'Brasil precisa pararcasas de apostas do futebol mundialanistiar irregularidades', diz lídercasas de apostas do futebol mundialempresários do agronegócio:casas de apostas do futebol mundial

Lavoura vizinha a floresta

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Desmatamento na Amazônia atingiucasas de apostas do futebol mundial2020 o maior índice dos últimos 12 anos, gerando críticas internacionais ao país

Em entrevista à BBC News Brasil, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, diz que a propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá premiaria quem cometeu ilegalidades.

"O Brasil precisa parar com essa coisacasas de apostas do futebol mundialanistiar irregularidades. Essa lei aí nada mais é do que mais uma anistia premiando quem não fez as coisas direito", diz Brito.

A Abag, associação que Brito preside desde 2019, é composta por 67 empresas ou associações do setor. Entre seus integrantes há pesos pesados da agroindústria, como JBS, Bayer, BASF, Syngenta, Cargill, John Deere e Raízen. É ainda composta por bancos, como Santander, ItaúBBA e Banco do Brasil.

A Abag é parte da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, que na quarta-feira (28/04) divulgou uma carta crítica ao PL 510/2021.

Segundo a coalizão — que agrega empresas, ONGs ambientalistas e associações setoriais —, o PL "pode causar grande prejuízo às florestas públicas e às populações tradicionais da Amazônia brasileira".

Marcello Brito

Crédito, Divulgação/ABAG

Legenda da foto, Para Marcello Brito, da Abag, empresas são mais sensíveis que proprietários rurais às preocupações ambientaiscasas de apostas do futebol mundialconsumidores

O PL 510/2021 mudaria as regras para a privatizaçãocasas de apostas do futebol mundialterras federais desmatadas ilegalmente e teria maior impacto na Amazônia, onde essas áreas se concentram. O texto se baseia numa Medida Provisória (MP) editada pelo presidente Jair Bolsonarocasas de apostas do futebol mundial2019, que caducou por não ter sido aprovada no Congresso a tempo.

A propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá mudacasas de apostas do futebol mundial2011 para 2014 o chamado marco temporal das ocupações — prazo até o qual áreas públicas desmatadas podem ser privatizadas segundo os trâmites já existentes. A iniciativa cria ainda uma brecha para a regularizaçãocasas de apostas do futebol mundialáreas derrubadas atualmente ou no futuro.

Defensores do projeto dizem que ele promoveria a "regularização fundiária"casas de apostas do futebol mundialterras da União, o que impulsionaria a produçãocasas de apostas do futebol mundialalimentos e facilitaria o controle do desmatamento.

Em nota enviada à BBC no iníciocasas de apostas do futebol mundialabril, o autor da proposta, senador Irajá Abreu (PSD-TO), filho da também senadora Kátia Abreu (PSD-TO), disse buscar atender "milharescasas de apostas do futebol mundialfamíliascasas de apostas do futebol mundialprodutores que aceitaram o desafio proposto pelo governocasas de apostas do futebol mundialocupar áreas não povoadas na décadacasas de apostas do futebol mundial1970 e até hoje, passados maiscasas de apostas do futebol mundial50 anos, não receberam os títuloscasas de apostas do futebol mundialsuas propriedades".

Mas para Marcello Brito, da Associação Brasileira do Agronegócio, se o objetivo é atender quem migrou para a Amazônia há décadas, não faz sentido contemplar desmates ocorridos nos últimos anos.

Segundo ele, mudar o chamado marco temporal "a cada ano que passa, mais para cima, não é a concretização da justiça para quem foi para lá (Amazônia) 30 anos atrás". A última alteração no marco temporal das ocupações ocorreucasas de apostas do futebol mundial2017, quando o prazo passoucasas de apostas do futebol mundial2004 para 2011.

Questionado sobre quem se beneficiaria com a propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá, Brito respondeu: "Prefiro não entrar nisso. Com certeza não são aqueles que esperam há 20, 30 anos que o governo faça valercasas de apostas do futebol mundialobrigação."

Brito diz que a "regularização fundiária talvez seja um dos pontos mais importantes para a consolidação do processocasas de apostas do futebol mundialdesenvolvimento do Brasil".

Mas ele afirma que a legislação atual já dá conta do tema. "As coisas não deixamcasas de apostas do futebol mundialacontecer por causa dessa ou daquela lei, elas não acontecem por faltacasas de apostas do futebol mundialestrutura dos órgãos responsáveis por fazer valer a lei fundiária brasileira.

Soja

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Maior associaçãocasas de apostas do futebol mundialprodutorescasas de apostas do futebol mundialsoja é próximacasas de apostas do futebol mundialBolsonaro e deixou a Abag por discordarcasas de apostas do futebol mundialcarta com sugestões para frear o desmatamento

Nos últimos anos, o Incra (Instituto Nacionalcasas de apostas do futebol mundialColonização e Reforma Agrária), principal órgão responsável pela regularização fundiária no país, tem perdido verbas e servidores.

"A gente fica se escondendo atráscasas de apostas do futebol mundialleis salvadoras, mas o processocasas de apostas do futebol mundialregularização no Brasil vem a cada ano que passa mais lento", diz o presidente da Abag.

"À medida que a tecnologia aumenta, que aumenta a inovação, acesso a satélite, digitalização, o que explica a gente não conseguir fazer o processo andar mais rápido?", questiona.

Para Brito, não basta regularizar propriedades privadas; é preciso também cuidar para que áreas públicas vizinhas não sejam invadidas, tema não contemplado pela propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá.

Ele diz que a proposta não foi debatida e é quase uma cópia da MP 910, "que já foi rejeitada por boa parte da sociedade no ano passado".

Afirma ainda que a tentativacasas de apostas do futebol mundialaprovação ocorre num momentocasas de apostas do futebol mundialque a imagem do Brasil "já está muito desgastada" por conta da postura ambiental do governo e do avanço do desmatamento na Amazônia.

"Você tem um erro estratégicocasas de apostas do futebol mundialtentar reavivar algo que já foi derrotado. Você tem um errocasas de apostas do futebol mundialtiming. Num momentocasas de apostas do futebol mundialpacificação das relações ambientais do país, você vem com algo goela abaixo, dessa forma?"

A BBC News Brasil enviou as críticascasas de apostas do futebol mundialBrito ao senador Irajá, mas ele não respondeu até a publicação desta reportagem.

No início do mês, o senador afirmou por meiocasas de apostas do futebol mundialsua assessoria que a "regularização fundiária garante empregos e renda no campo, alémcasas de apostas do futebol mundialpermitir que os órgãoscasas de apostas do futebol mundialcontrole (...) possam fiscalizar se as leis estão sendo cumpridas por seus proprietários".

"A ideia é trazer produtores e famílias para dentro da formalidade, dar dignidade, estimulando a produção formal e econômica, dando a essas pessoas os seus direitos até para poder cobrar delas as suas obrigações junto ao Estado", afirmou.

A BBC também pediu uma entrevista à Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) sobre a propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá, mas o órgão disse que não responderia. Em seu site, a CNA diz ser favorável à aprovação.

Racha no agronegócio

As críticas à propostacasas de apostas do futebol mundialIrajá por partecasas de apostas do futebol mundialBrito — presidente da principal associação empresarial do agronegócio — se dão num momentocasas de apostas do futebol mundialcrescentes divergências entre parte relevante do agro-empresariado e grandes proprietários rurais.

Em setembro passado, a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtorescasas de apostas do futebol mundialSoja) — representante dos responsáveis pelo item agrícola mais exportado pelo país — deixou a Abag por divergir das posições da entidadecasas de apostas do futebol mundialrelação ao desmatamento na Amazônia.

Dias antes, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura — da qual a Abag faz parte — havia divulgado uma carta com sugestões para combater o desmatamento.

Na época, o então presidente da Aprosoja, Bartolomeu Braz, criticou a Abag por trabalhar na coalizão com "ONGs e banqueiros que têm outros interesses dentro do Brasil".

Em entrevista ao Canal Rural, Braz disse que a associação empresarial tinha "pouco acesso" ao que ocorria "dentro da porteira" — expressão que se refere à atividade dentro das fazendas.

A Aprosoja é próximacasas de apostas do futebol mundialBolsonaro e anunciou que apoiará protestoscasas de apostas do futebol mundialmaiocasas de apostas do futebol mundialdefesa do presidente e contra medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos contra a covid-19.

Carnes penduradas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Grandes empresas brasileiras do setorcasas de apostas do futebol mundialfrigoríficos anunciaram recentemente metas para equilibrar emissões e absorçãocasas de apostas do futebol mundialgases causadores do efeito estufa

Em 23casas de apostas do futebol mundialabril, o novo presidente da Aprosoja, Antônio Galvan, visitou a Terra Indígena Sangradouro,casas de apostas do futebol mundialMato Grosso, e disse que apoiaria comunidades indígenas que queiram produzir soja — tipocasas de apostas do futebol mundialiniciativa que vem sendo estimulado pelo governo Bolsonaro.

A Aprosoja foi uma das grandes entidadescasas de apostas do futebol mundialproprietários rurais brasileiros a assinar um manifestocasas de apostas do futebol mundialdefesa do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,casas de apostas do futebol mundialmaiocasas de apostas do futebol mundial2020, ao ladocasas de apostas do futebol mundialentidades como a Abrafrigo (frigoríficos), Abrafrutas, SRB (Sociedade Rural Brasileira) e Única (cana-de-açúcar).

O manifesto foi uma resposta a uma campanha promovida por ONGs contra Salles após o ministro sugerir,casas de apostas do futebol mundialreunião no Palácio do Planalto que teve o conteúdo divulgado por decisão judicial, que o governo deveria aproveitar a pandemia para "passar a boiada", simplificando e eliminando normas ambientais.

Para Marcello Brito, da Abag, as visões divergentes entre empresas do agronegócio e fazendeiros se devem ao grau distintocasas de apostas do futebol mundialexposição que cada grupo tem a consumidores cada vez mais preocupados com o meio ambiente.

"Quanto mais próximo do consumidor, mais pressão você recebe e mais antenado você está com as mudanças geracionais. Quanto mais longe você está, ou seja, lá na produção primária, menos pressão você sofre e menos influência das tendênciascasas de apostas do futebol mundialconsumocasas de apostas do futebol mundialmercado", diz Brito.

Mas ele afirma que mesmo os proprietários rurais hoje relutantescasas de apostas do futebol mundialmudarcasas de apostas do futebol mundialpostura serão afetados. "A pressão pode demorar a chegar lá embaixo, mas chega."

Nos últimos meses, acompanhando concorrentescasas de apostas do futebol mundialoutras partes do mundo, grandes empresas brasileiras do setorcasas de apostas do futebol mundialcarnes anunciaram metas para atingir equilíbrio entre a emissão e absorçãocasas de apostas do futebol mundialgases causadores do efeito estufa.

Grandes empresas globais também têm anunciado apoio a iniciativas governamentais para preservar florestas e privilegiar energias limpas.

"As questões ambientais vieram para ficar. São questões geracionais. Essa talvez seja a maior dificuldade para o público mais velho hoje", diz Brito.

O presidente da Abag diz que,casas de apostas do futebol mundialfato, muitas críticas externas à postura ambiental do Brasil camuflam interessescasas de apostas do futebol mundialcompetidores do país — argumento frequentemente usado pelo governo.

"Mas acho que isso faz parte do jogo. Num mundo comercial, competitivo, o seu concorrente não facilitacasas de apostas do futebol mundialvida, ele atrapalhacasas de apostas do futebol mundialvida. O que cabe a você é mostrar seus ativos e como eles são trabalhados", diz Brito.

"O Brasil tem um ativo ambiental que, lamentavelmente, estamos trabalhando como passivo. Em vezcasas de apostas do futebol mundialsermos os protagonistas desse processo e continuarmos o liderando, abrimos mão pra ficar atrás, sendo julgados e subjugados por outros."

Ele também atribuiu as divergências internas no agronegócio à forma com que cada grupo se relaciona com o governo.

"Um grupo está olhando para o mercado, e o outro está olhando para um posicionamento político. No nosso caso, não fazemos política, fazemos a defesa do agronegócio brasileirocasas de apostas do futebol mundialrelação ao que ele necessita paracasas de apostas do futebol mundialexpansão mundial, independentecasas de apostas do futebol mundialquem esteja no governo."

Brito afirma que a "mudançacasas de apostas do futebol mundialpostura"casas de apostas do futebol mundialBolsonarocasas de apostas do futebol mundialevento recente sobre mudanças climáticas convocado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, mostra que seu lado "está com a razão".

Ao discursar no evento, o presidente brasileiro - quecasas de apostas do futebol mundialoutras ocasiões chegou a culpar ONGs e indígenas pelo desmatamento na Amazônia - adotou um tom mais brando e disse que seu governo combateria a destruição da floresta.

"Parabenizo a chancelaria brasileira pelo discurso escrito. Foi um discurso que não comprometeu", afirma Brito.

Mas ele diz não saber se a mudança no tom se traduzirácasas de apostas do futebol mundialações concretas.

"Se o que ele colocou vai virar realidade ou não, é outra história. Para nós, está difícilcasas de apostas do futebol mundialacreditar, porque a narrativa não corresponde aos fatos — pelo menos é o que temos visto nesses dois anoscasas de apostas do futebol mundialgoverno."

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