Chuva preta e dias escuros: como queimadas no Pantanal e Amazônia podem afetar outras regiões:h bettigre

Houve registroh bettigrechuva escura tambémh bettigremunicípiosh bettigreSanta Catarina, na última quinta-feira (17/09). A Defesa Civil do Estado confirmou que eram precipitações contaminadas por partículash bettigrefumaçah bettigreincêndios no Pantanal.

Nos próximos dias, segundo serviços meteorológicos, existe a possibilidadeh bettigreregistroh bettigrechuva preta na cidadeh bettigreSão Paulo, que está encoberta por fumaça dos incêndios florestais. Em agosto do ano passado, houve precipitações escurash bettigrealguns pontos da capital paulista e regiões próximas.

O céu tomado pela fumaça, que hoje preocupa moradores do Sul e Sudeste, é uma realidade frequente nos nove Estados que compõem a Amazônia Legal — como Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. As pessoas que vivem nessas regiões sofrem diretamente os impactos das queimadas intensas e podem ser expostas a níveish bettigrepoluição do ar acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Especialistas apontam que os riscos da fumaça que avança pelo país são menores que os problemas enfrentados pelas pessoas que moram nas proximidades dos biomas duramente afetados pelas queimadas. Apesar disso, a situação é considerada preocupante, por ser um reflexo do aumento dos incêndios florestais no Brasil.

Os incêndios e a fumaça

De janeiro a meadosh bettigresetembro deste ano, foram registrados 69,5 mil focosh bettigrecalor (que costumam representar incêndios) na Amazônia, segundo o Instituto Nacionalh bettigrePesquisas Espaciais (Inpe).

Somente na primeira quinzena deste mês, na Amazônia, houve crescimentoh bettigre86%h bettigrefocosh bettigrecalor,h bettigrecomparação ao mesmo período do ano passado.

No Cerrado, foram registrados 40,8 mil focosh bettigrecalorh bettigrejaneiro a meadosh bettigresetembro deste ano. Somente nas duas primeiras semanas deste mês foram 13,6 mil registros, crescimentoh bettigre9,21%h bettigrecomparação ao mesmo períodoh bettigre2019.

Já o Pantanal teve o maior crescimentoh bettigrefocosh bettigrecalor entre os biomas neste ano. Os registros aumentaram 219%,h bettigrecomparação ao mesmo períodoh bettigre2019 —h bettigrejaneiro à primeira quinzenah bettigresetembro. Até sábado (19/09), havia 15,9 mil focos correspondentes a 2020.

Somente nas duas primeiras semanash bettigresetembro deste ano foram registrados 5,3 mil focosh bettigrecalor no Pantanal. Em 2019, no mesmo período, havia 1,6 mil.

Os números confirmam que o mêsh bettigresetembro deste ano tem sido marcado por queimadas intensas, causadas pela ação humana. As partículas geradas por esses incêndios são notadash bettigrediversas partes do país por meio do céu, que pode ficar esbranquiçado ou alaranjado.

O meteorologista Franciscoh bettigreAssis, do Instituto Nacionalh bettigreMeteorologia (Inmet), relata que além da fumaça, situações como a poluição causada por automóveis e a poeirah bettigresuspensão —h bettigreregiões nas quais há muito tempo não chove — também colaboram para alterar a coloração do céu.

Quando associada à frente fria, a fumaça pode fazer com que o "dia vire noite", como aconteceuh bettigreSão Paulo,h bettigreuma tardeh bettigreagosto do ano passado.

Para chegar a diferentes regiões, a fumaça é carregada por meio dos ventos. "Esses ventos que levam a fumaça vêmh bettigreregiões oceânicas do Atlântico Tropical, entram no continente, passam pela Amazônia, pelo Cerrado e pelo Pantanal e seguem para o Sul e Sudeste, por conta da barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Eles também chegam à Bolívia, Argentina e Paraguai", explica o pesquisador Nilton Évora do Rosário, que estuda a poluição do ar.

"No Verão, essa massah bettigrear costuma chegar carregadah bettigreumidade às regiões Sul e Sudeste (fenômeno conhecido como rios voadores). Mas no períodoh bettigrequeimadas, transporta essa fumaça, que é o que existe na atmosfera", acrescenta Rosário, que é professor do Departamentoh bettigreCiências Ambientais da Universidade Federalh bettigreSão Paulo (Unifesp).

Os efeitos causados pelos incêndios nos biomas brasileiros podem viajar milharesh bettigrequilômetros. "A fumaça dos incêndios na Califórnia (nos Estados Unidos), por exemplo, foi detectada na Europa. Essa fumaça costuma ser depositada ao longo do percurso, mas dependendo da intensidade, pode viajar por dois ou três mil quilômetros facilmente", relata o pesquisador Paulo Artaxo, doutorh bettigrefísica atmosférica pela Universidadeh bettigreSão Paulo (USP).

"Essa fumaça do Brasil, passando por São Paulo, faz parada até o Atlântico Sul e pode seguir para a África. Mas ela vai enfraquecendo, pois é depositada ao longo do tempo", acrescenta Artaxo.

O especialistah bettigrefísica atmosférica detalha algumas possíveis consequências da fumaça levada a outras regiões do Brasil ou do mundo. "Ela pode ter efeitos à saúde. Além disso, pode reduzir a radiação no ecossistema por causa da absorção da atmosfera, alterar a fotossíntese e prejudicar atividades agrícolas", diz Artaxo.

Após a chegada da fumaça à região Sudeste, a Metsul Meteorologia alertou que a situação pode piorar a qualidade do ar e causar problemas a pessoas que têm dificuldades respiratórias. A situação se torna ainda mais difícil no atual cenário da pandemiah bettigrecoronavírus.

Chuva preta

A chuva preta costuma ocorrer quando a fumaça transportada pelo vento encontra nuvens que produzem precipitações,h bettigregeral associadas às frentes frias.

"Outra situação que pode causar a chuva preta é quando as gotas das nuvens se formam no meio da poluição, e envolvem as partículas que compõem a fumaça. Com isso, a chuva associada a essas nuvens terá, emh bettigrecomposição, a fuligem oriunda das queimadas", explica Rosário.

De acordo com a Metsul, um corredorh bettigrefumaça avançou da região da Amazônia e do Pantanal no fimh bettigresemana,h bettigredireção ao Sudeste do país. Enquanto isso, uma frente fria do Sul se aproxima da regiãoh bettigreSão Paulo.

Diante do cenário, a Metsul alertou sobre a possibilidadeh bettigrechuva pretah bettigreSão Paulo nos próximos dias.

Segundo nota do Climatempo, "dependendo da quantidadeh bettigrefumaça que for transportada (dos biomas incendiados) para São Paulo, não se poderia descartar a chance da repetição do fenômeno da chuva preta."

Para especialistas, a chuva preta pode ser considerada uma formah bettigrealívioh bettigremeio ao cenário das queimadas. "Ela é consequênciah bettigreum processo importanteh bettigrelimpeza da atmosfera", diz Rosário.

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