Vacinas brasileiras: o que o Brasil ganha tendo imunizantes nacionais contra a covid-19?:jogos crash apostas
A vacina obteve bons resultadosjogos crash apostascamundongos e os pesquisadores aguardam investimentos e a preparaçãojogos crash apostasum laboratório para iniciar testesjogos crash apostashumanos.
Outro exemplo é a vacina via spray nasaljogos crash apostasuma pesquisa liderada pelo professor da Universidadejogos crash apostasSão Paulo Jorge Kalil. Ele está fazendo testesjogos crash apostasanimais e tenta angariar recursos com empresas brasileiras para viabilizar a pesquisajogos crash apostashumanos.
O governo Bolsonaro também disse que dois outros projetos que receberam verbas federais avançaram e chegaram à fasejogos crash apostastestes clínicos, além da vacina anunciada nesta sexta.
Mas o que o Brasil tem a ganhar com vacinas nacionais contra a covid-19? Não seria melhor importar?
Pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil citam 3 vantagensjogos crash apostascurto e médio prazo:
- Menor dependência externa
- Rapidez na adaptação das vacinas a novas variantes
- Uso do conhecimento para criar vacinas contra outras doenças
- Menor dependênciajogos crash apostasimportações
Pesquisadores apontam que um dos principais benefíciosjogos crash apostasfabricar vacinas no Brasil é reduzir a dependência do paísjogos crash apostasinsumos importados. Atualmente, o Brasil importa maisjogos crash apostas90% dos insumos farmacêuticos usadosjogos crash apostasmedicamentos e vacinas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústriajogos crash apostasInsumos Farmacêuticos.
O problemajogos crash apostasdependerjogos crash apostasoutros países ficou mais evidente durante a pandemia. O calendáriojogos crash apostasvacinação contra a covid-19 sofreu diversos atrasos por dificuldades na entregajogos crash apostasprodutos vindos da Ásia.
As duas vacinas usadas no país, a CoronaVac, distribuída pelo Butantan, e a Oxford-AstraZeneca, disponibilizada pela Fiocruz, hoje dependemjogos crash apostasimportações da China e da Índia.
Essa dependência externa também se aplica à fabricaçãojogos crash apostasoutras vacinas e medicamentos. Atualmente, só existem dois institutos capazesjogos crash apostasproduzir todas as etapasjogos crash apostasuma vacinajogos crash apostasterritório nacional: Butantan e Fiocruz.
E das 17 vacinas distribuídas por esses dois institutos, só quatro são feitas no Brasil, sem depender da importação do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), como é chamada a matéria-prima para produzir imunizantes.
O problema é que o baixo custojogos crash apostasprodutos fabricadosjogos crash apostaspaíses como China e Índia gera desincentivos para que o governo brasileiro invistajogos crash apostastecnologia nacional.
"China e Índia têm escala econômica e mão-de-obra mais barata que a nossa. Podem se dar o luxojogos crash apostaspagar menos e usar um exércitojogos crash apostasgente como mão-de-obra. Além disso, as leis ambientais são mais frouxas. Essa indústria, particularmente a química, é muito suja. Então, obter licença ambiental para uma fábrica que produz IFA (insumo farmacêutico ativo) representa custos", explicou à BBC News Brasil o sanitarista Gonzalo Vecina Neto, que fundou e foi o primeiro presidente da Anvisa.
"No Brasil temos uma preocupação maior com saúde do trabalhar e com o meio-ambiente, então há um gasto maiorjogos crash apostassaída."
Por outro lado, depender totalmente da China e da Índia pode deixar o paísjogos crash apostasposição vulnerável quando precisar com urgênciajogos crash apostasvacinas e outros insumos farmacêuticos, como ocorreu no início do ano. Conflitos diplomáticos com países fornecedores podem resultarjogos crash apostasretaliações e atrasos na entrega.
"Não é só uma questãojogos crash apostascusto e venda. Não é uma questão só econômica, é uma questão estratégica (fabricar vacinas no Brasil)", diz Tiago Rocca, gerentejogos crash apostasparcerias estratégicas e novos negócios do Butantan.
"China e Índia viraram quase produtores únicosjogos crash apostasalguns insumos. Se algo acontece com esses dois fornecedores, o mundo ficajogos crash apostasjoelhos", completa Vecina Neto.
Adaptaçãojogos crash apostasvacinas contra variantes
Uma eventual autossuficiência do Brasiljogos crash apostasvacinas contra a covid-19 também pode ser arma importante contra novas variantes do coronavírus.
Pesquisas indicam que as vacinas que existem no mercado têm eficácia reduzida contra a variantejogos crash apostasManaus, apelidadajogos crash apostasP.1. E, enquanto houver circulaçãojogos crash apostaslarga escala do vírus, como ocorre atualmente no Brasil, novas mutações com maior capacidadejogos crash apostasdriblar vacinas podem surgir.
Pesquisadores dizem que, provavelmente, as vacinas contra covid-19 terão que ser atualizadas todo ano, como ocorre com as vacinas contra gripe, para serem adaptadas às variantes. Portanto, a vacinaçãojogos crash apostastoda a população brasileira não deve encerrar a demanda por vacinas, já que dosesjogos crash apostasreforço podem ser necessárias.
"No início do ano passado, tínhamos só o vírus que surgiujogos crash apostasWuhan, na China. Neste ano, já temos três variantes que causam preocupação. Nesse período do ano que vem, poderemos ter mais variantes. Então, é possível que a vacina tenha que ser atualizada todo ano para acompanhar esse ritmo", diz o virologista Julian Tang, da Universidadejogos crash apostasLeicester, no Reino Unido.
Se o Brasil tiver vacinas 100% nacionais, poderá promover adaptações aos imunizantes mais rapidamente, sem depender da vontadejogos crash apostasfabricantes estrangeiros ejogos crash apostasnovas negociações para a importação dos produtos.
Além disso, se novas variantes surgiremjogos crash apostasdiferentes partes do mundo, os fabricantes europeus podem dar mais urgência à adaptação das suas vacinas às mutações que circulam naquele continente. Ao ter a própria vacina, o Brasil poderá ter maior independência na estratégiajogos crash apostasimunização contra covid.
O presidente do Butatan, Dimas Covas, disse que os pesquisadores do instituto estão utilizando os aspectos genéticos da variantejogos crash apostasManaus nas pesquisas para produzir a ButanVac.
Jorge Kalil e Ana Paula Fernandes também dizem que o processojogos crash apostaselaboração das suas vacinas contemplam a variantejogos crash apostasManaus. Ou seja, a expectativa é que esses imunizantes brasileiros protejam contra a P1, que tende se espalhar por todo Brasil e se tornar o vírus prevalente, por ser mais transmissível que a cepa original.
Uso do conhecimento para fabricar outras vacinas
Os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o conhecimento e a infraestrutura criada para produzir vacinas contra a covid-19 no Brasil poderão ser utilizados, no futuro,jogos crash apostasvacinas contra outras doenças.
A própria ButanVac é um exemplojogos crash apostascomo o conhecimento desenvolvido para combater uma doença pode ser aplicada contra outra. Essa vacina contra a covid-19 vai utilizar a mesma tecnologia da vacina contra a gripe, que também é fabricada pelo Instituto Butantan.
O vetor usado é um vírus chamado Newcastle, que infecta aves. Os pesquisadores injetam nesse vírus os genes da spike do coronavírus, como é chamada a proteína que se encaixa nas células humanas para promover a infecção.
Depoisjogos crash apostasmodificar o vírus Newcastle com a proteína do coronavírus, ele é introduzidojogos crash apostasovosjogos crash apostasgalinha, onde se multiplica. A vacina contra a gripe também é produzida com o usojogos crash apostasovos.
Além disso, a vacina contra covid-19 vai ser feita na mesma fábrica usada para fazer imunizante contra gripe. Se outras fábricas pelo país forem construídas ou adaptadas para produzir vacinas contra covid-19, elas poderão eventualmente ser aproveitadas, no futuro, para produzir imunizantes contra outras doenças.
Ana Paula Fernandes, coordenadora do CT-Vacinas, da UFMG, diz que desenvolver esse conhecimento científico e infraestrutura vai possibilitar, por exemplo, que o Brasil produza vacinas contra doenças regionais que não despertam interessejogos crash apostasfabricantes estrangeiros.
"Por exemplo, tem um tipojogos crash apostasmalária que é comum no Brasil, mas nãojogos crash apostasoutros países. Temos dengue, zika, chikungunya... Fabricar vacinas eficazes contra doenças que predominam aqui é importante para proteger a população", diz a pesquisadora.
Principal desvantagem é custo
Apesar das vantagens mencionadas pelos cientistas, investirjogos crash apostastecnologia nacionaljogos crash apostasvacinas gera custos elevados e demanda vontade política. No final da décadajogos crash apostas1980 e 1990, o Brasil chegou a ter pelo menos cinco institutos com capacidadejogos crash apostasproduçãojogos crash apostasvacinas: Bio-Manguinhos, Instituto Butatan, Fundação Ezequiel Dias, Instituto Vital Brasil e Fundação Ataulphojogos crash apostasPaiva
Na época, o regime militar investiujogos crash apostasprodução nacional por considerar estratégico não dependerjogos crash apostasimportaçõesjogos crash apostasinsumos farmacêuticos. Mas desde a abertura econômica no governojogos crash apostasFernando Collor o Brasil vive um processojogos crash apostasdesinvestimento progressivo do setorjogos crash apostasvacinas, diz Gonzalo Vecina Neto, que foi o primeiro presidente da Anvisa, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Atualmente, só Butantan e Fiocruz fabricam vacinas, do início ao fim do processo, no Brasil.
"O boom das commodities estimulou os governos a navegarjogos crash apostaságuas tranquilas e se fiar na exportaçãojogos crash apostasprodutos agrícolas. Por que FHC e Lula não investiram na autossuficiênciajogos crash apostasvacinas? Faltajogos crash apostasvisãojogos crash apostaslongo prazo. Nenhum dos dois tirou o pé do curto prazo, do populismo local, da reeleição no quarto ano."
Atualmente, o déficit na balança comercial brasileirajogos crash apostasinsumos farmacêuticos éjogos crash apostasR$ 2,1 bilhões (dadojogos crash apostas2019), segundo a Associação Brasileira da Indústriajogos crash apostasInsumos Farmacêuticos (Abiquifi).
Como o Brasil passou por maisjogos crash apostas30 anosjogos crash apostasdesinvestimentos no setor, seria preciso um investimento pesado do poder público para reverter esse cenário.
'Vale da morte'
Os cientistas brasileiros até criaram uma expressão para caracterizar o abismo que eles enxergam entre a descoberta científica e a transformação delajogos crash apostasproduto final: "vale da morte".
Ana Paula Fernandes, que é professora da UFMG, diz que o Brasil têm conhecimento científico para produzir vacinas com tecnologiajogos crash apostasponta, mas falta dinheiro para testarjogos crash apostashumanos e fábricas para produzirjogos crash apostaslarga escala.
"Temos capacidade técnica, pesquisadoresjogos crash apostasponta, mas existem gargalos que impedem que as descobertas se transformemjogos crash apostasvacina. Temos conhecimento técnico para fazer vacinas como a da Pfizer e Moderna contra a covid-19, mas não temos matéria-prima, investimentos e fábricas para produzir", resume.
"Nós temos uma ciênciajogos crash apostasexcelência no Brasil, mas precisamos atravessar o vale da morte, que é ir da descoberta científica nos laboratórios acadêmicos para a fase final, da industrialização", completa Kalil, que também é diretor do Laboratório Incorjogos crash apostasImunologia e ex-presidente do Instituto Butantan.
Se o Brasil conseguir transpor esse abismo, alguns pesquisadores enxergam uma possibilidadejogos crash apostasconquistajogos crash apostasmercados na América Latina e países pobres. O presidente do Butantan disse, ao anunciar a ButanVac, que a intenção é exportar a vacina para paísesjogos crash apostasrenda média e baixa, depois que os brasileiros tiverem sido imunizados.
A produção da ButanVac vai ser feita num consórcio que inclui uma fabricante vietnamita e outra tailandesa, embora 85% da participação nesse grupo seja do Butantan. Portanto, esses dois países deverão receber doses da vacina fabricada no Brasil.
"O Butatan tem o compromissojogos crash apostasfornecer essa vacina para paísesjogos crash apostasrenda baixa e média. Se o mundo rico combate o (coronavírus) porque tem recursos e vai ficar relativamente livre do vírus, os paísesjogos crash apostasrenda baixa e média poderão manter a pandemia. Então, temos que ter vacina para esses países, para globalmente sermos bem-sucedidos", defendeu.
Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa, também enxerga a possibilidadejogos crash apostaso Brasil exportar vacinas, mas ressalta que isso vai depender muito da capacidadejogos crash apostasgestão e diplomacia do país, já que Índia e China também competem por mercados na América do Sul, África e Ásia.
"Vamos ter um produto mais caro que Índia e China, mas vamos gerar emprego internamente e reduzir a dependência externa. E, dependendo da política compensatória, podemos conquistar alguns mercados. Mas, lógico que vamos ter que brigar com cachorro grande."
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