Bolsonaro nega que tenha interferido na PF: 'Nunca pedi que blindasse a mim ou alguém da minha família':arbety logo

Jair Bolsonaro faz pronunciamento

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Bolsonaro fez o pronunciamento acompanhadoarbety logoseus ministros

arbety logo O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou nesta sexta-feira (24/4) que tenha tentado interferir na Polícia Federal (PF) como disse o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ao anunciararbety logodemissão do governo.

"Nunca pedi para ele (Moro) que a PF me blindasse onde quer que fosse", disse Bolsonaro. "Nunca pedi que blindasse alguém da minha família."

O presidente afirmou que pediu informações sobre as atividades da PF a Moro para "bem decidir o futuro dessa nação". "Nunca pedi a ele o andamentoarbety logoqualquer processo até porque com ele a inteligência perdeu espaço na Justiça."

Bolsonaro convocou a coletiva afirmando que "restabeleceria a verdade" sobre a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, e as declarações feitas por Moro no início desta tarde, ao anunciar que estava deixando o governo.

Moro decidiu sair após uma quedaarbety logobraço com o presidentearbety logotorno do comando da PF e acusou Bolsonaroarbety logoquerer interferir na corporação.

Ao ladoarbety logoseus ministros e do vice-presidente, o general Hamilton Mourão, Bolsonaro começou seu pronunciamento dizendo que "uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é trabalhar com ela, conviver com ela"."Eu disse a alguns parlamentares: hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem um compromisso consigo próprio, com o seu ego, e não com o Brasil. Hoje essa pessoa vai buscar uma maneiraarbety logobotar uma cunha entre eu e o povo brasileiro. Isso aconteceu há poucas horas."

'Acusações são infundadas'

O presidente disse ter ficado surpreso com as acusações feitas por Moro e afirmou que são "infundadas" e que as "lamenta". Bolsonaro disse ter conversado com Valeixo, que teria aceitado a exoneração "a pedido".

"Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamararbety logomentiroso. Não existe uma acusação ais grave para um homem como eu."

Bolsonaro disse ter conversado na última quinta-feira com Moro sobre a exoneraçãoarbety logoValeixo: "Eu disse: tá na horaarbety logopor um ponto final nisso. Ele está cansado, está fazendo o que pode no seu trabalho".

Bolsonaro afirmou que Moro relutou e respondeu que teriaarbety logoindicar o substituto. "Porque tem que ser o dele e não possivelmente o meu?", disse o presidente. "E o lembrei que a indicação é minha. A prerrogativa é minha. Quero um delegado, que eu sinta que eu possa interagir com ele. Porque não? Interajo com os homens da inteligência das Forças Armadas, interajo com a Abin."

Ao negar a interferência, Bolsonaro declarou: "Falava-searbety logointerferência minha. Ora bolas, se posso trocar ministro, não posso,arbety logoacordo com a lei, trocar o diretor da PF? Não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor ou quem quer que seja que esteja na pirâmide hierárquica do Poder Executivo".

'Moro aceitou troca na PF após indicação para o STF'

Bolsonaro também disse que Moro teria concordado com a troca no comando da PF caso ela fosse feitaarbety logonovembro, após o ex-ministro ser indicado para o Supremo Tribunal Federal.

Após o pronunciamentoarbety logoBolsonaro, Moro negou que tenha ocorrido esse diálogo, ao publicar emarbety logoconta no Twitter: "A permanência do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moedaarbety logotroca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do diretor-geral da PF".

Sergio Moro

Crédito, AFP

Legenda da foto, Moro (foto) acusou o presidentearbety logoter manifestado intençãoarbety logointerferir politicamente na Polícia Federal

O presidente prosseguiu: "Será que é interferir na PF quase que exigir, implorar ao senhor Sergio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PFarbety logoSergio Moro se preocupou mais com (a vereadora) Marielle Franco do que com seu chefe supremo".

Bolsonaro disse que "cobrou muito" a PF sobre a investigação do atentado contra ele durante a campanha eleitoral, mas "não interferiu". "Acredito que a vida do presidente da República tem um significado. Isso é interferir na Polícia Federal? Cobrar isso da Polícia Federal?"

'Autonomia não é soberania'

O presidente recordou que chegou a ser desprezado por Moro quando ele ainda era "um humilde deputado", ao tentar cumprimenta-loarbety logoum aeroporto. Mas, segundo Bolsonaro, Moro teria ligado para ele no dia seguinte, e o presidente teria "dado por encerrado o assunto".

Depois, entre o primeiro e o segundo turno da campanha eleitoral, Bolsonaro disse que teria recebido uma ligaçãoarbety logouma pessoa que buscava aproximar o presidente e o ex-ministro.

"Fiquei feliz, mas declinei. Ele não esteve comigo na campanha. Não seiarbety logoquem ele votou e nem quero saber. O voto é secreto, mas evitei conversar com ele naquele momento, porque com certeza a visita se tornaria pública, e não queria aproveitar do prestígio dele para conseguir a vitória no segundo turno."

O presidente disse que só recebeu o ex-ministro quando já estava eleito, emarbety logocasa no Rioarbety logoJaneiro,arbety logoum encontroarbety logoque também estava presente o ministro da Economia, Paulo Guedes. Foi então que o convidou para ser ministro da Justiça.

Bolsonaro teria dito então a Moro que, como todos os seus ministros, ele teria autonomia, mas que isso não era "sinalarbety logosoberania", e ressaltou que, como presidente, ainda teria "poderarbety logoveto nos cargos-chave" e que as indicações teriam que "passar por suas mãos" para que ele desse "o sinal verde".

"Foi feito desta maneiraarbety logomaisarbety logo90% dos casos. Foi assim também com o Sr. Valeixo. A indicação foi do Sr. Sergio Moro, apesar da leiarbety logo2014 dizer que a indicação para esse cargo e a nomeação é exclusiva do presidente da República. Abri mão disso porque confiava no Sr. Sergio Moro", disse Bolsonaro.

'Fontearbety logocorrupção não é tão abundante quanto no passado'

O presidente ainda ressaltou que Moro levou para todos os cargos-chave do ministério pessoas com quem trabalhava quando era juiz federalarbety logoCuritiba, no Paraná.

"Lógico que isso me surpreendeu. Será que os melhores quadros da PF estavamarbety logoCuritiba? Mas disse: 'Vamos confiar, vamos dar um crédito, e assim começamos a trabalhar."

Bolsonaro também refutou acusaçõesarbety logoque teria tentado dificultar operaçõesarbety logocombate à corrupção. Segundo o presidente, essas afirmações se baseavamarbety logouma redução do númeroarbety logooperações da PF.

Jair Bolsonaro faz pronunciamento

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O presidente disse que tem a prerrogativa legalarbety logotrocar o comando da PF

"Mas é óbvio que isso ia acontecer se nossas indicações para bancos oficiais e ministérios não passavam por indicações partidárias. Está na cara que a fontearbety logocorrupção não era tão abundante quanto antigamente. Isso começou a se abater contra mim como se estivesse contrário à (operação) Lava Jato. Isso não é verdade", afirmou Bolsonaro.

"As grandes operações da PF no passado foramarbety logocimaarbety logoestatais ouarbety logoempreiteiros que faziam obras que arrancavam recursos via bancos oficiais,arbety logoespecial o BNDES. Botamos um ponto final nisso. Foi muito caro para mim. Poderosos se levantaram contra mim. A verdade é que estou lutando contra o sistema."

'Não tenho mágoaarbety logoMoro'

Bolsanaro afirmou que,arbety logoseu governo, "coisas que aconteciam no Brasil praticamente não acontecem mais". "E, me desculpem, modéstia à parte, é pela minha coragemarbety logoindiciar um timearbety logoministros comprometido com o futuro do Brasil."

O presidente disse que "sempre mantive diálogos republicanos com todos os meus ministros". "Sempre fui leal a eles", declarou Bolsonaro. "Eu sempre abri o coração pra ele (Moro). Ele eu já não sei."

Bolsonaro afirmou não ter sido procurado por Moro para comunicararbety logodemissão. "Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletivaarbety logoimprensa."

O presidente disse que não tem mágoaarbety logoMoro. "Se ele quer ter independência, poderia vir candidatoarbety logo2018. Agora, eu não posso conviver, ou fica difícil a convivência, com uma pessoa que pensa diferentearbety logovocê."

O que aconteceu?

A exoneraçãoarbety logoValeixo foi publicada no Diário Oficial desta sexta. Ele havia sido escolhido por Moro para o cargo e era considerado o braço-direito do agora ex-ministro. "Tenho que preservar minha biografia", disse o ministroarbety logopronunciamento.

A troca na PF, segundo ele, mostrou que "o presidente não me quer no cargo". Em seu discurso, Moro disse que só ficou sabendo da exoneração pelo Diário Oficial e criticou a decisãoarbety logotrocar Valeixo.

Ele afirmou ter dito ao presidente que tal movimento só seria aceitável se houvesse um "fraco desempenho" por parte do diretor, mas que isso não ocorreu.

Moro negou que a saída tenha ocorrido "a pedido"arbety logoValeixo, mas que o diretor-geral foi comunicado por telefone. O ministro acrescentou que também haveria planosarbety logotrocar superintendentes nos Estados, alémarbety logoValeixo.

"Ontem, conversei com o presidente e houve essa insistência do presidente. Falei ao presidente que isso seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo", afirmou.

Moro, então, disse ter tentando dissuadir o presidente ou convencê-lo a substituir Valeixo por alguém com perfil "absolutamente técnico" e indicado por ele e pela própria PF. "Mas não obtive resposta."

O ministro disse que o presidente tem alguns nomesarbety logomente, entre eles, um "delegado que passou mais tempo no Congresso Nacional" do que efetivamente trabalhando na PF.

"O presidente me disse, maisarbety logouma vez, que ele queria ter uma pessoa do contato dele que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, colher relatóriosarbety logointeligência", disse Moro, que comentouarbety logoseguida que não é apropriado que o presidente tenha acesso direto a esse tipoarbety logoinformação.

"Estaria claro que haveria uma interferência política na Polícia Federal, que gera um abalo à credibilidade minha, mas também do governo. Ia gerar uma desorganização na Polícia Federal. Isso (interferência política sobre a PF) não aconteceu durante a Lava Jato, apesararbety logotodos os problemasarbety logocorrupção dos governos anteriores."

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