As derrotas diplomáticas que o Brasil pode ter aceitado para ajudar Trump a se reeleger:big fun slots
E no último fimbig fun slotssemana, o país ajudou a chancelar o nomebig fun slotsum ex-oficial do Departamentobig fun slotsEstado, o trumpista Mauricio Claver-Carone, para a presidência do Banco Interamericanobig fun slotsDesenvolvimento (BID), cuja direção, pelas regras tácitas do banco, caberia ao Brasil.
Segundo analistas, as nuancesbig fun slotscada um desses lances revelam o interesse da gestão Jair Bolsonarobig fun slotsatuar para fortalecer a posição eleitoralbig fun slotsTrump entre latinos e nos chamados corn belt - como os americanos costumam chamar os Estados produtores do milho, com o qual fabricam o etanol - e rust belt - o cinturão da ferrugem, estados cuja economia se baseou por décadasbig fun slotsuma indústria siderúrgica alquebrada que Trump prometeu restaurar.
"Nos últimos 20 meses, o governo Bolsonaro isolou-se internacionalmente, fiando a relevância global do Brasil à permanênciabig fun slotsTrump no poder. A reeleiçãobig fun slotsTrump, portanto, é uma questãobig fun slotssobrevivência internacional do governo Bolsonaro. As concessões assumem profunda simbologia e visam dar a Trump vitórias diplomáticas à véspera da eleição", diz Guilherme Casarões, professorbig fun slotsRelações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas.
O Itamaraty foi procurado por e-mail na última terça-feira (15/9) e por telefone nesta quarta para comentar se teve a intençãobig fun slotsbeneficiar Trump nas negociações citadas pela reportagem e se reconhece que os atos podem ter efeito eleitoral. O órgão não respondeu até a publicação desta reportagem. Caso o Itamaraty se manifeste, a resposta será incluída neste texto.
Aço
Desde junho, os americanos passaram a pressionar o Brasil com a possibilidadebig fun slotsrecolocar tarifas sobre o aço brasileiro. Graças a um acordo firmadobig fun slots2018, uma dada quantidadebig fun slotschapas do metal produzidas pelo Brasil podia entrar nos Estados Unidos sem encarar as barreiras tarifáriasbig fun slots25% impostas pela gestão Trump.
Ao criar o sistema protecionista, Trump cumpria umabig fun slotssuas principais promessasbig fun slotscampanha, cujo mote era "America First": tentar proteger a indústria siderúrgica americana e os empregosbig fun slotsseus operários que,big fun slots2016, deram a Trump a vitória eleitoralbig fun slotsestados como Michigan, Pensilvânia, Wisconsin e Ohio.
No entanto, os poucos resultados da política econômica para reanimar o setor siderúrgico americano e a possibilidadebig fun slotsperder a disputa para os democratas nesses estados - as pesquisas mostram Joe Biden na liderançabig fun slotsMichigan, Pensilvânia e Wisconsin - levaram o governo Trump a cogitar a retomada das tarifas sobre o produto brasileiro, como uma sinalização a seu eleitorado.
Na negociação com o Brasil, os representantesbig fun slotsTrump deixaram claro que a decisão não se devia só à contração econômica provocada pelo coronavírus, mas ao momento político do país.
O recursobig fun slotstarifar o aço brasileiro para agradar o eleitorado não é inédito no históricobig fun slotsTrump. Em dezembro do ano passado, depoisbig fun slotsacusar o Brasilbig fun slotspropositalmente depreciar o valor do real frente ao dólar, Trump já havia anunciado que taxaria o produto brasileiro, medida da qual recuou quase 20 dias depois, graças a gestões do Itamaraty. Agora, o governo Trump chegou a sugerir que o governo brasileiro contivesse a saída do aço do país, o que os produtores não aceitaram.
Diante da inevitabilidade da tarifa, Ernesto Araújo teria conseguido amortecer o impacto político da medida para Bolsonaro ao convencer os americanos a cortar a quantidade importada do Brasil,big fun slotsvezbig fun slotsretomar os impostos nas transações comerciais. Para o setor produtivo, dizem os especialistas, pode ser uma solução ainda pior que a tarifa, já que na prática impede a exportação pelo Brasil. O prazo das restrições deixam claro o objetivo eleitoreiro da medida: Brasil e Estados Unidos retomarão conversasbig fun slotsdezembro, um mês após o pleito.
Etanol
Diante da derrota no aço, a expectativa dos produtores brasileiros e dos analistasbig fun slotsmercado erabig fun slotsque o Brasil fosse revogar a isençãobig fun slotstarifa para importação do etanol americano, aplicada por Bolsonaro no ano passado e vencidabig fun slotsagosto.
Ao zerar a tarifa sobre a importação do etanol,big fun slots2019, o presidente brasileiro atendia a um pedidobig fun slotsTrump. Seu ato criou uma crise com a base ruralista no Congresso, que chegou a divulgar nota dizendo que "os interesses norte-americanos não podem se sobrepor ao dos brasileiros" e ameaçou derrotar o governo nas reformas a serem aprovadas na casa.
Agora, a condição dos empresários do setor sucroalcooleiro é ainda mais delicada que há 12 meses: os estoques estão quase 50% mais abastecidos do que no mesmo período do ano passado por conta da redução do consumobig fun slotscombustíveis desde o início da pandemia. Os produtoresbig fun slotscanabig fun slotsaçúcar esperavam que o governo anunciasse uma linhabig fun slotscrédito para socorrer o setor, que precisa aumentarbig fun slotscapacidadebig fun slotsestocar.
Ao contrário, recebeu a notíciabig fun slotsque até dezembro mais 187,5 milhõesbig fun slotslitrosbig fun slotsetanol americano poderão entrar no mercado brasileiro sem impostos. Só depois das eleições americanas haverá revisão da tarifa.
O modo como se deu a decisão explicitou quem saiu vitorioso dela. Os ministérios da Agricultura, da Economia ebig fun slotsMinas e Energia foram contrários à renovação da isençãobig fun slotstarifa aos americanos. A favor, apenas o Itamaraty, do chanceler Ernesto Araújo, que convenceu Bolsonaro.
Constrangidos, os demais ministros sequer assinaram notabig fun slotsconjunto com o Itamaraty para anunciar a decisão. Coube a Araújo justificar a benesse aos americanos com a promessabig fun slots"abrir negociações capazesbig fun slotsexpandir as oportunidades para etanol e açúcar nos dois países, dentro da parceria econômica Brasil-Estados Unidos que estamos construindo".
Há décadas, o Brasil tenta convencer os americanos a cortar a taxabig fun slots140% que impõem sobre o açúcar brasileiro, sem sucesso. De acordo com o presidente da União da Indústriabig fun slotsCanabig fun slotsAçúcar (Unica), Evandro Gussi, o governo impôs "um sacrifício enorme" ao setor, só justificável se o açúcar nacional realmente puder entrar nos Estados Unidos. Gussi disse ainda que "odiaria" saber que a decisão foi tomada para ajudar Trump a conquistar votos.
"Ninguém acredita quebig fun slots90 dias os americanos vão passar a comprar açúcar do Brasil como nunca fizeram. É evidente que a medida foi adotada para ajudar Trump na eleição às custas dos fazendeiros brasileiros. A ajuda termina logo depois do período eleitoral americano", afirmou um dos líderesbig fun slotsentidade empresarial voltada ao comércio exterior, que preferiu não se identificar para não atrapalhar negociações futuras com o governo Bolsonaro.
O etanol americano é produzido a partir do milho cultivadobig fun slotsestados como Illinois, Indiana, Iowa, Minnesota, Nebraska, e Ohio. Os fazendeiros do grão formaram a base eleitoralbig fun slotsTrumpbig fun slots2016.
A guerra comercial do presidente americano com a China, no entanto, resultoubig fun slotsum grande impacto sobre o agronegócio dos Estados Unidos. Os chineses impuseram barreiras tarifárias pesadas aos produtos americanos e passaram a consumir maisbig fun slotsoutros produtoresbig fun slotsalimentos, como o Brasil.
Aliado a isso, a queda no preço globalbig fun slotscommodities e problemas climáticos impediram uma safra melhor no ano passado e afundaram o setor agrícola do paísbig fun slotsdívidas. Um dado ilustrabig fun slotsmaneira eloquente o sofrimento nesse grupo: um estudo divulgadobig fun slotsjaneiro desse ano pelo CDC, Centrobig fun slotsPrevenção e Controlebig fun slotsDoenças dos Estados Unidos, mostrou que os fazendeiros são a categoria profissional com mais propensão a se matar entre todas as ocupações. O númerobig fun slotssuicídios entre homens do campo aumentou 40%big fun slotsduas décadas.
Dos seis estados do corn belt, Trump mantém vantagem - segura ou apertada -big fun slotsquatro. Nos outros dois, Biden aparece na liderança. O gesto do governo brasileiro pode contribuir para assegurar a simpatiabig fun slotsmais fazendeiros a Trump.
BID
Um dia após anunciar a prorrogação na isenção da tarifa do etanol, Ernesto Araújo voltou ao Twitter para parabenizar o americano Mauricio Claver-Carone pela eleição como presidente do Banco Interamericanobig fun slotsDesenvolvimento (BID), com "com firme apoio do Brasil", nas palavras do chanceler.
Na verdade, o Brasil, que chegou a apresentar candidato ao posto, foi atropelado por Trump, interessadobig fun slotsexpandir a influência americana na região e bloquear investidas da China. Ao apontar Claver-Carone, o formulador das políticas da gestão Trump para Venezuela e Cuba, o governo americano, principal acionista do banco, ignorou um acordo tácito sobre o comando da instituição vigente desdebig fun slotsfundação,big fun slots1959: sempre ter um latino na presidência.
Como se revezaram à frente do BID um chileno, um uruguaio, um colombiano e um mexicano, o Brasil nutria a expectativabig fun slotsser o próximo da fila.
Mas, diante da indicação americana, o Itamaraty não só retirou-se imediatamente da disputa como atrapalhou uma articulaçãobig fun slotspaíses como Argentina e México para lançar outro candidato ou ao menos protelar a escolha para depois das eleições americanas.
Com a perspectiva da eleiçãobig fun slotsClaver-Carone, a campanhabig fun slotsBiden afirmou ao jornal Miami Herald que ele era "super-ideológico" e "subqualificado" para o posto. Na prática, se Biden ganhar a eleição, o presidente do BID não representará o governo americano.
A eleiçãobig fun slotsClaver-Carone, no entanto, é uma importante demonstraçãobig fun slotsforçabig fun slotsTrump e um meiobig fun slotsassegurar aos eleitores que poderá aprofundar suas ações na regiãobig fun slotsum novo mandato. Nos últimos quatro anos, o presidente americano endureceu sançõesbig fun slotsrelação à Venezuela e chegou a prometer que "colocaria um fim" ao regimebig fun slotsNicolás Maduro, o que não aconteceu.
Para reforçar a mensagem, Trump envia ainda nesta semana seu secretáriobig fun slotsEstado, Mike Pompeo, para uma visita à Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela. E embora o fluxobig fun slotsvenezuelanos na região tenha caído drasticamente porque a fronteira entre os dois países foi fechada devido à pandemiabig fun slotscoronavírus,big fun slotsBoa Vista, Pompeo irá se encontrar com "migrantes venezuelanos que fogem do desastre causado pelo homem no país" para "destacar o compromisso dos Estados Unidosbig fun slotsdefender a democracia", afirmou o Departamentobig fun slotsEstadobig fun slotsnota. Ernesto Araújo acompanhará a visita.
As palavras - e as ações - do governo Trump têm endereço certo. Cercabig fun slots200 mil venezuelanos vivem na Flórida, um estadobig fun slotsque Biden e Trump estão empatados na preferência eleitoral. O apoio dessa comunidade pode ser crucial para determinar o vencedor na corrida não só localmente, mas à Presidência. Em 2016, o republicano venceu no estado por uma margembig fun slotsapenas 113 mil votos.
De acordo com Araújo, a eleiçãobig fun slotsCarone ao BID é a "garantiabig fun slotsum BID comprometido com nossos valoresbig fun slotsdemocracia e economiabig fun slotsmercado para as Américas".
Interferênciabig fun slotseleições
Segundo Casarões, as ações do governobig fun slotsapoio a Trump são coerentes com o discurso da gestão. O presidente Bolsonaro já expressoubig fun slotspreferência pela eleição do republicano,big fun slotsquem se disse "fã", e seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro tem feito campanhabig fun slotsfavor da reeleiçãobig fun slotsTrump nas redes sociais.
As manifestaçõesbig fun slotsEduardo levaram o presidente da Comissãobig fun slotsRelações Internacionais da Câmara Americana, o representante democrata Eliot Engel, a pedir que "a família Bolsonaro se retire da eleição americana", um assunto que para o parlamentar deveria estar restrito ao povo americano.
Mas, para Casarões, esse tipobig fun slotsatuação dos políticos brasileiros não é uma exclusividade do pleito nos Estados Unidos, embora este seja o mais importante deles no interesse brasileiro.
"A interferência brasileirabig fun slotsprocessos eleitorais alheios é uma característica do governo Bolsonaro. Houve envolvimento indireto da política externa brasileira na retiradabig fun slotsEvo Morales do poder na Bolívia, alémbig fun slotsdiscursos e ações favoráveis a aliados brasileirosbig fun slotseleições - (a tentativabig fun slotsreeleiçãobig fun slotsMaurício) Macri na Argentina, (Benjamin) Netanyahubig fun slotsIsrael e do próprio Trump nos Estados Unidos", afirmou o professor da FGV.
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