Coronavírus: na contramão do mundo, Brasil flexibiliza quarentena antesum jogo de azaratingir picoum jogo de azarmortes:um jogo de azar

Mas a grande maioria desses países só adotou medidasum jogo de azarflexibilização depois que o númeroum jogo de azarcasos novos e mortes começou a cair, explica o epidemiologista Antonio Moura da Silva, professor do departamentoum jogo de azarSaúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) — países como China, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e França.

O Brasil está flexibilizando a quarentena enquanto os números ainda estão aumentando e sem saber se a pandemia já chegou ao pico. "É uma insanidade", diz Silva.

Brasil não atende critérios da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda seis critérios para flexibilizar o isolamento social. Mas o Brasil ainda não atende alguns deles.

Os novos casos devem ser esporádicos e concentradosum jogo de azarcertos lugares — eum jogo de azarum nível que não sobrecarregue o sistemaum jogo de azarsaúde.

Um país também deve fazer testesum jogo de azarmassa para identificar os casos e seus contatos, e isolar e tratar a todos.

É preciso proteger especialmente locais mais vulneráveis a surtos, como favelas, por exemplo, e tomar medidas para reduzir o riscoum jogo de azartransmissão do vírusum jogo de azarlocaisum jogo de azartrabalho.

E também tentar impedir a importação e exportaçãoum jogo de azarcasos e garantir que a população esteja consciente e comprometida com as açõesum jogo de azarcombate à pandemia.

A Escolaum jogo de azarGovernança Blavatnik, da Universidadeum jogo de azarOxford, no Reino Unido, avalia 170 paísesum jogo de azarquatro destes critérios — ficamum jogo de azarfora a prevenção no trabalho eum jogo de azarlugares mais vulneráveis — e dá uma nota entre 0 e 1 para cada país.

Quanto mais longe da nota 1, menos preparado um país está para flexibilizar o distanciamento social. A nota do Brasil neste momento é 0,6.

O país vai bemum jogo de azardois critérios: a prevençãoum jogo de azarcasos importados e exportados, porque as fronteiras estão fechadas, e a conscientização da população, ainda que o isolamento tenha deixado a desejar.

O problema são a explosãoum jogo de azarnovos casos e mortes e a faltaum jogo de azaruma política nacionalum jogo de azartestagem, investigaçãoum jogo de azarcontágios e isolamentoum jogo de azarcasos.

Beatriz Kira, uma das pesquisadorasum jogo de azarOxford responsável pelo estudo, destaca que quase todos os países não atendem os critérios avaliados — só a Nova Zelândia recebeu a nota máxima —, e que muitos estão flexibilizando seus isolamentos mesmo assim.

"É uma escolha difícil. É preciso considerar muitas variáveis, como o impacto sobre o sistemaum jogo de azarsaúde, a educação das crianças, a economia, a saúde mental das pessoas", diz Kira.

Mas um dos primeiros critérios levadosum jogo de azarconta para relaxar as quarentena é um país ter passado do auge da pandemia, e não há indíciosum jogo de azarque o Brasil tenha chegado ao pico, afirma a pesquisadora.

"O que também diferencia o Brasil dos outros países é que seu númeroum jogo de azarnovos casos e mortes continua batendo recordes."

Taxaum jogo de azarcontágio está acima do que deveria

O epidemiologista Antonio Moura da Silva diz que alguns objetivos deveriam ser atingidos antesum jogo de azaro país flexibilizar o distanciamento social.

Um deles é ter uma ocupação dos leitosum jogo de azarunidadesum jogo de azartratamento intensivo (UTI)um jogo de azarno máximo 70%, para haver alguma folga que dê contaum jogo de azarum aumento súbitoum jogo de azarnovas infecções.

Outro é a curvaum jogo de azarnovos casos estar caindo há 14 dias, tempo suficiente para saber essa tendência é temporária ou não. E uma taxaum jogo de azarcontágio (R0) abaixoum jogo de azar1, também por duas semanas.

Esse índice, o R0, indica quantas pessoas alguém que tem o vírus pode infectar e é fundamental porque, quando fica menor do que 1, o númeroum jogo de azarnovos casos paraum jogo de azarcrescer e começa a cair. O isolamento social é uma as formas mais eficazesum jogo de azarconseguir isso.

No entanto, a taxaum jogo de azartodos os Estados brasileiros, calculadas pela Universidade Johns Hopkins, ainda estão acima deste patamar, aponta Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileiraum jogo de azarVirologia (SBV).

"A Alemanha adotou uma taxaum jogo de azar0,7 para a maioria das regiões que fizeram a reabertura, por exemplo. Aqui, não estamos usando esse critério", diz Spilki.

Para o virologista, o parâmetro mais comum no Brasil é a lotação das UTIs, mas isso dá só uma visãoum jogo de azarcurto prazo da pandemia e não permite saber se ela está sob controle.

"A gente não consegue saber o que vai acontecer na próxima semana ou daqui a 15 dias. A taxaum jogo de azarcontágio permite fazer isso."

Pandemia mais longa e com mais prejuízos

O desencontro das mensagens dos governos estaduais e municipais, que implantaram as quarentenas, e o governo federal, que foi contra essas medidas, prejudicaram a adesão ao isolamento no Brasil, que não foi suficiente para reduzir a taxaum jogo de azarcontágio a índices satisfatórios.

Os casos continuaram a subir. Mas também aumentou a pressão popular para o retorno a normalidade com reabertura do comércio — sem nunca ter fechadoum jogo de azarfato.

Por isso, os Estados e municípios agora cedem a esses apelos, avaliam os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, mesmoum jogo de azarcondições bem desfavoráveis, e isso deve agravar ainda mais os impactos da pandemia.

O surto no Brasil, que já é mais longo do que oum jogo de azaroutros países, deve se prolongar ainda mais, diz Fernando Spilki.

"Isso vai gerar um prejuízo econômico ainda maior, porque vamos reabrir, ter novos surtos e terum jogo de azarfechar tudo outra vez onde isso acontecer", afirma o presidente da SBV.

"É uma aposta e que provavelmente vai dar errado, e o númeroum jogo de azarnovos casos e mortes vai aumentar", diz Antonio Moura da Silva, da UFMA.

O médico Bharat Pankhania, professor palestrante da Escolaum jogo de azarMedicina da Universidadeum jogo de azarExeter, no Reino Unido, especializadoum jogo de azarcontroleum jogo de azardoenças infecciosas, critica a opçãoum jogo de azarreabrir a economia no Brasil enquanto o vírus ainda circula amplamente.

"As pessoas vão ser infectadas, e os governantes serão responsáveis pelos brasileiros que vão morrer por causa disso", diz Pankhania, que defende que quem puder se mantenha isolado.

"As pessoas podem tomar precauções individualmente, mas essa responsabilidade também é dos empregadores. É uma decisão pode ser feitaum jogo de azartodos os níveis."

Mesmo assim, reconhece o médico, a parcela da população mais pobre fica mais vulnerável: "Assim como aqueles que seguem um líder que está errado cegamente".

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