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Viagem1001 betsBolsonaro a Israel teve papel simbólico e poucos efeitos práticos, dizem analistas:1001 bets
1001 bets O presidente Jair Bolsonaro 1001 bets deve chegar a Brasília no início da noite desta quarta-feira (03), depois1001 betsuma viagem1001 betstrês dias a Israel. No país, Bolsonaro visitou locais históricos, firmou acordos1001 betscooperação e anunciou a abertura1001 betsum escritório comercial1001 betsJerusalém. Para analistas ouvidos pela BBC News Brasil, a importância da ida a Israel foi principalmente simbólica, mas os efeitos práticos para o Brasil devem ser poucos.
Na chegada ao país do Oriente Médio no domingo (31), Bolsonaro foi recebido no aeroporto internacional Ben Gurion pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Trata-se1001 betsuma honraria especial: nos últimos dez anos, só aconteceu cinco vezes.
No mesmo dia, Bolsonaro e Netanyahu assinaram quatro acordos1001 betscooperação entre Brasil e Israel; um memorando1001 betsentendimento e um acordo1001 betscooperação.
"(Foram firmados) vários instrumentos bilaterais1001 betscooperação, nos campos da ciência e tecnologia; defesa; segurança pública; aviação civil; segurança cibernética; e saúde. Ambos os governos tomarão as medidas necessárias para cumprir e implementar os acordos recém-assinados nos campos acima mencionados", disse o Itamaraty,1001 betsnota. A chancelaria disse ainda que os dois países trocarão informações sobre a produção1001 betsgás natural - os dois países são produtores desse recurso.
Na área1001 betsciência e tecnologia, o acordo tem por objetivo "aproximar os ecossistemas1001 betsinovação brasileiro e israelense" e fomentar a vinda1001 betsstartups1001 betsIsrael para o Brasil.
Bolsonaro também adiou - por enquanto, indefinidamente - o cumprimento1001 betssua promessa1001 betscampanha,1001 betstransferir a embaixada brasileira1001 betsIsrael,1001 betsTel Aviv para Jerusalém. O gesto teria um grande peso simbólico e representaria o reconhecimento da cidade como capital1001 betsIsrael, algo que contraria o entendimento atual das Nações Unidas e da maioria da comunidade internacional.
Ao invés da embaixada, Bolsonaro anunciou a criação1001 betsum escritório1001 betsnegócios1001 betsJerusalém. A cidade é reivindicada como capital também pelos palestinos.
"Tem o compromisso (de mudar a embaixada), mas meu mandato vai até 2022. E tem que fazer as coisas devagar, com calma, sem problema", disse Bolsonaro na segunda-feira.
Na segunda, Bolsonaro foi ao Muro das Lamentações - local considerado sagrado pelos judeus e que fica no lado oriental da cidade. Controlada pelos israelenses desde a Guerra dos Seis Dias (1967), essa parte da cidade é reivindicada também pela Autoridade Nacional Palestina - que quer construir ali uma futura capital1001 betsum Estado palestino, e é considerada pela ONU como área ocupada por Israel.
Em geral, os líderes1001 betsoutros países que visitam Israel preferem ir ao local sozinhos,1001 betsvisitas1001 betscaráter privado - justamente para que a visita não possa ser interpretada como um endosso à reivindicação israelense sobre a área. Bolsonaro visitou o Muro junto com Netanyahu. Trata-se1001 betsuma mudança na atitude brasileira1001 betsrelação à questão. Mais tarde, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, negou que a visita ao muro tivesse um caráter político. O ato, segundo Araújo, "foi um momento puramente religioso".
Nesta terça-feira, Bolsonaro voltou a causar polêmicas ao afirmar duas vezes que o nazismo - ideologia do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945) - era um movimento "de esquerda". A tese é amplamente refutada por estudiosos desse período histórico.
"Não há dúvidas (de que foi um movimento1001 betsesquerda), Partido Nacional Socialista da Alemanha", disse Bolsonaro a jornalistas, aludindo ao nome oficial do partido liderado por Hitler.
O presidente foi também ao Museu do Holocausto Yad Vashem - que como mostrou a reportagem BBC News Brasil, considera o nazismo como parte1001 betsuma onda1001 betsmovimentos1001 betsdireita radical que surgiram na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.
E, na noite desta terça-feira (02), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, publicou no Twitter uma notícia sobre o Hamas - uma organização palestina considerada terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia. "Quero que vocês se EXPLODAM!!!", escreveu ele. A notícia era sobre o repúdio do grupo à visita1001 betsBolsonaro. Momentos depois, o tuíte foi apagado do perfil.
Ao saber do tuíte1001 betsFlávio - que esteve1001 betsIsrael com o presidente - o líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), deixou o plenário da Câmara dos Deputados dizendo1001 betsvoz alta: "Chega dos meninos do Bolsonaro, não dá mais". "Acabou a paciência", disse ele, dirigindo-se à líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). Hasselman perguntou ao que ele se referia. "Não viu o Flávio falando do Hamas?", devolveu Moreira.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, o setor agrário teme ser atingido pelo possível estremecimento das relações com o mundo árabe. O Brasil é o maior exportador mundial1001 betsproteína halal - carnes1001 betsanimais abatidos segundo as leis islâmicas - e teme sofrer boicote dos países árabes e do Irã, um mercado com um potencial1001 betscerca1001 bets1,8 bilhão1001 betsconsumidores. Essas compras representam 10% do total exportado pelo setor agropecuário brasileiro. Segundo analistas, esse volume1001 betsexportações não seria facilmente substituído pelos compradores caso optassem por um boicote ao Brasil.
Visita era estratégica para Bibi, mas nem tanto para Bolsonaro
Para o professor Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, a data da visita foi pensada1001 betsforma estratégica para o premiê israelense Benjamin Netanyahu - que enfrentará as urnas1001 betsseu país na semana que vem. Como um líder1001 betsdireita, Netanyahu viu na presença1001 betsBolsonaro a possibilidade1001 betscriar um fato político para1001 betscampanha - ainda mais se o presidente brasileiro anunciasse a mudança da embaixada1001 betsTel Aviv para Jerusalém.
"O problema é que Bolsonaro, por1001 betsvez, está numa situação política difícil no Brasil. O governo está fraturado entre vários grupos1001 betsinteresses, como evangélicos e ruralistas, e o presidente começou a pesar com mais cautela o impacto que a mudança1001 betsembaixada poderia ter", diz Casarões. Segundo o especialista, o anúncio da mudança seria importante na disputa eleitoral israelense.
"Com a decisão1001 betsabrir o escritório comercial, Bolsonaro encontrou uma solução que é ruim para todos. Desagrada quem esperava o anúncio da mudança da embaixada, tanto1001 betsIsrael quanto no Brasil, e irrita também os países árabes", diz ele.
Professor1001 betsrelações internacionais da FGV, Oliver Stuenkel acrescenta que falar sobre a mudança da embaixada neste momento não era obrigatório para Bolsonaro - e nem era uma demanda que o governo israelense tivesse apresentado ao brasileiro. "Bolsonaro poderia ter fortalecido1001 betsrelação com Israel sem levantar essa questão da mudança da embaixada. No fim, foi um problema que ele criou para si mesmo", diz ele.
No começo da semana, Bolsonaro foi cobrado pelo deputado e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP). "Respeito a abertura do escritório, porém o segmento evangélico, ⅓ do eleitorado brasileiro, que deu uma vantagem1001 bets11 milhões1001 betsvotos ao presidente Jair Bolsonaro (...) confia que ele cumprirá1001 betspalavra e1001 betsbreve mudará a embaixada", escreveu ele no Twitter.
Postergar a mudança "foi uma vitória do grupo mais pragmático, formado por ruralistas e militares, que desde a campanha falavam sobre o risco que uma eventual mudança poderia ter para as relações com os países árabes", diz Casarões.
A viagem, avalia Stuenkel, teve por finalidade "entregar algo que parte do eleitorado1001 betsBolsonaro estava pedindo" e projetar uma imagem para o resto da comunidade internacional1001 betsproximidade com Israel. "Mas, na política, é complicado entregar algo a um determinado grupo às custas1001 betsoutro, como o setor agrícola brasileiro, que está preocupadíssimo com as repercussões (da viagem) junto aos países árabes e muçulmanos", diz.
"Foi uma viagem1001 betscaráter mais simbólico, mais que substancial. Houve acordos na área1001 betsenergia,1001 betsstartups, mas a relevância que isto terá ainda é incerta", diz Stuenkel.
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