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Caso Miguel: mortebonus estrela bet como usarmenino no Recife mostra 'como supremacia branca funciona no Brasil', diz historiadora:bonus estrela bet como usar
Imagens do circuitobonus estrela bet como usarcâmerasbonus estrela bet como usarsegurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram o momentobonus estrela bet como usarque a patroa, identificada por Mirtesbonus estrela bet como usarentrevista à TV Globo como Sari Corte Real, fala com o menino no elevador e parece apertar um dos botões. De acordo com a investigação, o menino desceu no 9º andar, escalou uma grade na área dos aparelhosbonus estrela bet como usarar-condicionado e caiu.
De acordo com a polícia, a patroa foi presabonus estrela bet como usarflagrante, pagou uma fiançabonus estrela bet como usarR$ 20 mil e deve responderbonus estrela bet como usarliberdade por homicídio culposo, quando não há intençãobonus estrela bet como usarmatar.
O assunto se tornou o mais comentado do Twitter no Brasil na última quinta-feira, com maisbonus estrela bet como usar300 mil publicações.
Celebridades e políticos, como a ex-senadora Marina Silva e a vice-governadorabonus estrela bet como usarPernambuco, Luciana Santos, se manifestaram sobre a morte do garoto e afirmaram que o caso mostra o racismo estrutural e o desprezo pelas vidas negras no país.
Isso não significa, no entanto, que o racismo no Brasil ganhará o centro do debate, segundo Luciana.
"Ainda precisamos ser pautados pelos Estados Unidos porque ainda queremos acreditar no mitobonus estrela bet como usarque vivemos numa democracia racial. É mais fácil olhar para lá e dizer: 'graças a Deus aqui não é assim'. Mas aqui é assim, sim."
Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - O que a mortebonus estrela bet como usarMiguel Otávio revela, embonus estrela bet como usaropinião, sobre o racismo no Brasil?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - É trágico que uma criança tenha que morrer para mostrar isso, mas é assim que a ideiabonus estrela bet como usarsupremacia branca funciona no Brasil. Eis a principal diferença entre a questão racial aqui e nos Estados Unidos.
Nem posso dizer que não temos aqueles supremacistas brancos clássicos, porque agora vemos aqui passeatas inspiradas na Ku Klux Klan, por exemplo.
Nós tivemos teses racialistas no Brasil, no início do século 20, dizendo que brancos seriam superiores a negros. Mas depoisbonus estrela bet como usarum certo momento, essa ideia começou a se enraizar nos costumes.
Enquanto a ideiabonus estrela bet como usarsupremacia branca nos Estados Unidos se transformavabonus estrela bet como usarleis, nos anos 1940, 1950 e 1960, aqui ela já estava profundamente nos costumes da população brasileira. Esta é a nossa supremacia branca.
Mesmo que não tenhamos tido as mesmas leis segregacionistas que os EUA, temos o mesmo princípiobonus estrela bet como usarque algumas pessoas são mais humanas e mais cidadãs do que outras.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - Que elementos do caso, nabonus estrela bet como usaropinião, o tornam tão emblemático desse princípio?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - Desde o início da pandemia estamos falando das trabalhadoras domésticas. Elas foram as primeiras a ser infectadas sem sair do país. Foram as primeiras a aparecer no fundo das lives (transmissões ao vivo) das celebridades. Então essa mulher, Mirtes Renata, a mãebonus estrela bet como usarMiguel, foi infectada, não tinha onde deixar o filho e o levou para o localbonus estrela bet como usartrabalho, que era um localbonus estrela bet como usarinfecção — já que os patrões dela estavam infectados. Esse é o primeiro ponto.
Depois temos a cena da patroabonus estrela bet como usarcasa rodeadabonus estrela bet como usarserviçais. Eu chamo issobonus estrela bet como usar"delírios escravistas coloniais da sociedade brasileira". É o saudosismo do Brasil escravocrata colonial. É o sentimento que faz uma pessoa se rodearbonus estrela bet como usarserviçais num contextobonus estrela bet como usarpandemia ebonus estrela bet como usarisolamento social. Ainda que esses serviçais, a doméstica, a manicure e o menino, estivessem correndo riscobonus estrela bet como usarvida.
Também há o fatobonus estrela bet como usarque a mãe da criança teve que sair para levar o cachorro para defecar, coisa que qualquer pessoa poderia fazer, inclusive a dona do cachorro. Ela não abre mãobonus estrela bet como usarfazer as unhas para que o cachorro vá defecar. O cachorro tem um pouco da extensão da humanidade da dona. Ele tem uma atenção mais qualificada, que é a da trabalhadora doméstica.
O menino fica (em casa). Ele incomoda a patroa porque chora pela mãe, e ela o deixa no elevador sozinho. Eu vi a cena do elevador (no vídeo das câmerasbonus estrela bet como usarsegurança exibido pela Polícia Civil). A forma como a patroa se dirige ao meninobonus estrela bet como usar5 anos é como se estivesse falando a um adulto impertinente.
Se a gente quer falar nos Estados Unidos, isso me lembrou Tamir Rice, que morreubonus estrela bet como usar2014. Ele estavabonus estrela bet como usarum parque brincando com uma armabonus estrela bet como usarbrinquedo, uma pessoa viu da janela e ligou para a polícia. Disse para a polícia que ele aparentava ter 20 anos. Ele tinha 12. O carro da polícia chegou e ainda estavabonus estrela bet como usarmovimento quando o policial atirou e matou Tamir. Crianças negras, especialmente meninos, não têm infância.
A patroabonus estrela bet como usarMirtes fala com um meninobonus estrela bet como usar5 anos sem cuidado. Essa é a idade do meu filho. Ele não ficabonus estrela bet como usarmomento algum forabonus estrela bet como usarnossas vistas. Meu filho nunca andou sozinho no elevador do meu prédio, nem nos meus momentosbonus estrela bet como usarmaior cansaço e preguiça.
A mulher bota o menino no elevador, aperta o botão, como dá para ver no vídeo, e aparentemente volta e continua a fazer as unhas. Não conseguimos ter uma ideia exatabonus estrela bet como usartempo pela entrevista da mãe na imprensa, mas entendi que quando a mãe volta do passeio com o cachorro, ela fica sabendo pelo zelador que alguém caiu, e descobre o filho morto no chão.
Ou seja, a patroa colocou o menino no elevador e sequer ficou vigiando pra saber se ele tinha voltado ou não. Ela não sabia que ele tinha caído. Isso revela um desprezo por um ser humano. E é aí que eu vejo uma noçãobonus estrela bet como usarsupremacia branca. Não precisa vestir roupa da Ku Klux Klan.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - O Brasil parece ter herdado a comoção com a mortebonus estrela bet como usarGeorge Floyd e os protestos antirracismo ocorrendo nos Estados Unidos na última semana. E houve quem dissesse que as mortesbonus estrela bet como usarpessoas negrasbonus estrela bet como usarações policiais aqui, como o caso recentebonus estrela bet como usarJoão Pedro bonus estrela bet como usar ,bonus estrela bet como usar14 anos, não são alvobonus estrela bet como usarprotestos tão eloquentes. Por outro lado, muitos ativistas do movimento negro apontaram que manifestações acontecem, sim, especialmente nas comunidades mais atingidas pela violência policial. Por que esses protestos nacionais parecem menos visíveis?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - Um exemplo disso acaboubonus estrela bet como usaracontecer. Eu estava vendo o jornal local e soube que ocorreu um ato por contabonus estrela bet como usaruma ação policial no Bairro da Paz,bonus estrela bet como usarSalvador (Nota da redação: Dois jovens negros foram mortos em tiroteio). A comunidade fechou a Av. Paralela, tocou fogobonus estrela bet como usarpneus ebonus estrela bet como usarum ônibus. Nós, as pessoas negras que são militantes, não fomos para lá. Não recebi nenhum informe sobre mobilização. E o comandante da polícia disse no jornal que aquelas eram pessoas influenciadas por traficantesbonus estrela bet como usardrogas, que mandaram que elas se manifestassem.
Quando ele diz isso, está fazendo duas coisas: primeiro ele conta com esse mitobonus estrela bet como usarque as leis não têm corte racial,bonus estrela bet como usarque as ações policiaisbonus estrela bet como usarque morrem negros são casos isolados — embora só negros morram dessa forma. Ebonus estrela bet como usarsegundo lugar, ele também desacredita a capacidadebonus estrela bet como usararticulação política daquelas comunidades.
A gente vê que nos Estados Unidos os policiais não negambonus estrela bet como usarmomento algum que há uma demanda política nos protestos. Eles podem até discordar, mas sabem que é um movimento político e que há uma questão para ser discutida.
Não temos uma polícia — nas Américasbonus estrela bet como usarum modo geral — que respeite as pessoas negras, nem mesmo abonus estrela bet como usarcapacidade políticabonus estrela bet como usarse organizar para expressarbonus estrela bet como usarrevolta atravésbonus estrela bet como usaruma manifestação, por menor que seja.
No Brasil não temos uma imprensa que nos apoie, que esteja realmente comprometida com a luta antirracista. Isso já vemos com mais frequência nos Estados Unidos.
Também não há uma compreensãobonus estrela bet como usartoda a população negra brasileirabonus estrela bet como usarque aquilo ali poderia acontecer com qualquer pessoa da nossa família, ou com nós mesmos, também por uma cobertura jornalística desses eventos que criminaliza aquelas pessoas.
Temos programas jornalísticos sensacionalistas que mostram todos os dias jovens negros sendo presos, com apresentadores dizendo: "são marginais, é isso mesmo". Não há um olhar mais sofisticadobonus estrela bet como usartodo o jornalismo sobre a maneira como são feitas essas prisões ou chacinas.
E nós também não temos um apoio da comunidade branca que se envolva naquilo como se fosse problema dela. E não falo dos brancos conservadores, porque já sabemos qual é a deles. Falo dentro do próprio coletivo que ébonus estrela bet como usaresquerda, que tem um olhar humanitário sobre a sociedade, mas que diz "aquilo ali é problema do pessoal do movimento negro, eu não vou lá".
E tudo isso está ligado, é claro, à nossa história racial.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - De que maneira?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - A polícia é violenta, tanto lá nos EUA quanto aqui. Mas nos Estados Unidos — e eu atribuo isso ao movimento pelos direitos civis, nos anos 1960 — as lideranças negras conseguiram promover uma educação racial nas comunidades negra e branca muito cedo. Isso porque lá o racismo era uma políticabonus estrela bet como usarEstado escancarada.
Depois da abolição da escravidão, houve um período chamadobonus estrela bet como usarreconstrução nacional, quando se incentivou que negros fossem para a escola, se candidatassem a cargos públicos, houve fiscalização para que as pessoas não fossem escravizadas.
Mas chegou um momentobonus estrela bet como usarque cada cidade e Estado sulista começou a implantar suas próprias leis segregacionistas, que é o que conhecemos como as Leisbonus estrela bet como usarJim Crow. O governo federal fez vistas grossas enquanto os Estados do sul passaram a promover o que eu chamobonus estrela bet como usarterrorismo às populações negras no sul. Linchamento, enforcamentos, cenas que hoje conhecemosbonus estrela bet como usarfotografias ebonus estrela bet como usarfilmes, que mostram churrascosbonus estrela bet como usargente.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - E no Brasil?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - Depois que os EUA aprovaram a abolição,bonus estrela bet como usar1865, os jornaisbonus estrela bet como usarlá passaram a cobrir quase que diariamente a situação no Brasil, que tinha recebido muito mais negros traficados. Eram 400 mil nos Estados Unidos e quase cinco milhões aqui. Chamava atenção que o Brasil conseguisse arrastar a escravidão por tanto tempo.
Mas os diplomatas e políticos brasileiros se justificavam dizendo que aqui a escravidão era branda, que não havia conflitobonus estrela bet como usarcor. Outra justificativa comum era: "vamos chegar na abolição, mas estamos fazendo issobonus estrela bet como usarmaneira pacífica, porque aqui não tem guerra".
O Brasil acabou com a escravidão e entrou no pós-abolição com esse mitobonus estrela bet como usar"não temos conflito racial como nos Estados Unidos". E outros mitos como "o negro aqui não trabalha, é preguiçoso". Aí foram criminalizadas as atividades negras pela lei da vadiagem, do Código Penalbonus estrela bet como usar1890. Não tinha nada lá falando sobre negro, mas a capoeira era crime, o candomblé era crime. Ficar na rua, algo comum para as pessoas negras libertas que não tinham emprego ou tinham empregos informais, era crime.
Então, depois da abolição, o Brasil não criou leis claramente segregacionistas, mas encontrou formas igualmente perversasbonus estrela bet como usarlidar com a população negra, que transformaram o racismobonus estrela bet como usaralgo não dito.
A educação para sobreviver numa sociedade racista a partir do não dito deixou mais difícil para pessoas negras se organizarembonus estrela bet como usartornobonus estrela bet como usarum inimigo visível.
Raramente uma pessoa negra no Brasil tentou entrar num restaurante e ouviu "preto não entra aqui". Nós sabemos, e vivenciamos isso, que aqui você ouve "as mesas estão todas ocupadas". Você entrabonus estrela bet como usaruma loja e não é expulso, mas a vendedora lhe ignora. Quem não lhe ignora é o segurança.
Nós não tivemos uma formação, desde a infância, na qual somos treinadas e treinados para perceber o racismo no momentobonus estrela bet como usarque ele está acontecendo, sem ser nomeado.
Isso faz com que vejamos coisas como o avôbonus estrela bet como usarÁgatha (Félix,bonus estrela bet como usar8 anos, morta por tirosbonus estrela bet como usarfuzilbonus estrela bet como usarum policial militarbonus estrela bet como usar2019) dizendo a jornalistas na porta do IML (Instituto Médico Legal): "Ela fazia inglês, ela fazia balé, ela era boa aluna".
Porque ele acredita que a família fez tudo certo. Nesse pacto civilizatório brasileiro, nessa ideia da famíliabonus estrela bet como usarbem, é preciso dizer "ela não merecia", como se fosse uma questãobonus estrela bet como usarmerecimento.
Somos treinados, inclusive as pessoas negras, para que, quando vemos corpos negros na televisão sendo arrastados pela delegacia ou as chacinas nas comunidades, pensemos: "ali era marginal, e marginal tem que morrer".
O Brasil foi resolvendo seu problema racial assim: com muita força policial, muita repressão e sem falar abertamente do conflito. E construímos uma identidade nacional como uma democracia racial pacífica, acreditando que o problema racial é um problema do outro.
O nosso olhar, sobretudo o da grande imprensa, sobre o conflito nos EUA, continua sendo esse: "Olha que absurdo o policial branco que matou o negro". Mas dizendo subliminarmente, pelo silêncio, que no Brasil não tem isso.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - Mas ao mesmo tempobonus estrela bet como usarque falamos do racismo estrutural nos EUA como um dos fatores bonus estrela bet como usar que provocaram a ondabonus estrela bet como usarprotestos, no Brasil, estudos mostram que 75 a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil são negras, inclusivebonus estrela bet como usarintervenções policiais. Estatisticamente bonus estrela bet como usar , negros também têm menos escolaridade, menor renda e menos acesso à saúde, assim como lá. É possível dizer, mesmo subliminarmente, que "no Brasil não tem isso"?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - É cada vez mais difícil sustentar esse discurso.
Mas sempre tem alguém que usa um argumento do tipo: "Lá nos Estados Unidos o policial que matou o homem negro foi branco, mas aqui no Brasil não há essa dicotomia, porque os policiais também são negros".
Esse é o nó que o mito da democracia racial dá nas nossas cabeças.
Eu vi um vídeobonus estrela bet como usarum policial branco nos EUA atacando uma jovem negra. A superior do policial, também uma mulher negra, interrompe a ação dele, o empurra violentamente para longe da menina e o repreende na frente dos colegas.
No Brasil, essa mulher ou esse homem negro, quando veste a farda, é capazbonus estrela bet como usarabater uma pessoa negra, e é racismo mesmo assim. Porque, aqui, o policial negro é treinado pelo Estado para achar que todas as pessoas que se parecem com ele são criminosas. Quando estábonus estrela bet como usarfarda, ele perde a identidade racial. Ganha uma espéciebonus estrela bet como usarselobonus estrela bet como usarqualidade. Vira o "negrobonus estrela bet como usarbem".
O racismo no Brasil é mais ardiloso. A população negra é maioria, mas é confundida como um inimigo que faz parte dabonus estrela bet como usarvida, mas que não é declarado.
Por exemplo, não são todas as famílias negras que se identificam com a dor da famíliabonus estrela bet como usarÁgatha oubonus estrela bet como usarJoão Pedro. Ou mesmobonus estrela bet como usarMiguel. Elas pensam: "Poxa, que má sorte aquela criança estar ali".
Aí vêm os argumentos: "Ah, mas estava ali fazendo o quê?" ou "Ah, foi um acidente". Todos esses "poréns" solapam uma realidade que grita, que é o fatobonus estrela bet como usarque essas pessoas estão sendo abatidas por serem negras, por serem consideradas menos cidadãs. Menos seres humanos.
As pessoas no Brasil até aceitam dizer: "É porque era pobre". Parece que é mais aceitável atribuir determinadas desigualdades à pobreza do que ao racismo.
bonus estrela bet como usar BBC News Brasil - Como a classe influencia a percepção sobre o racismo no Brasil?
bonus estrela bet como usar Luciana Brito - É interessante pensar que os ganhos que a população negra teve, frutobonus estrela bet como usarconquistas do movimento negro, como a Leibonus estrela bet como usarCotas Raciais e a PEC das Trabalhadoras Domésticas, mexeram nas estruturas da sociedade brasileira e criaram uma reação violenta. E foram leis que se relacionam muito à formaçãobonus estrela bet como usaruma classe média negra no Brasil.
As trabalhadoras domésticas passaram a ter direitos trabalhistas, os filhosbonus estrela bet como usarmuitas entraram nas universidades, ou elas mesmas encontraram outras possibilidadesbonus estrela bet como usaremprego — eu tenho hoje colegas que foram trabalhadoras domésticas. E aumentaram as possibilidades para a juventude negra através da educação universitária.
Essa possibilidadebonus estrela bet como usarque negros pudessem transitar,bonus estrela bet como usarmaior quantidade, pra outra classe social, incomodou muito as estruturas do racismo brasileiro. Porque a diferençabonus estrela bet como usarclasse social no Brasil se estrutura na raça.
Só que para uma pessoa negra — e aí falo da minha própria experiência e dos meus amigos — transitar para a classe média significa apenas que você acessa os bensbonus estrela bet como usarconsumo da classe média. Você mora legal, tem carro bacana, seu filho vai para escola particular, mas você continua emaranhado no racismo estrutural.
Quando entrobonus estrela bet como usaruma lojabonus estrela bet como usarcremebonus estrela bet como usarcabelo, o segurança ainda me segue. Quando eu vejo uma criança como Ágatha ou João Pedro serem alvejados, isso me afeta diretamente, porque tenho uma criança com aquelas características. Eu tenho medobonus estrela bet como usarmeu marido dar um passeio na rua à noite sozinho.
Além disso, o restante da minha família não é classe média. Eu sou a única. É por isso que dizemos que não há saída individual para sair desse racismo, embora muitas pessoas negras acreditem que isso é possível.
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