De soja a briga pelo turismo, tensão envolvendo ONGs já dura décadasjogos ilegaisAlter do Chão:jogos ilegais

Esse embate é o panojogos ilegaisfundo da prisão dos integrantes da Brigada, diz à BBC News Brasil o cientista social Maurício Torres, ex-moradorjogos ilegaisAlter do Chão e professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa),jogos ilegaisBelém.

Especialistajogos ilegaisconflitos territoriais no Pará, Torres diz que a lógica das disputasjogos ilegaisAlter do Chão é distinta da que se observajogos ilegaismuitas outras partes da Amazônia.

"São os conflitosjogos ilegaisuma cidade que vem se expandindo. Há nessa área comunidades que sofrem pressão para sair, mas quem está avançando não são madeireiras nem fazendas, é a especulação imobiliária, muito focada no turismo", afirma.

Em 2017, os dois grupos entraramjogos ilegaischoque quando a Prefeiturajogos ilegaisSantarém discutiu alterações no Plano Diretor do município. Entre as mudanças aventadas estava possibilitar a construçãojogos ilegaisprédiosjogos ilegaisaté seis andaresjogos ilegaisAlter do Chão ejogos ilegaisum porto no lago do Maicá.

Houve uma forte reação contrária capitaneada por movimentos sociais, universitários e indígenas, e as propostas não avançaram.

A derrota acuou o grupojogos ilegaisempresários que defendia as mudanças, diz à BBC News Brasil o servidorjogos ilegaisum órgão federal que acompanhou as discussões e pediu para não ser identificado por temer represálias. Segundo ele, esse grupo tem encarado a prisão dos ambientalistas como uma espéciejogos ilegais"revanche".

Boom do turismo

Cercajogos ilegais6 mil pessoas vivemjogos ilegaisAlter do Chão, povoado com arquitetura colonial a 38 km da zona urbanajogos ilegaisSantarém. Em 2009, o jornal britânico The Guardian elegeu as praias do balneário como as mais bonitas do Brasil.

Segundo a Secretaria do Turismojogos ilegaisSantarém, cercajogos ilegais190 mil turistas visitaram Alter do Chãojogos ilegais2018.

O boom do turismo na região fez com que áreas ao redor do povoado se tornassem alvojogos ilegaisforte interesse imobiliário. É o caso das terras na Áreajogos ilegaisProteção Ambiental Alter do Chão, onde houve o incêndiojogos ilegaissetembro.

Segundo a Polícia Civil do Pará, que prendeu os brigadistas, o grupo é suspeitojogos ilegaisprovocar o incêndio para justificar a transferênciajogos ilegaisrecursos à unidade.

Nesta quinta-feira, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), anunciou a troca do delegado responsável pelo casojogos ilegaismeio aos questionamentos sobre a legitimidade da operação. Barbalho disse que o delegado Waldir Freire, diretor da unidade policial encarregadajogos ilegaiscrimes ambientais, assumirá a chefia do inquérito.

Um dos ambientalistas que foram presos é gerente da ONG Projeto Saúde e Alegria, que atuajogos ilegaisSantarém há 30 anos e foi alvojogos ilegaisuma operaçãojogos ilegaisbusca e apreensão.

Os demais presos são membros da Brigada, um grupojogos ilegaisvoluntários formadojogos ilegais2018 para ajudar no combate a queimadas e que atuajogos ilegaisparceria com o Corpojogos ilegaisBombeiros. A defesa do grupo afirma que as prisões foram uma "ação política para tentar desmoralizar as ONGs que atuam na Amazônia".

Maisjogos ilegaiscem entidades assinaram um manifestojogos ilegaisdefesa do Projeto Saúde e Alegria, entre as quais a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocesejogos ilegaisBelém e diversos sindicatosjogos ilegaistrabalhadores rurais.

Em nota divulgada na última quarta-feira, após a prisão dos brigadistas, o Ministério Público Federal (MPF) diz que investigações conduzidas desde 2015 apontam para o "assédiojogos ilegaisgrileiros, ocupação desordenada e para a especulação imobiliária como causas da degradação ambientaljogos ilegaisAlter".

"Por se tratarjogos ilegaisum dos balneários mais famosos do país, a região é objetojogos ilegaiscobiça das indústrias turística e imobiliária e sofre pressãojogos ilegaisinvasoresjogos ilegaisterras públicas", diz o MPF.

Soja e madeira

As tensões que mobilizam ambientalistasjogos ilegaisSantarém se acirraram há cercajogos ilegais20 anos, quando a soja começou a ser plantadajogos ilegaislarga escala na região. Em 1999, a Cargill, multinacional que comercializa commodities agrícolas, ganhou uma licitação para construir um porto para escoamento da produçãojogos ilegaisgrãos no município.

A região é vista como uma rota alternativa para a exportação da produção agropecuária do Norte e do Centro-Oeste, que antes dependia unicamentejogos ilegaislongos deslocamentos por terra até os portos do Sul e do Sudeste.

Data daquela época um dos principais conflitos a opor ambientalistas e membros da elite econômica do município.

Em 1997, ativistas estrangeiros do Greenpeace foram expulsos do país após invadirem um navio carregadojogos ilegaismadeira no portojogos ilegaisSantarémjogos ilegaisprotesto contra o corte ilegaljogos ilegaisárvores.

Na ocasião, a Polícia Federal disse que o grupo havia interferido nas operações do porto, o que é proibido por lei.

Um repórter do jornal Folhajogos ilegaisS.Paulo acompanhou a operação e entrevistou "dois proprietáriosjogos ilegaismadeireiras" que acompanhavam o embarquejogos ilegaiscargas no momento da intervenção do Greenpeace.

Uma das pessoas entrevistadas foi identificada como Alexandre Rizzi, mesmo nome do juiz que ordenou nesta semana a prisão dos ambientalistasjogos ilegaisSantarém.

"Toda essa madeira é fiscalizada rigorosamente pela Receita Federal, essa manifestação é ridícula", disse à Folha Alexandre Rizzi, identificado como dono da madeireira Maderize.

A empresa já deixoujogos ilegaisoperar, e não há qualquer registro sobre ela na internet.

Na quarta-feira, a BBC News Brasil questionou o gabinete do juiz Alexandre Rizzi se ele tinha algum parentesco com o empresário citado na reportagemjogos ilegais1997. O questionamento foi reiteradojogos ilegaisdiferentes ligações e emails enviados na quinta-feira.

Um assessor do juiz diz que repassou o questionamento ao magistrado, mas que ele não quis responder.

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