CPI da Covid: o que será investigado sobre suposto 'ministério paralelo'568 pagbetBolsonaro:568 pagbet
Governistas afirmam, por568 pagbetvez, que essa tese é uma narrativa construída pela oposição para tentar criminalizar o comportamento568 pagbetBolsonaro.
Mas críticos afirmam que a influência568 pagbetvozes568 pagbetfora do Ministério da Saúde fez com que medidas equivocadas fossem adotadas no combate ao coronavírus, com impacto também sobre a compra568 pagbetvacinas.
Em entrevista coletiva568 pagbet13568 pagbetmaio, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou que "existia um comando no Palácio do Planalto que compreendia como estratégia para enfrentamento da pandemia a contaminação568 pagbettodos, a cloroquina como solução, e a chamada imunidade coletiva. Esse comando não apostava nos meios da ciência".
Essa argumentação foi amplificada no último final568 pagbetsemana, quando uma reportagem do portal Metrópoles recuperou vídeos568 pagbetArthur Weintraub dizendo, no início da pandemia, que havia tomado a iniciativa568 pagbetreunir médicos pró-cloroquina para assessorar o presidente da República (leia mais abaixo).
Os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também confirmaram à BBC News Brasil que a atuação desse suposto "assessoramento paralelo" é uma das principais conclusões das primeiras semanas568 pagbetdepoimentos na CPI.
"Chama a atenção esse gabinete paralelo que dava orientações contrárias às oficiais às (dos ex-ministros da Saúde) Mandetta e Teich", disse Vieira.
Governistas, no entanto, negam a existência568 pagbetuma estrutura sobreposta à do Ministério da Saúde.
"Não é ilegal ou impróprio ele (Bolsonaro) se aconselhar com pessoas que não façam parte da administração pública, isso não é proibido. O que tem568 pagbetexagerado é dizer que existia esse gabinete paralelo, como se fosse uma coisa se sobrepondo ao Ministério da Saúde. Isso nunca existiu, é uma teoria conspiratória", diz à BBC News Brasil o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Congresso e suplente na CPI.
"É uma mera narrativa política, para tentar criar base material para criminalizar as ações do presidente da República. Não tem materialidade para avançar."
Ao depor à CPI, os também ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) disseram não ter conhecimento568 pagbetconselheiros extraoficiais que tivessem influência sobre o presidente.
E ao depor à CPI, na última terça (25/5), a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina", disse que "nunca" participou568 pagbetnenhuma reunião com pessoas alheias à estrutura do Ministério da Saúde.
A seguir, veja quais foram as revelações feitas na CPI e fora dela que levantaram as suspeitas568 pagbettorno568 pagbetum "gabinete paralelo".
'Contraposição à estratégia do Ministério da Saúde'
Uma das primeiras menções a esse suposto aconselhamento extraoficial foi feita pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido do Ministério da Saúde568 pagbet16568 pagbetabril.
Em seu livro Um Paciente Chamado Brasil, publicado568 pagbetsetembro, Mandetta afirma que, ainda no início da pandemia,568 pagbetmarço568 pagbet2020, "Bolsonaro passou também a buscar a assessoria568 pagbetoutras pessoas para se contrapor aos dados e à estratégia do Ministério da Saúde. Chamou o (deputado) Osmar Terra e a médica Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina como remédio salvador contra a covid-19, para uma conversa. O Palácio do Planalto passou a ser frequentado por médicos bolsonaristas", escreveu.
Prossegue Mandetta: "Percebi que ele (Bolsonaro) estava convocando por conta própria pessoas alinhadas à política que ele achava adequada, que era a da defesa da cloroquina e a da abertura da economia".
Nise Yamaguchi chegou a ser cotada para o Ministério da Saúde, mas não tem cargo oficial no governo. Apesar disso, foi citada pela emissora estatal TV Brasil como "integrante568 pagbetum comitê568 pagbetcrise no combate ao coronavírus junto ao governo",568 pagbetentrevista concedida pela médica568 pagbet7568 pagbetjulho568 pagbet2020.
Na entrevista, a médica falou que o principal era "tratar precocemente" o coronavírus e defendeu o uso hidroxicloroquina contra a covid-19, embora o medicamento seja contraindicado por todas as principais agências internacionais e sociedades médicas, por seus efeitos colaterais e porque os estudos clínicos mais qualificados apontaram, até agora, a ineficácia da droga contra o coronavírus.
Osmar Terra (MDB-RS), por568 pagbetvez, é próximo ao presidente Bolsonaro e um dos defensores da ideia568 pagbetque seria a imunidade por contaminação —568 pagbetvez do isolamento social — que faria a contenção do coronavírus entre grupos menos vulneráveis.
Embora o Ministério da Saúde nunca tenha oficialmente adotado a estratégia568 pagbetimunidade568 pagbetrebanho sem vacinas, Bolsonaro disse diversas vezes que a contaminação da maioria da população era inevitável e que "ajudaria a não proliferar" a doença.
"Muitos pegarão isso (vírus) independente (sic) dos cuidados que tomem. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde", afirmou Bolsonaro568 pagbet15568 pagbetmarço568 pagbet2020 à CNN Brasil.
No mês seguinte, Bolsonaro afirmou que "o vírus vai atingir 70% da população, infelizmente é uma realidade".
Do ponto568 pagbetvista científico, a imunidade568 pagbetrebanho é obtida por meio568 pagbetvacinação, criando-se uma proteção coletiva contra determinada doença, e não facilitando-se a contaminação — algo que, no caso da covid-19, potencialmente aumenta o número568 pagbetmortes e dá oportunidade para o vírus desenvolver novas variantes mais perigosas.
Em seu depoimento, Eduardo Pazuello afirmou ter ouvido a tese568 pagbetimunidade568 pagbetrebanho568 pagbetOsmar Terra. Mas, questionado se a estratégia foi adotada na pandemia, Pazuello respondeu que "em hipótese alguma".
Mayra Pinheiro também foi na mesma linha, dizendo que a tese568 pagbetimunidade568 pagbetrebanho não poderia ser usada568 pagbetgrandes populações como a brasileira.
Bula da cloroquina
Tanto Mandetta quando seu sucessor, Nelson Teich, citaram568 pagbetseus depoimentos à CPI a influência568 pagbet"outros profissionais" que não os da pasta da Saúde na definição da estratégia oficial contra o coronavírus.
Mandetta fez menção a uma reunião dentro do Palácio do Planalto "de vários ministros e médicos" na qual havia "um papel não timbrado568 pagbetdecreto presidencial para que fosse sugerido que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa (Agência Nacional568 pagbetVigilância Sanitária), colocando na bula a indicação568 pagbetcloroquina para o coronavírus".
Essa reunião foi confirmada no depoimento568 pagbetAntonio Barra Torres, presidente da Anvisa, que declarou que a minuta568 pagbetmudança568 pagbetbula fora comentada por Nise Yamaguchi.
"(Isso) provocou uma reação até um pouco deseducada minha,568 pagbetdizer que aquilo (mudança568 pagbetbula) não poderia ser", afirmou Barra Torres.
O tema provavelmente voltará a ser abordado no depoimento568 pagbetNise Yamaguchi na próxima terça. Pelo Twitter, a médica declarou568 pagbet16568 pagbetmaio que "bulas por decreto não existem". "Existe sim evidência científica acumulada e568 pagbetcredibilidade sustentando condutas568 pagbetmédicos maravilhosos do mundo inteiro."
Arthur Weintraub 'uniu os médicos'
Ex-assessor da Presidência e hoje na OEA (Organização dos Estados Americanos), o advogado Arthur Weintraub declarou,568 pagbetlive568 pagbetabril568 pagbet2020 com o deputado Eduardo Bolsonaro, que o presidente da República o havia incumbido568 pagbet"estudar isso aí",568 pagbetreferência ao coronavírus.
"Comecei a ler artigo científico, não era artigo, é isso que o pessoal solta, o que eles estão pesquisando para difundir conhecimento, e esses caras foram me mandando", diz Weintraub na live."Daí eu falei pra ele (presidente): 'cloroquina tá funcionando, já tem resultado'."
Weintraub (que é irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub) diz que mandou informações sobre a cloroquina a Bolsonaro "no zap" e, quando se encontrou com o presidente da República, ouviu dele: "tô tirando o tributo da cloroquina, da azitromicina, do zinco e da vitamina D, vamos jogar isso pras pessoas".
Esses medicamentos e suplementos mais tarde comporiam o que o governo passou a chamar568 pagbet"tratamento precoce", que não tem nenhuma eficácia comprovada contra a covid-19.
Ao apresentar requerimento para convocar Weintraub à CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que "esse 'ministério paralelo' que operava nos porões do governo está vindo à luz, com seus operadores mais evidentes a cada dia".
Em evento oficial568 pagbet14568 pagbetagosto no Palácio do Planalto, Arthur Weintraub disse que fazia contato com médicos alinhados ao bolsonarismo desde fevereiro568 pagbet2020.
No mesmo evento, um desses médicos, Luciano Azevedo, agradeceu Weintraub por tê-lo procurado. "Desde o início568 pagbetfevereiro ele nos procurou, ele uniu os grupos568 pagbetmédicos para estudarem a doença, pesquisarem as soluções. (...) O senhor Arthur nos abriu portas, inicialmente comigo, com a doutora Nise (Yamaguchi), o doutor Paolo Zanotto".
Zanotto é pesquisador da USP e,568 pagbetabril568 pagbet2020, publicou vídeos e postagens nas redes sociais defendendo a hidroxicloroquina contra a covid-19. Acabou sendo desautorizado pela USP, que568 pagbetnota naquele mês declarou que "as colocações feitas pelo docente são568 pagbetsua inteira responsabilidade e não representam uma posição institucional".
Wizard: 'Passei um mês568 pagbetBrasília como conselheiro'
Outro nome que teria envolvimento nesse suposto aconselhamento paralelo é o do empresário Carlos Wizard, que568 pagbetentrevista à TV Brasil568 pagbetjulho do ano passado declarou que havia "passado um mês568 pagbetBrasília junto ao ministro Eduardo Pazuello, atuando como um conselheiro do Ministério da Saúde".
Disse que foi convidado a assumir uma das secretarias da pasta, "mas preferi não aceitar o convite para trabalhar568 pagbetforma independente e solidária no combate à covid-19".
Nesse contexto, prosseguiu ele, teve contato com "autoridades médicas" como Yamaguchi e outros, "compartilhando com a população o tratamento precoce".
Eduardo Pazuello, porém, negou isso ao depor à CPI.
"Carlos Wizard, por si só, propôs reunir um grupo568 pagbetmédicos para aconselhamento, mas eu não aceitei. Teve uma reunião568 pagbet15 minutos e não gostei da dinâmica da conversa. Não tive aconselhamento nem assessoramento568 pagbetgrupos568 pagbetmédicos."
Negociações com a Pfizer fora do Ministério da Saúde
Ao depor na CPI, o executivo da farmacêutica Pfizer Carlos Murillo afirmou que uma reunião568 pagbetnegociação para a compra568 pagbetvacinas contou com a presença568 pagbetFabio Wajngarten, então secretário568 pagbetComunicação do governo, Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio568 pagbetJaneiro que não detém nenhum cargo oficial no governo federal, e Filipe Martins, assessor internacional da Presidência (também convocado a depor na CPI).
Wajngarten já depôs na CPI e disse que se envolveu nas tratativas com a Pfizer, apesar568 pagbetsua pasta não ter qualquer relação com a área, porque o processo estava sofrendo "entraves" na burocracia governamental.
"Vi por bem levar o assunto Pfizer ao presidente Bolsonaro na busca568 pagbetuma solução rápida, e assim foi feito. Minha atitude proativa568 pagbetrelação ao laboratório produtor da vacina foi republicana e no sentido568 pagbetajudar. Nunca participei568 pagbetnegociação. O que busquei sempre foi o maior número568 pagbetvacinas para atender a população brasileira com uma vacina que tinha maior eficácia", afirmou Wajngarten.
Ele citou uma carta da farmacêutica americana enviada ao governo brasileiro que ficou dois meses sem ser respondida.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, disse naquela sessão que o envolvimento568 pagbetWajngarten568 pagbettema desvinculado da568 pagbetárea568 pagbetatuação reforçava os indícios568 pagbetque Jair Bolsonaro teria uma "consultoria paralela".
Isso foi mencionado também pelo senador Randolfe Rodrigues, que afirmou que os depoimentos568 pagbetWajngarten e Murillo sugerem que essa consultoria teria tido "ingerência nas negociações das vacinas".
"Temos que entender melhor quem fazia parte desse gabinete paralelo para ver, deste comando,568 pagbetquem é importante pedir quebra568 pagbetsigilo e a quem é importante fazer a convocação", agregou o senador568 pagbet13568 pagbetmaio.
Wajngarten, por568 pagbetvez, também negou ter conhecimento568 pagbetredes extraoficiais568 pagbetaconselhamento a Bolsonaro.
Para o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), a convocação568 pagbetgovernadores estaduais para depor na CPI, definida na quarta-feira (26/5), ajudará a acabar com a "farsa da oposição".
O também governista Fernando Bezerra Coelho afirma que os senadores da oposição se sustentam568 pagbetteses "frágeis" e que o "melhor caminho para a CPI é aperfeiçoar a legislação sanitária do Brasil, para quando outra pandemia ocorrer".
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