O cientista que abraçou o ensino online aos 70 anos: 'minhas aulas acabaram tendo profundidade maior':apostas futebol escandalo

Com a internet foi a mesma coisa. Ele relutouapostas futebol escandaloadquirir o serviço e só o fez por pressão dos filhos, mas demorou a começar a usá-lo. "Sem dúvida, sou um usuário tardio", diverte-se hoje. As coisas começaram a mudar quando Tálamo passou a dar aulas,apostas futebol escandalo1994, na Faculdadeapostas futebol escandaloEngenharia Industrial (FEI), hoje Centro Universitário FEI,apostas futebol escandaloSão Bernardo do Campo. "Eu ainda não era totalmente familiarizado com o mundo dos computadores, mas como professor no ensino superior comecei a usar TIapostas futebol escandaloforma mais intensiva."

Nada se compara, no entanto, com o trabalho e os obstáculos que ele teveapostas futebol escandaloenfrentar para montar e dar as aulas online para seus alunos da UFABC.

"Eu estava completamente perdido", admite.

"Isolado, comecei a pesquisar o que poderia fazer. De repente, um colega da universidade colocou no nosso grupoapostas futebol escandalodiscussão uma dica para elaboraçãoapostas futebol escandalofilmes a partirapostas futebol escandaloapresentaçõesapostas futebol escandaloPowerPoint. Descobri um recurso que estava disponível na plataforma do software, mas que eu nunca tinha usado. Passei a fazê-lo e converti as aulasapostas futebol escandalofilmes."

Tálamo, então, respirou aliviado achando que tudo estava resolvido, mas quando viu o resultado percebeu que estava aquém do ideal. Até que teve contato com ferramentasapostas futebol escandaloediçãoapostas futebol escandalosom e imagens com ajuda do pessoal da áreaapostas futebol escandaloinformática da universidade.

Mas nada dava certo. Ele fazia apresentações e elas se perdiam, pois não conseguia gravar nada. Tudo isso levou mesesapostas futebol escandalotrabalho eapostas futebol escandalopesquisa na internet, avançando madrugada a dentro. "Mas eu estava aprendendo alguma coisa", conforma-se.

"Foi nesse momento que tive contato pela rede, com softwares pagos para ediçãoapostas futebol escandalofilme. Não teve jeito, tive que pagar anuidades para obtê-los. Daíapostas futebol escandalodiante a coisa deslanchou. O trabalhoapostas futebol escandalomeses e meses tentando fazer e editar filmes com softwares gratuitos deu resultado. Comecei a criá-los rapidamente com os novos programas. Levei meses batalhando com a máquina, mas deu resultado: os vídeos ficaram ótimos."

Depois, ele utilizou um site, que já havia criado para a disciplina, e era só postar os vídeos. Pronto, pensou, agora vai. Mais um engano. "Não dava certo", recorda ele, que acabou comprando uma licençaapostas futebol escandalodois anosapostas futebol escandaloum site mais amigável para o usuário.

"Agora, só faltava me comunicar com os alunos e utilizar os vídeos. Mas como?"

Sem a resposta, Tálamo ligou para um colega da universidade e perguntou o que fazer. "A sugestão dele era usar o Google Meet, do qual eu nunca tinha ouvido falar", conta. "E faltavam só uns dias para a primeira aula. Entrei no programa e vi que havia um local para agendar reuniões. Fui direto nele, sem saber o que iria acontecer. Planejei as aulas, que daria dentroapostas futebol escandalouns dois ou três dias, sem saber qual seria o resultado."

E chegou o grande dia, o da primeira aula, quando ele saberia enfim se todos o seu esforço durante meses teria valido a pena. Tálamo foi para a frente do computador, abriu a reunião e ficou parado, esperando, sem ter certeza do que iria acontecer. "De repente, uma janela mostra um pedidoapostas futebol escandaloparticipação", lembra.

"Autorizei. Logoapostas futebol escandaloseguida outro e mais outro. Eu estava surpreso com o resultado. De repente, sala cheia, maisapostas futebol escandalooitenta alunos. Tinha dado certo."

"Abri o jogo e falei para os alunos que não conhecia mais detalhes da ferramenta Google Meet. Uma aluna começou a me orientar: 'professor, no botão à direita, abaixo, o senhor compartilha a tela. Outro explicou como mudar a arquitetura da sala para caber todos os alunos. E assim foi. Na terceira aula, ei já dominava tudo. O curso transcorreuapostas futebol escandalomodo surpreendente. Nunca imaginei que pudesse chegar àqueles resultados."

Foram esses resultados justamente que fizeram Tálamo abandonarapostas futebol escandaloconvicção contra o ensino à distância e passar a defendê-lo com o mesmo entusiasmo. "Nunca,apostas futebol escandaloquase trinta anosapostas futebol escandalocarreira, havia conseguido atingir o conteúdo que alcancei no EAD", reconhece.

"O curso teve uma extensão e uma profundidade muito maior do que eu conseguiaapostas futebol escandalosalaapostas futebol escandaloaula. Percebi que todo aquele tempo ocioso gastoapostas futebol escandaloentrar na sala, procurar o apagador, apagar a lousa, ligar o micro, ligar o retroprojetor, pedir silêncio, procurar giz, escrever o título da aula, desenhar tabelas na lousa, escrever a resoluçãoapostas futebol escandaloexercícios, entre outros, havia desaparecido. Todo o tempo passou a ser tempo útilapostas futebol escandaloaula."

Mas esses resultados só são obtidos, ele ressalva, se houver um bom trabalho prévioapostas futebol escandalopreparação e detalhamento exaustivos das aulas online. "Foram meses trabalhando antecipadamente e preparando apresentações, que detalhavam ponto a ponto cada capítulo ou cada resoluçãoapostas futebol escandaloum exercício", explica Tálamo. "Mas valeu muito a pena. O curso transcorreu na velocidade do som."

Como consequência, hoje ele diz que é absolutamente favorável ao ensino a distância. "Percebi que essa modalidade apresenta ganhos imensosapostas futebol escandalorelação ao presencial", afirma. "É possível estender e ampliarapostas futebol escandalomodo significativo o conteúdo da disciplina. Os exemplos numéricos tornam-se muito mais claros. Em qualquer dúvidaapostas futebol escandaloalgum aluno, posso abrir uma nova tela auxiliar e montar rapidamente uma fórmula ou um exemplo novo."

Mas, como sempre, há um outro lado. "Existem alguns pontos que exigem muito cuidado", alerta Tálamo. "O andamento do curso dependerá muito mais do aluno. Há o riscoapostas futebol escandalomuitos deles não participarem e no final saírem correndo atrás das vídeo-aulas, correndo para recuperar o prejuízo. Isso deve ser contornado com alguma formaapostas futebol escandalocontroleapostas futebol escandalopresença e avaliações rigorosas, como as que eu apliquei. A responsabilidade e o compromisso dos alunos serão muito maiores."

A realidade do acesso à internet

Apesar do otimismoapostas futebol escandaloTálamo, o ensino à distância no Brasil esbarra na realidade da dificuldadeapostas futebol escandaloacesso à internet — umapostas futebol escandalocada quatro brasileiros ainda não tem acesso à internet, segundo o IBGE (Instituto Brasileiroapostas futebol escandaloGeografia e Estatística). E mesmo entre os que têm acesso, nem sempre a qualidade é boa o suficiente para acompanhar aulas à distância.

Além disso há diversos outros problemasapostas futebol escandalopreparo e estrutura, como faltaapostas futebol escandalocomputadores e a própria inexperiência dos professores com as plataformas. Embora o Brasil tenha alguns anosapostas futebol escandaloexperiênciaapostas futebol escandaloensino à distância na educação superior, com predominância das instituições privadasapostas futebol escandaloensino, os resultados já medidos não são todos satisfatórios.

Segundo o mais recente Censo da Educação Superior, feito pelo Inep (órgão do Ministério da Educação),apostas futebol escandalo2018, pela primeira vez na história, o númeroapostas futebol escandalovagas ofertadasapostas futebol escandalocursos universitários à distância (7,1 milhões) foi maior do que o númeroapostas futebol escandalovagasapostas futebol escandalocursos presenciais (6,3 milhões).

Mas o que espanta é a ainda baixa quantidadeapostas futebol escandaloestudantes que conseguem se formar. Em 2018, o Brasil teve 990 mil formandos universitários no ensino presencial, menos da metade da quantidade (2 milhões)apostas futebol escandaloalunos que se matricularamapostas futebol escandalouniversidades presenciais naquele mesmo ano. No ensino à distância, isso cai para um quinto: houve apenas 274 mil alunos formandos,apostas futebol escandalocomparação com os 1,3 milhão que se matricularam no mesmo ano.

"Muita gente se matricula achando que o curso à distância vai ser mais fácil, porque o professor não vai estar lá todos os dias", diz à BBC News Brasil Fredric Litto, presidente da Associação Brasileiraapostas futebol escandaloEducação à Distância (Abed) e professor emérito da USP.

"Quando na verdade é mais difícil, porque depende da motivação e da maturidade do aluno"apostas futebol escandalose dedicar o suficiente aos estudos sem a presença física dos docentes, agrega.

Do lado das instituiçõesapostas futebol escandaloensino, o avanço da EaD foi uma formaapostas futebol escandaloganhar escala e baratear os cursos, deixando-os mais acessíveis a alunos distantes ouapostas futebol escandalobaixa renda. O problema, diz Litto, é que "uma boa porcentagem das escolas fez isso para baratear (o ensino) e ganhar mais dinheiro, demitindo, por exemplo, o corpo docente com doutorado, que é mais caroapostas futebol escandalomanter. É bom fugir desse tipoapostas futebol escandaloinstituição, porque ela provavelmente não vai investir no enriquecimentoapostas futebol escandaloseus cursos e materiais e não vai além (do básico)."

Dito isso, Litto acha que o momento atual, que força alunos e professores a ficaremapostas futebol escandalocasa, pode oferecer boas oportunidades para enriquecer o ensino básico com ferramentasapostas futebol escandaloqualidade da educação à distância.

Tálamo lembram que a instituição também precisa dar um suporte maior. "A instituição também terá que contribuir, dando um suporte muito maior, disponibilizando para os professores novas ferramentas e recursos, o que pode exigir maiores gastos financeiros. Vale lembrar que eu paguei anuidadeapostas futebol escandalousoapostas futebol escandaloum site e comprei dois softwares caros."

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