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'Governo não aprendeu nada com a pandemia': pesquisador alerta sobre efeitos da penúria na ciência brasileira:futebol virtual da betano
"Isso mata o futuro sustentável do país. São jovens pesquisadores, pessoas que trazem novas ideias. Esse pessoal vai realizar fora do país o investimento que o Brasil fez,futebol virtual da betanobolsasfutebol virtual da betanopesquisa, mestrado ou doutorado, para educá-los. O Brasil está dando esses jovensfutebol virtual da betanopresente para outros países. E é um grande presente receber um pesquisador formado", declara.
Para ele, a fugafutebol virtual da betanocérebros se torna um fenômeno inevitável diante da situação atual do Brasilfutebol virtual da betanorelação à ciência.
Em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) terá o menor orçamento dos últimos anos. Valores fundamentais para a pasta estão contingenciados pelo governo federal e sem prazo para que sejam liberados.
O Ministério da Educação (MEC) também sofre com cortesfutebol virtual da betanorecursos. Com orçamentos apertados, universidades públicas, onde são feitas grande parte das pesquisas brasileiras, vivem uma fasefutebol virtual da betanoincertezafutebol virtual da betanorelação ao futuro.
Davidovich avalia que o governo federal não aprendeu nada sobre a importância da ciênciafutebol virtual da betanomeio à pandemiafutebol virtual da betanocovid-19. Ele aponta que enquanto outros países aumentaram os investimentos para o setor, principalmente após o início da crise sanitária, o Brasil cortou recursos.
A ciência e a pandemia
O MCTI tem, neste ano, pouco maisfutebol virtual da betanoR$ 2,7 bilhõesfutebol virtual da betanodespesas discricionárias (recursos não são obrigatórios, que dependem da disponibilidadefutebol virtual da betanoverbas e são usados para áreas como as pesquisas). Desse total, pouco menos da metade é crédito suplementar — aquele que precisafutebol virtual da betanoaprovação do Congresso.
Quando comparado a um passado recente, o orçamento atual é preocupante. Em 2015, por exemplo, as despesas discricionárias do MCTI eram correspondentes a R$ 6,5 bilhões. Nos anos seguintes, os orçamentos diminuíram até chegar a 2021, que é,futebol virtual da betanovalores corrigidos, o menor número desde então.
Em contrapartida, os númerosfutebol virtual da betanolaboratórios, pesquisadores e insumos cresceram nos últimos anos com o avanço da graduação e pós-graduação no país. Mas agora essas pessoas que conquistaram graduação, mestrado ou doutorado enfrentam dificuldades para seguir na área da pesquisa.
Especialistas têm classificado a situação atual da ciência brasileira como um "estado vegetativo". "O atual orçamento do MCTI se compara aofutebol virtual da betano20 anos atrás. Ou seja, podemos dizer que ele recuou duas décadas", diz Davidovich.
Fundamentais para o desenvolvimento da ciência no Brasil, as universidades federais tiveram reduçãofutebol virtual da betano37% na verba para despesas discricionárias (que incluem manutençãofutebol virtual da betanolaboratórios e apoio à pesquisa), 37% se comparadas àsfutebol virtual da betano2010 corrigidas pela inflação, segundo levantamento feito pelo G1.
Somente neste ano, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federaisfutebol virtual da betanoEnsino Superior (Andifes), houve cortefutebol virtual da betanoR$ 1 bilhão no repasse às universidades federais do país.
O alertafutebol virtual da betanoDavidovich é que sem investimento na ciência, tecnologia e inovação, o Brasil não terá capacidade para enfrentar futuras crises sanitárias e continuará dependendo intensamentefutebol virtual da betanorecursos externos.
"Isso impacta diretamente no enfrentamento às pandemias. Na epidemiafutebol virtual da betanozika (2015-2016) os recursos para a ciência eram maiores e conseguimos sucesso no combate à doença. Mas agora está cada vez mais difícil fazer isso", declara Davidovich à BBC News Brasil.
"A faltafutebol virtual da betanoinsumos para pesquisas nessa área da saúde é cada vez mais grave, como é possível ver agora na pandemiafutebol virtual da betanocovid-19. Temos novas cepas do coronavírus. Não podemos ficar dependentesfutebol virtual da betanovacinasfutebol virtual da betanoestrangeiros para atacar essas cepas. Quando você produz vacinas, tem tecnologia e conhecimento para fazê-lo, você pode adaptar a vacina facilmente para enfrentar novas cepas."
Os investimentosfutebol virtual da betanooutros países
Cortesfutebol virtual da betanorecursos para a ciência e tecnologia afetam duramente a capacidade do Brasilfutebol virtual da betanoconquistar protagonismo internacional, alerta o presidente da ABC.
De acordo com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Brasil investiu pouco maisfutebol virtual da betano1% do PIBfutebol virtual da betanopesquisa e desenvolvimentofutebol virtual da betano2018.
Países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — como Alemanha, França, Itália, Estados Unidos, Reino Unido, entre outros —, da qual o Brasil almeja fazer parte, investem,futebol virtual da betanomédia, maisfutebol virtual da betano2% do Produto Interno Bruto (PIB)futebol virtual da betanopesquisa e desenvolvimento.
Já países reconhecidamente inovadores, como Coreia do Sul e Israel, investem maisfutebol virtual da betano4% na área.
Davidovich ressalta que um dos pontos que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ressaltou quando assumiu o cargo foi que a área da ciência e tecnologia receberia alto investimento durante seu governo.
"Os Estados Unidos devem investirfutebol virtual da betano2,7% a 3% do PIB na ciência. O Biden mandou agora, para o Congresso norte-americano, um orçamento assombrosofutebol virtual da betanocentenasfutebol virtual da betanobilhõesfutebol virtual da betanodólares para a pesquisafutebol virtual da betanodesenvolvimento', diz.
"O que ocorre frequentemente é que as empresas americanas pressionam o governo para financiar pesquisas básicas, que são feitasfutebol virtual da betanouniversidades. Essas pesquisas favorecem as indústrias, que não precisam desenvolver o básico, apenas os frutos desses conhecimentos. É uma estratégia que tem dado certo nos EUA", acrescenta.
Ele ressalta que a China, principal adversária global dos EUA, também decidiu aumentar os investimentos para a áreafutebol virtual da betanoeducação e ciência neste ano.
"A grande guerra hojefutebol virtual da betanodia não é por bomba atômica ou algo assim. É a guerra da rede 5Gfutebol virtual da betanointernet móvel entre os Estados Unidos e a China. É uma guerra da tecnologia. O mundo hoje mudou e está fortemente ligado ao conhecimento", assevera.
O Brasil está na contramão desse movimento, opina Davidovich, porque o governo acredita que o investimento nessa área é puramente gasto e não considera que o retorno surge a longo prazo.
"As estimativas apontam que o Brasil investiu menosfutebol virtual da betano1% do PIBfutebol virtual da betanopesquisa e desenvolvimento no ano passado. Está muito abaixo desses países no investimento nessa área, se analisarmosfutebol virtual da betanotermosfutebol virtual da betanoPIB", diz o cientista. "Esses países que têm investido muitofutebol virtual da betanociência já entenderam há bastante tempo que a economia deles depende fortementefutebol virtual da betanoinovação e que essa inovação está ligada à ciência e tecnologia."
Sem prioridade para a ciência no Brasil, o país abre espaço para que os cientistas busquem nações que tenham alto investimentofutebol virtual da betanopesquisa.
"Nós estamos perdendo jovens cientistas para outros países. Será que podemos perder? Será que temos um grande númerofutebol virtual da betanocérebros e podemos dispensar alguns? A resposta é não. Os dados mais atuais do Banco Mundial indicam que o Brasil tem 880 pesquisadores por milhãofutebol virtual da betanohabitantes. A Argentina, nossa vizinha, tem 1,2 mil por milhão. E os países da OCDE têm entre 3,5 mil a 4 mil pesquisadores por milhão", detalha Davidovich.
Recurso contingenciado
Um motivo que faz com que a ciência brasileira enfrente uma fase extremamente difícil é o contingenciamentofutebol virtual da betanoR$ 5,1 bilhões. Esse valor é referente a cercafutebol virtual da betano90% do Fundo Nacionalfutebol virtual da betanoDesenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), uma das principais fontesfutebol virtual da betanorecursos da ciência e tecnologia no país.
O FNDCT é obtido por meiofutebol virtual da betanoimpostos e tributaçõesfutebol virtual da betanosetores que exploram recursos naturais e outros bens da União.
Há décadas, parte desse recurso é bloqueado. "Esse contingenciamento foi diminuindo aos poucos durante o governo Lula e chegou a ser encerrado. Mas depois, no governo seguinte, foi retomado", relata Davidovich. Ele ressalta que nunca houve um bloqueio como agora. "Esse contingenciamentofutebol virtual da betano90% é o mais alto das últimas décadas", diz.
Os cercafutebol virtual da betano90% do FNDCT deste ano foram guardadosfutebol virtual da betanouma reservafutebol virtual da betanocontingência sob o argumentofutebol virtual da betanoque a liberação total desse valor ultrapassaria o tetofutebol virtual da betanogastos do MCTI.
Desde meados do ano passado, entidades ligadas à ciência iniciaram um movimento para impedir o bloqueio do FNDCT. Elas alegaram que os recursos do fundo são necessários para o avanço da ciência e tecnologia.
As manifestações das entidades culminaramfutebol virtual da betanouma lei complementar, promulgada no fimfutebol virtual da betanomarço, que proibiu o Executivofutebol virtual da betanobloquear o FNDCT. A medida foi comemorada pelas entidades que lutam pela ciência, mas logo se tornou um problema: a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2021 foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro com os R$ 5 bilhões do fundo contingenciados.
A lei complementar foi publicada no Diário Oficial pouco após a sanção da LOA pelo Congresso. Quando Bolsonaro sancionou o Orçamento, a lei já estavafutebol virtual da betanovigor. Porém, o presidente ignorou a medida e manteve o bloqueio do FNDCT.
Entidades relacionadas à ciência e tecnologia se manifestaram contra o contingenciamentofutebol virtual da betanoBolsonaro e cobraram a liberação do fundo.
No fimfutebol virtual da betanomaio, essas entidades divulgaram uma carta na qual pediram que os R$ 5,1 bilhões fossem "imediatamente e integralmente liberados para a função estabelecidafutebol virtual da betanolei, que é o financiamento da pesquisa científica e tecnológica".
"Os avanços da ciência, tecnologia e inovação têm se mostrado imprescindíveis para a superação da crise sanitária, econômica e social,futebol virtual da betanorazão da pandemiafutebol virtual da betanocovid-19", diz trecho da carta.
"O sistema nacionalfutebol virtual da betanociência e tecnologia, consolidado nas últimas décadas, estáfutebol virtual da betanoviasfutebol virtual da betanocolapso. Os sucessivos cortes orçamentários precarizam universidades e institutosfutebol virtual da betanopesquisa, afetando seriamente a pesquisa realizada nessas instituições e a formação adequadafutebol virtual da betanoprofissionais. O investimento escassofutebol virtual da betanoP&D (pesquisa e desenvolvimento) prejudica a inovação e a recuperação da economia", acrescenta a carta.
Durante uma recente sessão conjunta no Congresso Nacional, deputados e senadores aprovaram um projetofutebol virtual da betanolei que abre crédito suplementarfutebol virtual da betanoR$ 1,88 bilhão para financiar projetosfutebol virtual da betanodesenvolvimento tecnológicofutebol virtual da betanoempresas, por meio do FNDCT. Na mesma sessão também foi aprovado um projetofutebol virtual da betanolei para liberar R$ 415 milhões do fundo para custear testes clínicosfutebol virtual da betanovacinas nacionais contra a covid-19.
Mas Davidovich alerta que desse montante liberado, somente R$ 415 milhões não são reembolsáveis. Já o R$ 1,88 bilhão deve ser devolvido posteriormente aos cofres públicos.
"Esse recurso (de R$ 1,88 bilhão) é empréstimo. As empresas precisam devolver, depoisfutebol virtual da betanoalgum tempo, para o governo com juros. Esse dinheiro para crédito não tem sido usado pelas empresas porque os juros são altos demais. Elas conseguem empréstimos a juros menoresfutebol virtual da betanooutros lugares", explica o cientista.
"Para ter uma ideia, a Finep (Financiadorafutebol virtual da betanoEstudos e Projetos) tem bilhõesfutebol virtual da betanoreaisfutebol virtual da betanocréditos desses,futebol virtual da betanoanos anteriores, porque não consegue gastar. As empresas inovadoras não querem esses recursos, elas querem a subvenção, que faz parte dos recursos não reembolsáveis, que realmente são importantes para a ciência e inovação. E que não estão sendo liberados", acrescenta o presidente da ABC.
Para o cientista, dificilmente o R$ 1,88 bilhão será usado. "Quando o governo diz que liberou esse R$ 1,8 bilhão do FNDCT para crédito, está dizendo: olha, vou colocar esse dinheiro para falar que estou liberando, mas no fim do ano, como esse dinheiro não será emprestado, ele vai ter que ser devolvido ao tesouro. É como se o governo estivesse dando com uma mão e tirando com a outra", declara.
Ainda não há prazo para desbloqueio dos R$ 2,8 bilhões do FNDCT que continuam contingenciados. Especialistas afirmam que esse valor não será reembolsável.
Em nota á BBC News Brasil, o Ministério da Economia não informou se há um prazo para a liberaçãofutebol virtual da betanotodo o recurso do FNDCT. A pasta argumenta que faz avaliaçõesfutebol virtual da betanoreceitas e despesas bimestralmente e, com base nisso, faz realocaçõesfutebol virtual da betanorecursos. No caso do fundo, o MCTI precisará definir como esse recurso será aplicado, respeitando os limites do tetofutebol virtual da betanogastos.
Apesarfutebol virtual da betanoa liberação integral do FNDCT ser considerada fundamental para a ciência, especialistas ressaltam que o recurso por si só não será capazfutebol virtual da betanosolucionar a crise na área da ciência e tecnologia. Eles ressaltam que também é importante que haja mais investimentos por parte do governo federal para que o setor possa avançar.
Um dos problemas para a ciência brasileira, avaliam especialistas, é a regra do tetofutebol virtual da betanogastos governamentais, adotada durante o governo Michel Temer (MDB).
"O tetofutebol virtual da betanogastos certamente se tornou um problema e isso está na raiz dele. O pecado original do teto é igualar gastos correntes com investimentos. São coisas muito diferentes, até porque gastos correntes entram como despesas na matriz econômica. Os investimentos deveriam entrar como ganhos futuros, mas não são vistos assim", diz Davidovich.
"O investimento na pesquisa traz retorno ao país. Por exemplo, cada real colocado na Embrapa (Empresa Brasileirafutebol virtual da betanoPesquisa Agropecuária) traz retornofutebol virtual da betanoR$ 10 a R$ 15 a mais no futuro. Mas o tetofutebol virtual da betanogastos, desde o início, não faz essa distinção", acrescenta.
Além do tetofutebol virtual da betanogastos, o especialista ressalta que as dificuldades atuais relacionadas à ciência e tecnologia ocorrem porque não existe interesse do governofutebol virtual da betanoJair Bolsonarofutebol virtual da betanodar atenção ao setor.
Os impactos da atual situação
O orçamento reduzido para a ciência e tecnologia afeta todos os setores da ciência e tecnologia, detalha o presidente da ABC.
Ele pontua que muitos equipamentosfutebol virtual da betanolaboratórios ficaram obsoletos durante a pandemia, por não terem sido usados. Em razão disso, precisam ser consertados, mas não há garantiafutebol virtual da betanorecursos para isso.
Outro problema, relata Davidovich, é a aquisiçãofutebol virtual da betanoinsumos. Ele conta que a taxafutebol virtual da betanoimportação do Conselho Nacionalfutebol virtual da betanoDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao MCTI, caiufutebol virtual da betanoUS$ 300 milhões no ano passado para cercafutebol virtual da betanoUS$ 93 milhões neste ano.
"Como consequência disso, há laboratórios parando porque faltam insumos. É um desperdício no país, porque pesquisas foram financiadas com recursos públicos e,futebol virtual da betanorepente, não podem continuar porque não tem como importar insumos", diz.
Ainda entre as dificuldades também há a reduçãofutebol virtual da betanobolsas concedidas pelo CNPq e pela Coordenaçãofutebol virtual da betanoAperfeiçoamentofutebol virtual da betanoPessoalfutebol virtual da betanoNível Superior (Capes), vinculada ao MEC.
"A contafutebol virtual da betanobolsas para o CNPq não fecha até o fim do ano. Então vão ser necessários recursos adicionais. Essas bolsas são fundamentais para muitos pesquisadores. Sem bolsas, muitas pessoas vão ter que interromper seus projetos", diz.
"Vão faltar recursos para importações e para bolsasfutebol virtual da betanopesquisadores. Então, os projetos vão ser suspensos e isso prejudica a economia do país, porque muitas dessas pesquisas são feitasfutebol virtual da betanocolaboração com a indústria", explica o presidente da ABC.
As dificuldades na área da ciência e tecnologia têm preocupado a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que tem atuado junto com entidades ligadas à ciência pela liberação do FNDTC.
Davidovich ressalta que as dificuldades na área da ciência e tecnologia afetam a economiafutebol virtual da betanogeral.
"Costumo dizer que a economia é importante demais para ficar apenas nas mãos dos economistas. A economia não é uma ciência exata e é facilmente ligada à política", diz.
"Não existe apenas um caminho para a economia, ela envolve opções políticas. E a política econômica adotada atualmente não está privilegiando, por exemplo, o capital produtivo. Ela tem privilegiado o capital financeiro. O mercado financeiro também faz parte do sistema, mas ele por si só não produz riqueza."
Ele comenta que uma área muito afetada pela faltafutebol virtual da betanoinvestimentos na ciência é afutebol virtual da betanopesquisas relacionadas diretamente à biodiversidade. "O Brasil tem Amazônia, Cerrado, Pantanal… Essa biodiversidade pode, por exemplo, ser fontefutebol virtual da betanonovos medicamentos e garantir remédios para várias doenças com preços muito mais baratos", acrescenta Davidovich.
"Por exemplo, há um anti-inflamatório e antioxidante poderoso que é produzidofutebol virtual da betanoum laboratório da Suíça e é vendido no Brasil por R$ 1,2 mil cada miligrama. Esse produto vemfutebol virtual da betanouma planta da Amazônia. O Brasil poderia estar vendendo por esse preço lá fora e mais barato aqui. Podemos baratear medicamentos e exportar, mas precisamosfutebol virtual da betanoindústria para escalafutebol virtual da betanoprodução efutebol virtual da betanopesquisas", diz.
"Há um ciclo que envolve a academia e a indústria que permitiria o barateamentofutebol virtual da betanomedicamentos novos. E isso agrega valor comercial ao país por meiofutebol virtual da betanonovos remédios."
Os impactos desses cortes são diversos e afetam praticamente todas as áreasfutebol virtual da betanopesquisa, destaca o cientista. "Isso está atingindo, por exemplo, a Embrapa (que é fundamental para desenvolver técnicas para a agropecuária). Outra área é a capacidade computacional do Brasil, que é necessária para várias áreas, inclusive a Defesa Nacional, mas estamos defasados por faltafutebol virtual da betanoinvestimentos", diz.
A BBC News Brasil questionou o MCTI sobre os impactos do atual orçamento da pasta para a pesquisafutebol virtual da betanotodo o país. Porém, o ministério não respondeu até a publicação deste texto.
'Temos o piorfutebol virtual da betanodois mundos'
Davidovich concluiu a graduaçãofutebol virtual da betanofísica há maisfutebol virtual da betano50 anos e desde essa época atua na áreafutebol virtual da betanopesquisa relacionada à física quântica. Em meados da décadafutebol virtual da betano70 se tornou doutorfutebol virtual da betanofísica, após concluir os estudos na Universidadefutebol virtual da betanoRochester, nos Estados Unidos.
Atuando há maisfutebol virtual da betanocinco décadas na ciência, ele não acreditava que presenciaria uma fase tão complicada como a atual.
"Durante a ditadura militar nós tivemos fortes investimentosfutebol virtual da betanopesquisas. Foi nesse período que foram fundadas a Embrapa, a Embraer e a Finep. Então havia um projeto nacional para a ciência. Porém, havia um ataque por questões ideológicas. Nós tínhamos recursos, mas, por outro lado, havia uma questão política muito importante", declara.
"Agora temos o pior dos mundos: não temos recursos e, além disso, temos ataques à ciência. Esses ataques ocorremfutebol virtual da betanovárias formas. Primeiro pelo negacionismo da ciência, como na insistência pelo usofutebol virtual da betanomedicamentos que já foram comprovados que são ineficazes para combater a covid-19 (como a hidroxicloroquina). Além disso, há ataques frequentes a pesquisadores e professores", diz o cientista.
Apesar das dificuldades, ele relata ter notado que muitas pessoas passaram a aprender mais sobre a importância da ciência durante a pandemia. "A população viu que a ciência é importante, as pessoas saem da vacinação e agradecem ao SUS (Sistema Únicofutebol virtual da betanoSaúde). Então, a população está vendo (a importância da ciência)", diz.
"Agora, o governo está vendo essa importância? Me parece que não", declara Davidovich. "Há uma simultaneidade, infelizmente. Há uma pandemia e também há o cortefutebol virtual da betanoorçamento para a ciência e tecnologia. Isso é um contrassenso. É um paradoxo."
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