Covid-19: por que a pandemia saiu do controle no Paraná:cadastro 20bet

Mulhercadastro 20betpontocadastro 20betônibuscadastro 20betCuritiba com profissionais desinfectando o local

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Casos voltaram a aumentar no Paraná, e hospitais lotaram

Rocha fez então um alerta: se a população não colaborar, aderindo às medidascadastro 20betcontrole do coronavírus e evitando aglomerações, o sistemacadastro 20betsaúde não suportaria a demanda, pessoas podem morrer por faltacadastro 20betatendimento.

Ele terminou com um apelo: "Não estou sendo alarmista, estou sendo realista, e pedindo a contribuiçãocadastro 20bettodos mais uma vez".

Àquela altura, a pandemiacadastro 20betcovid-19 havia fugido do controle no Paraná.

O contágio voltou a crescer

A taxacadastro 20bettransmissão do vírus, que estava desde meadoscadastro 20betagosto abaixo do patamar mais perigoso, subiucadastro 20betnovo.

Esse índice indica quantas pessoas são infectadascadastro 20betmédia por quem já está doente. Se ficar abaixocadastro 20bet1, o surto caminha gradualmente para o fim. Acima disso, ganha cada vez mais força, e o númerocadastro 20betdoentes crescecadastro 20betescala geométrica.

A média móvel da taxacadastro 20bettransmissão levacadastro 20betconsideração os 14 dias anteriores do índice. Ela é considerada por epidemiologistas o valor mais adequado para medir a gravidade da pandemia, porque corrige distorções pontuais dos dados causadas por atrasos e outras falhas na divulgaçãocadastro 20betresultados dos exames que confirmam os casos.

No Paraná, esse índice voltou a ficar acimacadastro 20bet1cadastro 20bet6cadastro 20betnovembro e não paroucadastro 20betaumentar até 19cadastro 20betnovembro, quando atingiu o picocadastro 20bet1,36.

Naquele momento, 100 pessoas contaminavam outras 136, que, porcadastro 20betvez, infectavam mais 185 e assim por diante.

Não demorou para isso se refletir no númerocadastro 20betpessoas que buscavam atendimento médico.

Os casos explodiram

A transmissão elevada leva algum tempo para ser sentida nos postoscadastro 20betsaúde e hospitais por causa da natureza do coronavírus.

Uma pessoa infectada demoracadastro 20betmédia sete dias para sentir os primeiros sintomas. A experiência dos profissionaiscadastro 20betsaúde mostra que os pacientes costumam depois disso levar mais alguns dias para procurar um médico.

Mas o contágio mais intenso acaba inevitavelmente se transformandocadastro 20betmais atendimentos nos pronto-socorros, e isso é espelhado pelas estatísticas oficiais.

Foi assim no Paraná a partircadastro 20bet12cadastro 20betnovembro. Naquele dia, a média móvelcadastro 20betcasos confirmados ainda eracadastro 20bet1.233, o mesmo patamar das semanas anteriores. Mas, oito dias depois, havia quase triplicado, para 3.569.

Passaram-se mais nove dias, e veio um novo pico: 3.612. Este é o recorde da pandemia no Estado até agora e 75% maior do que o maior índice registrado antescadastro 20betnovembro começar (2.056 casos,cadastro 20bet6cadastro 20betagosto).

Os hospitais lotaram

Assim como o contágio mais intenso se transformacadastro 20betmais casos, o maior númerocadastro 20betcasos uma hora deixa os hospitais lotados. É o que está acontecendo no Paraná.

"Os pacientes estão levandocadastro 20betseis a oito horas para conseguir atendimento nos pronto-socorros e ficamcadastro 20betum a dois dias nas enfermarias até conseguirem ser internados", diz Jaime Rocha, que trabalhacadastro 20betdois hospitais privadoscadastro 20betCuritiba.

O númerocadastro 20betpacientes com covid-19 ou suspeita da doença que esperam por uma vagacadastro 20betenfermaria ou UTIcadastro 20bethospitais públicoscadastro 20betCuritiba ou da região metropolitana da cidade vem crescendo.

A fila chegou a 120 pessoas na última quarta-feira (2/11), segundo o governocadastro 20betRatinho Jr. (PSD).

A Secretaria Estadualcadastro 20betSaúde diz que elas recebem assistência médicacadastro 20betoutras unidadescadastro 20betsaúde enquanto aguardam e que está ampliando o totalcadastro 20betleitos da rede.

A taxa médiacadastro 20betocupação no Estado eracadastro 20bet89% na sexta-feira (4/11), mas chegava a 96% na capital, onde hospitais já anunciam restriçõescadastro 20betatendimento por não estarem dando conta da demanda.

"A gente já esperava um aumentocadastro 20betcasos", diz Rocha, "mas não tão cedo e não tão rápido."

O que aconteceu?

Governadorcadastro 20betRatinho Jr. discursa

Crédito, ABR

Legenda da foto, O governocadastro 20betRatinho Jr. (PSD) instaurou um toquecadastro 20betrecolher para reduzir o contágio

Fechou cedo demais?

"O Paraná fechou tudo cedo demais", avalia o epidemiologista Nelson Arns, que é coordenador internacional da Pastoral da Criança e moracadastro 20betCampo Largo, na região metropolitanacadastro 20betCuritiba, e trabalha na capital.

As primeiras infecções no Estado foram confirmadascadastro 20bet12cadastro 20betmarço, quando havia 200 casos no Brasil. O governo paranaense decretou medidascadastro 20betisolamento social alguns dias depois.

As aulas foram suspensascadastro 20betescolas e universidades públicas, e foi recomendado o mesmo para a rede privada. Teatros, cinemas, bibliotecas e museus foram fechados. Eventos culturais não puderam mais ser realizados.

Servidores passaram a trabalharcadastro 20betcasa, e foi pedido à população que não saísse às ruas, entre outras medidas que buscavam conter a epidemia.

"Não havia nem transmissão comunitária no Estado ainda", diz Arns, que é doutorcadastro 20betsaúde pública. O epidemiologista faz referência ao termo que define quando um vírus está circulando livremente entre as pessoas.

Se isso acontece, o contágio não ocorre mais só no contato entre pessoas que já convivem, como familiares e amigos, mas tambémcadastro 20betsituações comuns do dia-a-dia, entre desconhecidos.

Arns opina que,cadastro 20betum primeiro momento, não deveriam ter sido aplicadas medidascadastro 20betisolamento social, mascadastro 20betdistanciamento, que são menos restritivas.

"A carga ficou pesada demais e,cadastro 20betcerta forma, insuportável, principalmente para os jovens", diz.

'Testou bem, mas não o suficiente'

O secretáriocadastro 20betSaúde do Paraná, Beto Preto, diz que o Estado não foi o único a tomar medidas desse tipo na época e afirma que o governo achou melhor tomar a frente do processo.

"As prefeituras começaram a correr,cadastro 20betforma desorganizada, tomando decisões individuais. Entendemos que as medidas tinham que ser generalizadas", afirma Preto.

O secretário diz ainda que o Estado é um dos que mais testam no Brasil. "Somos o primeiro ou segundocadastro 20betexames PCR", afirma Preto.

Esse tipocadastro 20betexame detecta a presença do vírus no organismo para confirmar se uma pessoa está ou não doente e deve ser usadocadastro 20betuma testagem ampla, diz a Organização Mundial da Saúde (OMS), para identificar os casos e interromper a cadeiacadastro 20bettransmissão do vírus.

Os dados oficiais sobre o númerocadastro 20bettestes feitos a cada 100 mil habitantes mostramcadastro 20betfato que o Paraná testou bem acima da média brasileira. Em alguns meses, o índice local foi o dobro do nacional.

Mas o Estado ainda assim apresenta taxas 70% a 85% menores do que os dos países que mais testam no mundo, como França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia.

"Dentro da realidade do país, o Paraná testou bem, mas,cadastro 20betrelação ao que deveria ser feito, segundo a OMS, não foi o suficiente", diz Arns.

Pandemia longa, população exausta

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Legenda da foto, Ônibus com sinalcadastro 20betque lê use máscaracadastro 20betCuritiba; Paraná testou mais do que a média nacional, mesmo quecadastro 20betíndice abaixocadastro 20betoutros países

"Você vai achar opiniões das mais diversas sobre o que foi feito, mas até agora viemos controlando a pandemia", afirma o secretário Beto Preto.

O epidemiologista Nelson Arns concorda que houve impacto positivo da quarentena precoce do Estado.

Isso conseguiu conter uma explosãocadastro 20betcasoscadastro 20betum primeiro momento e evitar um colapso do sistemacadastro 20betsaúde. O Paraná chegou a ser um dos menos afetados no país pelo coronavírus.

A menor intensidade da epidemia local e a pioracadastro 20betoutras partes do país fizeram com que tivesse apenas o 22º maior númerocadastro 20betcasos entre os 27 Estados e o Distrito Federalcadastro 20betmeadoscadastro 20betjunho. Mas, então, o númerocadastro 20betcasos começou a aumentar.

Ao mesmo tempo, a crise arrefeceucadastro 20betoutros Estados, e o Paraná foi subindo posições no ranking da pandemia brasileira, mesmo com o endurecimento temporário das medidascadastro 20betisolamento por 14 diascadastro 20betjulho.

Em agosto, já era o 14º Estado com mais casos. Dois meses depois, era o 10º. Hoje, estácadastro 20bet8º, com maiscadastro 20bet294 mil infecções confirmadas.

"Tudo isso levou a uma exaustão", destaca Arns. Um dos efeitos disso é que é cada vez mais comum o descumprimento das medidascadastro 20betcontrole da pandemia, diz o epidemiologista.

"Há uma parte da população que tem cumprido, mas também tem os negacionistas e aqueles para quem você explica os cuidados e não adianta. Aí você liga para a casa do paciente para dar o resultado positivo do exame e descobre que ele está na rua. Ou liga para fazer o acompanhamentocadastro 20betquem está doente e ouve que a pessoa foi visitar os pais, porque achou que não tinha problema por não estar se sentindo mal."

O paranaense não ficoucadastro 20betcasa

Os dados da empresa In Loco, que faz o monitoramento do isolamento social pelo país com base nos dadoscadastro 20betgeolocalizaçãocadastro 20betcelulares, apontam que, mesmo antes, o paranaense não ficoucadastro 20betcasa.

O índice mais alto registrado no Estado nunca passoucadastro 20bet45%cadastro 20bettoda a pandemia e, desde junho, está abaixocadastro 20bet40%. Em setembro e outubro, chegou ao patamar mais baixo, 36%. Voltou a subir um pouco, para 38%,cadastro 20betnovembro.

"Se isso fosse suficiente, a gente não estava nesse caos", avalia Viviane Hessel, consultora da Sociedade Brasileiracadastro 20betInfectologia que atua no Paraná.

Ela diz que ouve sempre históriascadastro 20betpacientes com covid-19 que saíramcadastro 20betcasa oucadastro 20betquem acha que por ser jovem ou não ter outras doenças podem pegar que vai ficar tudo bem.

"Elas esquecem que podem passar a doença para outras pessoas", afirma Hessel, que é presidente da Associação Brasileira dos Profissionaiscadastro 20betControlecadastro 20betInfecções e Epidemiologia Hospitalar.

Além disso, um fator positivo para o Paraná agora se vira contra o Estado. Como havia sido menos afetado antes, o númerocadastro 20betpessoas que já foram infectadas ainda é baixo.

Esse índice chega a no máximo 20%, aponta Hessel. Com isso, menos gente tem imunidade contra o coronavírus, que se espalha facilmente.

Soma-se o relaxamentocadastro 20betmedidascadastro 20betCuritiba no finalcadastro 20betsetembro com a tendênciacadastro 20betquedacadastro 20betcasos até então, uma sequênciacadastro 20betferiadoscadastro 20betoutubro e novembro e as eleições municipais.

"Os governos foram flexibilizando. Até cinemas e museus reabriram. Tudo isso deu uma sensação que a crise havia passado", diz Nelson Arns.

"As pessoas relaxaram", concorda Hessel, "e a gente viu uma movimentação bem maior do que poderia esperar."

Medidas mais duras para evitar o pior

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Legenda da foto, Curitiba tevecadastro 20betretrocedercadastro 20betplanocadastro 20betreabertura

Tudo isso contribuiu para o aumentocadastro 20betcasos nas últimas semanas, o que obrigou a um retrocesso no programacadastro 20betreabertura da capital, que voltou a aplicar mais restrições.

A Prefeitura suspendeu o funcionamentocadastro 20betbares, casas noturnas e festas. Restaurantes, shoppings e o comérciocadastro 20betrua continuam funcionando, mas com restriçãocadastro 20bethorários.

Foi adotado aindacadastro 20bettodo o Estado um toquecadastro 20betrecolher, entre 23h e 5h, até o próximo dia 17. O governo estuda fechar praças e parques. Também recomendou que os servidores estaduais passem a trabalharcadastro 20betcasa.

"Estamos tentando reduzir a circulação do vírus, e especialmente impedindo o funcionamentocadastro 20betbares e baladas, porque 30% dos novos casos estão entre os mais jovens", diz o secretário Beto Preto.

Mas ele reconhece que a aplicação destas medidas são cada vez mais difíceis com o prolongamento da pandemia.

"Há, sim, uma exaustão. São nove meses, né? As pessoas querem ter acadastro 20betvida normalcadastro 20betvolta. Mas estamos ampliando as açõescadastro 20betconscientização."

A médica Viviane Hessel diz que a experiência até agora mostra que a pandemia não vai acabar só com o isolamento social. "Mas vai ser ainda mais difícil sem isso", afirma.

O infectologista Jaime Rocha explica que as medidas contra a pandemia costumam levarcadastro 20betduas a três semanas para reduzir o númerocadastro 20betcasos. "A gente não vai conseguir frear esse trem desgovernado do dia para a noite."

Enquanto isso, ele trabalha e espera que as medidas tenham sido tomadas a tempo e que os alertas dele ecadastro 20betseus colegas surtam efeito para que o Paraná consiga evitar o pior.

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