Pandemia deve intensificar abandonoescandalo apostas futebolescola entre alunos mais pobres:escandalo apostas futebol
A equipe da escola chamou psicólogos para darem palestras aos estudantes e fez apostilas aos alunos que não têm internet ou celular, mas teme que alguns percam a motivação ou as condiçõesescandalo apostas futebolvoltarem à escola.
"Muitos são filhosescandalo apostas futebolpais autônomos, como pedreiros ou pescadores. Alguns até têm celular para assistir às aulas, mas estão trabalhando manhã e tarde. Com certeza dá medoescandalo apostas futeboleles não voltarem, pelo impasse (de perder a renda extra) e pela ideiaescandalo apostas futebol'não vou conseguir aprender mais'", prossegue Nascimento.
Pais e mães dos alunos, diz ela, também manifestaram receioescandalo apostas futebolmandar os filhosescandalo apostas futebolvolta à escola quando for horaescandalo apostas futebolreabrir, por temer o contágio pelo coronavírus.
Para completar, "na escola temos uma salaescandalo apostas futebolEJA (educação para jovens e adultos). De 20 alunos, só três ficaram. Muitos acham que o ano está perdido e não sabem se vão voltar."
O preço que o Brasil paga pela evasão
A evasão escolar é um problema crônico, com altos custos humanos, sociais e econômicos para o Brasil.
Dos quase 50 milhõesescandalo apostas futebolbrasileiros entre 14 e 29 anos, maisescandalo apostas futebol20% — ou seja, 10,1 milhõesescandalo apostas futeboljovens — não completaram alguma das etapas da educação básica (que engloba os ensinos fundamental e médio), segundo a pesquisa Pnad Contínua 2019, divulgada na última quarta-feira (15) pelo IBGE.
As principais causas apontadas para o abandono escolar foram necessidadeescandalo apostas futeboltrabalhar, desinteresse pelas aulas e gravidez. A ampla maioria (71,7%) desse contingenteescandalo apostas futeboljovens é negra ou parda.
Por cada jovem que abandona a escola, o Brasil perde R$ 372 mil reais por ano, apontam cálculosescandalo apostas futebolRicardo Paesescandalo apostas futebolBarros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna,escandalo apostas futebolestudo feito neste mêsescandalo apostas futebolparceria do Insper com a Fundação Roberto Marinho.
No total, o custo anual da evasão escolar éescandalo apostas futebolR$ 214 bilhões, ou 3% do PIB (Produto Interno Bruto), com base na redução das possibilidadesescandalo apostas futebolemprego, renda e retorno para a sociedade das pessoas que não concluem a educação básica.
"Isso porque os jovens que têm a educação básica completa passam,escandalo apostas futebolmédia, mais tempoescandalo apostas futebolsua vida produtiva ocupados eescandalo apostas futebolempregos formais, com maior remuneração; têm maior expectativaescandalo apostas futebolvida com qualidade — estima-se que cada jovem com educação básica viverá quatro anosescandalo apostas futebolvida a mais que um jovem que não terminou a escolaridade — e tendem a ter um menor envolvimentoescandalo apostas futebolatividades violentas, como homicídios", diz o estudo.
"O cálculo éescandalo apostas futebolque a evasão representa uma perdaescandalo apostas futebol26% do valor da vidaescandalo apostas futebolum jovem."
A despeito desse enorme contingenteescandalo apostas futeboljovens que abandonaram a escola, o Brasil havia conseguido alguns avanços positivos na última década: a taxaescandalo apostas futebolabandono do ensino médio na rede públicaescandalo apostas futebolensino havia caído 7 pontos percentuais,escandalo apostas futebol13,7%escandalo apostas futebol2008 para 6,7%escandalo apostas futebol2018, segundo dados oficiais compilados pelo Observatórioescandalo apostas futebolEducação do Instituto Unibanco.
A taxaescandalo apostas futeboljovensescandalo apostas futebol15 a 17 anos fora da escola, embora alta (8,8%escandalo apostas futebol2018), também vinhaescandalo apostas futebolqueda.
Agora, porém, existe o temorescandalo apostas futebolque alguns desses ganhos possam ser perdidos no pós-pandemia, dianteescandalo apostas futeboluma confluênciaescandalo apostas futebolpressões negativas.
'Depois que ele sai, é difícil trazê-loescandalo apostas futebolvolta'
"Muitos jovens têm pais que são trabalhadores informais e tiveram uma queda abrupta na renda. Então eles próprios podem ser os únicos capazesescandalo apostas futebolgerar renda para a família", explica à BBC News Brasil Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco.
Considerando o histórico brasileiroescandalo apostas futebolíndices baixosescandalo apostas futebolaprendizado nos anos finais do ensino fundamental e ao longo do ensino médio, alémescandalo apostas futebolum cenárioescandalo apostas futeboldesinteresse dos jovens pelas aulas, "este longo tempo longe da escola pode acabar sendo o empurrão final (para a evasão), para a sensaçãoescandalo apostas futebolque 'já não estava interessante, então não vale a pena' prosseguir na escola", agrega Henriques.
"E depois que o aluno sai, é muito maior o esforço para trazê-loescandalo apostas futebolvolta."
Em algumas regiões pobres do Brasil, como áreas do Nordeste, Henriques teme por um outro impacto da covid-19: muitos dos idosos vítimas da doença eram (por meioescandalo apostas futebolsuas pensões) responsáveis por prover grande parte da renda da família. Isso também deve aumentar a pressão sobre jovens para que migrem ao mercadoescandalo apostas futeboltrabalho.
Essa entrada precoce no ambiente profissional,escandalo apostas futebolum momento particularmente ruim da economia, pode cobrar seu preço ao longo das décadas seguintes da vida desse jovem: sem a escolaridade, ficará mais difícil conseguir empregos qualificados.
"O prêmio pela educação ainda é alto no Brasil, mesmo se essa educação for ruim. Completar o ensino médio brasileiro define uma trajetóriaescandalo apostas futebolvida muito mais positiva do que não completá-lo, quanto a mobilidadeescandalo apostas futebolvida", diz Henriques.
Dificuldadesescandalo apostas futebolacesso às aulas
Com o celular quebrado e sem computador para acompanhar as aulas remotas, Sabrina Oliveira Lopes, 17, estudante do 3° ano do ensino médio na rede estadualescandalo apostas futebolSão Paulo, perdeu o ânimo quando as aulas passaram ao ambiente remoto por conta da pandemia e chegou pertoescandalo apostas futebolnão conseguir acompanhar os estudos.
"Ficou meio bagunçado. Algumas lições estavamescandalo apostas futeboluma rede social; outras estavamescandalo apostas futeboloutra. Não acho que eu teria desistido tão fácil da escola, mas a gente (alunos da turma) meio que entrouescandalo apostas futeboldesespero", conta à BBC News Brasil.
Sabrina acabou retomando o ímpeto com a ajuda dos professores eescandalo apostas futebolum notebook doado pelo Instituto Proa, organização social onde fazia um curso extra.
"Não tem muita gente nas aulas online (da escola). Tinha no começo, mas foi baixando. Teria que chamar um por um, ligar para eles. Sei que é trabalhoso, mas vale a pena. Você se sente acolhido, sente que não é só mais um", diz ela.
Ela acabou perseverando na escola, também formou-se no curso do Proa e agora estuda com vistas para o Enem e para a faculdade — ela pensaescandalo apostas futebolcursar administraçãoescandalo apostas futebolempresas.
O Proa atende jovensescandalo apostas futebolbaixa renda eescandalo apostas futebolescolas públicas, com aulas suplementares, atividades que aumentem seu repertório cultural, apoio emocional, mentoria e, depois, ajuda para entrar no mercadoescandalo apostas futeboltrabalho.
Tudo isso também precisou ser transportado para o ambiente virtual quando veio a pandemia, alémescandalo apostas futeboldoaçõesescandalo apostas futebolequipamentos e cestas básicas aos alunos.
"A primeira aula online foi só para ouvi-los soltarem suas angústias", conta Rodrigo Dib, executivo-chefe do Proa. E entre essas angústias, havia frases como "meu pai perdeu o emprego"; "não mais sei o que faço da minha vida"; "não vai dar mais, vou voltar para a estaca zero".
"Tivemos que agir super-rápido e fazer com que eles continuassem acreditando. O mundo depois disto (pandemia) vai ser mais desafiador, e eles tinham que continuar, por eles próprios", diz Dib.
A centenasescandalo apostas futebolquilômetrosescandalo apostas futeboldistância dali,escandalo apostas futebolBocaina, no interior do Piauí, a professoraescandalo apostas futebolmatemática Maura Silva vê angústias semelhantes entre seus alunos do ensino médio.
"No primeiro mês, eles tiveram participação muito ativa nas aulas online. No segundo mês, pararamescandalo apostas futeboldar retorno das atividades. Alguns já desistiram das aulas remotas", lamenta Silva.
"Estamos sempreescandalo apostas futebolcontato com eles, pedindo calma e paciência neste período. (Mas) o atendimento remoto deixa um vazio grande, nem sempre conseguimos falar com todosescandalo apostas futebolmodo individual."
A professora pediu a alguns alunos que fizessem vídeos motivacionais para os colegas, enquanto a direção da escola fez visitas domiciliares aos estudantes sem acesso à internet.
Mas o cenário éescandalo apostas futebol"muita dificuldade", diz ela. "Alguns pensamescandalo apostas futebolrefazer o ano letivo, porque acham que este não está sendo útil."
Uma pesquisa do Datafolha feitaescandalo apostas futeboljunho com pais ou responsáveisescandalo apostas futebol1,5 mil estudantes da rede pública do país apontou que um índice relativamente alto deles (79%) estava recebendo atividades não presenciaisescandalo apostas futebolsuas escolas.
Mas quase um terço dos pais temia que seus filhos desistissem da escola se não conseguissem acompanhar as aulasescandalo apostas futebolcasa. Quase dois terços dos responsáveis disseram que seus filhos estão ansiosos neste período e 37% deles contaram que os filhos estão tristes, aponta a pesquisa, encomendada pelas fundações Lemann, Itau Social e Imaginable Futures.
O ineditismo da pandemia atual impede a comparação com outros momentos da história, mas locais que viveram catástrofes e epidemias (como o oeste da África durante o surtoescandalo apostas futebolebola entre 2013 e 2016) costumam sofrer posteriormente o aumento da evasão escolar.
Em palestra online no evento Bett Educar, no finalescandalo apostas futeboljunho, o secretário-executivoescandalo apostas futebolEducação do Estadoescandalo apostas futebolSão Paulo, Haroldo Rocha, citou a desconexão dos alunos e o possível aumento do abandono escolar como as grandes preocupações atuais.
Como vai ser a volta à escola?
Existe, também, o receioescandalo apostas futebolcomo vai ser a volta às aulas com as exigências sanitárias necessárias para impedir o contágio do coronavírus.
Para Carlos Roberto Cardoso, diretorescandalo apostas futeboluma escolaescandalo apostas futebolensino fundamentalescandalo apostas futeboluma das áreas mais carentes da zona leste da capital paulista, "a pandemia só acentuou a dura realidade" vivida por famílias e escolas vulneráveis.
Entre os educadores, diz ele, há muitas dúvidasescandalo apostas futebolcomo vai ser possível manter o distanciamento social e as regrasescandalo apostas futebolhigiene, por exemplo na alimentação dos estudantes e na limpezaescandalo apostas futebolbanheiros.
Na pesquisa do Datafolha, os paisescandalo apostas futebol87% das crianças disseram que elas temem a contaminação pelo coronavírus na volta às aulas.
"Tenho três pessoas para fazer a limpezaescandalo apostas futeboluma escola grande (cercaescandalo apostas futebol900 alunos)", diz Cardoso. "E como controlar (o espalhamento do vírus)escandalo apostas futebolum ambiente tão fechado como são as escolas públicas? Tenho lido muitos relatosescandalo apostas futebolpais, e não só os daqui da escola, inseguros com a questão sanitária. Li a postagemescandalo apostas futebolum na internet dizendo 'meu filho perde o ano, mas não volta para a escola tão cedo'."
No Estadoescandalo apostas futebolSão Paulo, a previsão éescandalo apostas futebolque a volta às aulas presenciais comeceescandalo apostas futebol8escandalo apostas futebolsetembro, escalonada e sujeita às decisões individuaisescandalo apostas futebolcada rede municipalescandalo apostas futebolensino. Na capital paulista, a Secretaria Municipalescandalo apostas futebolEducação informa que ainda está definindo as datas do retorno e o secretário, Bruno Caetano, está se reunindo virtualmente com todas as diretorias regionaisescandalo apostas futebolensino para ouvir suas preocupações.
Haverá, segundo a pasta, distribuiçãoescandalo apostas futebolkits individuais com máscara, sabonete e copo, alémescandalo apostas futebolálcool gel, controleescandalo apostas futeboltemperatura e demarcaçãoescandalo apostas futebollugares.
Sobre o tamanho das equipesescandalo apostas futebollimpeza, a assessoria da secretaria dizescandalo apostas futebolnota que "conforme está descrito na minuta do protocoloescandalo apostas futebolretorno às aulas, os contratosescandalo apostas futebollimpeza serão revistos. E as empresas precisarão também se adequar a essa nova realidade sanitária". A assessoria diz também que já estão ocorrendo reuniões entre a prestadoraescandalo apostas futebolserviço e a diretoria regionalescandalo apostas futebolensino "para pensarem formasescandalo apostas futeboladequar o protocolo seguido pela secretaria ao novo modeloescandalo apostas futebolhigienização que será adotada no pós pandemia" na escolaescandalo apostas futebolCardoso.
Problemas antigos
Para além das questõesescandalo apostas futebolhigiene, especialistasescandalo apostas futeboleducação preveem que, para conter a alta na evasão, será necessário buscar ativamente os alunos e lidar com problemas antigos e complexos do ensino brasileiro — por exemplo, reduzindo os abismos da desigualdade social do país, melhorando o ambiente escolar, acolhendo emocionalmente alunos e professores, e fazendo com que o conteúdo ensinado fique mais próximo da realidade e das necessidades dos estudantes e do mundo atual.
"A cada 100 crianças brasileiras que entram no ensino fundamental, apenas 65 concluem" os estudos, afirma Ricardo Henriques, do Instituto Unibanco. "Os que terminam, já são sobreviventes."
Na volta às aulas presenciais, opina ele, será preciso lembrar que, mesmo que os alunos vão à escola, "mantê-los ali vai ser mais difícil do que antes".
"Os estímulos negativos para a evasão vão continuar intensificados e os alunos vão estar mais vulneráveis. Se o aluno não se sentir acolhido, se houver um clima escolar ruim, com bullying, ele pode ir embora", diz.
"E é algo duradouro, que não vai se resolverescandalo apostas futeboluma semana, porque vidas inteirasescandalo apostas futebolfamílias vão se reconfigurar (por causa da pandemia)."
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