'Quarentena para quem?': trabalhadores enfrentam ônibus cheio e proteção precária:aposta ufc charles
"De duas semanas para cá, as pessoas não estão acumulando coisasaposta ufc charlescasa. Não nos passam mais reciclagem. Eu entendo que elas podem até ter medo, mas deu uma queda muito brusca", afirma.
E enfatiza que não tem condiçõesaposta ufc charlesobedecer os recados para ficaraposta ufc charlescasa. O que ela faz é apenas se proteger da maneira que pode, lavando com água e sabão as mãos e a caçamba da carroça que ela usa assim que termina o serviço.
Ela disse que nenhum dos amigos carroceiros dela contraíram o vírus.
"Me vejo fazendo um trabalho essencial, que contribui até com o meio ambiente. Enquanto muitos sujam, eu tiro da rua e faço minha renda. Sei que é pela saúdeaposta ufc charlestodos o isolamento. Mas, se não tiver uma ajuda, quem não tem renda fixa ou dinheiro guardado passará fome. Só quero que tudo se normalize e que a população e o poder público tenham mais respeito pelos catadores", diz Melo.
O Movimento Pimp My Carroça criou um financiamento coletivo para garantir uma renda mínima aos catadores para que eles possam ficaraposta ufc charlescasa e evitem a transmissão do coronavírus. O dinheiro arrecadado será distribuído entre os cercaaposta ufc charles3 mil catadores cadastrados no aplicativo Cataki, que conecta catadores a pessoas que produzem reciclagem.
Nesta segunda-feira (30/03), o Senado votará o pagamentoaposta ufc charlesum auxílio emergencialaposta ufc charlesR$ 600 durante três meses para os trabalhadores brasileiros sem carteira assinada.
Preocupação com a mãe
Dentroaposta ufc charlesuma cabine, o porteiro Rodolfo Pessoa Viana passa o dia vendo pessoas passando, recebendo encomendas e liberando o acessoaposta ufc charlesvisitantesaposta ufc charlesum prédioaposta ufc charlesMoema, na zona sulaposta ufc charlesSão Paulo. O medoaposta ufc charlescontrair coronavírus o deixa ansioso toda vez que escuta a recomendação para ficaraposta ufc charlescasa.
"Quarentena para quem? Ouvir isso para mim é um desespero, um terror. Toda vez que eu escuto para ficaraposta ufc charlescasa me bate preocupação e muito medo. Eu moro com a minha mãeaposta ufc charles62 anos e tenho esse sentimentoaposta ufc charlespânico por não poder ficaraposta ufc charlescasa", diz,aposta ufc charlesentrevista à BBC News Brasil.
Viana, que trabalhaaposta ufc charlesdias intercalados, disse que não conseguiu nem mesmo reduzir a carga horário no trabalho. A maior preocupação dele é o riscoaposta ufc charlesse contaminar no trajeto entre a casa dele, na favelaaposta ufc charlesParaisópolis, e o trabalhoaposta ufc charlesMoema, ambos na zona sulaposta ufc charlesSão Paulo. No deslocamento, ele pega um ônibus e um metrô.
"A gente não pode reduzir o trabalho porque os condôminos dependem da gente. Mas eu saio com muito medo. Tenho álcoolaposta ufc charlesgel, uso luvas na mãos e máscara. O que mais assusta é que muita gente que está na rua, na verdade, deveria estaraposta ufc charlescasa", afirma.
No trajeto das ruas estreitas da maior favelaaposta ufc charlesSão Paulo até o condomínio no bairroaposta ufc charlescasasaposta ufc charlesalto padrão onde trabalha, Viana identifica uma clara disparidadeaposta ufc charlescuidados e preocupaçãoaposta ufc charlesrelação ao coronavírus.
"No meu bairro, acham que não está acontecendo nada, não estão nem aí. A rua está cheia e os moradores ainda falam que (o vírus) é uma mentira. Isso aumenta meu medo. Mas quando eu chego na Estação João Dias do metrô, vejo todo mundoaposta ufc charlesluvas e máscara", diz.
O porteiro conta à reportagem que não anda com luvas porque não encontrou nenhuma à venda.
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Já a cobradoraaposta ufc charlesônibus Márcia Cristina Chaves Lima passa o dia com luvas e máscaras e muito tensa ao presenciar centenasaposta ufc charlespessoas girando a catraca àaposta ufc charlesfrente. O medo, não sóaposta ufc charlespegar o vírus, mas também transmiti-lo para a mãe,aposta ufc charles77 anos, é tão grande que Lima deixou o sobrado onde mora com a família há uma semana e passou a dormir na casa do noivo.
A irmã mais novaaposta ufc charlesLima trabalhaaposta ufc charlesum hospital e, por ter mais chancesaposta ufc charlesentraraposta ufc charlescontato com o vírus, passou a dormir isoladaaposta ufc charlesum cômodo na parteaposta ufc charlesbaixo do sobrado da família.
"Minha mãe pergunta: 'Você vai vir aqui hoje? Vem aqui.' Mas eu respondo que não posso e só converso com ela por telefone. Eu trabalho muito exposta. Estamos fazendo a nossa parte para cuidaraposta ufc charlesquem a gente ama, mas ainda tem muitos idosos na rua. Muita gente não está levando a sério", afirma.
Ela conta que a empresa tomou diversas medidasaposta ufc charlessegurança, como ter adotado uma limpeza especial dos ônibus e a distribuiçãoaposta ufc charlesálcool gel para os funcionários. Mesmo com tantos cuidados, diz que tem medoaposta ufc charlesser contaminada. Mas reconhece que precisa trabalhar porque oferece um serviço essencial à população.
"Se pudéssemos ficaraposta ufc charlescasa, ficaríamos. Transportamos pessoas da áreaaposta ufc charlessaúde, postoaposta ufc charlesgasolina, supermercado e não podemos ficar sem eles. A gente não pode pararaposta ufc charlestrabalhar", afirma.
A cobradora diz que nenhum funcionário acimaaposta ufc charles60 anos está trabalhando e que os ônibus estão circulando com frota reduzida e, mesmo assim, vazios.
Já a faxineira Tatiana Aparecida da Silva trabalha na linhaaposta ufc charlesfrente do riscoaposta ufc charlescontaminação. Ela é uma das responsáveis pela limpezaaposta ufc charlesum hospitalaposta ufc charlesSão Paulo.
Em meio à pandemiaaposta ufc charlescoronavírus, ela precisa tomar cuidados redobrados. Isso porque trabalha não só nas áreas comuns, como corredores e salasaposta ufc charlesespera, mas também faz a limpeza dos quartos do hospital.
Ela avalia como incoerentes as críticas do presidente Jair Bolsonaro contra o isolamento socialaposta ufc charlestodos os brasileiros.
"Não pareiaposta ufc charlestrabalhar um só dia, mas seguindo todas as orientações e acreditando na minha fé. Mas achar que todos devem sairaposta ufc charlescasa e contar com a sorte? Acho que vivemosaposta ufc charlesuma democracia, então quem quiser assuma os riscos", afirma.
Ela diz que tenta se manter calma porque disse não poderaposta ufc charlestrabalhar.
"Quem cuidaaposta ufc charlesquem precisa não pode ficar doente. A gente tem que blindar a nossa mente. Tive colegas que saíram com medoaposta ufc charlesestar muito vulnerável e entrar nas estatísticas. Mas tem que encarar. Eu assisto todos os noticiários, mas não deixo o pânico entrar na minha mente. Eu sigo todas as técnicasaposta ufc charlessegurança e tenho fé".
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