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Impasse com navios iranianos no Paraná pode ter 'impacto desnecessário' e prejudicar exportações, dizem especialistas:lazadabet slot
"O Brasil não permitia que suas relações comerciais com países fossem influenciadas por decisões tomadas por terceiros, e agora estamos vendo exatamente isso, concordando com as sanções impostas pelos EUA contra o Irã", diz Oliver Stuenkel, professorlazadabet slotrelações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV)lazadabet slotSão Paulo.
Para Stuenkel, a situação pode ter um "impacto desnecessário" sobre a economia brasileira que não está não sendo calculado pelo governo. "Estamos falandolazadabet slotnúmeros altos,lazadabet slotuma relação superavitária. O Brasil não pode se dar ao luxolazadabet slottomar uma atitude assim no meio da situação econômica atual, que é muito precária", considera.
O Irã é hoje um importante importadorlazadabet slotgrãos e carne do Brasil. A balança comercial que pende fortemente para o Brasil:lazadabet slot2018, o país vendeu US$ 2,26 bilhões para o país do Golfo Pérsico, principalmente milho, soja e carne. Enquanto isso, importou US$ 39,9 milhões, a maiorialazadabet slottapetes persas, pistache e porcelana. O superávit foilazadabet slotUS$ 2,22 bilhões.
Impasse no mar
Os navios Bavand e Termeh esperam o reabastecimento no portolazadabet slotParanaguá desde o iníciolazadabet slotjunho, estacionadoslazadabet slotfrente ao cais, a cercalazadabet slot1 km um do outro. Eles foram contratados pela empresa brasileira Eleva Química Ltda. e chegaram ao Brasil trazendo ureia do Irã, matéria-prima usada como fertilizante agrícola.
A carga seria dadalazadabet slottroca da compra das 100 mil toneladaslazadabet slotmilho, avaliadaslazadabet slotcercalazadabet slotR$ 100 milhões. O Irã é o quinto maior comprador do grão produzido no Brasil.
O primeiro navio já foi carregado no portolazadabet slotImbituba,lazadabet slotSanta Catarina, e o segundo ainda aguarda para seguir até lá, e receber a outra metade da carga.
A Petrobras, entretanto, vem se negando a fazer o reabastecimento, alegando que pode ser alvolazadabet slotpuniçõeslazadabet slotWashington. De acordo com a empresa, os navios estão na listalazadabet slotentidades sancionadas pelos EUA.
"Caso a Petrobras venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao riscolazadabet slotser incluída na mesma lista, sofrendo graves prejuízos decorrentes dessa sanção", afirma a empresa.
Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro pronunciou-se a favor da decisão. "Sabe que nós estamos alinhados à política deles (dos Estados Unidos). Então fazemos o que tem que fazer", afirmou ao ser questionado sobre o caso.
Alinhamento com EUA
Em maio do ano passado, o governolazadabet slotTrump abandonou unilateralmente o acordo nuclear fechado,lazadabet slot2015, entre o país do Golfo Pérsico e outros cinco países (Reino Unido, França, China, Alemanha e Rússia), e voltou a impor sanções que haviam sido suspensas após a assinatura do acordo, atingem setores como olazadabet slottransporte marítimo, o petrolífero e o financeiro.
As restrições buscam impedir empresas baseadas nos EUA a negociarem com pessoas ou entidades relacionadas na lista negra do Escritóriolazadabet slotControlelazadabet slotAtivos Estrangeiros (Ofac), do Departamento do Tesouro americano. Mas vai além, estendendo a restrição a empresaslazadabet slotoutros países que tenham ligação com os EUA. As penas para descumprimento das sanções incluem desde o congelamentolazadabet slotbens nos EUA à inclusão na lista negra.
É este o argumento usado pela Petrobras para se recusar a fazer o abastecimento. Entretanto, as sanções não se estendem a alimentos, o que tem gerado contestações à estatal. A Eleva frisa estar tentando comprar combustível para concluir a exportaçãolazadabet slotmilho, que, sendo alimento, não é sujeito a qualquer tipolazadabet slotsanção.
A estatal afirma que a ureia estaria sujeita a restrições dos EUA. Mas a Eleva alega que o produto veiolazadabet slotempresas que não estão na lista negra do país, e que a Petrobras viabilizou a importação do produto e não poderia ser penalizada por isso.
O caso gerou um processo judicial que chegou ao Supremo Tribunal Federal, acionado pela Petrobras depoislazadabet slotreceber uma liminar obrigando-a a fazer o abastecimento. A estatal contou com parecer favorável da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, dizendo que a empresa não deveria ser obrigada a fazer o abastecimento devido ao riscolazadabet slotser sujeita a represálias comerciais.
Dodge citou um argumento do Itamaraty segundo o qual o abastecimento por parte da estatal poderia prejudicar "relações diplomáticas estratégicas" do Brasil - que se referem ao interesse prioritário do governo nos EUA.
Escaladalazadabet slottensão e perdalazadabet slotmercado
O impasse ocorrelazadabet slotum contexto mundiallazadabet slottensão acirrada entre o Irã e os Estados Unidos, após episódios recentes como o abate, por forças iranianas,lazadabet slotum avião não tripulado (drone) americano no Estreitolazadabet slotOrmuz, uma das principais rotaslazadabet slotpetroleiros ao Ocidente; e o enviolazadabet slotmil militares americanos à regiãolazadabet slotresposta ao "comportamento hostil" do Irã depois da explosãolazadabet slotdois petroleiros no Golfolazadabet slotOmã.
Na semana passada, as tensões internacionais se agravaram com a capturalazadabet slotum petroleiro britânico pelo Irã no Estreitolazadabet slotOrmuz. O país persa afirmou que o barco foi capturado após uma colisão com um pesqueiro, mas o Reino Unido diz que a ação foi ilegal e vem exigindo a libertação do navio e da tripulação.
Nos últimos meses, os EUA impuseram uma sérielazadabet slotnovas sanções para buscar asfixiar a economia iraniana e pressionar o regime a recuarlazadabet slotseu programa nuclear.
Para analistas, o impasse com os navios iranianos indica que o país está assumindo um lado nesse jogo, o que pode representar uma quebralazadabet slotconfiança nas relações comerciais que foram intensificadas ao longo dos últimos 20 anos.
"Se o Brasil não abastecer os navios com base no receio da Petrobras, o Irã vai começar a diversificar as opções e a substituir o Brasil. O Brasil entra no rol dos países não confiáveis na perspectiva do paíslazadabet slotassegurar a segurança alimentar", diz um ex-integrante do governo.
"O dano na relação comercial é muito grande. E recai sobre os produtores brasileiros. Estamos falandolazadabet slotgeraçãolazadabet slotemprego,lazadabet slotrenda, o prejuízo é grande", diz a fonte.
Para Kai Kenkel, professor do Institutolazadabet slotRelações Internacionais da PUC-Rio, o impasse faz lembrar as discussõeslazadabet slottorno do impacto da transferência da embaixada do Brasillazadabet slotIsraellazadabet slotTel Aviv para Jerusalém, medida que desagradaria os países árabes e impactaria fortemente a exportação brasileiralazadabet slotcarnes halal - com os animais abatidoslazadabet slotacordo com os preceitos islâmicos - para o mundo árabe.
"O Brasil é depende fortemente da exportaçãolazadabet slotcommodities e precisa desses mercados, mas decisões tomadas na política externa afetam as exportações do agronegócio brasileiro", diz Kenkel. "A ironia é que uma parcela dessa indústria tem uma bancada forte que apoiou o Bolsonaro, mas pode se tornar alvolazadabet slotrepresálias a partirlazadabet slotsua política externa."
Aproximação no governo Lula
O Brasil aumentou a aproximação do Irã durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que abriu as portas do país para a compralazadabet slotprodutos brasileiros.
"O Brasil vendia menoslazadabet slotUS$ 1 bilhão para o ano para o Irã anteslazadabet slot2002. Ao longo do governo Lula, as exportações foram crescendo exponencialmente. Em seu segundo mandato, houve um momentolazadabet slotque 90%lazadabet slottodo o frango consumidolazadabet slotTeerã vinha do Brasil", lembra Flavio Rassekh, coordenador da ONG United4Iran no Brasil, que atua na defesalazadabet slotdireitos humanos.
Rassekh lembra que o paíslazadabet slot70 milhõeslazadabet slotpessoas vive um períodolazadabet slotracionamentolazadabet slotalimentos e dificuldadeslazadabet slotabastecimento, resultadolazadabet slotuma conjunçãolazadabet slotfatores: além das sanções, o país saiu recentemente da maior seca dos últimos 40 anos, passou por uma enchente destruidora no primeiro semestre e enfrenta uma criselazadabet slotcriselazadabet slothiperinflação.
Com todas essas dificuldades, diz Rassekh, o Brasil até agora era um parceiro importante, com ampla ofertalazadabet slotalimentos para atender as necessidades do país. "Com o governolazadabet slotBolsonaro, isso tudo pode ser revertido, e o Irã pode ficar ainda mais isolado no cenário internacional."
Assim, para o Irã, substituir as importações não é uma tarefa simples. O país tem poucos parceiros no cenário internacional e sofre com o impacto das sanções. O Brasil até agora se comportava como um país neutro sob o pontolazadabet slotvista comercial.
"O Brasil sinaliza que está se aproximando da estratégia do governo Trump, que aprova e embarca emlazadabet slotestratégia. O que é o contrário do que vinha fazendo no passado, investindolazadabet slotrelações multilaterais", diz Oliver Stuenkel, da FGV-SP.
Stuenkel aponta que um dos preceitos da globalização é que o comércio entre países não deve ser baseadolazadabet slotalinhamentos políticos, mas observa a tendêncialazadabet slotpotências como os Estados Unidos e a Chinalazadabet slotusar o comércio como arma política.
"É perigoso o Brasil se envolver nesse tipolazadabet slotconduta", considera. "O comércio brasileiro tem como objetivo o desenvolvimento do país. É para gerar emprego, renda, e não para ser afirmar posicionamento político."
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