Os chefs que buscam 'descolonizar' a cozinha brasileira ao valorizar seus ingredientes nativos:casas de apostas com bônus grátis no cadastro

Mas, embora os europeus tenham levado do nosso continente alimentos que se tornaram a basecasas de apostas com bônus grátis no cadastrosuas culinárias, como o tomate, a batata e o milho, também trouxeram para a América muitoscasas de apostas com bônus grátis no cadastroseus ingredientes. Ou, como mostra a história, os impuseram,casas de apostas com bônus grátis no cadastrouma dieta que passou a vigorar nas colônias seguindo os hábitos do Velho Continente.

Em todo o tempo que o Brasil foi colônia, as cozinhas regionais foram ignoradas, principalmente ascasas de apostas com bônus grátis no cadastromatrizes indígena e africana. "Para os portugueses que chegaram aqui, só fazia sentido produzir os ingredientes que lhes eram conhecidos, e não olhar para o que o índio cozinhava, por exemplo", explica a chef Bel Coelho.

Foi durante viagens que empreendeu pelo interior do país visitando povos originários brasileiros, quilombolas, cozinheirascasas de apostas com bônus grátis no cadastrocasa e pequenos produtores que ela percebeu que havia uma necessidadecasas de apostas com bônus grátis no cadastro"descolonização" do gosto e da gastronomia brasileira, com o "intuitocasas de apostas com bônus grátis no cadastroresgatar produtos nativos, hábitos ancestrais e técnicas valiosas que contam muito da nossa história".

A chef, a exemplocasas de apostas com bônus grátis no cadastrooutros cozinheiros, passou a criar menuscasas de apostas com bônus grátis no cadastroque utiliza ingredientes e métodos que conheceucasas de apostas com bônus grátis no cadastrodistintas regiões como formacasas de apostas com bônus grátis no cadastrodar maior visibilidade a eles.

No Cuia Café,casas de apostas com bônus grátis no cadastroempreitada mais recentecasas de apostas com bônus grátis no cadastroSão Paulo, ela incluicasas de apostas com bônus grátis no cadastroseus preparos bacuri, aridã, melcasas de apostas com bônus grátis no cadastrojataí e tucupi para mostrar como eles podem ser incorporados nas nossas refeições sem que pareçam iguarias ou alimentos exóticos.

"Falamos muito sobre os efeitos e consequências da colonização do Brasil na nossa história política, econômica e social. Mas será que passamos para pensar nas marcas que elas tiveram do pontocasas de apostas com bônus grátis no cadastrovista do gosto e do comer?", questiona a cozinheira.

Segundo Bel Coelho, foram séculoscasas de apostas com bônus grátis no cadastrocolonização nos quais os fluxos migratórios impuseramcasas de apostas com bônus grátis no cadastrocerta maneira uma cultura alimentar que pouco incluía alimentos da nossa flora e fauna nativa, muito menos tecnologias já desenvolvidas por povos indígenas (como métodoscasas de apostas com bônus grátis no cadastrofermentação e até ferramentas engenhosas como o tipiti, usado ainda hoje para extrair o caldo da mandioca).

"Não quero com isso dizer que devemos negar os 500 anoscasas de apostas com bônus grátis no cadastroexploração, colonização e imigração portuguesas e suas influências marcantes na constituição do que podemos chamarcasas de apostas com bônus grátis no cadastrocultura alimentar brasileira", ela diz. Nem tampouco, acrescenta, outros fluxos imigratórios importantes que ajudaram a definir a nossa vasta mesa.

"Não há dúvida que esse caldo cultural do pós-colonialismo enriqueceu nossa culturacasas de apostas com bônus grátis no cadastromuitos aspectos. Mas o que proponho é um novo olhar, generoso e humilde, sobre o que foicasas de apostas com bônus grátis no cadastrofato encontrado nessas terras quando os europeus chegaram aqui", diz.

Afirmação amazônica

Isso é algo que muitos chefs também parecem mais dispostos do que nuncacasas de apostas com bônus grátis no cadastrotirar das sombras. Desde que abriu o Caxiri,casas de apostas com bônus grátis no cadastroSão Paulo, o propósitocasas de apostas com bônus grátis no cadastroDébora Shornik tem sido enaltecer a riqueza da Amazônia por meiocasas de apostas com bônus grátis no cadastroseus povos e ingredientes.

Sua intensa relação com a floresta e os povos ribeirinhos a fizeram mais recentemente se estabelecercasas de apostas com bônus grátis no cadastroManaus, onde a cozinheira comanda dois outros restaurantes. Para ela, já passamos da fase do preconceito sobre os ingredientes nativos, como o próprio tucupi, o puxuri, o pirarucu, uma vez que há muitos restaurantes os utilizandocada vez mais.

"Talvez o que ainda falta é um certo entendimento sobre eles, enxergá-los e consumi-loscasas de apostas com bônus grátis no cadastroforma simples, como parte do nosso cotidiano, que não sejam ingredientes só para comercasas de apostas com bônus grátis no cadastrorestaurantes", diz Débora Shornik, sobre a prevalência desses produtos ainda nas altas cozinhas, especialmente quando nos afastamoscasas de apostas com bônus grátis no cadastrosuas regiões tradicionais.

"Isso seria a afirmaçãocasas de apostas com bônus grátis no cadastrouma compreensão e a aceitação real desses produtos na nossa cozinha,casas de apostas com bônus grátis no cadastrotê-los como uma realidade, e não como uma tendência, como modismos", defende.

Para a chef, ao mesmo tempo que precisam ganhar representatividade, é necessário mantê-los protegidos para que não se descaracterizem.

"Aproximar do grande público sem se afastar das comunidades", resume, dando o exemplo do açaí, que se popularizou, mas foi transformadocasas de apostas com bônus grátis no cadastroalgo muito distantecasas de apostas com bônus grátis no cadastrocomo é tradicionalmente consumido no Norte — com peixe e pratos salgados, e não tendo seu sabor "disfarçado" com quantidades enormescasas de apostas com bônus grátis no cadastroaçúcar, o que não deixacasas de apostas com bônus grátis no cadastroser uma formacasas de apostas com bônus grátis no cadastrocolonização do sabor.

"Sofremos um apagamento histórico profundo,casas de apostas com bônus grátis no cadastrocerta forma nos foi negado o que era nosso, nos foi ensinado que o que vinhacasas de apostas com bônus grátis no cadastrofora era melhor. Nos viciaramcasas de apostas com bônus grátis no cadastroaçúcar,casas de apostas com bônus grátis no cadastrotrigo,casas de apostas com bônus grátis no cadastrocarne. Isso ficou marcado tanto na nossa memória quanto no nosso DNA", afirma.

Agora, a emancipação da gastronomia brasileira passa por mostrar que as tradições nativas constituem um valor alimentar enorme para o nosso povo, no prato e na sociedade.

Representatividade na cozinha

Débora Shornik é também uma das idealizadoras do Biatüwi, o primeiro restaurantecasas de apostas com bônus grátis no cadastrocomida indígena do país comandado por índios, abertocasas de apostas com bônus grátis no cadastroManauscasas de apostas com bônus grátis no cadastronovembro,casas de apostas com bônus grátis no cadastroplena pandemia.

Ali, o casal João Paulo Barreto (da etnia Tukano) e Clarinda Ramos (de origem Sateré-mawé) serve receitascasas de apostas com bônus grátis no cadastrosuas aldeias, como a quinhapira, um ensopadocasas de apostas com bônus grátis no cadastropeixe feito com tucupi e servido com formigas nativas (maniwara) e farinhacasas de apostas com bônus grátis no cadastromandioca.

"Queremos que os jovens indígenas, mesmo os que hoje vivem na cidade, tenham orgulhocasas de apostas com bônus grátis no cadastrosuas tradições culinárias, e que não digam que pizza écasas de apostas com bônus grátis no cadastrocomida preferida apenas por terem vergonha do que seus pais os ensinaram a comer", afirma João Paulo Barreto.

Ter representantes das diferentes culturas gastronômicas à frentecasas de apostas com bônus grátis no cadastroprojetos como esse é, também, uma formacasas de apostas com bônus grátis no cadastroreparação histórica.

Em Salvador, o chef baiano Fabrício Lemos aposta nos ingredientes que ajudaram a formar a identidade da culinária baiana no seu restaurante, o Origem, para elevá-lacasas de apostas com bônus grátis no cadastroseu cardápio.

Ele focacasas de apostas com bônus grátis no cadastropratoscasas de apostas com bônus grátis no cadastroorigem africana que estavam esquecidos ou ignorados. Um dos exemplos é o efó, uma espéciecasas de apostas com bônus grátis no cadastrorefogadocasas de apostas com bônus grátis no cadastropreparo semelhante ao do caruru, mas feito com língua-de-vaca (um tipocasas de apostas com bônus grátis no cadastroplantas alimentícias não convencional), camarão seco, amendoim e castanhas.

"O intuito não é só tirá-los da sombra, mas fazer com que a cultura por trás deles também não desapareça. Se não os trouxermos para a mesa, ela vai desaparecer, e com isso desaparece parte nossa história, que nunca foi bem destacada", defende.

Para isso, ele tenta quebrar alguns paradigmas ao propor receitas mais criativas e combinações mais ousadas, como o abarajé, um tipocasas de apostas com bônus grátis no cadastroabará empanado e frito servido com vatapá, comocasas de apostas com bônus grátis no cadastroum acarajé.

O público-alvo do restaurante, ele diz, sempre foram os próprios baianos, não os turistas. "Quis trazer pratos mais 'gastronômicos' para despertar o interesse dos locais. As pessoas dizem que não saem para comer esses pratos porque os podem fazercasas de apostas com bônus grátis no cadastrocasa. Mas, no fim, acabam não fazendo, e eles ficam esquecidos", explica.

Para isso, o cozinheiro também criou um projetocasas de apostas com bônus grátis no cadastroque convida chefscasas de apostas com bônus grátis no cadastrooutros Estados do país para cozinharem no Origem, e assim possam aprender mais sobre a culinária baiana e levá-la para outras regiões. "A gente deu sortecasas de apostas com bônus grátis no cadastronascer na Bahia, e ter esses pratos no nosso dia-a-dia, como partecasas de apostas com bônus grátis no cadastrouma culinária tão rica", diz.

Por isso, Fabrício Lemos diz ficar extremamente estarrecido quando produtos-base dessa cozinha acabam perdendo espaço, como é o caso do dendê, que hoje precisa ser trazidocasas de apostas com bônus grátis no cadastrooutros Estados.

"Como é que pode que um dos elementos primordiais da nossa cozinha não seja amplamente produzido aqui?", pergunta. Ironicamente, a Bahia já começa a produzir seu próprio azeitecasas de apostas com bônus grátis no cadastrooliva, uma herança dos portugueses. "É uma provacasas de apostas com bônus grátis no cadastrocomo a nossa cozinha, que advémcasas de apostas com bônus grátis no cadastrouma matriz tão significativa quanto a africana, foi reprimida pelos séculos porque tinhacasas de apostas com bônus grátis no cadastroorigem nos escravos", afirma ele.

O cozinheiro esclarece que o afinco com que segue seu trabalho é para mudar essa visão torta sobre os valores que se perpetuaram nesse processocasas de apostas com bônus grátis no cadastrocolonização.

"Tudo começou pela Bahia, afinal o Brasil foi 'descoberto' aqui, não é? Somos uma minacasas de apostas com bônus grátis no cadastroouro inexplorada, que os portugueses não viram e que não é valorizada muitas vezes nem sequer pelo próprio baiano. Mas estou disposto a trabalhar duro para engrandecê-la."

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