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Pandemia e riscoslot win winconflito podem limitar alcanceslot win winatos contra Bolsonaro e racismo:slot win win
O Ministério Público do Distrito Federal e Território (MPDTF) se manifestouslot win winseguida, por meioslot win winnota, dizendo ter tomado conhecimento "de denúncias sobre o incentivo, por parteslot win winintegrantes da Polícia Militar, ao usoslot win winforça excessiva contra os manifestantes". O comunicado diz que o órgão acompanha com atenção a atuação das polícias e recomendou que manifestantes denunciem eventuais abusos pelos canais da ouvidoria do MPDFT. "É importante que o cidadão entenda seus direitos e deveres no atoslot win winprotestar e que a polícia atue dentro desses limites", diz ainda a nota.
Apesar da continuidade da pandemia, a mobilização contra o governo ganhou fôlego depois que integrantesslot win wintorcidas organizadas compareceram à Avenida Paulista,slot win winSão Paulo, no domingo passado, para protestarslot win winfavor da democracia e contra posicionamentos autoritáriosslot win winBolsonaro eslot win winparte dos seus apoiadores.
Desde março, manifestações bolsonaristas se tornaram frequentes no país com pedidos pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. O presidente costuma comparecer a esses atosslot win winBrasília, sem repudiar as reivindicações antidemocráticas.
Os atosslot win winoposição foram convocados para domingoslot win wincidades como São Paulo, Rioslot win winJaneiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Belém, Florianópolis e Salvador. Há duas bandeiras principais: o antifascismo,slot win winoposição ao governo Bolsonaro, e o antirracismo, com o mote "Vidas Negras Importam",slot win winreação ao assassinatoslot win winpessoas negras pela polícia nas periferias brasileiras. Essa agenda também ganhou fôlego sob influência dos intensos protestos iniciados nos Estados Unidos após a morte do negro George Floyd por um policial,slot win winMinneapolis.
A mobilização está sendo liderada por movimentosslot win winperiferia, ativistas negros, integrantesslot win wintorcidas organizadas, estudantes secundaristas, grupos antifascistas e a frente Povo Sem Medo, da qual faz parte o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras organizações. Lideranças ouvidas pela reportagem disseram que os atos serão pacíficos e que os manifestantes deverão manter distanciamento entre si e usar máscaras.
"Ficamos muito revoltados vendo manifestações com apologia à ditadura, que ridicularizavam nosso luto (pelas mortes da covid-19)", explicou à BBC News Brasil Danilo Pássaro, integrante da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians que liderou o protesto do domingo anterior e estará presente no próximo.
"A grande maioria (dos integrantes da torcida) é da periferia. Eu souslot win winBrasilândia, o bairro com mais mortes por coronavírus (em São Paulo). Rovolta você ver as mortes do seu lado se tornando piada nessas manifestações (bolsonaristas)", disse ainda.
No Rioslot win winJaneiro, o principal ato — uma marcha prevista para começar 15h na estátuaslot win winZumbi dos Palmares, no Centro — tem como tema central a defesa das vidas negras, mas também marcará oposição ao governador do Estado, Wilson Witzel, e ao presidente Bolsonaro, afirma o ator Brenner Oliveira, militante do Movimento Negro Perifa Zumbi, um dos envolvidos na organização do ato no Rio.
Será o segundo domingoslot win winprotesto após a morteslot win winJoão Pedro Mattos Pinto,slot win win14 anos, emslot win wincasa,slot win winuma comunidadeslot win win São Gonçalo (RJ), durante uma operação policial. Os organizadores justificam o atoslot win winmeio à pandemia destacando que "estão sendo mortos dentroslot win wincasa".
"Temos várias organizações na periferia que estão ajudando com distribuiçãoslot win winkitsslot win winalimentos,slot win winhigiene, com máscaras. Estamos fazendo tudo que o Estado não faz", disse Oliveira.
"E o que o Estado quer fazer? Quer invadir a favela, meter tiro na nossa juventude, matar e oprimir. Nossa reivindicação é que nemslot win wintiro, nemslot win winfome, nemslot win wincovid nosso povo vai morrer", completa ele.
Pandemia e temorslot win win'golpe'slot win winreação a atos
Alguns fatores, porém, podem limitar a adesão aos protestos. Parte dos opositores do governo têm divergido da convocaçãoslot win winatos no momento devido à pandemia e também por ver o riscoslot win winconflitos entre manifestantesslot win winoposição e apoiadoresslot win winBolsonaro, que poderiam ser usados como motivo para reações autoritárias.
Os dois argumentos foram citados pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Weverton Rocha (PDT-MA), Jaques Wagner (PT-BA), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) e Otto Alencar (PSD-BA),slot win winuma carta conjunta pedindo o adiamento dos protestos.
"Nosso pedido parte da avaliaçãoslot win winque, não tendo o país ainda superado a pandemia, que agora avançaslot win windireção ao Brasil profundo, saindo das capitais e agravando nos interiores, precisamos redobrar os cuidados sanitários e ampliar a comunicação com a sociedadeslot win winprol do distanciamento social", diz um trecho do documento.
Já a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, soltou depois uma nota manifestando apoio do partido aos protestos e orientando "que os participantes das manifestações observem da melhor maneira possível, as medidas recomendadas pela OMS, como usoslot win winmáscaras e o distanciamento social".
Segundo Carmen Foro, secretária-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior central sindical do país apoia os atos, mas não fará convocaçõesslot win winsua base devido à crise do coronavírus. Pelo mesmo motivo, também não estão ocorrendo mobilizaçõesslot win winParaisópolis, uma das maiores favelasslot win winSão Paulo, disse à reportagem Gilson Rodrigues, uma das lideranças da comunidade.
"Nas periferias, a situação da pandemia é mais grave e estão morrendo pessoas. Apoiamos iniciativas popularesslot win winorganização democrática e pacífica, mas nesse momento estamos muito focadosslot win winajudar a população que está desempregada, passando fome."
Já o antropólogo Luiz Eduardo Soares fez um apeloslot win winsuas redes sociais para que as pessoas descontentes com o governo federal não saiam às ruas nesse domingo. Ele disse temer que eventuais conflitos violentos durante as manifestações possam servirslot win winpretexto para o presidente desencadear um "golpe", acionando as Forças Armadas e apoiadores do governo nas polícias estaduais.
"Companheiras e companheiros, vocês não percebem que Bolsonaro está armando uma armadilha? Vocês acham que terão condiçõesslot win winimpedir que (apoiadores do governo) infiltrados promovam quebra-quebra? Não terão. Não subestimem os fascistas", escreveu emslot win winconta no Facebook.
"Se vocês forem às ruas, e eu adoraria que fossem e eu estaria junto com vocês,slot win wincondições normais, não só vão ajudar a propagar o vírusslot win winnossos grupos, como vão oferecer a oportunidade que os fascistas aguardam, ansiosamente, e que têm sistematicamente estimulado", disse também.
Nas redes sociais bolsonaristas, circulam vídeos e mensagens convocando apoiadores do presidente a comparecer à Avenida Paulista no domingo à tarde, mesmo local e horário previsto para o protesto convocado contra o governo.
O governadorslot win winSão Paulo, João Doria, disse no início da semana que não serão permitidos "manifestaçõesslot win winduas partes ao mesmo tempo" na Avenida Paulista. No entanto, ainda não houve acordo entre lideranças dos dois lados.
No início da tarde desta sexta-feira, o secretárioslot win winSegurança Públicaslot win winSão Paulo, general João Camilo Campos, afirmou que a polícia revistará as pessoas que pretendam participar das manifestações para evitar que portem objetos perigosos. Além disso, o governo estadual marcou nova reunião, às 15h30, para tentar novamente convencer os grupos a se manifestaremslot win windias diferentes - com um ato no sábado e outro no domingo.
'Terroristas e marginais', reage Bolsonaro
Na quarta-feira, Bolsonaro chamouslot win win"marginais" e "terroristas" grupos antifascistas que estão mobilizando atos contra seu governo.
O presidente voltou a dizer que não pode ocorrer no Brasil o mesmo que no Chile, onde uma onda forteslot win winprotestos sacudiu o país no finalslot win win2019. Um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, chegou a afirmar no ano passado que poderia haver um "novo AI-5" caso um cenário chileno se repetisse aqui,slot win winreferência ao ato institucional adotadoslot win win1968 que recrudesceu ainda mais a ditadura militar brasileira.
"Não podemos deixar que o Brasil se transforme no que foi há pouco tempo o Chile. Não podemos admitir isso daí. Isso não é democracia nem liberdadeslot win winexpressão. Isso, no meu entender, é terrorismo. A gente espera que este movimento não cresça, porque o que a gente menos quer é entrarslot win winconfronto com quem quer que seja", disse Bolsonaro nesta quarta, ao comentar os atos convocados para domingo.
'Ameaças'
Guilherme Boulos, liderança do MTST e do PSOL, manteve a convocação para atoslot win windomingo após o apeloslot win winLuiz Eduardo Soares. Na visão dele, é preciso ir às ruas justamente para se contrapor às ameaças autoritárias.
"Se normalizamos gente defendendo AI-5 e agredindo opositores, jornalistas e enfermeirasslot win winpraça pública, daqui a pouco não teremos condiçõesslot win windar as caras", escreveu naslot win winconta no Facebook.
À BBC News Brasil, Boulos disse que haverá na Avenida Paulista uma "brigadaslot win winsaúde" da frente Povo Sem Medo com maisslot win wincem pessoas orientando o público a manter distanciamento uns dos outros e oferecendo álcoolslot win wingel. Além disso, serão distribuídas quatro mil máscaras feitas por cooperativasslot win wincostureiras do MTST.
"Conversamos com as torcidas organizadas e com o movimento negro. Nossa primeira preocupação é fazer a manifestação sem ser um vetorslot win wintransmissão do coronavírus", disse.
"E a segunda preocupação é com o objetivo pacífico. Para nós, não interessa o conflito. Só para Bolsonaro interessa uma escaladaslot win winviolência", acrescentou.
Ele contou ainda que fará um registro na Polícia Civil nesta sexta após ter sido alvoslot win winameaçasslot win wingrupos bolsonaristas, que circularam a seguinte mensagem. "Guilherme Boulos mora numa casa no bairro do Campo Limpo, no sulslot win winSão Paulo. Domingo vamos atirarslot win wintodo o bairro até acertar ele."
Divergências ideológicas
Além da pandemia e do receio sobre conflitos, divergências ideológicas também dificultam uma união maiorslot win wingrupos opositores do governo nas ruas e mesmo por meioslot win winmanifestos.
O Movimento Brasil Livre (MBL), que protagonizou grandes manifestações pelo impeachmentslot win winDilma Rousseff, pretende ir às ruas também contra Bolsonaro após a pandemia. No entanto, não vai se unirslot win winatos com torcidas organizadas e grupos antifascistas, por considerar esses grupos violentos.
"Atos com Gaviões da Fiel e antifa? Nunca. Acho inclusive um tiro no pé", respondeu à reportagem Renan Santos, um dos líderes o MBL.
"Nós temos um estilo e uma forma (de protestar). Usar badernagem como instrumentoslot win winguerra política não faz parte do nosso repertório. Se eles querem fazer, eles que façam", disse ainda.
Danilo Pássaro, da Gaviões da Fiel, repudiou as críticas do MBL e disse que a atuação da torcida nos protestos políticos é pacífica.
"As torcidas são um extrato da nossa sociedade, que é uma sociedade violenta. Eu acredito que é educando que a gente consegue buscar esse tiposlot win wintransformação e também cooperando com o poder público", defendeu.
A dificuldadeslot win winreunir liderançasslot win windiferentes correntes ideológicasslot win winuma frente ampla contra o governo Bolsonaro ficou clara esta semana também na tentativaslot win winampliar apoios a manifestos pela democracia.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal liderança do PT e da esquerda brasileira, se recusou a assinar o manifesto do Movimento Estamos Juntos, que teve o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), do ex-prefeitoslot win winSão Paulo Fernando Haddad (PT), do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (MDB), entre outras lideranças políticas e também da classe artística e intelectual.
Segundo Lula, o texto "tem pouca coisaslot win wininteresse da classe trabalhadora".
"Tem muita genteslot win winbem que assinou. E tem muita gente que é responsável pelo Bolsonaro. O PT tem que discutir com muita profundidade, para a gente não entrar numa coisaslot win winque outra vez a elite sai por cima da carne seca, e o povo trabalhador não sai na fotografia", criticou ainda, o ex-presidente.
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