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Mineraçãoapostar presidente beturânio no sertão da Bahia traz à tona memóriaapostar presidente betcontaminação:apostar presidente bet
A licença concedida pela Comissão Nacionalapostar presidente betEnergia Nuclear (CNEN) no último dia 7 autoriza operações na mina do Engenho, que é parte da usinaapostar presidente betbeneficiamento nuclear da INBapostar presidente betCaetité, a 645 kmapostar presidente betSalvador.
A retomada da mineraçãoapostar presidente beturânio no sertão da Bahia tem apoio do ministroapostar presidente betMinas e Energia, Bento Albuquerque – que foi diretor-geralapostar presidente betDesenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha no governoapostar presidente betDilma Rousseff.
Em setembro, Albuquerque defendeu o investimentoapostar presidente betenergia nuclear brasileira na Conferência Geral da Agência Internacionalapostar presidente betEnergia Atômica,apostar presidente betViena, e disse que prevê "um novo modeloapostar presidente betnegócios para a mineraçãoapostar presidente beturânio e a gestãoapostar presidente betrejeitosapostar presidente betmineração, incluindo parcerias público-privadas".
Monopólio estatal
A mineraçãoapostar presidente betelementos radioativos como o urânio tem hoje monopólio do governo por meio da INB, empresa estatal mista ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Em abrilapostar presidente bet2019, a mesma comissão já havia renovado a licençaapostar presidente betoperação da usinaapostar presidente betbeneficiamento como um todo, que fica a 40 km do centroapostar presidente betCaetité,apostar presidente betuma das etapas da retomada das operações no complexo.
Segundo a assessoriaapostar presidente betimprensa da INB, ainda faltam etapas do licenciamento da CNEN, alémapostar presidente betuma licença do Ibama, para que a extraçãoapostar presidente beturânio recomece plenamente na mina do Engenho. Da liberação no dia 7 para cá, foi autorizada uma operação na qual o urânio já extraído é quebrado e organizadoapostar presidente betpilhas,apostar presidente betonde é retirado um líquido pastoso que depois segue às etapasapostar presidente betenriquecimento nuclear.
Oficialmente, a unidade federalapostar presidente betbeneficiamento e mineraçãoapostar presidente betCaetité ocupa uma áreaapostar presidente bet1,7 mil hectares - maisapostar presidente bet2 mil camposapostar presidente betfutebol - e tem 99 mil toneladasapostar presidente beturânioapostar presidente betreservas. Entre 2000 e 2014, a INB extraiu 3.750 toneladasapostar presidente betminérioapostar presidente beturânio, altamente radioativo, da minaapostar presidente betCachoeira, também parte do complexoapostar presidente betCaetité e hoje inativa.
Segundoapostar presidente betassessoria, a estatal "desenvolve um programaapostar presidente betrecuperaçãoapostar presidente betáreas degradadas, aprovado pelo Ibama, como medidaapostar presidente betcompensação ambiental" pelas atividades ali.
O urânio retirado do solo pela INB é concentradoapostar presidente betum formato líquido, chamadoapostar presidente betlicor, e depois enriquecido, tornando-se um póapostar presidente bettom amarelo vivo chamado "yellow cake". Depois, este é transportadoapostar presidente betcaminhões por maisapostar presidente bet700 km até Salvador.
O material passa por cercaapostar presidente bet40 municípios e, da capital baiana, é enviadoapostar presidente betnavios para a França, onde cumpre outras etapas do enriquecimento, segundo um relatório do Greenpeace. Ao fim, ele retorna como combustível para os reatores das usinas nuclearesapostar presidente betAngra 1 e 2, no litoral do Rioapostar presidente betJaneiro.
Os trabalhos da INBapostar presidente betCaetité são marcados por críticas, denúncias e processosapostar presidente betrelação a sequelas tanto na população quanto no meio ambiente. Próximas às suas instalações ficam pequenas comunidades agrárias como Barreiro, Juazeiro e Maniaçu, além do Quilomboapostar presidente betMalhada.
Em Caetité, cidadeapostar presidente bet51 mil habitantes no sertão baiano, autoridades estaduais atribuem uma maior ocorrênciaapostar presidente betcâncer nos moradores locais às atividades da usina.
"Há uma incidência muito alta [de câncer]apostar presidente betCaetité, alguns [tipos] possivelmente ligados à mineraçãoapostar presidente beturânio - como câncerapostar presidente bettireóide eapostar presidente betpulmão, mais prováveis graças à emissãoapostar presidente betgases tóxicos na mina", diz à BBC News Brasil Letícia Nobre, diretoraapostar presidente betVigilância da Saúde do Trabalhador do governo da Bahia (Divast).
Para atender a esses pacientes,apostar presidente betsetembroapostar presidente bet2019 o governo da Bahia anunciou um acordo com a prefeituraapostar presidente betCaetité para criar um hospital especializadoapostar presidente betoncologia no município.
Segundo a Secretariaapostar presidente betSaúde da Bahia, estudosapostar presidente betimpacto ambiental da usina realizados há maisapostar presidente bet20 anos já apontavam problemas no empreendimento.
Por causa das explosões usadas para extrair o urânio do solo, partículas radioativas se espalham pelo ambiente ao redor, contaminando a vegetação com um gás tóxico, o radônio. Esse gás pode agredir a pele dos trabalhadores e também se espalha por comunidades próximas.
Os estudosapostar presidente betimpacto ambiental previram que haveria contaminaçãoapostar presidente betmananciais subterrâneos, assoreamento dos rios por causa do depósitoapostar presidente betsobras da mineração e inviabilidade do uso da águaapostar presidente betpontos como o Córrego do Engenho.
Durante a mineraçãoapostar presidente beturânio nessa área, órgãos como o antigo Institutoapostar presidente betGestãoapostar presidente betÁguas e do Clima da Bahia identificaram contaminações radioativasapostar presidente betcursos d'água próximos ao complexo da INB.
Tanto o governo estadual quanto organizações civis criticam a faltaapostar presidente bettransparência da INBapostar presidente betrelação às suas atividades e à saúdeapostar presidente betseus funcionários. A Diretoriaapostar presidente betVigilância da Saúde do Trabalhador da Bahia disse à BBC News Brasil que, desde 2000, seus técnicos foram impedidosapostar presidente betfiscalizar o complexo da INB por diversas vezes. No total, houve apenas cinco inspeções do órgão ali, realizadas espaçadamente desde 2008.
"Temos dificuldadesapostar presidente betacesso a informações sistemáticas sobre os cuidados epidemiológicos e sanitários [implantados pela INB] dentro do complexo", diz Letícia Nobre.
Procurada pela BBC News Brasil, a estatal afirma que sempre teve uma políticaapostar presidente bet"portas abertas" e que suas atividadesapostar presidente betCaetité são repletasapostar presidente bet"desinformação e os mitos"apostar presidente bettorno da mineraçãoapostar presidente beturânio.
A INB afirma ainda que "desenvolve permanentemente programasapostar presidente betmonitomento ambiental eapostar presidente betproteção radiológica para assegurar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúdeapostar presidente betseus empregados e da população das proximidades".
Acidentes 'mal explicados'
Acidentes dentro das instalações da INB nem sempre foram devidamente divulgados à sociedade.
Segundo relatórioapostar presidente bet2009 feito pela Superintendênciaapostar presidente betVigilância e Proteção à Saúde da Bahia, à época já havia ocorrido pelo menos cinco acidentes "mal explicados ou ainda sigilosos". Um exemplo foi o vazamentoapostar presidente bet5 mil m³apostar presidente betlicorapostar presidente beturânio e lama radioativa no solo.
"Só após um ano [ou seja,apostar presidente bet2001] a Comissão Nacionalapostar presidente betEnergia Nuclear (CNEN) admitiu o acidente, estimando que 67 quilosapostar presidente betconcentradoapostar presidente beturânio vazaram por 76 dias", consta no documento do órgão estadual baiano.
Ainda segundo a secretaria estadual, outro episódio causou a contaminação da águaapostar presidente betparte da região, quando resíduos misturados com urânio escoaram para o meio ambiente por meio do Riacho das Vacasapostar presidente bet2004. Naquele ano, técnicos da CNEN chegaram a recomendar o fechamento da minaapostar presidente betCachoeira "por riscoapostar presidente betdesabamento e contaminação da água". A extração, porém, seguiu até 2014.
Por causa das irregularidades, a empresa estatal enfrenta processos na Justiça federal e do Trabalho.
Hoje, o Ministério Público Federal mantém aberto um inquérito civil para "fiscalizar as atividades [da INB],apostar presidente betespecial quanto à eventual contaminaçãoapostar presidente betfontesapostar presidente betabastecimento humano ou reservatóriosapostar presidente betágua pelas atividadesapostar presidente betextração, transporte ou beneficiamentoapostar presidente beturânio".
Contaminações e faltaapostar presidente betsegurança
Em janeiroapostar presidente bet2019, a INB foi condenada pela Justiça do Trabalho por manter funcionários terceirizados trabalhando por anos sem proteçãoapostar presidente betlocais com alto riscoapostar presidente betcontaminação radioativa.
Segundo a decisão da Vara do Trabalhoapostar presidente betGuanambi (BA), "em 2011 a área [da mina da Cachoeira] foi interditada, justamente porque a operaçãoapostar presidente betembalagem ou reembalagemapostar presidente bettambores, contendo material radioativo, era realizada sem a proteção adequada do pessoal envolvido".
Na mesma decisão, a Justiça determinou que a INB pague R$ 100 milapostar presidente betindenização por danos morais. O processo foi movido pelo Ministério Público do Trabalho na Bahia, que também pediu a elaboraçãoapostar presidente betestudos independentes sobre a incidênciaapostar presidente betradiação na área.
A BBC News Brasil teve acesso a parte desses relatórios. Os estudos são da Comissãoapostar presidente betPesquisa e Informação Independentes sobre a Radioatividade (CRIIRAD), que acompanha há anos o caso no sertão baiano,apostar presidente betparceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outras instituições.
Os pesquisadores estiveramapostar presidente betCaetité entre 7 e 14apostar presidente betnovembroapostar presidente bet2018, percorrendo locais como Baixa da Onça, Bela Vista, Gameleira e Pega Bem - todos nos arredores do complexo da INB. Os técnicos mediram os níveisapostar presidente betradiação no solo, na água e no ar, alémapostar presidente betouvir moradores, promotoresapostar presidente betjustiça e autoridades sobre a mineraçãoapostar presidente beturânio ali.
O relatório assinado pelo diretor da CRIIRAD, o engenheiro nuclear Bruno Chareyron, traz dados preocupantes sobre os impactos da extração do minério radioativo na região.
No documento, há medições que apontam uma concentraçãoapostar presidente beturânioapostar presidente betcursos d'água que superamapostar presidente betquase 10 vezes o que é considerado aceitável para o corpo humano, segundo padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Dependendo do nívelapostar presidente betexposição à radiação, o corpo humano pode apresentar sintomas como náuseas e vermelhidão no corpo, ou danos mais graves, como problemas no sistema cardiovascular, cerebral, hemorragias internas, mutações genéticas, queimaduras e aumento no riscoapostar presidente betcâncer.
Em seu relatório, a equipe francesa também demonstra preocupação com os restos do urânio extraído pela INB. A concentração radioativa nos rejeitos é muito alta: cercaapostar presidente bet80% da radiação inicialmente encontrada no urânio no subsolo se mantém nas sobras da mineração, descartadas e armazenadas perto das instalaçõesapostar presidente betCaetité.
Em pontos como ao sul da mina do Engenho - recém-liberada pelo governo - a radiação chega a índices que superamapostar presidente betaté 10 vezes o que é considerado seguro para a saúde. Por isso, o diretor da comissão francesa recomenda cuidados redobrados na proteção dos trabalhadores e terceirizados que circulem nessa área.
No poço Baixa da Onça, ao norte da hoje desativada minaapostar presidente betCachoeira, há veios d'água que seguem para comunidades próximas. Esse cenário, segundo os pesquisadores, é ainda mais preocupante. Foram encontrados rastrosapostar presidente betescavações recentesapostar presidente betbuscaapostar presidente beturânio, feitas sem cuidados com o meio ambiente.
"Um trabalho recenteapostar presidente betprospecção consistiu na aberturaapostar presidente betvalas, poços exploratórios, perfurações profundas. No final do trabalho, os prospectores/garimpeiros deixaram um terreno completamente devastado", diz o diretor da comissão francesa.
Como baseapostar presidente betcomparação, Chareyron afirma que, se uma pessoa ficar por apenas 2 minutos por dia durante um ano inteiro nessa área, a quantidadeapostar presidente betradiação à qual foi exposta excederá os limites considerados aceitáveis à saúde humana.
"Isso ilustra a faltaapostar presidente bettreinamento das empresasapostar presidente betperfuração sobre os riscos associados à radiação ionizante", dizem os peritos franceses, antesapostar presidente betafirmarem que "tal situação não é aceitável".
Procurada pela BBC Brasil News, a INB diz que "não possui informações sobre como esse levantamento [do CRIIRAD] teria sido feito, nem qual baseapostar presidente betcomparaçãoapostar presidente betníveisapostar presidente beturânio foi utilizada para fundamentar os supostos resultados, e por isso não tem como se manifestar a respeito".
Gases tóxicos e discriminação
Quando a mineraçãoapostar presidente beturânio começouapostar presidente betCaetité, todos os aspectos do cotidiano dos pequenos agricultores e moradores do entorno da usina mudaram radicalmente. No total, o Movimento Paulo Jackson - organização civil que acompanha o caso desde 2000, batizadaapostar presidente betnomeapostar presidente betum dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores, nascidoapostar presidente betCaetité - estima que 12 mil pessoas vivamapostar presidente betáreas diretamente afetadas pelas operações da INBapostar presidente betCaetité, Lagoa Real e também no municípioapostar presidente betLivramento.
Rachaduras nas casas tornaram-se comuns por causa da alta concentraçãoapostar presidente betgases tóxicos como o radônio, segundo pesquisasapostar presidente betcampo conduzidas pelo Greenpeace e pela Plataforma Brasileiraapostar presidente betDireitos Humanos.
À BBC News Brasil, a INB diz que implantou, entre 1989 e 1999, um programaapostar presidente betmonitoramento ambiental que mostrou "as características do solo, dos sedimentos, das águas, da poeira, e da radiação ambiente na região antes do início das atividades". Segundo seus estudos, a atual concentração do gás tóxico radônio se mantém dentro do padrão observado antesapostar presidente betseus trabalhosapostar presidente betCaetité.
O complexo da INB ficaapostar presidente betum platô, cercado por comunidades agrícolas e esparsos cursos d'água - localizado no semiárido baiano, o lugar tem baixa oferta hídrica. Porapostar presidente betgeografia, há grandes riscosapostar presidente betcontaminação radioativa do poucoapostar presidente betágua que ali existe. Na inspeção mais recente, a comissão francesa confirmou o risco.
Regiões como Baixa da Onça e Gameleira são fontesapostar presidente betradiação gama – com alto risco não apenas no uso humano da água, mas tambémapostar presidente betexposição radioativa aos moradores pelo contato com o solo, usado inclusive na construçãoapostar presidente betcasas e barracos.
"Tivemos acesso a estudos que mostravam a contaminação nas águas que os moradores bebiam e também usavam na agricultura. Por isso, a Justiça determinou o abastecimento da região por meioapostar presidente betcarros-pipa, como no caso da comunidade do Juazeiro, por exemplo", diz Marijane Vieira Lisboa, relatoraapostar presidente betDireito Ambiental da Plataforma Brasileiraapostar presidente betDireitos Humanos, que desenvolve açõesapostar presidente betdefesa dos Direitos Humanos.
Professora na Pontifícia Universidade Católicaapostar presidente betSão Paulo (PUC-SP), ela fez parteapostar presidente betuma equipe independente que foi a Caetitéapostar presidente bet2011 para relatar os problemasapostar presidente bettorno do complexo da INB.
"Encontramos irregularidades, do começo ao fim", diz a pesquisadora, que integrou o Ministério do Meio Ambiente entre 2003 e 2004, e também é uma das cofundadoras do Greenpeace Brasil.
Em defesa das atividades na região, INB afirmou à BBC News Brasil que o complexoapostar presidente betCaetité temapostar presidente betlicençaapostar presidente betoperação renovada continuamente desde 2009, e que a empresa "comprova ao órgão licenciador o cumprimento das condicionantes impostas para a manutenção da autorização".
Os altos níveisapostar presidente betradiação também resultamapostar presidente betproblemas socioeconômicos aos vizinhos da INB no sertão baiano. Segundo Lisboa, os agricultores não conseguem escoar seus produtos, como mandioca, geleia e queijo, ou vender crias vivas, como aves e gado – tudo graças à má fama da região.
Outras organizações que acompanham o caso têm a mesma percepção.
"Os comunitários tinham suas técnicasapostar presidente betproteção das nascentes e construçãoapostar presidente betcisternas. Mas, hoje, comapostar presidente betprodução muito reduzida e estigmatizada, emapostar presidente betmaioria sobrevivem da 'aposentadoria rural', com tristeza e medoapostar presidente betserem as próximas vítimasapostar presidente betum câncer qualquer", diz Zoraide Vilas Boas, membro do Movimento Paulo Jackson e da Articulação Antinuclear Brasileira, e que acompanha a mineraçãoapostar presidente beturânioapostar presidente betCaetité há quase duas décadas.
Êxodoapostar presidente betbusca da cura
Como a mineraçãoapostar presidente beturânio implica riscos à saúde, eraapostar presidente betse esperar que os municípios da região tivessem uma infraestrutura capazapostar presidente betprevenir e tratar casosapostar presidente betcâncer e outros problemas relacionados à radiação. Não é o que aconteceapostar presidente betCaetité e Lagoa Real.
É comum que moradores percorram centenasapostar presidente betquilômetrosapostar presidente betbusca do tratamentoapostar presidente betcâncer. Muitos são forçados a viajar os maisapostar presidente bet600 km até Salvador. O anúncio da construção do centro especializadoapostar presidente betoncologia, feitoapostar presidente betsetembroapostar presidente bet2019, só veio depoisapostar presidente betmuita insistência da população.
As obras ainda não têm previsãoapostar presidente betinício ou inauguração - segundo o governo do Estado, serão gastos maisapostar presidente betR$ 13 milhões na construção e aquisiçãoapostar presidente betequipamentos para o hospital.
"As informações e registrosapostar presidente betcasosapostar presidente betcâncer na região são bastante limitadas, e sabemos que é um problema subnotificado", diz Letícia Nobre, a diretoraapostar presidente betVigilância da Saúde do Trabalhador da Bahia.
Para a secretariaapostar presidente betSaúde da Bahia, o êxodoapostar presidente betbuscaapostar presidente bettratamento pode levar a uma noção equivocada dos índicesapostar presidente betmorte por câncerapostar presidente betCaetité. Pesquisadores também lembram que muitas pessoas morrem longe dali, durante o tratamento, causando distorção nos dados e na relação da doença com os trabalhos da INB.
"É comum que as causasapostar presidente betmorte sejam classificadas como 'não identificadas', o que inviabiliza uma estatística mais próxima da realidade que conhecemosapostar presidente betCaetité", diz Zoraide Vilas Boas.
Ressabiada com o atual avanço da mina do Engenho, ela duvida que o problema seja resolvido daquiapostar presidente betdiante.
"A população rural da região que não teve condiçãoapostar presidente betsair dali sabe que teráapostar presidente bettolerar o lixo atômico [da minaapostar presidente betCachoeira] e preparar-se para conviver com os mesmos prejuízosapostar presidente betsempre", diz Vilas Boas.
À BBC News Brasil, a INB nega que suas operações tenham relação com os casosapostar presidente betcâncer na região.
A estatal afirma que "a atividadeapostar presidente betmineração [em Caetité] não aumenta a radiação emitida pelo urânio porque ela trabalha com esse mineralapostar presidente betestado natural" e que "pesquisas realizadasapostar presidente betdiversas partes do mundo demonstraram que o urânio natural não contribui para o aumento do númeroapostar presidente betcasosapostar presidente betcâncer ouapostar presidente betqualquer outra doença decorrente da radiação do urânio".
Ao longo dos anos, o governo federal já usou argumentos inusitados para defender-se da relação entre a mineraçãoapostar presidente beturânio e a incidênciaapostar presidente betcâncer no sertão baiano.
Em uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputadosapostar presidente bet2005, Nelson Valverde - médico indicado pela comissão nuclear brasileira - disse que há substâncias mais perigosas que as oriundas da energia nuclear. O médico citou o álcool e até mesmo dietas alimentares mal elaboradas como exemplos mais perigosos.
"O mesmo profissional [Nelson Valverde] ainda levantou a teseapostar presidente betque existe a possibilidadeapostar presidente betque uma baixa doseapostar presidente betradiação possa 'defender' a célula contra uma outra dose maior. Isto é, que radiaçãoapostar presidente betbaixas doses podem servir como antídoto a doses maiores!", relata um grupoapostar presidente bettrabalho sobre o tema, formado por deputados federaisapostar presidente bet2007.
As licenças provisórias – um 'jeitinho'
Os problemas da mineraçãoapostar presidente beturânio são conhecidos pelo poder público brasileiro há maisapostar presidente betuma década. A Câmara dos Deputados instaurou o Grupoapostar presidente betTrabalho Fiscalização e Segurança Nuclear para tratar do tema, cujas atividades foram concluídasapostar presidente bet2007.
No relatório final, constam episódios que permanecem pouco conhecidos ainda hoje. Entre eles, o vazamento radioativo ocorrido há quase 20 anos, com a infiltraçãoapostar presidente betalgo como 5 milhõesapostar presidente betlitrosapostar presidente betmaterial radioativo no solo baiano.
"Este acidente ocorreuapostar presidente betabrilapostar presidente bet2000, mas somente foi descoberto seis meses depois devido a uma queixa trabalhista que chamou a atenção do promotor públicoapostar presidente betCaetité, Jailson Trindade. Foi ele quem deu o alerta à Comissão Nacionalapostar presidente betEnergia Nuclear sobre o acontecido, pois a INB não havia informado a ocorrência do acidente", informam os deputados no relatório final do grupo.
Emapostar presidente betdefesa à época, representantes da estatal garantiram que o episódio não causou danos relevantes. Segundo a INB, a contaminação não atingiu lençóis freáticos da região graças à contenção por uma espécieapostar presidente betmanta, instalada para reter o material.
Na época, porém, não houve consenso sobre como divulgar esse vazamento.
"Aquilo foi uma burrice terrível. Era muito mais fácil admitir, abrir o jogo, explicar tudo, inclusive que não havia perigo", disse João Manoel Barbosa, ex-assessorapostar presidente betcomunicação da INB,apostar presidente bet2004,apostar presidente betentrevista ao jornal A Tarde.
No mesmo relatório, há uma seção dedicada a problemasapostar presidente betlegislaçãoapostar presidente betrelação à segurança nuclear. O grupoapostar presidente bettrabalho criticou o desrespeito da comissão nuclear às normas estabelecidas por ela própriaapostar presidente betcomplexos como Angra 2 eapostar presidente betCaetité.
O maior problema seria a manutenção dos trabalhos apenas por meioapostar presidente betum tipoapostar presidente betlicença preliminar, a Autorização para Operação Inicial. Para os deputados, as instalações não conseguiram atingir níveis mínimosapostar presidente betproteção e segurança nuclear à época – por isso, não tinham licençasapostar presidente betoperação definitivas.
"Não deixaapostar presidente betser lamentável que, para se manter uma instalação nuclear que não cumpre as condicionantesapostar presidente betsegurança impostas pela legislação, sempre se dê um jeitinhoapostar presidente betrenovar a autorização", apontaram os deputados do grupoapostar presidente bettrabalhoapostar presidente betseu relatório final.
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