Olimpíadagisher vbetTóquio 2021: como Leal se tornou 1º 'estrangeiro' da seleção brasileiragisher vbetvôlei:gisher vbet
"A seleção brasileira tem grandes jogadores, mas também sou um grande jogador. Se for merecedor, ficarei feliz."
Mas, ao ser questionado se merecia ser titular, ele finalmente deixou a modéstiagisher vbetlado e exibiu a confiança que só o donogisher vbetuma das carreiras mais vitoriosas do vôlei da atualidade pode ter.
"Lógico que mereço. Fui titulargisher vbettodos os lugaresgisher vbetque joguei."
Passados dois anos, essa confiança se provou mais uma vez acertada. Leal é o titular absoluto da posição e um dos principais nomes da seleção nos Jogosgisher vbetTóquio.
Está realizando assim o sonhogisher vbetdisputar uma Olimpíada, o campeonato que faltava para ele — e se tornou assim o primeiro "estrangeiro" a defender o Brasil no torneio.
A primeira convocação
Esse sonho começou a se tornar uma realidade quando Leal recebeugisher vbet2019 uma ligaçãogisher vbetRenan.
"Ele disse que queria me convocar e perguntou se eu tinha vontadegisher vbetjogar pela seleção", contou Leal à BBC News Brasil.
É claro que ele respondeu que sim: "Estou pronto". Afinal, Leal esperava por isso havia quatro anos.
O cubanogisher vbet32 anos se naturalizou brasileirogisher vbet2015 com a possibilidadegisher vbetfazer parte da equipe nacional no horizonte.
Isso finalmente ocorreu na estreia do Brasil na Liga das Nações daquele ano — o campeonato anual reúne as principais seleções do mundo.
Foi a primeira vezgisher vbetsete décadasgisher vbethistória da seleçãogisher vbetvôlei do Brasil que a equipe teve um atleta naturalizado, mesmo que alguns grandes nomes do esporte não aprovassem a presençagisher vbetum "estrangeiro" no time.
"Ele é brasileiro", disse Renan taxativamente na época à BBC News Brasil. "É um jogador fantástico, que sempre atuougisher vbetalto nível. Se está legalizado e disponível para defender a seleção, não há por que não convocá-lo."
A decisãogisher vbettrocar Cuba pelo Brasil
Uma das tatuagensgisher vbetLeal é uma frase atribuída ao guerrilheiro argentino Che Guevara — "Não se vive celebrando vitórias, mas superando derrotas" — que ele tem como inspiração na carreiragisher vbetatleta. Mas, emgisher vbettrajetória, ele teve muito mais vitórias que derrotas.
Filho únicogisher vbetum casalgisher vbetprofessores, Leal começou no vôlei aos 12 anos, ainda na escola,gisher vbetHavana. Um professorgisher vbeteducação física detectou o talento que o levaria à seleçãogisher vbetCuba, pela qual jogou até 2010, quando foi vice-campeão mundial, após perder para o Brasil na final.
No retorno da competição, aos 22 anos, Leal decidiu deixar a seleção cubana e seu paísgisher vbetorigem. "Em Cuba, não podia jogar como profissional, porque não há clubes, e o governo não deixa um atleta da seleção jogargisher vbetoutro país", contou ele.
Na seleção, o jogador diz que ganhava US$ 8 por mês. "Não era um salário que permitia viver normalmente. Queria ajudar minha família a ter uma vida melhor com meu trabalho", disse Leal, que já era pai quando deixou a ilha.
Ele foi procurado na época pelo agente Alessandro Lima, que havia trazido outros jogadores cubanos para atuar no Brasil. "Apesargisher vbetjovem, ele já era reconhecido internacionalmente como um talentogisher vbetuma geração cubana foragisher vbetsérie", disse Lima.
Da quarentena ao estrelato
A aproximação deu certo, e dois clubes brasileiros manifestaram interesse por Leal. Ele fechou com o Sada Cruzeiro e foi liberado para jogar pelo time após cumprir uma quarentenagisher vbetdois anos imposta pelo governo cubano aos atletas que decidem sair da ilha.
Com a equipe mineira, Leal ganhou 25 títulos. Entre os mais importantes, foi campeão sul-americano, pentacampeão da Superliga masculina, a principal competiçãogisher vbetclubes do Brasil, e tricampeão mundial.
O argentino Marcelo Mendez, ex-técnico do Sada Cruzeiro e atual comandante da seleção da Argentina, disse que Leal amadureceu nos seis anosgisher vbetque trabalharam juntos. Aprimorou-se não só no ataque,gisher vbetespecialidade, e, hoje, é um jogador mais completo,gisher vbetqualidade "indiscutível".
"Ele melhorou muitogisher vbettodos os aspectos técnicos, principalmente na recepção e na defesa. Aprendeu a tomar decisõesgisher vbetmomentos importantes e foi fundamentalgisher vbetmuitas finais", disse à BBC News Brasil Mendez, a quem o cubano-brasileiro se refere como um segundo pai.
"Ele é como uma criança grande, porgisher vbetbondade. É alguém que teve uma juventude muito difícil e superou isso para atingir seus objetivos."
Os três mundiais ainda são os títulos que Leal considera mais valiosos emgisher vbetcarreira, mesmo após ter sido duas vezes campeão italiano com o clube Lube Civitanova, no qual jogougisher vbet2018 até este ano (agora, irá jogar Modena, também da Itália), e da Liga dos Campeões, a principal competiçãogisher vbetclubes da Europa.
"Ganhar o campeonato italiano e a Liga dos Campeões foi importante, mas ser tricampeão mundial tem um significado maior. Poucos jogadores conseguiram isso", explicou Leal.
Com a experiência no Brasil e o veto do governogisher vbetCuba à convocaçãogisher vbetquem estivesse no exterior, o agentegisher vbetLeal sugeriu que ele se naturalizasse para poder integrar a seleção brasileira.
O processo foi concluídogisher vbet2015. Foi então que Leal fez outra tatuagem: a bandeiragisher vbetCuba. "É onde nasci, o país que me deu uma bandeira que levarei comigo pelo resto da vida", diz.
Resistências
O passo seguinte para chegar à seleção brasileira foi cumprir os trâmites para se tornar atletagisher vbetoutro país, o que incluía, além da permissão das federações brasileira e cubana, também a autorização da Federação Internacionalgisher vbetVoleibol (FIVB).
À frente do processo, Alessandro Lima disse que houve alguma resistência no início. "Havia um temorgisher vbetque muitos atletas pedissem para jogar por outro país. Era um medo naturalgisher vbetque um país sem tradição no esporte naturalizasse vários jogadores", explicou o agentegisher vbetLeal.
Isso era especialmente válido para jogadoresgisher vbetCuba, país que fez história no vôlei, tanto no masculino quanto no feminino, mas hoje amarga a posiçãogisher vbetcoadjuvante após um êxodogisher vbettalentos.
"Nossa experiência diz que 99,5% dos jogadores querem sairgisher vbetCuba, não só porque as condiçõesgisher vbetter uma carreira no país são inexistentes, mas também porque faltam recursos mesmo para quem joga pela seleção", afirmou Lima.
A cubana Taismary Agüero foi bicampeã olímpica e campeã mundial com a seleção femininagisher vbetseu país antesgisher vbetse naturalizar e jogar pela Itália na década passada.
Osmandy Juantorena fez o mesmo e, hoje, faz parte da seleção italiana. Wilfredo León joga pela seleção da Polônia.
No casogisher vbetLeal, disse seu empresário, a resistência cessou após ser estabelecido que uma transferênciagisher vbetfederação só seria concedida a jogadores que tivessem um vínculo com o país pela qual jogariam.
O cubano-brasileiro recebeu autorização da FIVBgisher vbetabrilgisher vbet2017. Como já havia jogado por Cuba, precisou cumprir uma nova quarentenagisher vbetdois anos até poder ser convocado pelo Brasil, prazo que acabou no mês passado.
Neste meio tempo, alguns grandes nomes do vôlei nacional se manifestaram contragisher vbetparticipação na seleção.
"Quem já jogou contra outra seleção não deveria poder se naturalizar. Não sei se a gente acaba incentivando isso acontecer com frequência", disse o bicampeão mundial Murilo Endres,gisher vbet2015, ao site Globo Esporte.
O campeão olímpico Lipe dissegisher vbet2017 ao programa Rodagisher vbetVôlei que a "seleção brasileira nunca precisougisher vbetestrangeiros".
"Ele é um jogador excepcional? Admito, é um ponteiro como poucos. Mas, se for para ganhar ou perder, que seja com brasileiros. Imagine que estamos tirando a oportunidadegisher vbetum garoto que sonha com a seleção. Isso não tem o menor cabimento."
Procurado pela BBC News Brasil, Lipe disse que não comentaria o assunto. A assessoriagisher vbetMurilo não retornou o contato até a publicação da reportagem.
"Não sei por que eles falaram essas coisas, não sei o que pensam sobre mim", diz Leal. "É verdade que nunca houve uma situação assim, um 'estrangeiro' na seleção do Brasil, mas cumpri todo o combinado. Mereço jogar na seleção tanto quanto eles."
De qualquer forma, o levantador e capitão da seleção Bruno Rezende garantiu na época que ele seria bem recebido.
"Se fosse há alguns anos, quando a naturalização era uma novidade e as pessoas não o conheciam, poderia ser diferente. Mas, hoje, é outro momento. Ele jogou praticamente todagisher vbetcarreira no Brasil. Não surgiu do nada. Aquelas críticas, um pouco infundadas, ficaram para trás", disse ele à BBC News Brasil.
Bruno e Leal — que foram e serão novamente companheirosgisher vbetclube na Itália — conviveram bastante. "Mesmo sendo um grande jogador, ele nunca se comportou como estrela. Sempre foi tranquilo, humilde e generoso, sempre disposto a ajudar. Nunca quis ser mais do que os outros, e admiro isso."
O capitão da seleção considerou que a grande força físicagisher vbetLeal ajudaria a equipe a conseguir bons resultados. "É um jogador que, nos momentos importantes da partida, gostagisher vbetassumir a responsabilidade e pode virar um set a nosso favor."
De olho no título
Mas o começogisher vbetLeal na seleção não foi dos melhores. Naquela Liga das Naçõesgisher vbet2019, o Brasil acabou apenasgisher vbetquarto lugar — pouco para um time que se habituou ao pódio.
Então veio a pandemia, a suspensão dos campeonatos esportivos, o adiamento da Olimpíada e toda a incerteza diantegisher vbetuma crise globalgisher vbetproporções inéditas.
Mas o ano olímpico começou melhor para Leal, que ganhougisher vbetabril pela segunda vez o campeonato italiano.
Leal também subiu ao lugar mais alto do pódio com o Brasil na Liga das Nações deste ano, quando a potência dos seus saques e ataques foi decisiva para o ótimo desempenho da equipe na final contra a Polônia.
Agora,gisher vbetTóquio, as esperanças do Brasil passam mais uma vez pelas mãos — e pela confiança —gisher vbetLeal.
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