Campoalibaba66 freebetconcentração na Amazônia aprisionou centenasalibaba66 freebetfamílias japonesas durante 2ª Guerra:alibaba66 freebet
A criação do campoalibaba66 freebetTomé-Açu
Até o anoalibaba66 freebet1942, a colônia japonesa que existia à beira do rio Acará, a 200 kmalibaba66 freebetBelém, hoje municípioalibaba66 freebetTomé-Açu, vivia basicamente do cultivoalibaba66 freebethortaliças e arroz.
Os primeiros imigrantes chegaramalibaba66 freebet1929, por meio da Companhia Nipônicaalibaba66 freebetPlantação (Nantaku), que dispunhaalibaba66 freebetterras na região. Outro importante impulso para consolidação da comunidade foi a fundação,alibaba66 freebet1935, da Cooperativa Agrícola do Acará.
Porém, o desenvolvimento da comunidade foi interrompido com a entrada do Brasil na guerra.
"O Brasil, muito pressionado pelas relações externas, fez açõesalibaba66 freebetcontenção dos 'inimigosalibaba66 freebetguerra', que eram os estrangeiros do Eixo - os alemães, italianos e japoneses", explica Priscila Perazzo, professora e pesquisadora da Universidade Municipalalibaba66 freebetSão Caetano do Sul (USCS) e autoraalibaba66 freebetPrisioneiros da guerra: os "súditos do Eixo" nos camposalibaba66 freebetconcentração brasileiros.
"Então, o governo decide montar campos onde pudesse internar pessoas desses países".
Rodeada pela floresta amazônica e acessível somente por via fluvial, a comunidade japonesa que se formoualibaba66 freebettorno da Nantaku e da Cooperativa era uma candidata ideal para sediar um desses campos.
Em 17alibaba66 freebetabrilalibaba66 freebet1942, os japoneses perderam o direito aos seus bens, por meioalibaba66 freebetuma declaraçãoalibaba66 freebetcaducidade, e a vila às margens do rio Acará foi isolada. Nascia o Campoalibaba66 freebetConcentraçãoalibaba66 freebetTomé-Açu.
Boa parte das 49 famílias que viviam na região, à época, eramalibaba66 freebetagricultores, e tinham pouco conhecimento sobre os combates que ocorriam emalibaba66 freebetterra natal. Mesmo assim, foram considerados "prisioneirosalibaba66 freebetguerra", termo geralmente usado para militares apreendidosalibaba66 freebetcombate, mas que, naquele momento, também foi usado para civis.
Os números são imprecisos, porém estima-se que, durante os seus três anosalibaba66 freebetexistência, cercaalibaba66 freebet480 famíliasalibaba66 freebetjaponeses, 32alibaba66 freebetalemães e alguns italianos foram parar no campo.
Uma grande parte veio da capital Belém. É o caso da famíliaalibaba66 freebetElson Eguchi,alibaba66 freebet79 anos. Seu pai, Yasuji, foi do Japão para o Peru, país com expressiva imigração japonesa. Mas foi no Brasil que ele se estabeleceu.
Com a guerra, Yasuji foi deslocado à forçaalibaba66 freebetBelém para Tomé-Açu. "Meu pai trabalhou como cozinheiroalibaba66 freebetBelém. O governo tirou elealibaba66 freebetlá e o jogou aqui,alibaba66 freebetTomé-Açu, como campoalibaba66 freebetconcentração", relata Elson.
Na capital paraense, a vida dos japoneses tampouco era fácil. "Em Belém, brasileiros saqueavam, queimavam as lojas, as casas dos japoneses. Muitos ficaram sem ter onde morar", conta Hajime Yamada,alibaba66 freebet94 anos.
Ela chegou à região do Acaráalibaba66 freebet1929, na primeira levaalibaba66 freebetimigrantes, quando tinha 2 anos. Desde então, vivealibaba66 freebetTomé-Açu, e presenciou os anosalibaba66 freebetdificuldades.
Muitos japoneses também foram trazidos do Amazonas, inclusivealibaba66 freebetManaus, a 1.317 kmalibaba66 freebetTomé-Açu. Os dirigentes da Companhia Industrial Amazonense foram levados ao campo, e a imprensa local passou a denominá-losalibaba66 freebet"quinta coluna", termo utilizado,alibaba66 freebetcontextoalibaba66 freebetguerra, para designar espiões, sabotadores e traidores a serviçoalibaba66 freebetoutro país.
Em 2011, a Assembleia Legislativa do Amazonas fez um pedido oficialalibaba66 freebetdesculpas a imigrantes japoneses pelos abusos cometidos durante a Segunda Guerra .
Como era o campo
Ao longo da história, camposalibaba66 freebetconcentração assumiram diversas formas. No casoalibaba66 freebetTomé-Açu, a colôniaalibaba66 freebetimigrantes foi isolada dentro do perímetro do campo. As casas, o hospital e outras construções comunitárias foram, do dia para noite, subordinados ao poder do Estado.
"Como era um vilarejo praticamente perdido na Amazônia, cujo único acesso era feito por barco, no momentoalibaba66 freebetque o Estado controlou a embarcação, a comunidade acabou ficando isolada", explica Perazzo.
Muitos dos imigrantes forçados a se deslocar não eram obrigados a ficar reclusosalibaba66 freebetcelas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. Yamada relata que, pelo menos, duas famílias ficaram emalibaba66 freebetpropriedade até o fim da guerra.
"Aquialibaba66 freebetcasa ficaram as famílias Takashima e Watabi. Passaram um ano e pouco, até terminar a guerra. Nós conseguimos armar uma barraca rapidamente, porque vieram láalibaba66 freebetBelém sem casa, sem nada, só com a roupa do corpo. Todo mundo deu apoio", relata.
Assim, o campo se estruturou como uma verdadeira cidade. A vigilância e a segurança eram garantidas por um destacamento militar, sob a administração do capitão João Evangelista Filho.
Rotina no campoalibaba66 freebetconcentração
A rotina no campoalibaba66 freebetTomé-Açu eraalibaba66 freebetprivações, apesaralibaba66 freebetnão se comparar à dos camposalibaba66 freebetextermínio da Alemanha nazista.
A começar pelo confiscoalibaba66 freebetbens dos imigrantes. Livros, aparelhosalibaba66 freebetrádio, armas e embarcações foram levados por autoridades brasileiras, que, por vezes, usufruiam desses bensalibaba66 freebetbenefício próprio.
Cortar a comunicação dos imigrantes com o mundo exterior era uma prioridade do governo brasileiro. Correspondências eram censuradas nas agênciasalibaba66 freebetcorreioalibaba66 freebetBelém e, "se havia denúnciaalibaba66 freebetque alguém estava ouvindo a rádio do Japão, por exemplo, certamente a polícia bateria na porta daquelas pessoas e elas teriam sérios problemas", diz Perazzo.
Tampouco era permitido se reunir com os outros habitantes do campo. "As pessoas eram vigiadas diariamente pelas forças policiais locais para não se comunicarem umas com as outras. Caso fossem pegas com tal prática, seriam penalizadas", explica Elton Sousa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coautor do livro e documentário Por terra, céu e mar: histórias e memórias da Segunda Guerra Mundial na Amazônia.
"Se houvesse três ou quatro japoneses juntos, conversando, a polícia levava embora, presos. Não tinha liberdade", conta Yamada. "Eles pensavam que nós estivéssemos planejando negóciosalibaba66 freebetguerra, mas não tinha nada disso".
Além das restriçõesalibaba66 freebetlocomoção ealibaba66 freebetcomunicação, os imigrantes se dedicavam à subsistência do campo,alibaba66 freebetacordo com normasalibaba66 freebettrabalhos braçais estipuladas pelo governo, explica Perazzo: "Tinha quem trabalhasse na marcenaria, na carpintaria, na agricultura. Assim variava".
O campo também sofria com o racionamentoalibaba66 freebetenergia e, às 21h, soava o toquealibaba66 freebetrecolher.
O fim da guerra
A clausura durou até 1945, quando os campos foram extintos após a decretação do fim da guerra. Mas as consequências do períodoalibaba66 freebetperseguição perduraram por décadas.
Estigmatizados e empobrecidos, muitos imigrantes tiveram dificuldade para conseguir empregos ou tocar negócios próprios.
"Depois que acabou a guerra, o governo liberou essas pessoas como se não tivesse tido responsabilidade nenhuma pela desmontagem da vida delas", explica Perazzo.
"Elas não voltaram para seus paísesalibaba66 freebetorigem. Ou eram imigrantes já estabelecidos no Brasil ou pessoas que não tiveram condiçãoalibaba66 freebetretorno, então, buscaram a vidaalibaba66 freebetoutra maneira".
Combalida pelo períodoalibaba66 freebetreclusão, a Tomé-Açu do pós-guerra oferecia poucas perspectivas para os colonos, razão pela qual muitos deles deixaram a região. "Eles foram para Belém, São Paulo, Rioalibaba66 freebetJaneiro, Paraná", relembra Yamada.
"Todo mundo ajudou com um poucoalibaba66 freebetdinheiro, dentro das suas possibilidades, para eles conseguirem sobreviver".
Alguns anos mais tarde, entretanto, a cidade decolou economicamente com o boom da pimenta-do-reino, chegando a ser a maior produtora mundial da commodity.
O período áureo da pimenta acabou no final da décadaalibaba66 freebet1960, quando uma doença, a fusariose, dizimou as plantações, ao mesmo tempoalibaba66 freebetque o valor da especiaria sofreu uma queda brusca no mercado internacional.
Cercaalibaba66 freebetmil descendentesalibaba66 freebetjaponeses vivem hojealibaba66 freebetTomé-Açu. "É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa", diz Sousa.
Nas últimas décadas, a cidade se desenvolveu graças à adoçãoalibaba66 freebetum sistema agroflorestalalibaba66 freebetprodução sustentável.
As construções da época da 2ª Guerra foram quase totalmente destruídas na região, e há poucos registros fotográficos do período.
Mas o campoalibaba66 freebetconcentração permanece na memória dos que lá viveram e dos que preservam as históriasalibaba66 freebetseus ascendentes.
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