Com 506 espécies, cidademáquina casanikSão Paulo abriga mais tiposmáquina casanikaves que todo o Chile ou Portugal:máquina casanik
Esses números revelam que São Paulo tem mais espéciesmáquina casanikaves que todo o Chile ou Portugal, segundo pesquisadores. "A cidade tem apenas cercamáquina casanik200 a 300 menos (espécies) do que o Canadá, a Europa e a Rússia, territórios grandes o suficiente para abrigar milharesmáquina casanik'São Paulos'", diz João Menezes, mestremáquina casanikEcologia pela Universidademáquina casanikSão Paulo (USP) e observadormáquina casanikpássaros há 15 anos.
"Dentro do Brasil, a cidade é a terceira capital com mais espécies registradas, atrás apenasmáquina casanikPorto Velho e Manaus."
De acordo com Karlla Barbosa, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenadoramáquina casanikprojetos da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), organização não governamentalmáquina casanikconservação dos pássaros brasileiros e parte da BirdLife International, presentemáquina casanikmaismáquina casanik100 países, a avifauna paulistana é rica e diversa, composta por espécies residentes e migratórias, nativas e introduzidas.
"O que propicia essa grande diversidade são os dois corredores verdes que passam pela cidade: as serras da Cantareira, ao norte, e a do Mar, ao sul, além dos maismáquina casanikcem parques urbanos espalhados por seu território", explica.
Segundo o biólogo José Carlos Motta-Junior, do Laboratóriomáquina casanikEcologiamáquina casanikAves (Labecoaves), do Institutomáquina casanikBiociências da USP (IB-USP), como o municípiomáquina casanikSão Paulo encontra-semáquina casanikgrande parte dentro do bioma da Mata Atlântica, alémmáquina casanikparcela dele originalmente ter possuído pequenas manchas ou enclaves do Cerrado, como, por exemplo, o bairro Butantã,máquina casanikavifauna tem relação com as espécies dessas regiões, principalmente da primeira.
Ele ressalta, no entanto, que boa parte das aves que habita especificamente as áreas mais urbanizadas ou semi-urbanizadas do município, ou seja, as mais alteradas, é composta por espécies generalistas ou oportunistas. "Elas têm 'jogomáquina casanikcintura', no sentidomáquina casanikexplorarem vários tiposmáquina casanikalimentos, ambientes diferentes e locaismáquina casaniknidificação variados, e assim não apresentam muita sensibilidade ambiental", explica.
"Consequentemente elas, como os sabiás-laranjeira (Turdus rufiventris) e bem-te-vis (Pitangus sulphuratus), por exemplo, prosperam e são abundantes na cidade."
A metrópole paulistana possui muitos tipos diferentesmáquina casanikplantas frutíferas, alémmáquina casanikvegetação que propicia ampla variedademáquina casanikinsetos. Por isso, muitas das espéciesmáquina casanikaves não têm dificuldademáquina casanikencontrar alimentos. Uma parcela menor delas busca flores para consumomáquina casaniknéctar ou micro-artrópodes a elas associados.
A ocorrênciamáquina casanikáreas verdes atrai aves, porque propicia locais para reprodução. Para as espécies aquáticas ou semi-aquáticas, represas ou pequenas lagoas, ao menos razoavelmente limpas, são importantes. "Vale destacar que a arborizaçãomáquina casanikruas, parques e jardins e quintais deveria ter forte incentivo dos gestores da cidade, para ser exclusivamente com plantas nativas, para as quais as aves podem prestar serviços ambientais, como polinizaçãomáquina casanikflores e dispersão das sementes", diz Motta-Júnior.
Anelisa lembra que as cidadesmáquina casanikgeral apresentam um mosaicomáquina casanikambientes bastante diversificado para as espécies que possuem bom deslocamento e conseguem aproveitar a abundânciamáquina casanikrecursos alimentares e novos nichos ecológicos para explorar.
"Muitas aves aproveitam esses recursos", explica. Outro fator pode ser a reduçãomáquina casanikpredadores nas cidades, quando comparado aos ambientes naturais, o que pode ser vantajoso para elas. No entanto, a grande diversidade encontrada no município se deve também à existênciamáquina casanikáreas verdes florestais, principalmente nas zonas sul e norte. "Essa matriz florestal é a principal responsável pela diversidade e deve ser pensada como uma grande riqueza", diz.
Segundo Barbosa, a maioria das espécies é nativa, com menosmáquina casanik2%máquina casanikexóticas. Há ainda nos parques urbanos muitas aves migratórias, que se reproduzem todos os anos nessas manchas verdes, com destaque para o bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus), a tesourinha (Tyrannus savana), a peitica (Empidonomus varius) e o suiriri (Tyrannus melancholicus).
"Além disso, há espécies que vêm para passar o períodomáquina casanikinvernada (não reprodutivo), como é o caso do príncipe (Pyrocephalus rubinus)", explica. "Não é surpreendente como um pássaro viaja todos os anos milharesmáquina casanikquilômetros, como a tesourinha, que pode ir até a Colômbia e voltar para se reproduzir nos nossos parques? Pra mim isso é fantástico."
De acordo com Motta-Junior, há poucas espécies exóticas ou introduzidas sem ocorrência natural no país, como o pardal (Passer domesticus), o bico-de-lacre (Estrilda astrild) e o pombo-doméstico (Columba livia). Há casos tambémmáquina casanikaves que não tinham registro na cidade (pelo menos nos apontamentos históricos dos naturalistas pioneiros), mas que nas últimas duas décadas vêm aparecendo, como o caso do papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), típico dos cerrados do interior do Brasil, que aqui provavelmente vem se expandindo devido a indivíduos soltosmáquina casanikcativeiro.
Migrantes que naturalmente e sazonalmente aparecem todo ano são uma parte importante da avifauna, a maioria chegando na primavera e no verão para aqui se reproduzir, e saindo até fevereiro ou março. "Como exemplos, temos a tesourinha, o suiriri, o bem-te-vi-rajado a juruviara (Vireo chivi), o sovi ou gavião-sauveiro (Ictinia plumbea) e o andorinhão-dos-temporais (Chaetura meridionalis)", enumera o pesquisador da USP.
Além das aves generalistas, Menezes diz que as cidades tendem a selecionar aquelas que se beneficiem dos distúrbios e alterações ambientais. Entre elas, estão as que naturalmente constroem ninhosmáquina casanikcavidadesmáquina casanikárvores e que aproveitam a oferta involuntária desses abrigos artificiais criadas pelos humanos. "Exemplos disso são a corruíra (Troglodytes aedon), o pardal e o periquito-rico (Brotogeris tirica)", diz.
"Aves frugívoras pouco sensíveis a alterações, como os sanhaços cinzento (Thraupis sayaca) e do-coqueiro (Thraupis palmarum), podem se aproveitarmáquina casanikfrutos abundantes na cidade, como a amora e a erva-de-passarinho."
Ele chama a atenção para quatro espécies nativas, que podem ser observadas por qualquer pessoa que dedique cinco minutos a se atentar às avesmáquina casanikqualquer parte da cidade: sabiá-laranjeira, bem-te-vi, periquito-rico (Brotogeris tirica), e sanhaço-cinzento. "Quem for um pouco além e fizer uma caminhadamáquina casanikuma hora no Parque Ibirapuera, com olhos e ouvidos atentos, pode registrar até 50 espécies", diz.
Entre os gaviões, segunda Anelisa, destaca-se o imponente gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), espécie florestal observada nas áreas com fragmentosmáquina casanikvegetação nativa. Nos casos dos psitacídeos, chama a atenção a presença do papagaio (Amazona aestiva), que expandiumáquina casanikáreamáquina casanikocorrência natural e ganhou a cidade, sendo possível ver bandos grandes no Parque Ibirapuera. "Entre os pássaros, podemos citar espéciesmáquina casanikmata fechada, que visitam os parques urbanos entre seus deslocamentos pelos fragmentos dessa vegetação", diz. "São exemplos a araponga (Procnisas nudicolis) e o pavó (Pyroderus scutatus), que estão entre os maiores pássaros da nossa fauna."
Além dessas aves mais comuns, há algumas que chamam a atenção, porque não se esperaria que elas fossem vistasmáquina casanikSão Paulo.
Menezes, por exemplo, conta que já foi surpreendido várias vezes por espécies que até hoje não entende o que vieram fazer na parte urbana do município. "Um exemplo é a ocasiãomáquina casanikque ouvi uma araponga (espécie dependentemáquina casanikflorestas bem preservadas e extensas) cantandomáquina casanikuma praça próxima ao centromáquina casanikSão Paulo", lembra.
"Outra tremenda surpresa foi quando os funcionários da Divisãomáquina casanikFauna Silvestre da prefeitura resgataram um pinto-d'água-carijó (Coturnicops notatus) na zona leste da cidade. Para se ter uma ideia, essa espécie é tão difícilmáquina casanikser encontrada que até então não se conhecia sequer a vocalização dela. Tanto um caso como o outro provavelmente estão ligados a movimentos sazonais que essas espécies fazem, mas que ainda não compreendemos bem."
O que é certo, como lembra Anelisa, é que a faunamáquina casanikuma regiãomáquina casanikgeral e a avifaunamáquina casanikespecífico são dinâmicas, com algumas espécies aparecendo, colonizando e aumentandomáquina casanikpresença e outra diminuindo ou até mesmo desaparecendo. Exemplos desse fenômeno não faltam. É o caso da asa-branca.
"Ela se estabeleceu recentementemáquina casanikSão Paulo e aumentou bastantemáquina casanikpopulação", informa. "No inicio do nosso estudo,máquina casanik1992, a espécie era incomum e agora é bastante frequente. O sabiá-laranjeira é outro exemplo. Estámáquina casanikmaior número na cidade do que nos fragmentos florestais e no interior do Estado."
Motta-Júnior, pormáquina casanikvez, diz ter observado nos últimos anos, ao menos da região do Butantã, um aumento significativo dos periquitos-ricos, os quais não notava ser tão abundantes uns 20 anos atrás. "Sabiás-laranjeira também parecem ter aumentado, cantam muito desde a madrugada", acrescenta. "Ambas as espécies podem estar aumentando devido à oferta maiormáquina casanikalimentos, mas seriam necessários estudos para confirmar o real motivo."
Em contrapartida, o pardal, espécie europeia introduzida no Brasil, pelo Riomáquina casanikJaneiro,máquina casanik1906, está sumindo da cidade.
"A estrutura das casas, principalmente a forma como são projetados os telhados agora, não fornecem mais abrigo para eles", explica Barbosa.
"Isso pode ter contribuído para reduzir a reprodução." Motta-Júnior concorda. "Realmente, há uns 20 ou 25 anos, eles eram mais comuns na cidade", avalia. "Sua diminuição pode estar relacionada a alguma doença específica e endêmica, ou a locaismáquina casanikformaçãomáquina casanikninho, mas precisamosmáquina casanikpesquisas para descobrir a causa. De qualquer forma, por se tratarmáquina casanikespécie exótica, sinceramente não acho ruim estarem desaparecendo, poismáquina casanikseu lugar podem prosperar, por exemplo, os tico-ticos (Zonotrichia capensis), que são da fauna nativa."
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