Bolsonaro ficará 'isoladobetstars sportautoritarismo' sem 'companheiro Trump', diz ex-chanceler do México:betstars sport
A seguir, os principais pontos da entrevista à BBC News Brasil:
betstars sport BBC News Brasil - Qual abetstars sportexpectativa para a relação entre o governo Biden e a América Latina, depois que ele anunciou nomes da época do ex-presidente Obama para a áreabetstars sportpolítica externa (Antony Blinken, secretáriobetstars sportEstado) e um latino (Alejandro Mayorkas, nascidobetstars sportCuba) para a áreabetstars sportpolítica migratória?
betstars sport Jorge Castañeda - Antesbetstars sportmais nada, são pessoas competentes e com experiência. Mas, ao mesmo tempo, são pessoas que não têm grande vocação latino-americana. Não é que não saibam, e não conheçam (a região). Mas não tem ninguém com grande envolvimento com a América Latina. Mas acho que o importante não é quem são eles, mas sim o que Biden disse sobre os diferentes assuntos vinculados com a América Latina.
Ele já falou sobre os temas migratórios, que são muito importantes para o México, para a América Central, para o Caribe e para o Equador, pelo menos. Ele já disse que mudará as políticasbetstars sportrestrição, racista e punitiva,betstars sportTrump. Biden também já disse que buscará caminhos alternativos, no caso da Venezuela, mas sem definir, porém, quais serão estes caminhos alternativos. E também disse que enfatizará o assuntobetstars sportmudança climática. E aí sim acho que haverá certas tensões com o Brasil.
betstars sport BBC News Brasil - betstars sport Quando ainda era candidato,betstars sportum dos debates com o presidente Trump, Biden sugeriu que o Brasil poderia receber sanções econômicas diante do desmatamento na Amazônia brasileira. Como ex-chanceler e porbetstars sportexperiência, o senhor acha que essa 'tensão' seria específica sobre a Amazônia? Ou algo mais amplo?
betstars sport Castañeda - Acho que pode ser algo pontual. Mas é também importante ressaltar que para Biden o assunto mudança do clima é uma prioridade interna e externa. A nomeaçãobetstars sport(John) Kerry, neste sentido, é muito marcante. O retorno ao Acordobetstars sportParis, que ocorrerá nos primeiros dias do governo, também é muito marcante. Portanto, onde existam políticas claramente diferentes das que Biden colocarábetstars sportprática nos âmbitos interno e externo, haverá tensões. Neste caso, tanto com Brasil como com México.
O governo mexicano colocou muito focobetstars sportfontesbetstars sportenergia não renováveis, no petróleo e no carvão. E, então, certamente, também haverá tensões com México. Acho que estas tensões com o Brasil poderão ser encapsuladas, restritas ao tema da Amazônia, mas vai depender muito da posição do Brasil. As posiçõesbetstars sportBiden são muito claras. Não acho que chegarão ao graubetstars sportsanções econômicas, mas acho que Biden terá uma postura mais parecida, digamos, abetstars sport(Emmanuel) Macron (presidente da França) do que abetstars sportTrump.
betstars sport BBC News Brasil - O que o senhor quer dizer com 'encapsular'? Isolar este tema ambiental?
betstars sport Castañeda - Sim, que o tema ambiental não contamine os outros assuntos (dos EUA) com Brasil. Mas isso não é simples. É um assunto muito sensível no Brasil, mas também nos EUA.
betstars sport BBC News Brasil - Os presidentes do Brasil e do México ainda não tinham reconhecido a vitóriabetstars sportJoe Biden. Eles são antítesesbetstars sporttermos ideológicos. Qual abetstars sportopinião sobre esta atitudebetstars sportBolsonaro ebetstars sportLópez Obrador? Esse fato pode chegar a complicar a relação com o governo Biden?
betstars sport Castañeda - Em primeiro lugar, os dois podem estarbetstars sportlados ideológicos opostos, mas se parecem muito. Os dois odeiam os meiosbetstars sportcomunicação, os dois são populistas, são autoritários e nepotistas. O fato que os dois, junto com (Vladimir) Putin, não tenham parabenizado Biden reflete que são muito parecidos e que os dois eram partidários e amigosbetstars sportTrump. Não acho que essa atitude (de não parabenizar Biden) afetará a relação no longo prazo, mas a afetará, no curto prazo,betstars sportmaneira inevitável. Deixa, digamos, um gosto ruim. Não necessariamente por partebetstars sportBiden, mas as equipes (dele) são mais sensíveis, mais pé no chão, e podem sentir esta faltabetstars sportamabilidade por partebetstars sportBolsonaro ebetstars sportLópez Obrador.
betstars sport BBC News Brasil - O senhor observa o Brasil isolado do mundo na era Bolsonaro?
betstars sport Castañeda - O Brasil ficará muito isolado,betstars sporttermosbetstars sportmudança climática, com Biden. Muito isolado por não ter sido responsável com a pandemia. Muito isoladobetstars sportseu autoritarismo, embetstars sportpostura contraria a tudo sobre os direitosbetstars sportgênero,betstars sportoutras minorias,betstars sportLGBT e etc. O Brasil está indo claramente contra a corrente. Bolsonaro achava que combetstars sportaliança com Trump tinha um companheiro. Tinha. Já não tem mais.
betstars sport BBC News Brasil - Pode aparecer outro protagonista na América Latina na era Biden, já que Brasil e México, nas erasbetstars sportBolsonaro e Obrador, tinham afinidade com Trump?
betstars sport Castañeda - Não. Os dois países têm peso muito grande.
betstars sport BBC News Brasil - O senhor escreveu uma biografia do ex-guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara ( betstars sport A vidabetstars sportvermelho betstars sport ) e é estudioso das esquerdas na América Latina. Como o senhor vê as esquerdas na região hoje?
betstars sport Castañeda - Acho que a situação da esquerda hoje não se restringe ao fatobetstars sportvoltar ou não a governar, mas sim como governar e como governa onde já governa. Em muitos casos, como no México e,betstars sportcerta forma, também na Argentina, esquemas muito antiquados,betstars sportoutra época, com nostalgiabetstars sportoutras épocas.
A atualização da esquerda ocorreu sim no Chile (Concertación) e Uruguai (Frente Amplio) ebetstars sportparte no Brasil, com Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), mas não nestes outros casos que mencionei. E ainda na Venezuela, na Nicarágua oubetstars sportCuba. Mas os dois casos mais decepcionantes são México e Argentina. Agora temos que ver se as esquerdas latino-americanas podem aproveitar as crises econômicas provocadas pela pandemia e como também os democratas nos EUA giram à esquerda para entrarem num processobetstars sportmodernização.
betstars sport BBC News Brasil - betstars sport Foram realizadas eleições municipais no Brasil e o Partido dos Trabalhadores (PT), dos ex-presidentes Lula e Dilma, teve um resultado fraco, principalmentebetstars sportSão Paulo, a maior cidade brasileira. O PT ficoubetstars sportquarto lugar e o destaque, na esquerda, foi o candidato do PSOL betstars sport para Prefeiturabetstars sportSão Paulo betstars sport , Guilherme Boulos (que perdeu para Bruno Covas, do PSDB, neste domingo). Nabetstars sportvisão, o PT continua sendo um partido importante?
betstars sport Castañeda - Eu acho que sim, mas também acho que desde que Lula saiu do governo, ocorreram condutas muito erráticas. Em muitos casos ebetstars sportmuitos aspectos. De Dilma (Rousseff) ebetstars sportoutros, como governadores. E acho que isso fez com que o PT perdesse muitobetstars sportseu prestigio ebetstars sportsua liderança. Os resultadosbetstars sportSão Paulobetstars sportcerta forma confirmam isso. Mas o assunto é se o PT pode se refazer, se reinventar, ou se vai continuar com a nostalgia do passado e que, claramente, não é atraente para muitos brasileiros.
betstars sport BBC News Brasil - O fatobetstars sporta esquerda latino-americano tenha sido acusadabetstars sportcorrupção, como nos casosbetstars sportRafael Correa, do Equador, Cristina Kirchner, na Argentina, Lula e etc betstars sport . betstars sport , também pode ter afetado estes resultados?
betstars sport Castañeda - Em termos gerais,betstars sporttoda a América Latina, claro que sim. E, inclusive, no caso do Chile que não é um país com grande tradiçãobetstars sportcorrupção, mas também ocorreram pequenos escândalosbetstars sportcorrupção (durante o governo da ex-presidente Michelle Bachelet). Na Venezuela, são grandes escândalos. E todos conhecemos os efeitos (de casosbetstars sportcorrupção) no Brasil, na Argentina e, inclusive, na Bolívia, com Evo Morales, no Equador, com Correa, e na Nicarágua com Daniel Ortega. E se todos se mantém amarrados ao passado, será difícil que as pessoas voltem a acreditar numa esquerda que,betstars sportmuitos casos, deixou um legadobetstars sportcorrupção e tambémbetstars sportmá administração econômica. Acho que estes temas vão surgir constantemente. Por isso, a pandemia é uma oportunidade para que a esquerda dê uma nova formulaçãobetstars sportcomo construir um estadobetstars sportbem-estar na América Latina. Bem-estar que não existe, como a pandemia mostrou.
betstars sport BBC News Brasil - Nabetstars sportvisão, as esquerdas têm algum formabetstars sportresponsabilidade diante da eleiçãobetstars sportBolsonaro?
betstars sport Castañeda - Sempre que surge um líder autoritário,betstars sportextrema direita, racista, sexista, homofóbico e etc, quase sempre há,betstars sportalguma parte, uma responsabilidade da esquerda. No caso específico do Brasil não quero fazer um julgamento rigoroso porque não segui muito os fatos desde que Bolsonaro ganhou. Mas, claramente, quando isto acontece,betstars sportqualquer país, quase sempre a esquerda tem uma partebetstars sportresponsabilidade.
betstars sport BBC News Brasil - betstars sport O fatobetstars sportBiden ter falado primeiro com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que ébetstars sportdireita, significa alguma coisa? Um jogobetstars sportcintura políticabetstars sportBiden? Ou o que significa nabetstars sportvisão?
betstars sport Castañeda - O lógico teria sido que Biden falasse com México, primeiro, junto com Canadá, e depois com o Brasil. Mas, bem, se o México e o Brasil não querem, e a Argentina é um assunto mais complicado... Por isso acho que ele falou com o presidente do Chile e não (necessariamente) com Sebastián Piñera. Ou seja, se a presidente chilena fosse Michelle Bachelet também teria falado com o presidente do Chile. Acho que para Biden o importante é o que Chile representa para a América Latina e não o governobetstars sportPiñera. Mas, sim, os últimos 30 anos e também o desafiobetstars sportresponder a um movimento social atravésbetstars sportuma base institucional. Acho que Biden levou estes fatosbetstars sportconsideração.
betstars sport BBC News Brasil - betstars sport A América Latina está, digamos, condenada, e ainda mais agora com a pandemia, a não reagir contra seus problemas? É a região mais castigada com a desigualdade social e pobreza. O que acontece?
betstars sport Castañeda - De fato foi a região mais afetada pela pandemia. Talvez as exceções tenham sido Uruguai e Costa Rica. Os demais a administraram muito mal. O México, o Brasil, mal, muito mal. A Argentina muito mal também, não sei se porbetstars sportculpa, mas muito mal também. É muito difícil que as situações não sejam bem administradas e depois esperar que não aconteça nada. Tudo tem consequências.
betstars sport BBC News Brasil - betstars sport O ex-presidente Barak Obama teve uma políticabetstars sportaproximação com Cuba. Havia uma preocupação com os imigrantes nos betstars sport EUA betstars sport e seus familiares na Ilha. O senhor acha que Biden seguirá esta mesma linhabetstars sportObama?
betstars sport Castañeda - Acho que sim, mas também acho que será um assunto complexo para Biden. No casobetstars sportCuba, da Venezuela, do Irã e dos imigrantes mexicanos, voltar a um estágio, sem levarbetstars sportconta o períodobetstars sportTrump, vai ser muito difícil. Não vai ser fácil voltar ao acordo com Irã, como estava, suprimir todas as medidas migratóriasbetstars sportTrump para voltar a situaçãobetstars sportObama, suspender todas as sanções para os governantes venezuelanos e deixarbetstars sportreconhecer a (Juan) Guaidó e etc.
E no casobetstars sportCuba, voltar à normalizaçãobetstars sportObama, exatamente como era, será muito difícil. Tudo isso será muito difícil porque vai significar ou significariam decisões unilaterais, controvertidas do pontobetstars sportvistabetstars sportpolítica interna dos EUA e,betstars sportalguns casos, com consequências complicadas para os EUA. Então, por exemplo, no casobetstars sportCuba, há muito que pode ser feito, mas é preciso ver se será feito, unilateralmente, incondicionalmente, expondo-se a uma reação muito negativa na Flórida (imigrantes cubanos e com eleitoradobetstars sportTrump) e afastando-se dos republicanos e dos conservadores ou se vai tentar voltar ao que Obama fez e pedindo aos cubanos alguns gestos novos e importantes que possam ir além do que foi acordado na épocabetstars sportObama. Não sei. O que sei é quebetstars sportqualquer uma das alternativas que falei, é difícil. Não é fácil ignorar Trump.
betstars sport BBC News Brasil - Trump teve uma votação maior do que era esperada. E seria complicado contrariar esse eleitorado? Seria isso?
betstars sport Castañeda - O eleitorado e, principalmente, alguns senadores importantes,betstars sportEstados importantes. Não é tão fácil, simplesmente, voltar (à épocabetstars sportObama). Biden queria voltar ao acordo conjunto com Irã, como era, mas não acho que poderá. Existe Trump, os republicanos, Israel. São muito fatores.
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