Copa América: Como torneio perdeu relevância e prejudica clubes brasileiros:poker hands up

Jair Bolsonaro e jogadores da seleção brasileira

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O presidente Jair Bolsonaro comemorou o título da última Copa América com os jogadores da seleção,poker hands up2019

A mudança para o Brasil, onde maispoker hands up469 mil pessoas já morrerampoker hands upcovid, foi duramente criticada por grande parte da imprensa esportiva, pela oposição ao governo Bolsonaro e por infectologistas.

Quem é contra afirma que mobilizar centenaspoker hands upprofissionais, entre jogadores e comissões técnicas, pode aumentar o riscopoker hands uptransmissão do coronavíruspoker hands uplocais onde a pandemia já está descontrolada. Todos os três Estados escolhidos como sede bem como o Distrito Federal sofrem com maispoker hands up85% dos leitospoker hands upUnidadespoker hands upTerapia Intensiva ocupados, e altos índicespoker hands upóbitos pela doença.

Além disso, críticos afirmam que o poder público deveria concentrar esforços e recursos para controlar a pandemia, e não para organizar uma competiçãopoker hands upfutebol cujos benefícios para o Brasil são difíceispoker hands updefinir — ainda não está claro se haverá investimento público no evento.

Já a Conmebol prometeu manter os estádios fechados para o público e seguir "protocolospoker hands upsaúde rígidos, alinhados com as autoridadespoker hands upsaúde".

Mané Garrincha

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Estádiopoker hands upBrasília viveu auge na Copa do Mundo, com grandes públicos, mas não consegue pagar o investimento e acumula prejuízos depois do Mundial

A entidade também agradeceu o presidente Bolsonaro por viabilizar o campeonato no país.

"Em nome do futebol sul-americano, quero agradecer ao presidente Jair Bolsonaro pela eficiência na tomadapoker hands updecisões, e ao ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, pela parte operacionalpoker hands uprelação à competição", disse Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol,poker hands uppronunciamento nas redes sociais.

Qual é a importância da Copa América?

A Copa América, até 1975 conhecida como Campeonato Sul-Americanopoker hands upFutebol, existe oficialmente desde 1916 — é o torneiopoker hands upseleçõespoker hands upvigor mais antigo do mundo. Com 15 títulos, o Uruguai é o maior vencedor, seguido por Argentina (14), Brasil (9) e Paraguai (2). O Brasil é o atual campeão.

"Até o surgimento da Copa do Mundopoker hands up1930, o campeonato sul-americano era o mais importante para todos os países sul-americanos", explica o historiador Flaviopoker hands upCampos, professor do cursopoker hands uppós-graduaçãopoker hands upHistória Sociocultural do Futebol na Universidadepoker hands upSão Paulo (USP).

"À medida que a Copa do Mundo se consolidou, a Copa América foi perdendo importância gradualmente. Já nos anos 1990, existiu uma grande sobreposiçãopoker hands upcampeonatos e os clubes passaram a reclamar quando precisam ceder seus jogadores para as seleçõespoker hands upseus países", diz Campos, que também é contra a realização do eventopoker hands upmeio ao agravamento da pandemia.

Dessa vez, a grande expectativa gerada pela disputa era a possibilidadepoker hands upLionel Messi finalmente vencer um título porpoker hands upseleçãopoker hands upsolo argentino, chance encerrada com a desistência do paíspoker hands upreceber o evento.

Tite

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Tite será o técnico da Seleção Brasileira durante a Copa América

Já Arnaldo Ribeiro, comentarista esportivo do canal SporTV e do portal UOL, acredita que a competição se enfraqueceu, também, quando passou a ser disputada a cada dois anos, a partirpoker hands up1989. "Houve uma banalização com muitas edições entre as Copas do Mundo e Olimpíada. Hoje, a Copa América é excessiva, desproporcional e irrelevante. Ela é odiada pelos torcedores dos clubes", explica.

Nesta edição, clubes grandes do futebol brasileiro, como São Paulo, Flamengo, Palmeiras e Atlético Mineiro, vão perder jogadores que foram convocados pelas seleções para disputar a Copa América —poker hands upmuitos casos, os atletas custam milhõespoker hands upsalários e direitos esportivos para as agremiações.

No caso do rubro-negro carioca, que tem o elenco mais caro do país, serão oito desfalques, contando atletas que vão jogar a Copa América, as Olimpíadas e Eliminatórias para a Copa do Mundo.

Mesmo com tantos desfalques, o calendário do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, as duas competições mais importantes do país, não serão paralisados por causa dos jogos da seleção. Ou seja, os principais times do país ficarão meses sem algunspoker hands upseus jogadores, gerando um desequilíbrio nas competições mais importantes do país.

"O excessopoker hands upjogospoker hands upseleções não é só um problema da América do Sul. Hoje se joga muitos campeonatospoker hands upseleção no mundo todo, e há um componente financeiro muito grande nesse movimento. Essa é uma reclamação dos clubes também na Europa: a própria Copa do Mundo tem perdido aderênciapoker hands uprelação à Liga dos Campeões da Europa", diz Ribeiro.

No Brasil, o problema se agrava. Por causa da paralisação das atividades no início da pandemia, o calendário, que já sofria com excessopoker hands upjogos, piorou a pontopoker hands updiversos times disputarem partidas com um intervalopoker hands upapenas 48 horas nesta temporada.

O jogador Neymar

Crédito, AFP

Legenda da foto, Neymar é um dos astros que vão jogar a Copa América neste ano

"Esse calendário desumano aumenta muito as chancespoker hands uplesão dos jogadores, alémpoker hands upcercear as férias dos atletas e comprometer o desempenho deles. Os clubes perdem os atletas para a seleção, e também ocorrepoker hands upalguns voltarem lesionados", diz Flaviopoker hands upCampos, da USP.

No ano passado, o atacante Pedro, do Flamengo, sofreu uma lesão durante um treino da Seleção Brasileira. Ele foi cortado do time comandado por Tite e desfalcou o rubro-negro por algumas partidas.

O mesmo ocorreu neste ano com o polonês Robert Lewandowki, atacante do Bayernpoker hands upMunique e eleito melhor jogador do mundopoker hands up2020, que perdeu jogos decisivos da equipe alemã na Liga dos Campeões depoispoker hands upse lesionarpoker hands upuma partida da seleçãopoker hands upseu país.

Mas os atletas não poderiam se revoltar contra esses problemas e decidir por não entrarpoker hands upcampo?

Em entrevista à BBC News Brasil, o ex-goleiro e ídolo da seleção paraguaia José Luis Chilavert afirmou que os jogadores deveriam boicotar a Copa América.

"É uma loucura, uma aberração fazer uma Copa América neste momento. E pior ainda no Brasil, o país que todos sabemos como está na pandemia. O país com a pior situação sanitária, com mais casos (de coronavírus) na região", disse Chilavert.

Porém, alémpoker hands upboicotes como esse não serem comuns no futebol mundial, há uma cultura no esporte que prejudica atletas que se recusem a jogar com a camisapoker hands upseu país, diz Arnaldo Ribeiro.

"No futebol, quando um jogador decide não jogar, ele é taxado como 'traidor da pátria', alguém que não valoriza a camisa da seleção. Alguns jogadores já sofreram consequências por fazer isso, como não ser mais convocado", afirma o jornalista.

Direitospoker hands uptransmissão

Na média, o torcedor brasileiro não tem se importado muito com a Copa América nos últimos anos, embora, na última edição, a Seleção Brasileira tenha ganhado a taçapoker hands upum jogo com um Maracanã lotado (3 a 0 sobre o Peru).

Nessa última disputa,poker hands up2019, as arquibancadas vaziaspoker hands upmuitos dos jogos, principalmente na primeira fase, chamaram a atenção da imprensa esportiva. Na média, o público ficoupoker hands up34,6 mil pessoas por partida, 37% maior que a edição anterior, no Chile, mas bastante aquém da capacidade dos estádios brasileiros.

Um levantamento divulgadopoker hands upabril deste ano pela Sport Track, empresa especializadapoker hands uppesquisas na áreapoker hands upesportes, apontou que a Copa América é a 5ª colocada no rolpoker hands upcompetições favoritas do torcedor brasileiro — apenas 29% dos entrevistados tinham interesse na disputa.

Em primeiro lugar, aparece a Libertadores (57%), seguida por Copa do Mundo (54%), Liga dos Campeões da Europa (37%) e Mundialpoker hands upClubes (30%).

"No Brasil, as pessoas gostam mais dos clubespoker hands upfutebol, o mercado é todo focado nos clubes. Seleção importa para o torcedor apenas na Copa do Mundo", diz Rodrigo Capelo, repórter especializadopoker hands upnegócios do esporte do site Globo Esporte.

"Cancelar o Campeonato Brasileiro, por exemplo, seria catastrófico para os clubes. Ele movimenta o mercado, com patrocínios, premiações, geraçãopoker hands upempregos para milharespoker hands upprofissionais. Estima-se que a Copa América arrecade US$ 120 milhões, mas o dinheiro vai principalmente para a Conmebol e confederações nacionais. A entidade já tem cercapoker hands upUS$ 170 milhõespoker hands upcaixa. Na minha opinião, um ano sem Copa América não teria consequências tão grandes para a Conmebol como um possível cancelamento do Campeonato Brasileiros teria para o mercado", diz.

Ao contrário das últimas edições, exibidas pela TV Globo, neste ano a Copa América será transmitida pelo SBT — a emissorapoker hands upSilvio Santos teria pago US$ 6 milhões pelos direitos à Conmebol, segundo o portal UOL.

Na terça-feira, ao ser questionado sobre a competição, o presidente Jair Bolsonaro citou a TV Globo, grupo considerado por ele como adversário. "TV Globo, [vocês] perderam. E abram o olho para 2022", completou,poker hands upalusão à renovaçãopoker hands upparte das concessões públicas da emissora, que vence no ano que vem.

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