Quem são os wajãpi, guardiõespixbet xterra cobiçada por garimpeiros ilegais e mineradoras:pixbet x
Desde os anos 1970, os wajãpi têm uma relação conturbada e traumática com garimpeiros e mineradores. No início dos anos 1970, uma epidemiapixbet xsarampo, disseminada após contato com homens brancos, causou a mortepixbet xquase cem indivíduos wajãpi, incluindo adultos e crianças.
Na semana passada, a morte do cacique Emyra Waiãpi e duas invasões relatadas pelo Conselho das Aldeias Wajãpi colocarampixbet xevidência o alto nívelpixbet xtensão na região no momento.
Em nota divulgada no domingo, 28pixbet xjulho, o Conselho das Aldeias Wajãpi disse que um grupopixbet xinvasores armados entrou na sexta-feira (26) na aldeia Yvytotõ, ocupou uma casa e ameaçou os moradores, que fugiram no dia seguinte do local.
No sábado, moradorespixbet xoutra aldeia, a Karapijuty, teriam avistado um possível invasor nos arredores.
O cacique Emyra Waiãpi havia sido encontrado morto no dia 22 - a Polícia Federal, que foi ao local com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do batalhãopixbet xoperações especiais da polícia do Amapá, abriu inquérito para investigar a morte dele.
Bolsonaro põepixbet xdúvida assassinatopixbet xlíder indígena
Ao comentar a morte do cacique no Amapá, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse não haver indício fortepixbet xque ele tenha sido assassinado.
Foi a primeira vez que o presidente se manifestou sobre o incidente. "Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, quem nós pudermos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí", afirmou o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (29).
De acordo com a nota do conselho wajãpi, não houve testemunhas, mas parentes examinaram o local e "encontraram rastros e outros sinaispixbet xque a morte teria sido causada por pessoas não indígenas".
Alémpixbet xcolocarpixbet xdúvida o assassinato, Bolsonaro também reiterou quepixbet xintenção é regulamentar o garimpo e autorizar a exploraçãopixbet xminérios dentropixbet xterritório indígena.
"É intenção minha regulamentar garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direitopixbet xexplorar o garimpo napixbet xpropriedade. Terra indígena é como se fosse propriedade dele. Lógico, ONGspixbet xoutros países não querem, querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico", afirmou o presidente.
Para Bolsonaro, as demarcações indígenas estão "inviabilizando o negócio" no Brasil.
Históriapixbet xresistência
Segundo Fiona Watson, pesquisadora da ONG Survival International, a história dos wajãpi épixbet xresistência, resiliência e sobrevivência. "Eles são os guardiões da floresta. Dependem da floresta e mantêm uma relação espiritual com ela. Por isso, resistem a tudo que pode destruí-la", diz.
Watson declara não se opor à mineraçãopixbet xterras indígenas desde que seja uma escolha dos guardiões da terra, que pertence à União. "Tem que ter o consentimento dos índios, a decisão tem que ser deles porque a terra é deles", afirma, argumentando que o governo deveria se empenhar maispixbet xproteger as terras indígenas uma vez que a legislação atualmente proíbe mineraçãopixbet xterras ocupadas por indígenas.
Os wajãpi, por exemplo, são contra a exploração mineralpixbet xseu território. Apesarpixbet xserem considerados um povo festivo e amistoso, eles declararam guerra aos garimpeiros e às mineradoras depoispixbet xcolecionarem experiências traumáticas.
Primeiro contato
Hoje, são aproximadamente 900 wajãpi vivendopixbet x49 aldeias. Na Guiana Francesa, no alto rio Oiapoque, vivem outros 1.100.
"Mas esse povo quase desapareceu nos anos 1970", conta Watson, lembrando que os wajãpi foram vítimaspixbet xmalária e sarampo contraídos depois do contato com não-índios.
O primeiro contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) foipixbet x1973, quando a rodovia Perimetral Norte BR-210 começou a ser construída na região onde estavam os wajãpi.
No ano seguinte à chegada da Funai, eram apenas sete dezenas deles, segundo relatou um ex-chefe do posto local da Fundação ao Jornal do Brasilpixbet x1993.
A estrada facilitou o acesso às terras protegidas pelos wajãpi. Chegaram caçadores, garimpeiros e, mais recentemente, empresaspixbet xmineração demonstraram interessepixbet xexplorar na região jazidaspixbet xouro, cassiterita, manganês e tântalo.
Mas a antropóloga da Universidadepixbet xSão Paulo (USP), Dominique Gallois, estudiosa do povo wajãpi, relatou no Facebook que "experiências trágicas" dos wajãpi com garimpeiros são anteriores à chegada da Funai.
Entre 1971 e 1973, escreveu Gallois, levaspixbet xgarimpeiros invadiram a bacia do rio Karapanaty, explorando ouro nas proximidades da aldeia Karavõvõ.
"Prometiam trazer mercadorias e conseguiram apoio dos índios, que os abasteciam com caça, lenha e alimentos. Na verdade, depoispixbet xcercapixbet xum anopixbet xconvivência conturbada, fugiram e deixaram a populaçãopixbet xcinco aldeias da região infectadas com sarampo", relatou a professora.
Segundo ela, maispixbet x80 adultos e crianças morreram, "abandonados pelos que se diziam seus amigos".
Gallois diz que a Funai chegou mais tarde,pixbet x1973, "para afastar os índios do trajeto da estrada Perimetral Norte, construída na época e abandonadapixbet x1976", depoispixbet xter avançado cercapixbet x30 quilômetros para dentro da área indígena.
Estratégiapixbet xdefesa
"Pouco a pouco, os wajãpi encontraram estratégias para se defender e logo que sabiam da presençapixbet xinvasores, os procuravam, amarravam e levavam à Funai para que fossem entregues à Polícia Federal", escreveu a professora, dizendo que esses episódios aconteceram várias vezes entre 1985 e 1992.
Em 1994, eles criaram o Conselho das Aldeias Apina para reivindicar direitos e passaram a denunciarpixbet xforma mais organizada e sistemática as sucessivas tentativaspixbet xingresso. O Conselho, que tem site e diretoria com mandato, tem também um documento com detalhes sobre as tradições do povo wajãpi.
Eles são reconhecidos por manter o equilíbrio entre o passado e o presente, vivem dos recursos da floresta e mantêm rituais e tradições curiosas - como, na hora do casamento, dar a própria irmã para se casar com o irmão da noiva ou se casar também com a irmã solteira da noiva.
Quem escolhe o nome da criança wajãpi são os avós e os pais. "Nós usamos os nomespixbet xnossos antepassados para colocar nome nas crianças", explicam. Crianças podem se chamar pelo nome, mas quando se é jovem ou adulto, não. "É impossível chamar a pessoa pelo nome próprio, senão ela fica brava", explicam - os wajãpi se chamam pelo graupixbet xparentesco.
Há palavras que só as mulheres falam e outras que apenas os homens pronunciam.
'Não fazemos festa sem beber'
Os wajãpi são festeiros. Celebram a pesca, a colheita, têm 57 celebrações diferentes. "Não fazemos festa sem beber. A festa é uma troca,pixbet xquem dá caxiri e quem vem cantar e dançar". O caxiri, bebida fermentada à basepixbet xmandioca, é preparado pelas mulheres da aldeia.
Ele é usado tambémpixbet xrituais mais doloridos. As meninas, depois da primeira menstruação, recebem picadaspixbet xformigas "para ficar forte". A mãe dá à filha o caxiri para não sentir dor e o pai - ou alguém que trabalha, é caçador e fala bem - busca e aplica a formiga.
"Eles mantêm o estilopixbet xvida e os rituais. Mas também interagem,pixbet xespecial os mais jovens", diz Fiona Watson, da ONG Survival International, dizendo que eles são conscientespixbet xque precisam se defender como podem.
Os wajãpi também têm escolas, postospixbet xsaúde e salaspixbet xreuniões.
Muitos falam português e, os que têm direito a usar armaspixbet xfogo fizerampixbet x2018 testespixbet xtiro, avaliação psicológica e comportamental, sob a supervisão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Uma wajãpi no governo Bolsonaro
Há também wajãpi no Exército e no governo Bolsonaro.
Silvia Nobre Wajãpi,pixbet x42 anos, fez parte da equipepixbet xtransição do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e,pixbet xabril, foi nomeada secretáriapixbet xSaúde Indígena.
Segundo reportagem da Folhapixbet xS.Paulo, ela já foi moradorapixbet xrua, vendedorapixbet xlivros, atriz, atleta, fisioterapeuta e primeira índia militar - entrou para o Exércitopixbet x2010.
O Ministério da Saúde informa,pixbet xseu site, que ela nasceu numa tribo wajãpi, no interior do Amapá. Aos quatro anos, sofreu um acidente e foi levada para a cidade a fimpixbet xser operada.
Como não podia voltar para a aldeia, devido aos graves problemaspixbet xsaúde, foi criada, inicialmente, por um professor que iniciou a alfabetizaçãopixbet xSilvia. "Silvia sempre manteve os laços com o seu pai, cacique Seremete, na aldeia para onde volta uma vez por ano nas férias", diz o Ministério da Saúde.
Apesarpixbet xterem conseguido manter o estilopixbet xvida, tradições e rituais mesmo depois do contato com não-índios e, ao mesmo tempo, interagir com não-índios, Fiona Watson, da Survival International, alerta que episódios como as invasões recentes mostram que o povo wajãpi estápixbet xsituação vulnerável.
"Ninguém esperava que, tantos anos depois, surgisse novamente o pesadelo das invasõespixbet xgarimpeiros. Voltou à tona o medo das violências e da contaminação por doenças", escreveu Dominique Gallois, da USP.
*Colaborou Nathália Passarinho
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