Coronavírus: por que primeira pessoa infectada no Brasil pode nunca ser descoberta:betfair libertadores
Uma das principais alternativas para descobrir casos anteriores aos primeiros diagnósticos é o testebetfair libertadoresanticorpos, que permite descobrir se a pessoa teve o coronavírus anteriormente. Isso ajuda a entender a rapidez da propagação do vírus e possíveis casos que não foram diagnosticados. Esses exames, porém, ainda são incipientes no Brasil.
Outro método importante no estudo sobre a origem do coronavírus no Brasil é o sequenciamento do genoma do vírus, que esclarece aspectos comobetfair libertadoresquais países vieram os casos brasileiros e a evolução do Sars-Cov-2 por aqui.
Enquanto especialistas estudam as portasbetfair libertadoresentrada do vírusbetfair libertadoresdiferentes países —betfair libertadorestodo o mundo, até o momento são maisbetfair libertadores2 milhõesbetfair libertadorescasos e 150 mil mortes —, uma pergunta importante sobre a origem da pandemia ainda não foi respondida: a identidade do paciente "zero" na China.
Primeiro caso virou polêmica no Brasil
No iníciobetfair libertadoresabril, uma informação do Ministério da Saúde causou polêmicabetfair libertadorestorno do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Isso porque a pasta divulgou que a primeira mortebetfair libertadoresdecorrência do vírus no país fora registradabetfair libertadores23betfair libertadoresjaneiro,betfair libertadoresMinas Gerais, quase dois meses antes do primeiro óbito confirmado oficialmente.
No dia seguinte, porém, o ministério retificou a informação. A pasta afirmou que o óbito foi registradobetfair libertadores23betfair libertadoresmarço e justificou que houve uma falhabetfair libertadoresdigitação, por isso informara erroneamente que teria sidobetfair libertadoresjaneiro.
Ao corrigir a informação, durante coletivabetfair libertadoresimprensa, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é possível que o vírus já circulasse no paísbetfair libertadoresdezembro passado ou janeiro. Mandetta argumentou que a China ainda está descobrindo casos que ocorreram no começobetfair libertadoresdezembro. Por se tratarbetfair libertadoresum país grande, segundo o ex-ministro, o vírus pode ter se propagado para outras regiões do mundo ainda quando não existia um diagnóstico.
Para especialistas, um dos fatos que colaboram para que a primeira pessoa com o coronavírus no Brasil não tenha sido diagnosticada é a demorabetfair libertadoresautoridades brasileiras para tomar as primeiras medidasbetfair libertadoresenfrentamento, mesmo com casos do Sars-Cov-2 passando a ser registrados ao redor do mundo desde janeiro.
"Existe muito tráfego aéreo no Brasil. Em janeiro, por exemplo, muitas pessoas podem ter chegado do exterior sem sintomas ou com sintomas bem leves, como tosse e pouca febre. Não existia um controle ou qualquer orientação sobre o coronavírus, então elas podem não ter procurado atendimento médico. Em uma semana, podem ter se recuperado, mas nesse período podem ter contaminado muita gente", relata o virologista Bergmann Morais Ribeiro, do Departamentobetfair libertadoresBiologia Celular da Universidadebetfair libertadoresBrasília (UnB).
A médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do serviçobetfair libertadoresepidemiologia do Instituto Emílio Ribas, aponta que um dos motivos a dificultar a descoberta dos primeiros casosbetfair libertadoresinfecção no Brasil era a orientação do Ministério da Saúde que, a princípio, indicava que somente casosbetfair libertadoresviajantes que chegassem ao Brasil com sintomas respiratórios ou febre deveriam ser investigados.
"Os outros casos eram excluídos. É importante lembrar que essa doença tem um largo espectro clínico, inclusive com casos assintomáticos que também transmitem", ressalta.
Estudos apontam que a taxabetfair libertadorespacientes assintomáticos pode chegar a 70%betfair libertadoresalgumas idades. O número depende, conforme pesquisadores, da faixa etária. Os mais jovens são maioria entre os casos sem sintomas.
Dificuldades iniciais
Entre os indíciosbetfair libertadoresque pode ter havido casos do novo coronavírus no país antes do primeiro diagnóstico estão os dados do Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O sistema aponta que houve aumento históricobetfair libertadoresregistrosbetfair libertadoresSíndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil entre fevereiro e março.
Em anos anteriores, o sistema registrou uma médiabetfair libertadores250 casos nos mesesbetfair libertadoresfevereiro e março. Porém, neste ano, apenas na semanabetfair libertadores23 a 29betfair libertadoresfevereiro, 662 pessoas foram internadas no país com sintomas como febre, tosse, dorbetfair libertadoresgarganta e dificuldade respiratória. As notificações são referentes a hospitais públicos e privados.
Os dados servem como alerta, apontam especialistas. Porém, os estudiosos frisam que a SRAG, que hoje é altamente associada à covid-19, também pode ser causada por outros vírus como influenza, adenovírus ou os quatro coronavírus sazonais que já circulavam anteriormente.
Para o virologista Davis Ferreira, do Institutobetfair libertadoresMicrobiologia Professor Paulobetfair libertadoresGóes (IMPPG), da Universidade Federal do Riobetfair libertadoresJaneiro (UFRJ), casos do novo coronavírus anteriores ao primeiro diagnóstico no país podem ter sido tratados como outras síndromes respiratórias. "Os testesbetfair libertadoresanticorpos podem ajudar a esclarecer se alguns desses pacientesbetfair libertadoresjaneiro ou iníciobetfair libertadoresfevereiro tinham o novo coronavírus", ressalta.
Especialistas afirmam que o fatobetfair libertadoresos primeiros diagnósticos no Brasil terem sido no Albert Einstein também reforça que pode haver casos anteriores. Isso porque a unidade particularbetfair libertadoressaúde já estava preparada para atender tais pacientes, por meiobetfair libertadoresexames e acompanhamento médico.
"Muitos casos do novo coronavírus pelo país podem ter sido tratados,betfair libertadoresjaneiro ou fevereiro, com diagnósticos como H1N1 ou pneumonia, que também causam problemas respiratórios. Nesse período, não havia testesbetfair libertadoresmuitos locais, então essa possibilidadebetfair libertadorescovid-19 pode ter sido descartada por muitas vezes", diz Bergmann.
Por que seria importante descobrir o primeiro paciente?
O diagnósticobetfair libertadorescoronavírus no Brasilbetfair libertadores25betfair libertadoresfevereiro é considerado um marco importante no enfrentamento ao Sars-Cov-2. A partir disso, diversas autoridades locais passaram a tomar medidas mais enérgicasbetfair libertadoresrelação ao tema — muitas esperaram o crescimento exponencialbetfair libertadorescasos para agir.
Especialistas frisam que é importante descobrir se houve pessoas infectadas no Brasil antes do empresáriobetfair libertadores61 anos, pois isso pode alterar a trajetória do Sars-Cov-2 no país. Tal descoberta pode confirmar que há ainda mais casos do que os apurados até o momento, alémbetfair libertadoresdemonstrar que diversos pacientes com a covid-19 podem ter sido diagnosticados com outros tiposbetfair libertadoresdificuldades respiratórias.
"Descobrir que realmente houve casos antes desse primeiro diagnóstico é importante para que a gente possa avaliar,betfair libertadoresum novo cenário, a rapidez da propagação do vírus no Brasil. Isso ajudabetfair libertadoresestudos, para que a gente possa se preparar melhor para outras pandemias no futuro, que podem ter semelhanças com esta", comenta Ferreira.
Por haver muitos pacientes assintomáticosbetfair libertadorestodo o mundo, que não procuraram ajuda médica, os estudos sobre a origem e o históricobetfair libertadorespropagação do novo coronavírus no Brasil se tornam ainda mais complexos.
Uma pesquisa feita por cientistas da Escolabetfair libertadoresSaúde Pública da Universidadebetfair libertadoresColumbia,betfair libertadoresNova York, nos Estados Unidos, apontou que pacientes sem sintomas foram responsáveis por até dois terços das infecçõesbetfair libertadoresWuhan. O levantamento foi publicado pela revista científica americana Science.
Um estudo mais aprofundado sobre as origens do Sars-Cov-2 pelo mundo se torna ainda mais complexo porque uma das principais dúvidas sobre o assunto seguebetfair libertadoresaberto: a identidade da primeira pessoa infectadabetfair libertadoresWuhan, primeiro epicentro do novo coronavírus.
"Esse paciente zerobetfair libertadoresWuhan é muito importante, porque por meio dele podemos descobrir a origem da infecção do novo coronavírus. Com essa descoberta, poderíamos saber o local dessa primeira infecção ebetfair libertadoresque forma ocorreu. Isso é fundamental para, principalmente, traçar o percurso da epidemia", diz Ferreira.
Cientistasbetfair libertadoresdiversas partes do mundo ainda buscam respostas sobre a origem do novo coronavírus. Pesquisas tentam mapear o primeiro caso.
Pesquisas e testes
A origem do novo coronavírus no Brasil é alvobetfair libertadoresinvestigaçõesbetfair libertadorespesquisadores. O objetivo é apurar se ocorreram diversas introduções do Sars-Cov-2 no Brasil ebetfair libertadoresonde vieram. Essas informações podem auxiliar no enfrentamento da pandemia, pois apontam quais mutações estão presentes no país e dimensionam o avanço do vírus.
Para o presidente da Sociedade Brasileirabetfair libertadoresVirologia, o pesquisador Fernando Spilki, dificilmente será possível cravar o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. "Esse paciente `zero` do Brasil deixoubetfair libertadoresser algo tão relevante", ressalta. Ele pontua que as apurações sobre possíveis casos anteriores ao primeiro diagnóstico têm o objetivobetfair libertadoresinvestigar quais vírus circulam atualmente no país. "Precisamos saberbetfair libertadoresquais regiões do mundo vieram, para avaliarmos se essas diferenças no genoma estão relacionadas à severidade da covid-19 no país e também a uma taxa maior ou menorbetfair libertadoresdisseminação na população", explica.
Em meio aos estudos sobre as origens do vírus no Brasil, uma das formasbetfair libertadoresdescobrir pacientes contaminados anteriormente aos primeiros diagnósticos são exames que possam detectar anticorpos prévios.
"Isso pode ser feito se houver testes apropriados. É possível avaliar amostrasbetfair libertadoresSRAG ou síndrome respiratória coletadas antes do primeiro caso e testá-las para a covid-19. Assim, podemos testar pessoas com SRAG antesbetfair libertadoresfevereiro, com alta ou óbito", diz a epidemiologista Ana Freitas.
Os testesbetfair libertadoresanticorpos no Brasil ainda estãobetfair libertadoresfase inicial no Brasil. Segundo especialistas, as pesquisas sobre as origens do vírus no país irão avançar, principalmente, quando houver aplicações desses testesbetfair libertadoresmassa.
"Esses testes podem identificar,betfair libertadoresmuitos casos, até mesmo o vírusbetfair libertadorespacientes assintomáticos, que tiveram o Sars-Cov-2 anteriormente e não apresentaram sintomas, mas desenvolveram anticorpos", diz Ferreira.
Por meio das amostras genéticasbetfair libertadorespacientes que tiveram ou têm o Sars-Cov-2, é possível fazer o sequenciamento do genoma do vírus, ação considerada fundamental para estudar as origens do novo coronavírus no país.
"O vírus que está infectando hoje é diferente do vírusbetfair libertadoresuma semana atrás. Quanto mais ele vai se reproduzindo, mais modificações tem. Por isso, no sequenciamento descobrimos a origem dele, para identificar quais modificações teve e se ele se tornou mais patogênico ou não", explica Bergmann.
Os sequenciamentos dos dois primeiros diagnósticos no Brasil — feitos por pesquisadores da Universidadebetfair libertadoresSão Paulo e do Instituto Adolfo Lutz — apontaram que o primeiro caso se mostrou geneticamente mais parecido com o vírus sequenciado na Alemanha, enquanto o segundo se mostrou mais parecido com o da Inglaterra.
No Brasil, diferentes pesquisadores tentam fazer sequenciamentos do vírus. Há estudos nesse sentidobetfair libertadoresestados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Brasília, Riobetfair libertadoresJaneiro e Bahia. Essas pesquisas, porém, enfrentam dificuldades. A quantidadebetfair libertadorescasos sequenciados até o momento é considerada baixa e, segundo especialistas, isso dificulta estudos mais aprofundados sobre a origem do novo coronavírus no país.
"Temos vários laboratóriosbetfair libertadoresvirologia no Brasil que podem fazer esses levantamentos. Mas precisamosbetfair libertadoresrecursos para isso", pontua Bergmann. O Ministério da Ciência e Tecnologia lançou recentemente editais para projetos que estudem o novo coronavírus. Porém, os resultados dos certames devem ficar prontos somente a partirbetfair libertadoresjunho. "É um procedimento muito burocrático", diz o virologista.
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