutica chinesa Sinovac.
Em março, por exemplo, quase 9bet bet sportcada 10 imunizantes entregues ao Ministério da Saúde vinham do Butantan.
Mais recentemente, porém, essa situação se inverteu: a estabilidade na produção da AZD1222 (AstraZeneca, Universidadebet bet sportOxford e Fundação Oswaldo Cruz) e a chegada das primeiras remessas da Comirnaty (Pfizer/BioNTech) ampliaram o leque da vacinação contra a covid-19 no Brasil.
E há uma diferença fundamental entre esses dois momentos: o tempobet bet sportespera entre a primeira e a segunda dosesbet bet sportacordo com o produto.
A CoronaVac exige um intervalobet bet sport14 a 28 dias entre as aplicações. Já na AZD1222 e na Comirnaty, esse período ébet bet sportquase três meses, seguindo as diretrizes adotadas no país.
Na prática, isso traz implicações claras no planejamento das campanhas: os lotes do imunizante produzido por Butantan e Sinovac exigem mais cautela no ritmobet bet sportuso, pois as pessoas precisarão tomar o reforçobet bet sportpoucas semanas.
Os gestoresbet bet sportsaúde, portanto, são mais conservadores e só costumam utilizar metade das doses disponíveis. Assim, eles garantem que a outra parcela fique estocada e seja usada nesses mesmos indivíduos, para completar o esquema vacinal deles.
Já no caso da AZD1222 e da Comirnaty, governadores e prefeitos podem arriscar um pouquinho mais e utilizar como primeira dose praticamente 100% das remessas que receberam.
Essa, inclusive, tem sido a orientação do próprio Ministério da saúde: "gastar" os lotes entregues desses dois imunizantes como primeira dose no maior númerobet bet sportpessoas.
Afinal, como há esse espaçobet bet sport90 dias para a segunda aplicação, dá tempo suficientebet bet sportesperar o enviobet bet sportnovas remessas dos fornecedores nacionais ou estrangeiros, conforme o planejamento estabelecido pelas autoridades federais.
"Assim que recebemos as vacinas, nós já aplicamos. Nunca as guardamosbet bet sportestoque e estamos sempre no limite para acabar as doses", diz o médico Daniel Soranz, secretário municipal da Saúde do Riobet bet sportJaneiro.
Vai ter segunda dosebet bet sportvacina pra todo mundo?
Atualmente, os gestores públicos estão num dilema constante e precisam fazer muitos cálculos para garantir o bom ritmo das campanhasbet bet sportvacinação.
Afinal, a maioria dos adultos que serão imunizados até setembro precisarão voltar ao postobet bet sportsaúde para receber a segunda dosebet bet sportalgum momento entre outubro e dezembrobet bet sport2021.
E aí vem a grande pergunta: se Estados e municípios estão usando todo o estoque disponível agora, será que teremos vacinas para completar a imunização dos brasileiros no final do ano?
A epidemiologista Regianebet bet sportPaula, coordenadora do Programa Estadualbet bet sportImunização (PEI) contra a Covid-19 do Estadobet bet sportSão Paulo, admite que essa é uma preocupação, mas aponta que todo o planejamento foi feitobet bet sportacordo com as projeçõesbet bet sportcompras e entregas divulgadas pelo Ministério da Saúde.
"Nós temos os quantitativos que virão do Instituto Butantan e dos demais fornecedores. E estamos trabalhando para levar os imunizantes à rede públicabet bet sportsaúde e permitir que os municípios façam a vacinação", descreve.
O especialistabet bet sportimunização José Cássiobet bet sportMoraes, que integra a Comissãobet bet sportEpidemiologia da Associação Brasileirabet bet sportSaúde Coletiva (Abrasco), entende que Estados e municípios deveriam agir com mais prudência e guardar ao menos uma parcela das doses.
"O abastecimentobet bet sportvacinas ainda está muito irregular no país e já acompanhamos os atrasos por uma sériebet bet sportfatores, como a demora para a liberação do insumo farmacêutico ativo, o IFA, na China", aponta.
Um exemplo recente dessa imprevisibilidade é a vacina da Janssen: as primeiras 3 milhõesbet bet sportdoses estavam programadas para chegar ao Brasil nesta terça-feira (15/06), mas isso não vai acontecer.
O Ministério da Saúde espera que as remessas desembarquem ainda esta semana, mas não informou uma data exatabet bet sportquando a farmacêutica irá efetivamente realizar a entrega.
Portanto, Estados e municípios que estavam contando com essas doses da Janssen para os próximos dias terão que esperar mais um pouco — e isso, claro, se reflete no planejamento e no andamento das campanhas locais.
Moraes, que também é professor da Faculdadebet bet sportCiências Médicas da Santa Casabet bet sportSão Paulo, entende que essas escolhas da saúde pública são realmente muito complicadas
"É um dilema difícilbet bet sportresolver: os gestores podem ampliar a cobertura e vacinar mais gente com a primeira dose, mesmo sabendo do riscobet bet sportsofrer atrasos com a segunda dose? Ou devem segurar os lotes no depósito quando ainda temos muita gente vulnerável?", questiona.
Até o momento, 55,7 milhõesbet bet sportbrasileiros, ou 26,3% da população, já tomaram a primeira dose da vacina.
Por ora, a segunda dose foi aplicadabet bet sport23,7 milhõesbet bet sportindivíduos (11% do totalbet bet sporthabitantes do país).
Baixa procura e faltabet bet sportorganização
Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil também chamam a atenção para os possíveis "buracos" que estão ficando pelo caminho na campanhabet bet sportvacinação contra a covid-19 no país.
Em alguns grupos prioritários, como os idosos, há uma parcela considerávelbet bet sportpessoas que não recebeu sequer a primeira dose.
Uma reportagem da Folhabet bet sportS.Paulo revelou que, até o dia 30bet bet sportmaio, 1 milhãobet bet sportbrasileiros com maisbet bet sport70 anos ainda não haviam sido imunizados.
Há diversos fatores diretos e indiretos que podem explicar esse grupo expressivobet bet sportdesprotegidos.
Eles podem estar sendo influenciados por notícias falsas, que espalham desinformação sobre supostos efeitos colaterais graves das vacinas, por exemplo.
Não dá pra ignorar também a acessibilidade às unidades básicasbet bet sportsaúde: muitas vezes, os locais ficam longebet bet sportcasa e esses indivíduos precisam do auxíliobet bet sportfilhos, netos e amigos, que estãobet bet sporthoráriobet bet sporttrabalho durante o períodobet bet sportfuncionamento dos postosbet bet sportvacinação.
"Para completar, nós não vemos uma comunicação efetiva e uma coordenação feita pelo Governo Federal. Cada cidade ou Estado cria as próprias estratégias e fica tudo desorganizado e sem critérios claros", critica Moraes.
E esse problema se torna ainda mais gravebet bet sportrelação à segunda dose: segundo essa mesma matéria da Folha, 2,6 milhõesbet bet sportidosos que foram até o posto para receber a primeira vacina não completaram o esquema no prazo estipulado.
E não faltam motivos para explicar essa "desistência" no meio do caminho: muitos podem achar que já têm uma proteção suficiente com uma dose (o que não é verdade), ou simplesmente não se lembram mais da databet bet sportretorno.
Paula, que coordena o PEIbet bet sportSão Paulo, revela que 300 mil paulistas não voltaram para tomar a segunda dose.
"Esse número já foi maior. Mas estamos pensandobet bet sportações grandes para diminuir a taxabet bet sportfaltosos, como os famosos 'dias D' da vacinação", analisa.
Já na cidade do Riobet bet sportJaneiro, Soranz aponta que 4% daqueles que receberam a primeira dose não retornaram para o reforço
"Apesarbet bet sporto número não ser alto, consideramos essa situação preocupante. Pelo que sabemos, o principal motivo é o esquecimento da data para a segunda aplicação", detalha.
"Nós vamos fazer a busca ativa desses casos para lembrá-los da importânciabet bet sportcompletar o esquema vacinal", finaliza o médico.
Se a evasão e a recusa aos imunizantes seguir parecida ou aumentar nas demais faixas etárias que serão contempladas a partirbet bet sportagora, ao menos a estratégiabet bet sportantecipaçãobet bet sportprefeitos e governadores permitirá que mais pessoas interessadasbet bet sportreceber as doses possam fazê-lo, independentementebet bet sportserem jovens ou mais velhos.
Isso, porbet bet sportvez, ampliará a porcentagembet bet sportvacinados no Brasil, o que certamente contribuirá para alcançarmos futuramente a imunidade coletiva contra a covid-19, ou pelo menos para que a situação dos hospitais e enfermarias fique um pouco mais tranquila.
Falta campanhabet bet sportvacinação
Os especialistas também chamam a atenção para a faltabet bet sportcampanhas públicas que conscientizem a população sobre a necessidadebet bet sporttomar a segunda dose no prazo estipulado.
"Precisamos que o governo faça mais propagandas e leve informações claras e precisas sobre a vacinação", pede Moraes.
Em alguns lugares do mundo, por exemplo, os cidadãos são avisados por e-mail, mensagembet bet sporttexto e telefone quando precisam fazer o retorno — e isso já reduz o riscobet bet sportesquecimentos e confusões.
Outra boa ideia é o "Dia D", que ficou muito famoso nas campanhasbet bet sportpoliomielite a partir das décadasbet bet sport1980 e 1990: a proposta é estipular uma databet bet sportmobilização nacional, geralmente um sábado, para as pessoas irembet bet sportmassa até os postosbet bet sportsaúde.
Bagunça burocrática e faltabet bet sportbusca ativa
O médico Paulo Lotufo, professor da Universidadebet bet sportSão Paulo, também critica as escolhas que foram feitas para determinar a ordem da vacinação.
"Foi um equívoco total desde o início. O Ministério da Saúde deveria ter focado nos locais com o maior númerobet bet sportcasos ou com grande vulnerabilidade, como Manaus. Eles poderiam ter vacinado toda a população desses lugares que estavam com a situação mais preocupante", raciocina.
Após avançar na proteçãobet bet sportprofissionais da saúde, idosos e indígenas, várias cidades e Estados partiram para a imunizaçãobet bet sportindivíduos com comorbidades, como doenças cardíacas e diabetes,bet bet sportacordo com faixas etárias pré-determinadas.
Muitos locais exigiam não apenas atestado médico, mas também comprovantebet bet sportresidência para liberar a aplicação da vacina. E isso aumentou ainda mais a confusão.
O especialista entende que as comorbidades configuram um critério socialmente injusto: enquanto pessoas mais ricas podem pagar uma consulta particular para obter um atestado, os mais pobres não conseguem esse tipobet bet sportcomprovação e acabam ficando para trás.
Essa burocracia, portanto, pode ter criado disparidades importantes e dificultado o trabalho dos profissionais que atuam nos postosbet bet sportsaúde.
"Isso só retardou a campanha. As pessoas demoraram para chegar aos postos, tinham que levar uma sériebet bet sportdocumentos…", observa Lotufo.
Para completar, enfermeiros e auxiliares precisaram gastar seu tempo checando e organizando toda a documentação das pessoas, enquanto poderiam estar aplicando mais vacinas ou realizando a busca ativa daqueles indivíduos que não retornaram para tomar a segunda dose.
Mais recentemente, governadores e prefeitos parecem ter abandonado essa ideia e estão estipulando a idade como único critério para a imunização.
Já Regianebet bet sportPaula entende que o foco inicial nas comorbidades era importante para proteger as pessoas com mais riscosbet bet sportsofrer complicações ou morrer por causa da covid-19.
"Essa determinação veio do próprio Programa Nacionalbet bet sportImunizações, do Ministério da Saúde, e os Estados seguiram as diretrizes. Agora que cumprimos o que foi preconizado, nós decidimos focar nas faixas etárias", conta.
Os calendários divulgados nos últimos dias confirmam essa tendência: São Paulo, por exemplo, vai contemplar todo mundobet bet sport50 a 59 anos entre os dias 16 e 22bet bet sportjunho, para depois partir para a população com 43 a 49 anos nas semanas seguintes e assim por diante.
De acordo com anúncios recentes, outros Estados devem seguir esse mesmo ritmo, com pequenas alterações nas datas e nos recortes das faixas etárias.
Uma estratégia comunitária
Por fim, é preciso levarbet bet sportconta que o benefício da vacinação é coletivo e supera (e muito) a proteção individual dos indivíduos que já receberam suas doses.
"Vacinação é isso: quanto mais gente imunizada, melhor para todo mundo", resume Lotufo.
Em outras palavras, a sociedade inteira fica mais protegidabet bet sportdeterminada doença infecciosa quando uma parcela considerável da população está imunizada.
Isso fica claro quando a gente analisa o estudobet bet sportSerrana, cidade no interior paulistabet bet sportque todos os adultos tomaram duas doses da CoronaVac: foi só quando 75% dos moradores estavam efetivamente vacinados que os casos, as internações e as mortes por covid-19 começaram a cair por lá.
E o tempo é um fator-chave para nos livrarmos dessa pandemia: enquanto tivermos uma parcela considerávelbet bet sportpessoas vulneráveis, o riscobet bet sportcolapso do sistemabet bet sportsaúde ebet bet sportsurgimentobet bet sportnovas variantes mais transmissíveis e letais é considerável.
O lado bom dessa história é que o Brasil tem estrutura e capacidade para botar o pé no acelerador.
"Nós temos 36 mil postosbet bet sportvacinação e muitos profissionais capacitados, então não é exagero pensar que conseguimos aplicar 2 milhõesbet bet sportdoses por dia", projeta Moraes.
Por ora, o númerobet bet sportbrasileiros imunizados a cada 24 horas variou entre 600 e 800 mil nos últimos meses — foram poucos os diasbet bet sportque o país ultrapassou a marcabet bet sport1 milhãobet bet sportvacinas utilizadas.
Enquanto esse cenário não vira realidade e não temos uma boa porcentagembet bet sportcidadãos devidamente resguardados contra a covid-19, é importante que todos (vacinados ou não) continuem fazendo abet bet sportparte.
"Máscaras, distanciamento social e lavagembet bet sportmãos seguem como atitudes essenciais neste momento", resume Paula.
E, claro, quando chegar abet bet sportvez, vá até o postobet bet sportsaúde mais próximo para tomar abet bet sportdose — e não se esqueçabet bet sportretornar ao mesmo local na data estipulada para completar o esquema vacinal que protegebet bet sportprópria saúde e todo mundo ao redor.
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