CPI da Covid: possível ingerência políticapixbet bolaoBolsonaro é alvopixbet bolaodepoimento do chefe da Anvisa:pixbet bolao

Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres

Crédito, Agência Senado

Legenda da foto, Presidente da Anvisa falará à CPI da Covid sobre vacinas na terça-feira

pixbet bolao A Comissão Parlamentarpixbet bolaoInquérito (CPI) da Covid recebe nesta terça-feira (11/05) o presidente da Agência Nacionalpixbet bolaoVigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, para depor como testemunha. A possível ingerência políticapixbet bolaoBolsonaro sobre a Anvisa deverá ser o foco do depoimento.

A agência, responsável por autorizar o usopixbet bolaovacinas no país, esteve algumas vezes no centropixbet bolaopolêmicas ao analisar os imunizantes contra covid-19, sofrendo acusaçõespixbet bolaopossível ingerência política por parte do presidente Jair Bolsonaro.

No início da pandemia,pixbet bolao15pixbet bolaomarço do ano passado, Barra Torres chegou a participarpixbet bolaoato a favor do governo no Palácio do Planalto, ao ladopixbet bolaoBolsonaro. Ambos sem máscara interagiram com apoiadores do presidente, atitude que contribuiu para arranhar a imagempixbet bolaoindependência da Anvisa.

Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a autonomia da agência será o principal tema abordado pela CPI.

"Seguramente, o foco será esclarecer a informação sobre interferência política ou não na Anvisa. E as dificuldades que eles estão enfrentando no tocante à (autorização da) vacina Sputnik e que enfrentaram no passado na relação com o Butantan (para autorização da CoronaVac). São os três pontos mais relevantes", ressaltou ele à BBC News Brasil.

A Sputnik V é uma vacina desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya que teve recentementepixbet bolaoautorização para importação rejeitada pela Anvisa. O órgão vem sendo pressionado a rever essa decisão por governos estaduais que têm contrato para comprapixbet bolao66 milhõespixbet bolaodoses.

Já a Coronavac é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan (órgão estadual paulista)pixbet bolaoparceria com o laboratório chinês Sinovac. Seu uso foi autorizado após muita controvérsia devido a sucessivas declaraçõespixbet bolaoBolsonaro contra a vacina.

Isso porque o imunizante era visto como um trunfo político para o governadorpixbet bolaoSão Paulo, João Doria, adversário do presidente.

Barra Torres e Bolsonaro

Crédito, Reprodução/Facebook

Legenda da foto, Sem máscara, ao ladopixbet bolaoBolsonaro, presidente da Anvisa participapixbet bolaoato a favor do governopixbet bolaomarçopixbet bolao2020

Em outubropixbet bolao2020, o presidente chegou a desautorizar o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após ele anunciar que iria fechar contrato para comprapixbet bolao46 milhõespixbet bolaodoses da CoronaVac.

"A vacina chinesapixbet bolaoJoão Doria, qualquer vacina antespixbet bolaoser disponibilizada à população, deve ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaiapixbet bolaoninguém. Minha decisão é apixbet bolaonão adquirir a referida vacina", disse Bolsonaro na ocasião.

Pouco depois,pixbet bolaonovembro, a Anvisa foi alvopixbet bolaocríticas ao suspender a fase três dos testes da CoronaVac após a mortepixbet bolaoum dos voluntários. O Butantan disse que isso não era necessário porque a causa do óbito não tinha qualquer relação com a vacina (tratava-sepixbet bolaoum suicídio).

A agência, porpixbet bolaovez, argumentou que o instituto paulista não disponibilizou todas as informações necessárias para que fosse descartada qualquer ligação entre a morte e o uso da CoronaVac. A retomada do estudo clínico foi liberada um dia depois.

Quando houve a paralisação, porém, Bolsonaro chegou a comemorar a decisão.

"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu o presidente empixbet bolaopágina no Facebook.

João Doria sendo vacinado

Crédito, Governopixbet bolaoSão Paulo

Legenda da foto, João Doria é vacinado com CoronaVac: vacina do Butantan virou trunfo político do governador

Diante da pressão pela vacinação no país, o contrato entre Ministério da Saúde e Butantan acabou sendo firmadopixbet bolao7pixbet bolaojaneiro — dez dias depois a Anvisa autorizou o uso da CoronaVac. A vacina do Butantan hoje responde por cercapixbet bolao80% das aplicações contra covid-19 no Brasil.

"O mais importante (no depoimento do Barra Torres) é o fatopixbet bolaoquepixbet bolaovários momentos o presidente da República tomou posições contra a aprovação da vacina CoronaVac, questionandopixbet bolao qualidade", afirmou à reportagem o senador Humberto Costa (PT-PE).

"Houve momentos que ele disse que não iria comprar essa 'vacina chinesa'. Então, nós queremos saber sepixbet bolaoalguma forma essa visão dele resultoupixbet bolaoalgum tipopixbet bolaopressão sobre a Anvisa. Se ele tentoupixbet bolaoalguma maneira interferir nas ações da Anvisa", reforça.

Anvisa diz que decisões são técnicas

Diante das críticas, Barra Torres tem respondido que as decisões da Anvisa são técnicas. A recente recusa à importação da Sputnik V foi inclusive defendida por especialistas independentes nas redes sociais.

"Infelizmente, não há condições para a Anvisa autorizar a importação da vacina Sputnik V da Rússia no momento. Faltam muitos dados. É totalmente compreensível a pressapixbet bolaogovernadores, mas a Anvisa tem obrigaçãopixbet bolaogarantir a qualidade da vacina e não há como fazer isso hoje", escreveu no Twitter, após a decisão da agência, o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, pesquisador do Centropixbet bolaoPesquisapixbet bolaoDireito Sanitário da USP.

Segundo o órgão, a autorização foi negada porque os documentos submetidos à Anvisa sobre a Sputnik indicavam "ausência ou insuficiênciapixbet bolaodadospixbet bolaocontrolepixbet bolaoqualidade, segurança e eficácia".

No centro da polêmica está a presença ou nãopixbet bolaovírus capazespixbet bolaose replicar na vacina russa. Os responsáveis pelo imunizante negam que ela tenha esse problema, mas foi um dos principais motivospixbet bolaoa agência negar a importação, porque isso poderia trazer riscos à saúde.

"Uma das informações preocupantes com relação à avaliação dos dados disponíveis até o momento é que as células onde os adenovírus são produzidos para o desenvolvimento da vacina permitempixbet bolaoreplicação. Isso pode acarretar infecçõespixbet bolaoseres humanos, podendo causar danos e óbitos, especialmentepixbet bolaopessoas com baixa imunidade e problemas respiratórios, entre outros problemaspixbet bolaosaúde", diz comunicado do governo federal sobre a decisão da Anvisa.

Frascos da vacina Sputnik

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Governadorespixbet bolaonove Estados querem importar 66 milhõespixbet bolaodoses da Sputnik V

A recusa à importação ocorreupixbet bolao26pixbet bolaoabril, quando a Anvisa analisou pedido para comprapixbet bolao66 milhõespixbet bolaodoses da Sputnik V feito por nove Estados (Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Rondônia).

Na sexta-feira (07/05), a Comissão Temporária da Covid-19 do Senado (órgão paralelo à CPI) realizou uma audiência com a participaçãopixbet bolaorepresentantes da Anvisa, dos Estados e da União Química, laboratório brasileiro que fechou parceria com o instituto russo Gamaleya.

Segundo o representante da União Química, Fernando Marques, um novo pedido para liberação da Sputnik V no Brasil vai ser apresentado à agência.

"Eu tenho muita confiança na qualidade técnica do corpo funcional da Anvisa, confio muito nas decisões deles. Agora, eu acho que tem que ser levadopixbet bolaoconsideração o momento que a gente está vivendo, a inexistênciapixbet bolaovacina (suficiente contra covid-19). Temos que trabalhar para construir um consenso técnico mínimo", defende o senador Humberto Costa.