Coronavírus: os indícios que apontam que o Sars-Cov-2 circulava no Brasil antes do primeiro diagnóstico oficial:blaze gg
Já a transmissão comunitária — quando não é possível identificar a origem da infecção —, confirmada oficialmenteblaze gg13blaze ggmarço, teria começado no Brasil na primeira semanablaze ggfevereiro, segundo estudos feitos no IOC/Fiocruz.
Esses levantamentos trazem informações importantes sobre a trajetória do novo coronavírus no Brasil. Com base nesses dados, é possível compreender que o vírus já circulava pelo país antes do Carnaval, períodoblaze ggque há muitas aglomerações e pode ter facilitado ainda mais a propagação do Sars-Cov-2. Além disso, mostram que houve mortes por covid-19 antes do primeiro óbito confirmado no país,blaze gg17blaze ggmarço.
Essas apurações feitas por pesquisadores tiveram como base registros sobre Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país.
Uma apuração do Ministério da Saúde, por meioblaze ggsecretarias estaduais, reforça a teseblaze ggque havia pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 no Brasil antesblaze gg26blaze ggfevereiro. Isso porque a pasta divulgou recentemente que quase 40 casos, antes do primeiro diagnóstico oficial, estão sendo investigados no país.
Descobrir os primeiros casos no Brasil é considerado importante para que seja possível avaliar a trajetória do vírus no país, analisar casosblaze ggsubnotificações e estudar as características do Sars-Cov-2 por aqui.
Oficialmente, o primeiro caso do Brasil ainda é o do paciente diagnosticadoblaze gg26blaze ggfevereiro. Porém, há, ao menos, três pontos que indicam que o Sars-Cov-2 chegou ao Brasil antes do primeiro diagnóstico oficial: os registrosblaze ggSRAG, as descobertas recentes sobre a origem do coronavírusblaze ggoutros países e notificações suspeitas encaminhadas ao Ministério da Saúde.
blaze gg Os registrosblaze ggSRAG
Em anos anteriores, o Infogripe, sistema da Fiocruz, registrou uma médiablaze gg250 casosblaze ggfevereiro. Porém neste ano, no mesmo período, os registrosblaze ggSRAG tiveram aumento históricoblaze ggtodo o Brasil, principalmenteblaze ggmeadosblaze ggfevereiro. Apenas na semanablaze gg23 a 29 do mês, 662 pessoas foram internadas no país com sintomas como febre, tosse, dorblaze gggarganta e dificuldade respiratória. As notificações são referentes a hospitais públicos e privados.
A SRAG, hoje altamente associada à covid-19, também pode ser causada por outros vírus como influenza, adenovírus ou os coronavírus sazonais que já circulavam anteriormente. No entanto, especialistas apontam que não há nenhum indicativoblaze ggque os vírus conhecidosblaze gganos anteriores circularam mais intensamente, entre janeiro e fevereiro, neste ano.
Especialistas da Fiocruz fizeram análises moleculares retrospectivasblaze ggamostrasblaze ggSRAG e encontraram um casoblaze ggSars-Cov-2 na quarta semana epidemiológica, um mês antes do primeiro diagnóstico oficial.
Além disso, análises feitas por meio do MonitoraCovid-19, plataforma do sistema do Institutoblaze ggComunicação e Informação Científica e Tecnológicablaze ggSaúde (Icict/Fiocruz), apontou que, desde a sexta semana epidemiológica, entre 2 e 8blaze ggfevereiro, há aumento sustentado nos númerosblaze ggSRAG no país.
Os indícios apontam que desde o inícioblaze ggfevereiro há transmissão comunitária do novo coronavírus no país.
Os dados referentes a registrosblaze ggSRAG no país reforçam as informações do primeiro estudo que apurou o início da transmissão comunitária do Sars-Cov-2 no Brasil. O estudo usou uma metodologia estatísticablaze gginferência, a partirblaze ggóbitos por SRAG que foram registrados antes do primeiro caso confirmado. O levantamento mostrou que a disseminação comunitária do novo coronavírus começoublaze ggduas a quatro semanas antes dos primeiros diagnósticos.
O estudo para apurar a transmissão do coronavírus no Brasil foi feito pelo IOC/Fiocruzblaze ggparceria com a Fiocruz-Bahia, Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade da República (Udelar), no Uruguai. O trabalho, que ainda passará por revisão dos pares, foi publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
Para chegar a um levantamento sobre o início da transmissão comunitária no Brasil, os pesquisadores analisaram o crescimento exponencialblaze ggnúmerosblaze ggmortes por SRAG. O dado é considerado pelos especialistas como a informação mais confiável sobre o progresso da epidemia,blaze ggrazão dos poucos testes feitos inicialmente e do grande númeroblaze ggpacientes assintomáticos — entre os mais jovens, a ausênciablaze ggsintomas pode ser comumblaze gg70% deles.
Assim, consideraram que o tempo médio entre a infecção e o óbito por covid-19 é de, aproximadamente, três semanas. Os estudiosos consideraram também que a taxablaze ggmortalidade da doença é de, aproximadamente, 1%. Desta forma, aplicaram um método estatístico para avaliar o início da pandemia, a partir do número acumuladoblaze ggmortes. Esse levantamento apontou que a transmissão comunitária no Brasil, assim comoblaze ggoutros países, começou semanas antes do primeiro diagnóstico oficial.
blaze gg A chegada do vírusblaze ggoutros países
Diversos levantamentos mostram que, assim como a pesquisa que analisou o cenário no Brasil, a transmissão comunitária do Sars-Cov-2blaze ggregiões da Europa e nos Estados Unidos começaram até quatro semanas antes dos primeiros diagnósticos.
Enquanto o Brasil e outros países ainda tomavam as medidas iniciais, como monitorar os viajantes que vinham do exterior, o vírus já estava sendo transmitidoblaze ggseus territórios.
A circulação do Sars-Cov-2 teve início antesblaze ggorientações como a restriçãoblaze ggviagens aéreas e o distanciamento social, segundo o estudo liderado pelo IOC/Fiocruz. No Brasil, por exemplo, essas medidas mais duras, para evitar a propagação do vírus, foram adotadas somente após a confirmação da transmissão comunitáriablaze ggdiferentes Estados.
Pesquisadores que participaram do estudo ressaltam que o "período bastante longoblaze ggtransmissão comunitária oculta" reforça a dimensão do desafioblaze ggrastrear a disseminação do novo coronavírus. Em razão disso, apontam que seria fundamental que medidasblaze ggcontrole fossem tomadas desde os primeiros diagnósticosblaze ggcasos importados.
Pelo mundo, diversos países investigam casos anteriores aos primeiros diagnósticos conhecidos até então.
Os primeiros registros do novo coronavírus foram relatados pela China à Organização Mundialblaze ggSaúde (OMS)blaze gg31blaze ggdezembro. Casos anteriores no país asiático são investigados. O principal objetivo é descobrir o primeiro paciente infectado pelo novo coronavírusblaze ggWuhan, cidade que enfrentou o primeiro surtoblaze ggSars-Cov-2 no mundo. Por meio dessa descoberta, cientistas poderão chegar à origem do vírus e como se deu a primeira transmissão para humanos.
Assim como o primeiro epicentro do novo coronavírus, os Estados Unidos, que hoje é a região com mais casos e mortes por covid-19 no mundo, também investigam pacientes que tiveram o vírusblaze ggperíodo anterior ao conhecido atualmente.
Em meadosblaze ggabril, autópsiasblaze ggdois pacientes que morreram na Califórnia nos dias 6 e 17blaze ggfevereiro revelaram que eles haviam sido infectados pelo Sars-Cov-2. O fato fez com que o país alterasse seus dados sobre a covid-19, pois até então a primeira morte havia sido confirmadablaze gg26blaze ggfevereiro, no Estadoblaze ggWashington.
Entre os casos antigos descobertos recentemente, uma situação na França, no inícioblaze ggmaio, causou surpresablaze ggtodo o mundo. O primeiro registro do novo coronavírus havia sido confirmadoblaze ggmeadosblaze ggjaneiro no país. No entanto, uma descoberta recente mudou o que se sabia da trajetória do vírus na região.
Novas análisesblaze ggexamesblaze ggum homemblaze gg43 anos, feitosblaze gg27blaze ggdezembro passado, apontaram que ele havia sido infectado pelo Sars-Cov-2. O paciente, na época diagnosticado com pneumonia, tem 43 anos e morablaze ggBobigny, nos arredoresblaze ggParis.
O homem se recuperou após fazer o tratamento para pneumonia, ainda no fimblaze ggdezembro. Depoisblaze ggdescobrir que havia contraído o novo coronavírus, ele disse que não sabia como pode ter sido infectado pelo vírus. Ele não havia viajado recentemente a outros países. O fato demonstrou que o vírus chegara à Europa antes do que se imaginava.
Após o caso na França, a OMS relatou que é possível que outros casos iniciais venham à tonablaze ggoutras regiões. O porta-voz da organização, Christian Lidmeier, pediu que os países verifiquem os registrosblaze ggcasos semelhantes, para esclarecer sobre a trajetória do vírusblaze ggtodo o mundo.
blaze gg Os casos investigados no Brasil
Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou que analisa 39 casos suspeitos do novo coronavírus que teriam surgido antes do primeiro diagnóstico no país.
O secretário substitutoblaze ggVigilânciablaze ggSaúde, Eduardo Macário, disse que 25 desses casos foramblaze ggSão Paulo e os outros estãoblaze ggoito Estados. Os registros foram identificados no sistemablaze gginformação nacional.
Macário disse que foram enviados ofícios aos Estados para que eles apurem as informações. A pasta não descarta que algumas dessas datas tenham sofrido erros no registro. Os casos suspeitos ainda estão sendo apurados pelas secretarias estaduais.
No inícioblaze ggabril, um erro do Ministério da Saúde causou grande repercussão. Na época, foi anunciado que fora descoberto que uma mulher morreublaze ggdecorrência do novo coronavírusblaze gg23blaze ggjaneiro,blaze ggMinas Gerais. No entanto, posteriormente, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou que houve falhablaze ggdigitação e que o óbito ocorrerablaze ggmarço. Ao corrigir a informação, Mandetta citou que somente apurações futuras podem identificar o início do vírus no Brasil. Ele, porém, não descartou que o Sars-Cov-2 tenha começado a circular no Brasil desde janeiro ou dezembro.
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