'Repórter tem que apanhar mesmo': ataqueroleta pix paga de verdadeBolsonaro gera ondaroleta pix paga de verdadeameaças físicas a jornalistas:roleta pix paga de verdade

Em demonstraçõesroleta pix paga de verdadeapoio a Bolsonaro, brasileiros dizem, por exemplo, que jornalistas merecem "tomar porrada na boca" e dizem que o presidente "só errou"roleta pix paga de verdadenão agredir o repórter.

Para estes bolsonaristas, a violência presidencial contra o repórter seria um sinalroleta pix paga de verdadedefesa da esposa eroleta pix paga de verdadeintegridade.

"Ganhou mais minha admiração hoje, presidente, quando disse que queria quebrar aquele 'jornalista na porrada'. Eu teria quebrado, pra ele respeitar mulherroleta pix paga de verdadehomem", escreveu um bolsonaristaroleta pix paga de verdaderesposta a um vídeo publicado por Bolsonaro na noiteroleta pix paga de verdadedomingo.

Em seu perfil, o homem se apresenta como "cristão, patriota, trabalhador e pairoleta pix paga de verdadefamília".

Para especialistas consultados pela BBC News Brasil, a postura do presidente não surpreende, mas sugere uma deterioração do ambiente institucional do Brasil, o que pode resultarroleta pix paga de verdadeuma escalada na violência bolsonarista contra a imprensa tradicional.

'Jornalista tem que apanhar'

No último domingo, um repórter do jornal O Globo fez uma pergunta ao presidente sobre depósitos feitos pelo ex-assessor e amigo da família Fabrício Queiroz, preso por suspeitasroleta pix paga de verdadedesvios e corrupção, na conta bancáriaroleta pix paga de verdadeMichelle Bolsonaro.

Segundo a imprensa brasileira, Queiroz e a esposa, Márcia Aguiar, teriam feito 27 depósitos na conta da primeira-dama entre 2011 e 2016, movimentando um totalroleta pix paga de verdadeR$ 89 mil para Michelle Bolsonaro. Presoroleta pix paga de verdaderegime domiciliar, Queiroz também é investigado por suposta ligação com a milícia fluminense.

"Vontaderoleta pix paga de verdadeencher tua boca com uma porrada, tá? Seu safado", respondeu o presidente da República à pergunta do profissionalroleta pix paga de verdadeimprensa. A fala desencadeou críticas e notasroleta pix paga de verdaderepúdioroleta pix paga de verdadepolíticos e entidades jornalísticas, mas também trouxe visibilidade à pergunta — que chegou ser reproduzida mil vezes a cada 40 segundos, segundo levantamento do professor Fabio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

A resposta refratária ao trabalho da imprensa não é novidade no comportamento do presidente, aponta a professora Andreza Aruskaroleta pix paga de verdadeSouza Santos, diretora do programaroleta pix paga de verdadeestudos sobre Brasil da Universidaderoleta pix paga de verdadeOxford, na Inglaterra.

"A imprensa costuma causar uma intimidação no presidente e não éroleta pix paga de verdadehoje. Não dá para dizer que é uma surpresa porque ele se elegeu dessa fora, falando diretamente com o eleitorado e evitando canaisroleta pix paga de verdademediação. Lá na campanha, no inicioroleta pix paga de verdadetudo, Bolsonaro já tinha issoroleta pix paga de verdadeevitar jornalistas. Ele evitava debates. A postura evasiva sempre esteve lá", aponta Santos.

"Mas agora vemos uma subidaroleta pix paga de verdadetom. Não se trata maisroleta pix paga de verdadeevitar e às vezes ser grosseiro. Agora o presidente passou a ameaçar", continua a especialista, que afirma que a pergunta feita pelo jornalista "passou a ser uma perguntaroleta pix paga de verdadetodos".

A falaroleta pix paga de verdadeBolsonaro foi vista por seguidores, no entanto, como uma reação "justa" a um "desrespeito" da imprensa contra a primeira-dama.

"Jornalista porco sujo tem q apanhar na cara ninguém mais aguenta tanta faltaroleta pix paga de verdaderespeito por jornalistas lixo sem vergonha", escreveu um seguidor.

"Todo jornalista que faz pergunta idiota merece uma porrada", disse outro.

Pelo Twitter, falas como "tem repórter que merece uma porrada na boca mesmo por serem tão inúteis", "a resposta foi à altura" e "saiba que não é só o presidente, eu mesmo tenho vontaderoleta pix paga de verdadecuspir na cararoleta pix paga de verdadealguns 'jornalistas'" vêm se espalhandoroleta pix paga de verdaderesposta a reportagens e comentários críticos sobre o episódio.

'Situação se deteriorando'

À BBC News Brasil o brasilianista Anthony Pereira, professor do King's Collegeroleta pix paga de verdadeLondres, diz que o Brasil já era visto, desde antes da eleiçãoroleta pix paga de verdade2018, como um país onde os frequentes assassinatosroleta pix paga de verdadecomunicadores e jornalistas tornam o trabalhoroleta pix paga de verdaderepórteres investigativos mais difícil.

"Mas agora, com o presidente ameaçando abertamente os jornalistas — um gesto que ele sabe que vai estimular ataques verbais e até agressões físicas contra jornalistas por parteroleta pix paga de verdadeseus apoiadores — a situação está se deteriorando", avalia.

"O presidente Bolsonaro invoca falaciosamente o direito à 'liberdaderoleta pix paga de verdadeexpressão; cada vez que alguém aponta a divulgaçãoroleta pix paga de verdadenotícias falsas por parteroleta pix paga de verdadeseus partidários, mas é óbvio que seu compromisso com a liberdaderoleta pix paga de verdadeexpressão não se estende a jornalistas que fazem perguntas difíceis", prossegue o especialista britânico.

Já o professor Fábio Malini, da UFES, diz que "os bolsonaristasroleta pix paga de verdadegeral têm sentimento ambíguo"roleta pix paga de verdaderelação ao jornalismo.

"Eles requerem a instituição para si e refutam com violência os (jornalistas) que não dão anteparo ao governo", diz Malini à reportagem.

"Quando isso acontece, a face extremistaroleta pix paga de verdadeBolsonaro e seus seguidores fica mais nítida. Mas, dentro do cálculo político delesroleta pix paga de verdadeagora, o extremismo parece não ser bom conselheiro", avalia.

Tristeza

Para Pereira, a táticaroleta pix paga de verdadeperseguição a jornalistas não deve ter sucesso, "já que uma mídia independente e o pensamento crítico estão profundamente enraizados no Brasil".

"Mas é triste ver um presidente eleito democraticamente tentando criar um climaroleta pix paga de verdademedo para se protegerroleta pix paga de verdadeum escrutínio legítimo eroleta pix paga de verdadetransparência e responsabilidade."

Em coro com outros especialistas, Pereira também diz não se surpreender com o episódio e diz que o bolsonarismo ultrapassa o ceticismo saudável que existeroleta pix paga de verdaderelação às diferentes formasroleta pix paga de verdadeimprensa e potenciais conflitosroleta pix paga de verdadeinformação presentes no jornalismo.

"Ele cruza a linha que divide o ceticismo saudável e uma hostilidade ignorante e obscurantistaroleta pix paga de verdaderelação a evidências, lógica, ciência e razão."

"O bolsonarismo, como o trumpismo, se alimenta da desconfiança, do medo e do ódio aos meiosroleta pix paga de verdadecomunicação, e joga isso sobre a população como formaroleta pix paga de verdadedifundir desinformação e construirroleta pix paga de verdadebase popular", ressalta o especialista.

Segundo o antigo Coaf (Conselhoroleta pix paga de verdadeControleroleta pix paga de verdadeAtividades Financeiras), atual Unidaderoleta pix paga de verdadeInteligência Financeira (UIF), Fabrício Queiroz teria movimentado R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017, quando trabalhava como assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente e então deputado estadual pelo Rioroleta pix paga de verdadeJaneiro.

O Coaf era um dos principais órgãos dedicados à prevenção e combate à lavagemroleta pix paga de verdadedinheiro no país.

Em agostoroleta pix paga de verdade2019, enquanto avançavam as investigações contra o filho, o presidente Jair Bolsonaro editou medida provisória com uma sérieroleta pix paga de verdadealterações no antigo Coaf, incluindo mudançaroleta pix paga de verdadepresidente,roleta pix paga de verdadenome e na estrutura — o órgão deixouroleta pix paga de verdadefazer parte do Ministério da Economia e passou a pertencer ao Banco Central.

Segundo Bolsonaro, as mudanças visavam "blindar" o antigo Coafroleta pix paga de verdadeinterferências e pressões políticas.

Mas a alteração também foi vista como estratégia para ter mais controle sobre as atividades prestadas pelo órgão anticorrupção.

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