'Ninguém morre por ser cristão no Brasil': especialistas debatem 'cristofobia' citada por Bolsonaro na ONU:bonus giros gratis
Todos os anos, a ONG internacional Portas Abertas, que auxilia cristãos que sofrem perseguição religiosa, produz um rankingbonus giros gratis50 países onde seguidores do cristianismo são mais perseguidos por causabonus giros gratissua fé — o estudo é feito a partirbonus giros gratisrelatosbonus giros gratisincidentesbonus giros gratisviolência. Desde que a lista começou a ser feita, há 25 anos, o Brasil nunca apareceu entre os 50 primeiros colocados.
Na edição 2020, por exemplo, os primeiros do ranking são Coreia do Norte, Afeganistão, Somália, Líbia e Paquistão. Em alguns dos países da lista, o próprio governo proíbe o cristianismo ou fomenta a perseguição contra cristãos por partebonus giros gratisgrupos extremistasbonus giros gratisoutras religiões.
"Definimos perseguição quando o cristão experimenta, como resultadobonus giros gratissua identificação com Jesus Cristo, atitudes hostis, ações sistemáticasbonus giros gratiscerceamento da liberdade, encarceramento, hostilidade verbal e violência do Estado e da família", explica Marco Cruz, secretário-geral da ONG Portas Abertas.
'Casos isolados'
Embora tenha um escritóriobonus giros gratisSão Paulo, a entidade não atua no auxíliobonus giros gratiscristãos no Brasil, e sim na divulgação do trabalho feitobonus giros gratis60 países, além arrecadar doações.
Para Cruz, que é evangélico, não dá para falarbonus giros gratis"cristofobia" no Brasil. "Há casos isoladosbonus giros gratispreconceito, mas, no nosso contexto, não consideramos que exista no Brasil uma perseguição estruturada e sistemática contra cristãos, comobonus giros gratisoutros países. Nós podemos expressar nossa fé livremente, ninguém é expulsobonus giros gratisalgum local por ser cristão, nenhuma pessoa morre ou é presa no Brasil por ser cristã", diz.
O pastor batista Levi Araújo concorda que não existe cristofobia no Brasil. "O que existe é ignorância, generalizações e preconceitos obtusos contra os evangélicos, e isso está custando caro para todos os brasileiros, evangélicos ou não, alémbonus giros gratisfortalecer os 'terrivelmente evangélicos', que são a maioriabonus giros gratisnosso segmento", afirmou.
"Terrivelmente evangélico" foi uma expressão usada pelo presidente Bolsonaro quando questionado sobre qual seria o perfil ideal para uma indicaçãobonus giros gratisa uma vaga o Supremo Tribunal Federal.
"Há outra perseguição que precisa ser denunciada: a perseguição dos terrivelmente evangélicos contra aqueles que não são assim. Os seguidoresbonus giros gratisJesusbonus giros gratisNazaré estão sendo perseguidos pelos terrivelmente evangélicos", afirmou Araújo, que tem se mostrado uma das vozes mais críticas à aliança entre o bolsonarismo e pastores conservadoresbonus giros gratisgrande igrejas.
"Como se não bastasse, alguns 'isentões' que não querem baterbonus giros gratisfrente com os terrivelmente evangélicos, terminam, por ação ou omissão, vendendo os discípulosbonus giros gratisJesusbonus giros gratisNazaré por 30 moedasbonus giros gratisprata", diz.
Já Magno Paganelli, doutorbonus giros gratishistória social pela Universidadebonus giros gratisSão Paulo (USP), embora destaque que religiões afro-brasileiras sofram mais com discriminação, acredita que existabonus giros gratisfato uma cristofobia no Brasil, "se você considera o rigor do conceitobonus giros gratisislamofobia, lgbtfobia e afins".
Para ele, essa cristofobia se manifesta muitas vezes dentro dos setores acadêmicos, corporativos ebonus giros gratisimprensa. Cita como exemplo o tratamento dado às nomeações dos ministros Milton Ribeiro (Educação) e André Mendonça (Justiça), além do presidente da Capes, Benedito Guimarães Aguiar Neto.
"Todos eles têm forte e admirável formação acadêmica e trajetória reconhecidabonus giros gratisseus setoresbonus giros gratisatividade, mas a comunidade científica e os especialistasbonus giros gratisplantão destacaram crenças pessoais e filiação religiosa. Isso é cristofobia explícita que precisa ser reconhecida e combatida", afirma Paganelli.
"Evangélicos, especialmente os pentecostais, sempre foram chamadosbonus giros gratispovinho ignorante ebonus giros gratis'vômitobonus giros gratisSatanás'. O que fizeram? Foram para a universidade, preocuparam-se com suas carreiras atébonus giros gratisdetrimento do que a fébonus giros gratissuas igrejas previa. Mas hoje se deparam com preconceito cultural e religioso, porque o grupo X e Y é que devem ser pesquisados nas ciências sociais, uma vez entendido que 'cristãos historicamente' foram os responsáveis por tal e qual problema social e, portanto, não precisam ter voz", diz.
Por outro lado, há quem acredite que o uso do termo cristofobia por alguns setores evangélicos e políticos do Brasil seja uma maneirabonus giros gratis"tentar equiparar" a perseguição e a discriminação violenta sofrida por LGBTs, negros e outras minorias.
"É evidente que cristãos são perseguidosbonus giros gratisoutros países, mas isso não acontece no Brasil, onde eles são a esmagadora maioria", diz Renan Quinalha, professorbonus giros gratisDireito da Universidade Federalbonus giros gratisSão Paulo (Unifesp).
"Sem negar que existam casos concretos e isoladosbonus giros gratispreconceito, mas me parece que essa operaçãobonus giros gratisfalarbonus giros gratiscristofobia é falaciosa. Ainda mais guardando analogia com outras fobias, que são estruturais, institucionais e culturais no Brasil, como o racismo e LGBTfobia", afirma.
"O que a gente tem visto, na verdade, é o oposto: setores religiosos têm se articulado com o bolsonarismobonus giros gratismaneira expressiva para desestabilizar o Estado laico, promovendo inclusive uma cruzada moral contra LGBTs, religiões afro-brasileiras, entre outros. Apesar disso, aparece esse discurso da cristofobia que tenta vitimizar um setor que não é vítima".
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