O que o Brasil ainda vende e compra da Venezuelablack jack ppcrise:black jack pp
Felippe Ramos, professorblack jack ppRelações Internacionais da Universidade Salvador (Unifacs), na Bahia, explica que o metanol era usado na produçãoblack jack ppgasolina aditivada na décadablack jack pp1980, mas foi proibido por ser muito poluente, tóxico eblack jack ppcombustão invisível, o que dificultara o combate a incêndios.
"Desde 2015, órgãosblack jack ppcontrole como o Procon têm registrado o aumento do uso ilegalblack jack ppmetanol misturado à gasolina. A data coincide com o agravamento da crise econômica venezuelana. Pode-se desconfiar que o aditivo esteja sendo importado, aproveitando-se da demanda da Venezuela por clientes, para ser usadoblack jack ppfraudesblack jack pppostosblack jack ppgasolina", avalia Ramos, que integrou a equipeblack jack pppesquisas para a cooperação bilateral Brasil-Venezuela junto à Missão do Institutoblack jack ppPesquisa Econômica Aplicada (Ipea)black jack ppCaracas, entre 2012 e 2014.
Ramos destaca ainda que o impostoblack jack ppimportação que incide sobre o metanol é baixo porque a legislação brasileira o considera um insumo e não um combustível — a ANP regulamenta a importação do produto como um solvente.
Do lado brasileiro da balança comercial, a comprablack jack ppmetanol venezuelano é pouco significativa dentro do total importado dos demais parceiros. Em janeiro e setembro, o Brasil comprou US$ 70 milhões (R$ 280 milhões), ou o dobro do que compra da Venezuela,black jack ppTrinidad e Tobago, e outros US$ 154,5 milhões (R$ 616 milhões) do Chile.
"O metanol venezuelano ainda teria um preço vantajoso. Se a cadeia logística já está estabelecida, aproveita-se essa reduçãoblack jack ppcusto", explica Ramos, que também atua como consultorblack jack pprisco.
Diferentemente do metanol, cuja importação poderia ser substituída, o segundo produto mais comprado pelo Brasil da Venezuela não tem uma solução tão simples: a energia elétrica que abastece Roraima. O Estado não está conectado às linhasblack jack pptransmissão do sistemablack jack ppenergia nacional, que abastecem todo o Brasil e maisblack jack pp80% da eletricidade consumida era comprada dos venezuelanos — até Maduro interromper o fornecimento,black jack ppmarço,black jack ppmeio aos frequentes apagões que atingem o país vizinho.
Sem a eletricidade venezuelana, o Brasil passou a abastecer o Estado somente com termelétricas, elevando os custos operacionais e criando um rombo nas contas da distribuidora privadablack jack ppRoraima. Segundo o jornal O Estadoblack jack ppS. Paulo, o valor este ano chega a R$ 286 milhões. Comprar da Venezuela sairia mais barato: no ano passado, o Brasil pagou aproximadamente US$ 43 milhõesblack jack ppeletricidade, cercablack jack ppR$ 171 milhões no câmbio atual.
João Carlos Jarochinski Silva, coordenador do cursoblack jack ppRelações Internacionais da UFRR (Universidade Federalblack jack ppRoraima), conta que a comprablack jack ppeletricidade venezuelana começou a partir da iniciativa do próprio governo estadual, que buscava mecanismos para a obtençãoblack jack ppfontesblack jack ppenergia capazesblack jack ppoferecer conforto à população e criar um sistema produtivo no Estado.
"A iniciativa não foi acompanhadablack jack ppobras que poderiam assegurar a melhoria do sistemablack jack ppprodução e distribuiçãoblack jack ppenergia, até mesmo sem contemplar o potencial para energia solar e eólica. Optaram pelo sistema mais fácil e baratoblack jack ppser implementado, o termelétrico. Mas ele possui altos custosblack jack pptermosblack jack ppproduçãoblack jack ppeletricidade eblack jack pppoluição, alémblack jack ppser insuficiente ao crescimento populacional eblack jack ppconsumoblack jack ppenergia que ocorreblack jack ppRoraima", explica o professor.
A obra do chamado Linhãoblack jack ppTucuruí, que deve ligar Manaus a Boa Vista, tem 700 km e prevê a passagem pelo território indígena Waimiri-Atroari, que fica entre o Amazonas e Roraima. Jarochinski cita ainda a tentativa do governo federal pela retórica que "culpabiliza os indígenas por não permitirem a passagem do linhão interligando o sistema nacionalblack jack ppseu território, como se essa fosse a única possibilidadeblack jack ppresolução da temática energética".
O que o Brasil ainda vende para a Venezuela?
Se antes o produto brasileiro mais comprado pela Venezuela era a carne, hoje é o arroz — alimento básico da cesta alimentar e muito mais barato para ser pagoblack jack ppforma antecipada. Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil vendeu US$ 61 milhões (R$ 243 milhões)black jack pparroz para a Venezuela.
De acordo com Ramos, a produção venezuelana cobre apenas 37% da demanda nacional.
"Segundo a consultoria venezuelana Datanálisis, o governo tem provido cestas básicas para 83% da população através dos CLAP (Comitês Locaisblack jack ppAbastecimento e Produção). Isso faz com que os escassos dólares do país sejam direcionados para cobrir a demanda excedente por arroz. E o principal comprador é o governo, principalmente a estatal venezuelanablack jack pppetróleo, a PDVSA, atravésblack jack ppsua subsidiária para a alimentação, a PDVAL", diz o consultorblack jack pprisco e professor.
Welber Barral, que chefiou a secretariablack jack ppComércio Exterior o extinto MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) durante o governo Lula — o auge das exportações para a Venezuela —conta que o Brasil nunca teve um superávitblack jack ppUS$ 4,5 bilhões com nenhum outro país antes, apenas com os venezuelanos — o auge das exportações brasileiras foiblack jack pp2008.
"A gente exportavablack jack pptudo, desde carro e equipamento industrial a boi vivo, carne, frango, até papel higiênico", diz Barral, que é sócio da BMJ, consultoria especializadablack jack ppcomércio exterior. Ele que atuou diretamente na negociaçãoblack jack ppalgumas empresas para as vendas para a Venezuela, e diz que companhias brasileiras chegaram a vender muitos alimentos para o próprio governo chavista.
Entretanto, o setor começou a se deparar com os problemasblack jack pppagamento.
"Nos últimos três anos, a crise piorou tanto que nem à vista a Venezuela paga, a não ser produtos básicos baratos, como é o caso do arroz. Por isso, agora ninguém vende mais sem ter pagamento antecipado. O riscoblack jack ppinadimplência é muito alto", explica o consultor.
No momentoblack jack ppque a Venezuela passou a ter problemas para pagar seus fornecedores, as empresas brasileiras tentaram receber da forma como era possível, seja importando algum outros produtoblack jack ppcontrapartida ou até mesmo comprando imóveis. Algumas acabaram assumindo o prejuízo, outras direcionaram a produção focada no mercado venezuelano para consumo interno (como é o casoblack jack ppalimentos) ou para o Oriente Médio (caso da carne e do boi vivo).
Sem conseguir comprar dólar para pagar pelos produtos que importa, venezuelanos chegaram a oferecer ouro, bitcoins e até mesmo a criptomoeda criada por Maduro, o "el petro". Com as sanções dos Estados Unidos ao governo chavista, até mesmo os bancos estão evitando fazer transações venezuelanas, o que também prejudica o pagamento.
Uma formablack jack ppburlar a pressão financeira tem sido, além do pagamentoblack jack ppparaísos fiscais, usar o sistema bancário russo e o chinês.
"Os russos participamblack jack pptriangulações, mas não são a melhor opção para pagamentosblack jack ppfornecedores privados porque também estão sob diversas sanções. Na maior parte dos casos, participam na engenharia financeira para pagamentos governamentais relacionados a petróleo, gás e, mais recentemente, ouro", explica Ramos.
"Para fornecedores privados, o governo e as estatais venezuelanas têm recorrido às conhecidas engenharias financeiras múltiplos paraísos fiscais e paísesblack jack ppbaixa transparência, como Panamá, Hong Kong, Ilhas Cayman, por exemplo", acrescenta.
Jarochinski cita ainda o escamboblack jack ppprodutosblack jack pptrocablack jack pppetróleo e seus derivados para as grandes transações. Ele lembra também do impacto do comércio na fronteirablack jack ppRoraima que, quando comparado com o totalblack jack ppimportações e exportações entre os dois países, tem uma proporção mínima, mas teve influência direta na economiablack jack ppRoraima e no fluxoblack jack pprefugiados que entrablack jack ppterritório brasileiro.
"Foi e continua a ser impressionante o volumeblack jack ppcomprasblack jack ppgêneros alimentícios por parte dos venezuelanos, tanto os que hoje vivem no Brasil, mas que enviam produtos, remessas, às suas redes que ainda permanecem lá, assim como os venezuelanos que cruzam a fronteira para a obtençãoblack jack ppprodutos, apesar da distância bem grande entre a região com os locais mais habitados da Venezuela", avalia o professor.
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