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PIB: Pandemia agrava o que já seria pior décadasite bet nacionalcrescimento no Brasilsite bet nacionalmaissite bet nacionalum século:site bet nacional
A queda só não foi pior porque a injeçãosite bet nacionalrecursos pelo auxílio emergencial e outras medidas econômicassite bet nacionalresposta à crise evitaram que as projeções mais pessimistas se concretizassem - ao fimsite bet nacionaljunho do ano passado, os analistas chegaram a prever uma quedasite bet nacional6,6% no PIBsite bet nacional2020, com os mais pessimistas ousando falarsite bet nacionalum baquesite bet nacional10%.
A paralisação da atividade econômica durante parte do ano, como formasite bet nacionalconter a propagação do vírus, provocou a terceira maior queda já registrada pela economia brasileirasite bet nacional120 anos - período para o qual existem estatísticas confiáveis.
Desde 1900, só foram registradas perdas maiores do PIB naquele 1990site bet nacionalconfisco da poupança esite bet nacional1981, quando a atividade econômica encolheu 4,3%, no auge da crise da dívida externa provocadasite bet nacionalparte pelos elevados gastos da ditadura militar na década anterior com investimentossite bet nacionalinfraestrutura.
O PIB é a somasite bet nacionaltodos os bens e serviços produzidos por um paíssite bet nacionalum determinado períodosite bet nacionaltempo,site bet nacionalgeral, um trimestre ou ano.
O indicador é acompanhadosite bet nacionalperto pelos analistas porque é um importante termômetro da saúde da economia e está relacionado com a qualidadesite bet nacionalvida da população, já que uma atividade econômica fraca resultasite bet nacionalmenos empregos e menor geraçãosite bet nacionalrenda.
Uma década mais perdida que a 'década perdida'site bet nacional1980
Com a quedasite bet nacional4,1% do PIB no ano passado, a década que se encerrasite bet nacional2020 é oficialmente asite bet nacionalmenor crescimento médio anualsite bet nacional120 anos, calcula o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB do Ibre-FGV (Instituto Brasileirosite bet nacionalEconomia da Fundação Getulio Vargas)
"2020 tem uma coisa muito particular, que é uma pandemia na qual a economia foi 'desligada'", diz Considera. "Mas é preciso lembrar que a economia não vinha bem."
Segundo o economista, mesmo sem contar 2020, entre 2011 e 2019, a economia registrou um crescimento médiosite bet nacional0,7% ao ano. Se o país tivesse crescido no ano passado os 2% que o mercado previa antes da pandemia, a década teria um avanço médiosite bet nacional0,9% ao ano. Com o resultado divulgado nesta quarta pelo IBGE, o crescimento médio anual ésite bet nacional0,3%.
"Ou seja, temos um desastre totalsite bet nacionalqualquer situação, com ou sem pandemia", afirma Considera.
O coordenador do Monitor do PIB lembra que, nos anos 1980, chamadossite bet nacional"década perdida" pelas sucessivas crises econômicas e baixo crescimento, o avanço médio anual do PIB brasileiro foisite bet nacional1,6%. Na décadasite bet nacional1990, o crescimento médio ficousite bet nacional2,6%. Entre 2001 e 2010, a média anual foisite bet nacional3,7%.
"Nessa décadasite bet nacionalagora, o crescimento médio foisite bet nacional0,3% ao ano. É a pior décadasite bet nacionaltodos os tempos. Não teve década igual a essa nos últimos 120 anos", conclui.
Os 5 maiores tombos do PIB antessite bet nacional2020
Se não há década recente que se compare com esta que se encerrousite bet nacional2020, os anossite bet nacionaltombo no PIB são muitos na história do Brasil. Em alguns deles, foram fatores externos que causaram prejuízo à nossa economia. Em outros, o estabaco da atividade econômica se deveu primordialmente ao engenho e obra dos gestores nacionais.
Relembre as cinco maiores quedas da economia brasileira antes do anosite bet nacionalpandemia.
site bet nacional 1) Plano Collor e a queda recordesite bet nacional4,4% no PIBsite bet nacional1990
Neste iníciosite bet nacional2021, veículossite bet nacionalimprensa reportaram uma aproximação entre o ex-presidente Fernando Collorsite bet nacionalMello (1990-1992) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A notíciasite bet nacionalque Collor estaria dando conselhos econômicos ao atual mandatário causou calafriossite bet nacionalquem guarda na memória o estrago provocado pelo "caçadorsite bet nacionalmarajás" na economia.
É da gestão Collor a maior queda do PIB brasileiro nos últimos 120 anos: um recuosite bet nacional4,4% registradosite bet nacional1990.
"Aquele ano foi muito especial na nossa trajetória - o que não significa bom", diz Vinícius Müller, doutorsite bet nacionalhistória econômica e professor do Insper. "Havia toda uma expectativa criada, porque tínhamos o primeiro presidente eleito por voto direto desde 1960. Isso gerava um ambiente no paíssite bet nacionalalguma euforia. Mas havia um vetor contrário, que era a hiperinflação."
O país entrou na décadasite bet nacional1980 com a inflação acima dos 90% ao ano. Em 1982, o IPCA (Índicesite bet nacionalPreços ao Consumidor Amplo) rompeu a marca simbólica do 100% ao ano e chegou aos quatro dígitossite bet nacional1989, quando o índice encerrou o anosite bet nacionalaltasite bet nacional1.973%.
Ao longo daquela década, foram executadas ao menos três tentativassite bet nacionalestabilizar a inflação: os planos Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989), que adotaram como estratégia comum o congelamentosite bet nacionalpreços. E tiveram como resultado compartilhado o fracasso.
Então Collor esite bet nacionalministra da Economia, Zélia Cardososite bet nacionalMello, tiveram a ideia inovadorasite bet nacionaltentar conter a inflação através do "confisco" das poupanças, contas correntes e outros ativos financeiros dos brasileiros, com objetivosite bet nacionallimitar os recursossite bet nacionalcirculação na economia.
"Logo no início do ano, foi como se a economia tivesse sido desligada. Foi um baque muito forte, um choque recessivo", lembra Claudio Considera, da FGV.
"Esse choque, por mais que tenha imediatamente gerado uma queda na inflação, foisite bet nacionalprazo muito curto. O que gerou um repique posterior, com a volta da inflação ainda mais forte, e uma desconfiança imensa dos agentes, com empresas, investidores e consumidores revendo todos os seus planossite bet nacionalgastos. Isso acabou sacrificando o início dos anos 1990", diz Müller, do Insper.
site bet nacional 2) Crise da dívida externa e o recuosite bet nacional4,3% do PIBsite bet nacional1981
A segunda maior queda do PIB brasileiro foisite bet nacional1981, como resultado da crise da dívida externa latino-americana, que culminaria na declaraçãosite bet nacionalmoratória (ou calote, na linguagem popular) pelo Méxicosite bet nacional1982.
"No final dos anos 1970, o governo [do general Ernesto] Geisel dobrou a aposta dos governos militaressite bet nacionalendividamento externo, alto investimento públicosite bet nacionalgrandes obras e proteçãosite bet nacionalalguns setores e empresas", lembra Müller.
"A partirsite bet nacional1979, essa aposta no endividamento externo se mostrou muito ruim, porque, naquele ano, acontece o segundo choque do petróleo e uma mudança na políticasite bet nacionaljuros dos Estados Unidos que atraiu recursos para lá", diz o professor.
"Com isso, recursos internacionais que antes financiavam uma parte dos investimentos no Brasil acabaram secando."
A saídasite bet nacionalrecursos dos países emergentes dificultou a rolagem da dívida pública brasileira, que se tornou maior, mais cara esite bet nacionalprazo mais curto. Com isso, a capacidadesite bet nacionalpagamento do governo brasileiro passou a ser questionada. Para financiar a dívida, o governo aumentou o dinheirosite bet nacionalcirculação, dando início ao processo hiperinflacionário que marcaria a década.
"Em 1979, a economia estava começando a ficar inflacionária. O ministro [do Planejamento, Mário Henrique] Simonsen queria fazer um processosite bet nacionalajuste para evitar a inflação", lembra Considera, da FGV. "Todo mundo foi contra, tiraram o Simonsen e colocaram [Antônio] Delfim Netto, que antes estava na Agricultura."
Com Delfim Netto no Planejamento, a economia avançaria maissite bet nacional9%site bet nacional1980, mas boa parte desse crescimento seria perdido entre 1981 e 1983, com a crise da dívida externa.
site bet nacional 3) Crise do governo Dilma e as quedas do PIBsite bet nacional2015 e 2016
Os últimos anos do governo Dilma Rousseff, mergulhados na crise política que levaria ao impeachment da ex-presidente, têm dois lugares no topo da listasite bet nacionalmaiores quedas do PIB brasileiro.
Em 2015, a economia encolheu 3,5% e, no ano seguinte, 3,3%.
Em conjunto, o tombosite bet nacionalquase 7%site bet nacionaldois anos supera o baque da pandemia do coronavírus.
Vinícius Müller, do Insper, lembra que essa crise teve origemsite bet nacionaloutra, a crise financeira internacionalsite bet nacional2008, ainda no segundo mandatosite bet nacionalLuiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Lula e Dilma deram uma reposta à crisesite bet nacional2008 que foi entendida à época como adequada, com medidassite bet nacionalestímulo à demanda,site bet nacionalgastos públicos e medidas protecionistas, que geraram imediatamente um alívio à recessão que vinha dos Estados Unidos", lembra o economista.
"O problema é que essas medidassite bet nacionalestímulo ao consumo e proteção a alguns setores foram muito alongadas pelo governo Dilma. Isso gerou uma pressão muito grande nas contas públicas", destaca Müller. Ao mesmo tempo, com a inflação voltando a crescer, Dilma tenta controlá-la através da intervençãosite bet nacionalpreços administrados, como energia elétrica e combustíveis.
"A combinação desses fatores gerou desequilíbrio no sistemasite bet nacionalpreços e uma desconfiança muito grande dos agentes econômicos. Some-se a isso os protestossite bet nacional2013, a deflagração da Operação Lava Jato no ano seguinte e o processosite bet nacionalimpeachment da presidente, e isso ampliou ainda mais a desconfiança dos investidores, principalmente dos estrangeiros. Tudo isso afetou a economia", observa o professor.
site bet nacional 4) Quedasite bet nacional3,3%site bet nacional1931, na rabeira da Grande Depressãosite bet nacional1929
Ainda no "top 5" das maiores quedas do PIB brasileiro está o recuosite bet nacional3,3% registradosite bet nacional1931, um resultado direto do colapso financeirosite bet nacional1929.
"A quedasite bet nacional1929 faz com que a economia mundial deixesite bet nacionalcomprar determinados produtos do Brasil. A receitasite bet nacionalexportaçãosite bet nacionalcafé, por exemplo, cai fortemente e isso traz problemas para a balançasite bet nacionalpagamentos brasileira", lembra Considera, da FGV.
"Nossas exportações eram café, basicamente. Com menos renda das vendas externas, isso prejudicou o consumosite bet nacionalmaneira geral."
site bet nacional 5) Tombosite bet nacional3,2% do PIBsite bet nacional1908, no rescaldo do 'Pânicosite bet nacional1907'
Por fim, completam a listasite bet nacionalcinco maiores "anos perdidos" da economia brasileira o longínquo anosite bet nacional1908, quando a economia tombou 3,2%, com a chegada ao Brasil dos efeitos do pânico dos banqueirossite bet nacional1907, que também começou uma forte queda da Bolsasite bet nacionalNova York.
"A crisesite bet nacional1908 é parecida com asite bet nacional1931", considera Müller, do Insper.
"O Brasil vinha, há alguns anos antessite bet nacional1908, tentando se aproximar do modelo das finanças e do comércio internacional chamadosite bet nacional'padrão-ouro', numa tentativasite bet nacionalganhar credibilidade", lembra o professor.
"Esse esforço tinha um custo, que era um controle muito grande das contas públicas e dos gastos do governo, e o abandonosite bet nacionalalgumas medidassite bet nacionalincentivo à exportaçãosite bet nacionalcafé, que eram consideradassite bet nacionaldesacordo com os arranjos internacionais."
"Em 1907, estávamos passando por esse processo, quando houve uma grande crise no mercado acionário nos Estados Unidos. Alguns bancos quebraram por lá, e essa crise, assim como asite bet nacional1929, resvalasite bet nacionalpaíses que eram compradores do nosso café, nossos credores ou quem investiam no Brasil. Com isso, teve um enxugamento muito grande da nossa vendasite bet nacionalcafé e da nossa possibilidadesite bet nacionalreceber investimentos e renovar nossas dívidas."
Para realizar esse levantamento histórico, a reportagem da BBC News Brasil utilizou a série do PIB desde 1900 disponibilizada pelo professor Nelson Barbosa, também do Ibre-FGV, disponível neste link.
Os dadossite bet nacional1900 até 1946 se baseiamsite bet nacionaluma estimativa do economista Claudio Haddad. A partirsite bet nacional1947, os números são do Sistemasite bet nacionalContas Nacionais, incialmente calculado pela FGV e posteriormente assumido pelo IBGE, nos anos 1970.
Já os números mais recentes foram atualizados pela série histórica do PIB disponibilizada pelo Banco Central e pelo IBGE.
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