Decotelli diz a interlocutores que caiu por misturaapostas divertidas'racismo e antibolsonarismo':apostas divertidas
A gota d'água para a revogação da nomeação ao topo do Ministério da Educação teria acontecido no último dia 29, quando a FGV enviou nota à imprensa negando que Decotelli tivesse sido "professorapostas divertidasqualquer das escolas da Fundação".
"Da mesma forma, não foi pesquisador da FGV, tampouco teve pesquisa financiada pela instituição", informara então a FGV, que se tornou alvoapostas divertidascríticas após a confirmaçãoapostas divertidasque Decotelli deu aulasapostas divertidascursos da instituição desde 2001.
À reportagem, Decotelli informou que "está impedidoapostas divertidasdar entrevistas" no momento. A pessoas próximas, no entanto, ele tem dito que a nota da FGV teria sido "plantada para destruir um professor com maisapostas divertidas20 anosapostas divertidastrabalho por perseguição política".
Perseguição
Segundo a narrativaapostas divertidasDecotelli, a posição da FGV teria sido frutoapostas divertidasuma suposta oposição ao governo Bolsonaro.
O quase-ministro, que não chegou a assumir o cargo nos cinco dias entre a nomeação e a revogaçãoapostas divertidasseu nome, tem usado o termo "perseguição ideológica contra Bolsonaro" para explicar o que aconteceu.
Para ele, a faculdade teria se adiantadoapostas divertidasnegar que Decotelli fosse seu professor para que não fosse associada ao governo bolsonarista. Decotelli tem dito que a fundação "plantou fake news" para destruirapostas divertidascarreira "por razõesapostas divertidasperseguição política".
A FGV concedeu uma sérieapostas divertidasplacas comemorativas a Decotelli, nas quais "parabeniza o professor Carlos Alberto Decotelli porapostas divertidasatuação destacada como docente". Em 2012, por exemplo, ele foi parabenizado com um troféu da FGV Management "por ser o professor mais representativo da turma 02 do MBAapostas divertidasGestão Financeira com ênfaseapostas divertidasMercadoapostas divertidasCapitais".
A reportagem teve acesso a seis troféus concedidos pela FGV e ao calendárioapostas divertidasdocentes da instituição, que aponta centenasapostas divertidasaulas ministradas por Decotelli entre dezembroapostas divertidas2001 e setembroapostas divertidas2018,apostas divertidascidades como Porto Alegre, Salvador, Rioapostas divertidasJaneiro, Vitória, Santos, Florianópolis, Uberlândia, Campinas e outras.
Após a contestação, a FGV mudouapostas divertidastom e disse que "vem esclarecer, uma vez mais, que o professor Decotelli ministrava aulasapostas divertidasseus cursosapostas divertidaseducação continuada, coordenados pelo Institutoapostas divertidasDesenvolvimento Educacional (IDE/FGV), que englobavam, além dele, outros quase 950 professores desde o início da pandemiaapostas divertidasmarço do corrente ano, sendo 199 especialistas, 503 mestres e 247 doutores".
A entidade continua,apostas divertidasnota enviada ao jornal Folhaapostas divertidasS. Paulo: "A afirmaçãoapostas divertidasque não era professor das escolas FGV se trataapostas divertidassimples rigor técnico inerente às classificações terminológicas das Portarias da CAPES, uma vez que não lecionavaapostas divertidasturmasapostas divertidasgraduação e pós-graduação stricto sensu, o que não reduz,apostas divertidasabsoluto, a importânciaapostas divertidastais cursosapostas divertidaseducação continuada".
Questionada pela BBC News Brasil, a FGV afirmou que "em seus 75 anosapostas divertidasexistência sempre se portouapostas divertidasforma apartidária e (...) repudia, com veemência, as insinuações e inverdades que têm sido lançadas contra ela, notadamente essa fantasiosa - e inédita até aqui - alegaçãoapostas divertidasmotivação ideológica para suas declarações, que nada mais reportaram do que a verdade dos fatos, com todos os rigores técnicos. Em nenhum momento se negou que o Sr. Carlos Alberto Decotelli era professor, ao contrário, se esclareceu inclusive que, como tal, lecionava nos cursosapostas divertidaseducação continuada. Qualquer outra formaapostas divertidasinterpretação ouapostas divertidasilação consisteapostas divertidasdistorção indevida e maledicente".
Racismo
Decotelli também tem dito que seu caso ilustra o racismo à brasileira.
O professor tem inclusive ressaltado, sem citar nomes, que outras figuras da estrutura do governo "não foram atacadas tão covardemente" quanto ele por informações falsas no currículo.
Antesapostas divertidasser ministra, Damares Alves, por exemplo, disseapostas divertidasdiversas palestrasapostas divertidasigrejas que era mestreapostas divertidastemas ligados a direito e educação. Após a posse, ela foi questionada sobre a ausênciaapostas divertidasum currículo Lattes - plataforma acadêmica mantida pelo CNPq (Conselo Nacionalapostas divertidasDesenvolvimento Científico e Tecnológico).
Confrontada, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos acabou confirmando que não fez mestrados acadêmicos e alegou que "diferentemente do mestre secular, que precisa ir a uma universidade para fazer mestrado, nas igrejas cristãs é chamado mestre todo aquele que é dedicado ao ensino bíblico."
Já Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, também teve um mestrado na Universidadeapostas divertidasYale desmentido após escrutínio da imprensa. Após ser apresentado assimapostas divertidasuma sérieapostas divertidasartigos e programasapostas divertidasTV, Salles atribuiu o erro aapostas divertidasassessoriaapostas divertidasimprensa.
Abraham Weintraub, antecessorapostas divertidasDecotelli à frente da Educação, chegou a ser apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais como doutor - questionado, o presidente corrigiu a informação e disse que o apontado era mestreapostas divertidasadministração e finanças.
Diferentementeapostas divertidasDecotelli, nenhum deles precisou se afastar ou foi demitido do cargo, que, na visão do agora ex-ministro, explicaria a associação ao racismo - todos os demais citados são brancos.
A tese sobre racismo é endossada por autoridades como o doutorapostas divertidasFilosofia e Teoria Geral do Direito Silvio Almeida, um dos principais pensadores que discutem o racismo no Brasil.
Autorapostas divertidasRacismo Estrutural (Editora Pólen), Almeida disse à Folhaapostas divertidasS.Paulo que "o racismo está presente nas relaçõesapostas divertidaspoder e na políticaapostas divertidasmaneira fundamental, especialmenteapostas divertidasum contexto político conflagrado,apostas divertidasum governoapostas divertidasextrema-direita".
"Ele não é o primeiro ministro que mente no currículo. Mas foi tratadoapostas divertidasmaneira diferente", avaliou Almeida.
Ao portal UOL, a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, autoraapostas divertidasPequeno manual antirracista (Companhia das Letras) e Lugarapostas divertidasFala (Pólen), foi na mesma linha.
"É sempre importante frisar que estamosapostas divertidaslados opostos. É claro que a gente não apoia esse governo e tudo o que ele representa, porém não tem como a gente não observar que existem ministros que fraudaram também seus currículos e continuam ocupando seus cargos. Tem um outro peso quando são homens brancos que fraudam e não há a mesma cobrança."
Justificativas do ex-ministro
Ao mesmo tempo, nenhum dos demais citados teve tantos questionamentos simultâneos ao seu currículo. O casoapostas divertidasDecotelli também chama atenção pelo fatoapostas divertidasele ter sido convocado justamente para a pasta da Educação.
Após a eclosão das acusaçõesapostas divertidasfalsidade no currículo, Decotelli deu entrevista a jornalistas, na portaria do MEC, e afirmou ter obtido os créditos do doutorado na Argentina, mas disse que não chegou a defender uma versão final da tese.
A banca que analisou seu trabalho pediu "readequações" na tese, mas o ministro disse que precisou voltar ao Brasil por contaapostas divertidas"dificuldades financeiras" e que não retornou para apresentar o texto.
"A banca falou que a tese tinha um pontoapostas divertidascorte muito longo e me mandou fazer readequações. Essa foi a recomendação formal da banca. [Mas] Eu precisava voltar ao Brasil, porque toda a despesa foi pessoal, não havia bolsa. Com dificuldade, não mais voltei. Eu fiquei com o diplomaapostas divertidascréditos concluídos, posso apresentar a vocês", afirmou o ministro, segundo a Agência Brasil.
Sobre o pós-doutorado na Alemanha, o ministro também argumentou que a pesquisa foi concluída, apesarapostas divertidasnão ter sido oficialmente considerada um títuloapostas divertidaspós-doutorado.
"A pesquisa foi concluída? Foi. A estrutura da pesquisa, do pós-doutorado. Não tem salaapostas divertidasaula, não tem notaapostas divertidasuma disciplina, é uma orientação. Foi caracterizado que, quando foi concluído o trabalho, a pesquisa tinha que ser registradaapostas divertidasum cartório acadêmico. E você tem a pesquisa lá, registrada [no cartório]. Agora, o pós-doutorado é um títuloapostas divertidaspesquisa. Se você olhar o documentoapostas divertidasRosário, vai ver que os créditos foram concluídos", disse.
Já sobre a acusaçãoapostas divertidasplágio, o ministro negou qualquer tipoapostas divertidascópia, e destacou que pode ter havido uma "distração" nas citações bibliográficas e revisão do texto.
"Quando você escreve, tem que ter disciplina mental para escrever, revisar e mencionar o que citar. Cuidado. É possível haver distração? Sim, senhora. Hoje, a senhora tem mecanismos para verificar, [tem] softwares. Mas naquela época, pela distração... Não houve plágio, porque o plágio é quando faz 'Control + C, Control + V', e não foi isso", justificou aos jornalistas.
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